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  • Pesquisa desenvolve amora-preta mais doce e de alto potencial de lucro

    Pesquisa desenvolve amora-preta mais doce e de alto potencial de lucro

    A pesquisa agrícola brasileira lança uma nova cultivar de amora-preta focada no mercado de consumo in natura . Desenvolvida pela Embrapa, a BRS Terena combina alta produtividade, sabor mais doce, baixa acidez e longa conservação pós-colheita, características que trazem vantagens para agricultores e consumidores. Com produção média de 1,2 kg por planta, com picos de produção de até 1,8 kg, a BRS Terena oferece aos produtores um potencial de lucro líquido em torno de R$ 30 mil por hectare, além de vantagens operacionais, como menor densidade de espinhos em relação à cultivar Tupy, o que facilita o manejo e a colheita.

    “A BRS Terena é uma excelente opção para produtores que querem investir no mercado de frutas frescas. Seu sabor mais doce do que o ácido e o tempo de prateleira prolongado fazem com que as frutas da cultivar sejam mais atrativas ao mercado”, conta a pesquisadora Maria do Carmo Bassols Raseira , da Embrapa Clima Temperado (RS), que é coordenadora do projeto de melhoramento de amoras-pretas .

    Diferenciais em sabor e qualidade pós-colheita

    O sabor é um dos principais destaques da BRS Terena. Comparada a outras cultivares, como a BRS Tupy, a Terena apresenta um sabor doce-ácido, com teor de sólidos solúveis (Brix) de 10,3º, superior aos 8,9º da Tupy e aos 9,5º da BRS Cainguá . “O mais importante é que a proporção de açúcar em relação à acidez (responsável pela sensação doce ao paladar) é quase o dobro dos obtidos na cultivar Tupy”, explica Maria. Isso se traduz em uma fruta mais doce, ideal para o consumo in natura , que atende à preferência do mercado brasileiro por frutas de menor acidez.

    Outro diferencial é a capacidade de conservação. Em testes realizados no Laboratório de Fisiologia de Pós-colheita da Embrapa Clima Temperado, uma nova cultivar manteve sabor, cor e firmeza durante 10 dias de armazenamento refrigerado, enquanto outras cultivares apresentaram maior manipulação nesse período. As frutas observadas foram colhidas com ponto de maturação comercial. “Como o experimento foi por dez dias, pode ser que ainda conserve por mais tempo”, analisa Raseira.

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    Foto: Francisco Lima

    Adaptação e regiões indicadas para cultivo

    A nova cultivar é indicada para as regiões Sul e Sudeste e algumas áreas do Nordeste do Brasil, onde já existem cultivos de amoreira-preta, podendo atingir altas produtividades. Andrea de Rossi, pesquisadora da Embrapa Uva e Vinho (RS) que liderou os experimentos para validação da cultivar em Vacaria (RS), na região dos Campos de Cima da Serra, confirma que a cultivar atingiu produções de 1,8 kg/planta na média de quatro safras avaliadas, superando a Tupy em algumas condições.

    Lançamento

    No dia 27 de novembro, durante o Dia de Campo na Estação Experimental de Fruticultura de Clima Temperado, em Vacaria (RS), a BRS Terena será apresentada aos produtores rurais. Após o lançamento, os mudas estarão disponíveis para compra em viveiros licenciados, como o  Frutplan Mudas , em Pelotas (RS), e o  Guatambu Viveiro de Mudas , em Ipuiúna (MG).

    Como parte da tradição do programa de melhoramento genético, o nome da cultivar homenageia os povos indígenas brasileiros, neste caso, o povo Terena. É resultado de uma parceria entre dois centros de pesquisa da Embrapa localizados no Rio Grande do Sul:  Embrapa Clima Temperado  e  Embrapa Uva e Vinho.

    Histórico do melhoramento genético de amoreiras-pretas

    O desenvolvimento da BRS Terena é resultado de décadas de pesquisa da Embrapa, que começou a introduzir amoreiras-pretas no Brasil nos anos 1970. As primeiras cultivares de amoreira-preta, de origem norte-americana, foram introduzidas no Brasil em 1972, com a implantação da primeira coleção semicomercial em 1974, no município de Canguçu (RS).

    A primeira cultivar lançada a partir do melhoramento foi a Ébano, em 1981, embora o programa de melhoramento genético tenha sido registrado oficialmente apenas em 1983, com o lançamento da segunda cultivar, a Negrita. Desde então, o programa lançou as cultivares Guarani (1988), Tupy (1988) – ainda a mais cultivada no Brasil -, Caingangue (1992), BRS Xavante (2002) e, mais recentemente, a BRS Xingu (2015), a BRS Cainguá (2018), a BRS Ticuna (2023) e a BRS Karajá (2024).

    A Tupy, por exemplo, ainda é a cultivar mais plantada no Brasil, graças à sua adaptação ao manejo diferenciado para a colheita programada (escalonamento para época mais lucrativa ao produtor) e à produtividade. No entanto, novas cultivares, como a BRS Terena, trazem avanços importantes, como sabor mais doce, maior conservação e facilidade de manejo.

    Conheça as cultivares de amora-preta da Embrapa

    Atualmente, a Embrapa dispõe de  cinco cultivares de amoreira-preta lançadas nos últimos dez anos  e licenciadas junto aos viveiristas para comercialização de mudas. O trabalho de melhoramento segue em andamento na busca por reunir várias características de uma única cultivar. A ideia também é oferecer cultivares diferentes, algumas mais precoces e outras mais tardias do que a Tupy, de maneira a ampliar o período de colheita.

    Com relação ao sabor, o objetivo é desenvolver materiais com relação açúcar-acidez mais alta com foco no mercado in natura. “O mercado brasileiro prefere sabor mais doce”, afirma Raseira.

    Além disso, o programa de melhoramento busca outra característica relevante ao campo: a ausência de estímulos, dificuldades na colheita. Porém, segundo a pesquisadora, a maioria das variedades sem espinhos possui sabor amargo predominante, sendo mais adequadas à indústria, como é o caso das cultivares Ébano e BRS Xavante. “A BRS Karajá tem sabor menos amargo, mas ainda não chegamos no que queríamos. A cada geração, vamos avançando um pouco mais”, explica.

    O trabalho também busca o desenvolvimento de cultivares remanescentes ou reflorescentes – que podem produzir no outono e no verão, mesmo sem tratamento especial como ocorre com a Tupy. Além disso, também são valorizados aspectos como tamanho da fruta, resistência a doenças, produtividade igual ou maior do que a Tupy, tamanho pequeno das sementes, firmeza e conservação pós-colheita.

    Amora-preta BRS Xingu  (2015)

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    Foto: Paulo Lanzetta (BRS Xingu)

    Desenvolvida para condições de inverno ameno, destaca-se por sua maturação mais tardia do que a Tupy, que permite estender o período de colheita em duas semanas, em média. Em avaliações durante seis safras, também apresentou produção média de 800g a mais de frutas por planta do que a cultivar Tupy, considerada referência. A firmeza garante boa conservação pós-colheita. É indicado para os estados do Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, na região Sudeste; e Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na região Sul. A BRS Xingu pode ser utilizada para comercialização in natura ou para elaboração de doces, principalmente geleias, desidratados, sucos, iogurtes e sorvetes.

    Amora-preta BRS Cainguá  (2019)

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    Foto:  Lirio_Reichert (BRS Cainguá)

    Tem excelente acessibilidade para o consumo in natura devido à ótima aparência e ao equilíbrio entre toxicidade e açúcar. São necessários 200 a 300 horas de acúmulo de frio hibernal (temperaturas iguais ou inferiores a 7,2 °C) para apresentar uma boa produção. Foi desenvolvido pela Embrapa em parceria com outras instituições.

    Amora-preta BRS Ticuna  (2023)

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    Foto: Francisco Lima (BRS Ticuna)

    Cultivar altamente produtivo projetado ao processamento, como opção para a produção de geleias e sucos, por apresentar alta acidez. Um hectare pode render até 20 toneladas de frutas, sendo considerado uma das cultivares mais produtivas, o que faz superar a referência de cultivar que é a BRS Tupy. É resistente a doenças e indicadas para o cultivo em sistema orgânico, sendo necessário o controle de ferrugem e cuidados com a mosca das frutas (Anastrepha fraterculus) e com a Drosófila da Asa Manchada (Drosophila suzukii). É adaptado aos estados da região Sul do Brasil.

    Amora-preta BRS Karajá  (2024)

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    Foto : Rodrigo Franzon (BRS Karajá)

    Cultivar sem espinhos, o que facilita o manejo, mas com moderada acidez. Suas frutas, de coloração preto-avermelhada, são de tamanho médio – massa média de 4,5 g por fruta – e formato ovalado, com sabor doce-ácido levemente amargo. São recomendadas para congelamento, processamento ou consumo fresco. A produção média é de 1,4 kg por planta.

    Amora-preta BRS Terena  (2024)

    Com características como sabor mais doce, longa conservação e fácil manejo, representa um avanço significativo para o cultivo de amoreiras-pretas no Brasil e promete ser uma aliada importante para produtores em busca de qualidade e lucro. Com produção média de 1,2 kg líquido por planta, com picos de produção de até 1,8 kg, a BRS Terena oferece aos produtores um potencial de lucro superior a R$ 30 mil por hectare, além de vantagens operacionais, como menor densidade de espinhos, que facilitam o manejo e a colheita.

  • Custos de ultraprocessados e álcool ao SUS atingem R$ 28 bi por ano

    Custos de ultraprocessados e álcool ao SUS atingem R$ 28 bi por ano

    Pesquisas feitas pela Fiocruz, em parceria com as organizações não governamentais  ACT Promoção da Saúde e Vital Strategies, estimam o custo que o consumo de alimentos ultraprocessados e bebidas alcoólicas tem sobre o sistema público de saúde no país. A partir de dados de atendimentos realizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), levantamentos mostram que a má alimentação com ultraprocessados leva a R$ 933,5 milhões por ano em gastos diretos com saúde, um total de R$ 10,4 bilhões se considerados custos indiretos e de mortes prematuras, e R$ 18,8 bilhões em relação ao consumo de bebidas alcoólicas. As estimativas não incluem dados de atendimentos na rede suplementar de saúde (planos de saúde e clínicas particulares fora do SUS), nem atendimentos que não tenham esses agentes como principal causa relacionada.

    Os estudos indicam a necessidade de combinação de estratégias para diminuir o impacto, com uso de impostos seletivos, aumentando o custo de produtos que tenham esse potencial contra a saúde pública, de forma transparente e relacionada a campanhas de conscientização como as de combate ao tabagismo. “Esses impostos seletivos têm, além do potencial de financiar o tratamento do que os produtos causam, o efeito de reduzir o consumo de substâncias nocivas e estimular escolhas mais saudáveis. Em longo prazo, há também um caráter progressivo associado, com a redução de custos no sistema de saúde e a diminuição da perda de produtividade e de doenças que reduzem a expectativa de vida”, explicou Marília Albiero, coordenadora de Inovação e Estratégia da ACT Promoção da Saúde.

    As ONGs promovem campanha pela inclusão desse tipo de imposto na reforma tributária, como estratégia casada de promoção à saúde e financiamento de políticas de justiça tributária. “Em um país que tem enfrentado dificuldades de equacionar receita e despesa nos últimos 10 anos, num momento em que se tem uma pressão muito grande de financiamento do SUS e uma reforma tributária que precisa ser equacionada do ponto de vista de alíquota adequada e de quem paga a conta da limitação dessa alíquota, é preciso entender que alguns setores que causam mais custo para a sociedade podem pagar essa conta, e que ela funciona em uma lógica de ganha-ganha: não só arrecada mais, como pensa uma lógica de tributação específica para garantir políticas necessárias a partir do ganho desse setor”, defendeu Pedro de Paula, diretor da Vital Strategies no Brasil.

    A lógica do lobby é a de que o consumo pouco controlado desses produtos esconde o impacto no aumento de doenças comuns e debilitantes, como a hipertensão, o diabetes e a obesidade, que estão entre os principais causadores de perda de produtividade por questões associadas à saúde e entre os fatores determinantes para o surgimento de doenças mais complexas, como demências e cânceres. Além disso, podem ser o caminho para construir sistemas de apoio à agricultura familiar e à distribuição de alimentos in natura, estabelecendo, a partir de combinação de medidas, “uma mudança estrutural do sistema tributário, atuando como instrumento para promover saúde, equidade e sustentabilidade”, completou Albiero.

    Riscos associados

    Os estudos indicam ainda que as doenças relacionadas ao consumo de ultraprocessados e álcool causam, respectivamente, impacto de 57 mil e de 105 mil mortes por ano. Ainda que o aumento da taxação não vá impedir o consumo excessivo em sua totalidade, há grande potencial de diminuição dessas mortes, estimadas inicialmente em cerca de 25%, ou seja, quase 40 mil vidas por ano, além de ganho na qualidade de vida. Uma comparação feita pelos pesquisadores é com os investimentos recorrentes, e necessários, contra doenças transmissíveis, como a dengue. As campanhas anuais tendem a salvar vidas em patamar de milhares, cerca de duas mil por ano. Uma diferença gritante, quando posta em perspectiva tal disparidade.

    “Vale lembrar que essas estimativas são conservadoras, visto que se limitam ao impacto na população empregada adulta, maior de 20 anos, e não incluem outros custos de prevenção, atenção primária, saúde suplementar ou gastos particulares no tratamento das doenças causadas pelo consumo de ultraprocessados”, afirmou Eduardo Nilson, pesquisador da Fiocruz, responsável pelos estudos. São, portanto, uma leitura do cenário a partir dos dados públicos disponíveis. Propositalmente, foram bastante criteriosos, excluindo danos colaterais e cenários relacionados a outros fatores de risco.

    Sobre o álcool, que é base para a campanha publicitária “Quer uma dose de realidade?” o estudo buscou entender a percepção pública a respeito da taxação. Os resultados de uma pesquisa por meio de questionários, com cerca de mil participantes, estimou que 62% dos brasileiros apoiam o aumento de preços e 61% são a favor de impostos para reduzir o consumo de álcool. Para 77% das pessoas ouvidas, o governo é responsável por combater os danos relacionados ao álcool. “A gente está falando de 105 mil mortes. Qual é o custo social disso, do ponto de vista de saúde mental, de desesperança, quando você está falando de violência e insegurança pública decorrente dessa violência? Dá até, em longo prazo, para a gente começar a pensar em qualificar essas estimativas. Mas é exatamente isso, tem setores que causam danos para a sociedade e eles devem arcar com esses custos de forma adequada”, completou Pedro de Paula.

    O estudo apontou ainda a diminuição potencial de riscos associados com grande difusão na sociedade, como o impacto do álcool na violência doméstica e na gravidade de acidentes de trânsito.

  • Cascudinho-da-soja ameaça produtividade no Centro-Oeste do Brasil

    Cascudinho-da-soja ameaça produtividade no Centro-Oeste do Brasil

    O cascudinho-da-soja (Myochrous armatus) tem se consolidado como uma das pragas agrícolas mais desafiadoras no Brasil, especialmente na região Centro-Oeste. De acordo com a Embrapa, as infestações podem provocar perdas de até 30% na produtividade da soja, o equivalente a uma redução de 8 a 10 sacas por hectare, gerando preocupação entre os produtores.

    A praga atua em diversas fases do desenvolvimento da planta. “O cascudinho-da-soja ataca as plantas no início do ciclo da cultura e pode causar danos nas plantações em todas as suas fases de desenvolvimento. Ainda como larva, a praga vive no solo e estraga as raízes das plantas. Quando adulto, costuma cortar a base do caule das plantas jovens para se alimentar, podendo causar grandes prejuízos aos produtores e afetar uma safra que pode ser recorde”, explica Hudslon Huben,  gerente de go-to-market (GTM) e field force effectiveness (FFE) da ORÍGEO.

    Os danos mais significativos ocorrem na fase adulta do inseto, quando ele se alimenta de plântulas, hastes e pecíolos das plantas jovens. Segundo Huben, o monitoramento contínuo é indispensável para o controle da praga. “Uma infestação de cascudinhos pode inviabilizar o desenvolvimento da cultura, além de provocar amarelecimento, tombamento e morte das plantas. O problema é ainda mais grave quando coincide com períodos de estiagem, pois enfraquece ainda mais o caule e pode levar à perda completa da lavoura.”

    A identificação precisa da praga é o primeiro passo para um manejo eficaz. O cascudinho-da-soja, cuja larva é amarelada e vive no solo, apresenta coloração adulto preto-fosco, variando entre marrom e acinzentado, dependendo do tipo de solo. “O produtor deve diferenciar essa praga do torrãozinho (Aracanthus mourei), para evitar estratégias equivocadas de manejo”, alerta Huben.

    Embora o controle seja desafiador, o manejo integrado, com o uso de produtos químicos e biológicos, tem se mostrado eficaz. A recomendação inclui a utilização de inseticidas registrados, que combinam alta eficácia e segurança para as plantas jovens.

    A crescente presença do cascudinho-da-soja reforça a necessidade de monitoramento, manejo adequado e busca por soluções inovadoras no combate às pragas agrícolas, garantindo maior segurança e produtividade para a safra brasileira de soja.

  • Mato Grosso registra alta de 91% nas contratações intermitentes em 2024

    Mato Grosso registra alta de 91% nas contratações intermitentes em 2024

    Entre os estados do Centro-Oeste, Mato Grosso se consolida como líder na oferta de vagas nesse regime, refletindo a atratividade do estado para empresas que valorizam a flexibilidade na contratação e o desempenho produtivo de suas equipes.

    Até setembro de 2024, o estado contabilizou 1.012 postos de trabalho intermitente ativos, quase o dobro em relação ao total registrado no ano anterior, que encerrou com 530 vagas.

    Esse aumento de 91% nas contratações reflete um mercado de trabalho aquecido, impulsionado especialmente pelos setores de serviços e construção civil, que permanecem como os maiores empregadores nesse regime.

    De acordo com os dados do Novo Caged, foram registradas 2.806 admissões e 1.794 desligamentos em 2024, resultando em um saldo positivo de 1.012 vagas ativas. Os dados setoriais apontam que o setor de serviços liderou as admissões, seguido pela construção civil.

    Além disso, a faixa etária predominante nos novos contratos foi de trabalhadores entre 30 e 39 anos, enquanto o perfil educacional mais comum foi de pessoas com ensino médio completo. Esses números destacam o papel estratégico desse modelo de trabalho no mercado mato-grossense.

    Contratações intermitentes em Mato Grosso

    Jovens de 18 a 24 anos ocuparam o segundo lugar, seguidos por trabalhadores das faixas de 25 a 29 anos e 40 a 49 anos. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
    Jovens de 18 a 24 anos ocuparam o segundo lugar, seguidos por trabalhadores das faixas de 25 a 29 anos e 40 a 49 anos. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

    O trabalho intermitente em Mato Grosso teve uma evolução marcante entre 2023 e 2024. No ano passado, foram registradas 3.950 admissões e 3.420 desligamentos, com saldo positivo de 530 vagas.

    Já em 2024, até setembro, o número de admissões chegou a 2.806, com destaque para o setor de serviços, que apresentou crescimento de 12,3% nas contratações.

    Além do setor de serviços, a construção civil também desempenhou um papel relevante, apesar de registrar uma redução nas admissões, passando de 1.542 vagas em 2023 para 580 em 2024.

    O setor agropecuário e industrial tiveram menor representatividade, mas ainda contribuíram para a geração de empregos.

    Perfil dos trabalhadores intermitentes

    Os dados do Novo Caged mostram que trabalhadores de 30 a 39 anos representaram a maior parcela das admissões em ambos os anos, com 1.126 vagas preenchidas em 2023 e 775 em 2024.

    Jovens de 18 a 24 anos ocuparam o segundo lugar, seguidos por trabalhadores das faixas de 25 a 29 anos e 40 a 49 anos.

    Em relação ao nível educacional, o ensino médio completo predominou nas contratações, com 1.877 admissões em 2024, seguido por trabalhadores com ensino fundamental e superior completos.

    Impacto econômico e estratégias estaduais

    O coordenador do Data Hub da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (Sedec), Vinícius Hideki, atribui o crescimento das contratações intermitentes ao aquecimento de setores como mercado imobiliário e construção civil. Segundo ele, as atividades relacionadas à manutenção e segurança têm sido impulsionadas pelo crescimento econômico estadual.

    Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Cesar Miranda, os resultados refletem a eficácia das políticas públicas implementadas pelo Governo de Mato Grosso. “O saldo recorde de contratações intermitentes é um reflexo direto das ações que promovemos para fomentar o emprego e o crescimento econômico. Seguimos firmes no propósito de fortalecer o estado e criar oportunidades para todos”, destacou.

    Os números do trabalho intermitente em Mato Grosso não apenas demonstram o dinamismo do mercado de trabalho local, mas também evidenciam como políticas públicas focadas podem gerar impacto positivo na economia e na geração de empregos.

  • Violência: mulheres negras com pouca renda convivem com agressores

    Violência: mulheres negras com pouca renda convivem com agressores

    Cerca de 85% das mulheres negras que sofreram violência doméstica ou familiar e não possuem renda suficiente para se manter convivem com seus agressores dentro da própria casa. O número é quatro vezes superior à média de mulheres negras que declaram já terem sofrido algum tipo de agressão (21%), independentemente da renda.

    Os dados são da Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra, feita pelo instituto DataSenado e Nexus, em parceria com o Observatório da Mulher contra a Violência e Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher Negra.

    O estudo considerou como negras as mulheres autodeclaradas pretas ou pardas. Foram ouvidas por telefone, entre agosto e setembro de 2023, 13.977 brasileiras negras com 16 anos ou mais.

    Violência

    Entre as mulheres negras que afirmaram não conseguir se sustentar, uma em cada três (32%) já sofreu algum tipo de agressão. Em 24% dos casos, o episódio aconteceu nos últimos 12 meses. Quando perguntadas sobre situações específicas de violência, o número sobe para 31% – revelando que algumas não consideraram, num primeiro momento, aquilo que viveram como abuso doméstico.

    Filhos

    Além da renda, a pesquisa demonstra que a presença de filhos abaixo dos 18 anos também faz com que as mulheres não consigam sair de um contexto abusivo – 80% das mulheres negras que declararam ter sofrido violência doméstica e têm filhos menores de idade continuam morando com o agressor.

    Os dados mostram ainda que, entre as mulheres negras que afirmaram ter sofrido violência familiar, 27% disseram não ter renda nenhuma e 39% não têm renda suficiente para se manter e manter seus dependentes, somando 66% de mulheres vítimas de violência e sem condições financeiras de se sustentar.

    Saúde

    Nesse mesmo recorte de mulheres sem renda para se manter, os números indicam que somente 30% buscaram algum tipo de assistência em saúde após um episódio grave de violência. O percentual se mantém acima dos 60% em todos os níveis educacionais.

    Medidas protetivas

    O estudo revela ainda que apenas 27% das mulheres negras que não têm renda individual suficiente para seu sustento buscaram medidas protetivas. Assim como no atendimento médico, em todos os níveis educacionais, a maioria não buscou proteção – percentual variou entre 65% e 78%.

    Justiça

    Os números também mostram que mulheres com menor escolaridade tendem a procurar mais a Justiça para denunciar a violência do que as com maior escolaridade – 49% das mulheres negras não alfabetizadas e 44% das que possuem ensino fundamental incompleto foram até a delegacia. O percentual cai para 34% entre mulheres com ensino superior completo.

  • Pesquisa diz que crédito cresce 0,8% em outubro

    Pesquisa diz que crédito cresce 0,8% em outubro

    A Pesquisa Especial de Crédito da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), divulgada nesta segunda-feira (18), em São Paulo, revela que o saldo total da carteira de crédito deve crescer 0,8% em outubro, sendo que o ritmo de expansão anual pode voltar aos dois dígitos, passando de 9,9% a 10,4%.

    O destaque do estudo ficou por conta do crédito direcionado às empresas, que deve avançar 2,1%, principalmente graças ao impulso dos financiamentos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e aos programas públicos, como lançamento do Programa Acredita, voltado para as pequenas e micro empresas.

    A carteira “pessoa física direcionada”, segundo o levantamento, pode crescer 1,1% no mês, impulsionada pela manutenção dos financiamentos imobiliários e pelo crédito rural – reflexo ainda do plano safra. Assim, esta modalidade de carteira pode crescer de 11,2% para 11,4% em sua totalidade.

    Ritmo de expansão

    A expansão do crédito livre, por sua vez, deve avançar só 0,4% em outubro, mas ainda assim suficiente para acelerar o ritmo de expansão anual da carteira, de 9,1% para 9,7%. Em outubro, as projeções indicam avanços de 1,1%, incidindo sobre linhas de financiamento de veículos, crédito pessoal e cartão à vista, favorecidos pelo aumento do emprego e renda.

    O estudo da Febraban parte das indicações dos dados consolidades dos principais bancos do país, que representam, conforme as linhas de crédito, de 42% a 88% do saldo total do Sistema Financeiro Nacional. O levantamento é divulgado todos os meses como uma prévia dos dados oficiais, que devem ser divulgados dia 28 de novembro pelo Banco Central.

  • Estudo aponta perda de nascentes e assoreamento de rios em áreas rurais do Paraná

    Estudo aponta perda de nascentes e assoreamento de rios em áreas rurais do Paraná

    Estudo técnico-científico realizado pela Embrapa e parceiros mostra perda alarmante de nascentes e assoreamento de rios na região rural da Bacia Hidrográfica Paraná III (BHP III), localizada a oeste do estado. As análises consideraram caracterização de solos e clima, vegetação fluvial, geologia e processos erosivos, entre outros, e resultaram na publicação Anais da 1ª Reunião de Correlação e Classificação de Solos e Vegetação Fluvial (RCCSV). Com mais de dez artigos, o documento traz um capítulo com indicativos inéditos para orientar políticas públicas e tomadas de decisão voltadas, principalmente, ao uso de práticas mais sustentáveis de manejo do solo, vegetação e água na região.

    Participaram do estudo a Embrapa Florestas (PR), a Embrapa Soja (PR) e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), com patrocínio da Itaipu Binacional e do governo do estado do Paraná, além do apoio técnico da Universidade Federal de Lavras (Ufla), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Instituto Água e Terra (IAT) e Fundação de Apoio à Pesquisa e ao Desenvolvimento (Faped).

    Segundo a pesquisadora da Embrapa Florestas Annete Bonnet, que fez parte do grupo coordenador da publicação, os resultados demonstram a necessidade da gestão mais integrada dos recursos naturais e o desenvolvimento premente de ações que harmonizem a produção agropecuária e a preservação ambiental.

    A perda de nascentes e o assoreamento de rios são provocados, entre outros fatores, por práticas de manejo inadequadas aplicadas à agropecuária, urbanização desordenada e desmatamento. Essas constatações tiveram como base os resultados do PronaSolos Paraná (levantamento dos solos paranaenses) e do projeto Ação Integrada de Solo e Água (AISA), além de apurações de pesquisas desenvolvidas pela Embrapa Soja e o IDR-PR.

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    Foto: Embrapa

    A erosão do solo, por exemplo, não degrada apenas a terra, mas também compromete a qualidade da água dos rios e lagos. De acordo com o pesquisador da Embrapa Florestas Gustavo Curcio, que também é um dos coordenadores do RCCSV, um cenário de aumento da escassez hídrica impactaria profundamente a sustentabilidade dos ecossistemas e a qualidade de vida das populações, bem como as atividades de produção agrícola, um dos pilares da economia do estado.

    O estudo apresenta os principais desafios para o manejo sustentável dos solos na região, como a erosão, a compactação e a perda de matéria orgânica. Mas, paralelamente, apresenta oportunidades para melhorar as práticas agrícolas e aumentar a produtividade de forma sustentável. O plantio direto, a rotação de culturas com o emprego de práticas agronômicas, o uso de coberturas vegetais e o manejo integrado de pragas e doenças são algumas das práticas que contribuem para a melhoria da qualidade do solo e a redução dos impactos ambientais.

    Valdemar Bernardo Jorge, secretário de estado de Desenvolvimento Sustentável do Paraná, e um dos integrantes do grupo técnico, exalta os resultados trazidos pela publicação. “Esperamos que esse documento seja uma fonte de conhecimento e de inspiração para todos os que se interessam pelo desenvolvimento sustentável da BHP III, contribuindo para a valorização e a proteção dessa região que é uma das principais propulsoras econômicas do estado do Paraná”, afirma o secretário.

    Estudo resultou na proposição de dez categorias de políticas públicas

    Curcio explica que o estudo tentou repetidamente, em várias paisagens, destacar a necessidade de os técnicos ampliarem os quesitos básicos de análise de composição das pedossequências (sequências de solo observadas ao longo de uma paisagem), assim como suas potencialidades e fragilidades decorrentes. “A 1ª RCCSV apresentou aos participantes novas classificações de solos em diferentes cenários da BHP III, fato considerado importante para o planejamento de tratos de manejo diferenciados, além da apresentação de novas classes de solos para o Paraná”, observa.

    Nesse contexto, a formulação de políticas públicas adequadas é essencial para implementar e fazer valer ações de conservação, manejo sustentável e educação ambiental. Mediante um processo participativo, o grupo de técnicos que integrou a RCCSV realizou, ao final dos trabalhos, a proposição de sugestões para políticas públicas, com a indicação de sete prioridades, entre dez categorias propositivas.

    Segundo Bonnet, as indicações visam à implementação de ações permanentes e continuadas no meio rural do estado. “O ordenamento técnico de indicativos para políticas públicas, apontados pelos participantes do estudo, é oportuno para o governo do estado do Paraná, uma vez que esses indicativos advêm dos debates técnicos de um grupo plural de profissionais que atuam em diferentes setores e áreas do estado. Com base nesses dados, pode-se constatar que os apontamentos do grupo retratam estratégias importantes para o alcance da sustentabilidade no meio rural do Paraná, e que devem ser executadas em um contexto de planejamento interinstitucional, sobretudo, interdisciplinar”, destaca a pesquisadora.

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    Foto: Embrapa

    Bonnet ressalta também outras contribuições trazidas pelo estudo. “A despeito dos esforços que vêm sendo efetuados pelo governo do estado e instituições vinculadas, além de cooperativas, órgãos de pesquisa, de transferência e de ensino, no sentido de conservar os recursos naturais da região, a publicação poderá trazer algumas complementações relativas à análise das interações de temáticas da paisagem e produtos gerados no meio rural. A região encontra-se com sistemas produtivos que adotam tecnologias de ponta, porém apresenta deficiências no que concerne à preservação de florestas fluviais, estejam elas em rios ou cabeceiras de drenagem”, complementa a pesquisadora.

    Indicativos propostos pelo RCCSV

    Entre as proposições do estudo, estão ações de capacitação integrada de técnicos das ciências agrárias para manejo da paisagem, com ênfase em solo, água e vegetação e criação de protocolos com parâmetros sobre potencialidades e fragilidades das paisagens. Outra indicação apontada se refere à integração técnica intra e interinstitucional para apoiar as secretarias de estado na criação de soluções e resoluções para o meio rural. Ainda como apontamento, destaca-se o manejo emergencial da erosão, tendo como uma de suas ações a criação de programas de adequação de terraços, implantação de áreas com cobertura verde e aumento da cobertura do solo, com a priorização de ações, considerando a fragilidade das paisagens.

    Outras ações prioritárias indicadas pelo grupo técnico se referem ao desenvolvimento de uma base de dados georreferenciada e padronizada, que permita a integração dos dados e mapas; à valorização do componente florestal no sistema produtivo, considerando a produção de água e a fragilidade das paisagens; à criação e regulamentação de legislação que incentive a conservação de solo e água, assim como a garantia de pagamento aos produtores que conservem seus recursos, bem como o financiamento, via crédito rural, para propriedades que adotem práticas conservacionistas.

    De acordo com o engenheiro da Itaipu Binacional Hudson Leonardo, doutor em Ciências dos Solos e Nutrição de Plantas, trabalhos de décadas de parceria entre a Itaipu Binacional, Embrapa e IDR-PR acerca de temas relacionados ao manejo e conservação de solos e água demonstram de maneira consistente, com base em dados, a real possibilidade se obter rentabilidade econômica em sistemas produtivos. Para Leonardo, modelos como o plantio direto e os sistemas integrados (Integração Lavoura-Pecuária (ILP) e Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF)) promovem melhores condições de infiltração de água no solo, enraizamento das plantas, disponibilidade hídrica para as culturas, maior produtividade, estabilidade de produção em anos com menores índices pluviométricos, menos perdas de água, solos e nutrientes das lavouras, decorrentes da menor erosão hídrica etc.

    “Os conhecimentos, dados, informações e tecnologias apontados pelo grupo técnico precisam de apoio continuado para que sejam adotados. Para isso, é fundamental que induzam políticas públicas de estado”, reforça o engenheiro-agrônomo.

    Graziela Barbosa, pesquisadora do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná), destaca o papel da instituição nos trabalhos que envolveram diversos atores. “Fizemos a conexão da pedologia com o manejo do solo considerado ideal, levando em conta a aptidão agrícola dos solos estudados. A integração feita entre diversas instituições públicas e privadas em prol de um único objetivo é muito importante para o entendimento dos solos na paisagem e isso leva à escolha das melhores práticas de manejo para uma agricultura conservacionista”, explica.

    O pesquisador da Embrapa Soja Júlio Franchini vem pesquisando as relações entre pedologia e manejo do solo, no sentido de integrar estas informações para otimizar o uso de insumos, como sementes e fertilizantes, reduzir a compactação, aumentar a resiliência e aumentar a produtividade e rentabilidade dos sistemas de produção de grãos. “Queremos avançar no entendimento dos fatores mais limitantes em cada classe de solo e de que forma o manejo pode contribuir para reduzi-los, permitindo maior rentabilidade e estabilidade da produção em sistemas agrícolas e pecuários. Então, nosso foco é estabelecer as melhores práticas de manejo para as diferentes classes de solos”, detalha Franchini.

    Um mosaico de paisagens: a diversidade dos solos paranaenses

    A pesquisa revelou uma grande diversidade de solos na região oeste do Paraná, cada um com suas características, decorrentes de relações específicas do clima, geologia e vegetação. As sequências de solos que se desenvolvem ao longo de uma paisagem são fundamentais para entender a dinâmica e as potencialidades de cada área.

    O componente geomorfológico foi analisado para aumentar a compreensão sobre a dinâmica hidrológica das pedossequências. A análise da mineralogia da fração argila, por exemplo, permitiu identificar fatores que influenciam a estrutura, a capacidade de retenção e infiltração de água, a fertilidade, além de aspectos relativos à suscetibilidade à erosão. Vale destacar que todos esses dados determinam a maior ou menor potencialidade de uso das paisagens.

    Água: o potencial de recarga hídrica dos solos

    A água é um recurso essencial para a vida e para os sistemas de produção. O estudo demonstrou que a capacidade de armazenamento nos solos varia significativamente de acordo com o tipo e a posição na paisagem. Solos mais profundos e com boa estrutura, como aqueles encontrados em áreas com relevos mais suaves, possuem maior capacidade de armazenar água, contribuindo para a recarga dos aquíferos e garantindo a disponibilidade hídrica durante períodos de seca. De forma contrária, também ficou retratada a ineficiência dos solos rasos na possibilidade de armazenamento de água; consequentemente, determinando alta fragilidade ambiental.

    Vegetação fluvial: protegendo as margens dos rios

    A vegetação que margeia os rios desempenha um papel fundamental nas funcionalidades ecossistêmicas, tais como a proteção dos solos constituintes, a manutenção da diversidade biológica e da qualidade da água.

    As raízes das plantas ajudam a fixar o solo, minimizando a erosão, enquanto a cobertura vegetal reduz o impacto das gotas de chuva, aumenta a infiltração da água e garante baixas amplitudes térmicas. Enfim, o estudo destacou a importância da conservação e da necessidade de recuperar as florestas fluviais que atualmente inexistem, propiciando melhorias na dinâmica dos recursos hídricos.

  • Brasileiros acham que economia pode ser devastada por eventos do clima

    Brasileiros acham que economia pode ser devastada por eventos do clima

    Pesquisa do Instituto Climainfo mostra que 91% dos brasileiros acreditam que os impactos sobre a economia brasileira serão devastadores se os eventos climáticos piorarem. O levantamento, divulgado nesta quinta-feira (14), ouviu 2 mil pessoas.

    A pesquisa mostra ainda que 79% dos entrevistados querem que o Brasil lidere a transição energética no mundo. Para 64%, o Brasil deveria focar seus esforços de desenvolvimento econômico na direção de eliminar a produção e o consumo de combustíveis fósseis. Um percentual maior – 73% – acredita que parar a mudança do clima deveria ser prioridade governamental. A quase totalidade das pessoas ouvidas (97%) apoia o fim do desmatamento até 2030.

    Segundo o levantamento, 81% dos entrevistados acreditam, incorretamente, que o desmatamento é a principal causa da mudança do clima global; 72% acham que as empresas que produzem combustíveis fósseis, como petróleo ou gás, podem ser responsabilizadas pelos extremos climáticos; e 71% acreditam que é possível parar de queimar combustíveis fósseis até 2050.

    “Inúmeras pesquisas de opinião já mostravam que o brasileiro reconhece que o clima está mudando pela ação humana. O que surpreende nesta sondagem é o alto percentual de entrevistados que reconhecem que a principal causa das alterações climáticas é a queima dos combustíveis fósseis e o entendimento de que a transição energética pode ser uma oportunidade econômica para o Brasil”, destacou o diretor do Instituto ClimaInfo, Delcio Rodrigues.

    A coleta de dados foi realizada na Plataforma Pollfish em 15 de julho de 2024, em formato online, e contou com a participação de aproximadamente 2 mil pessoas. A margem de erro da pesquisa é de 2%.

  • 67% das empresas vendem principalmente pelo WhatsApp, aponta pesquisa CNDL/SPC Brasil

    67% das empresas vendem principalmente pelo WhatsApp, aponta pesquisa CNDL/SPC Brasil

    Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que 67% das empresas do setor de comércio e serviços do país utilizam o WhatsApp como principal canal de venda das suas empresas. Em segundo lugar aparecem as redes sociais (57%), seguidas pelas lojas e escritórios (47%) e pelos sites (12%).

    De acordo com os empresários, 41% investem em divulgação para vendas. Os canais pagos mais citados foram os anúncios pagos nas redes sociais – Instagram e Facebook (21%), panfletagem (13%), Google (11%), anúncios em marketplaces (4%), contratação de agência ou freelancer para elaboração de posts para as redes sociais (4%) e por último o email-marketing (4%). A média mensal gasta com divulgação é de R$ 880.

    Nove em cada 10 entrevistados (93%) afirmam que existem desafios para o crescimento da empresa, sendo os motivos mais citados, a alta carga de impostos (49%), a tributação elevada da folha de pagamento (41%), a dificuldade para conseguir crédito (27%) e a segurança como problemas de assalto e violência (13%).

    Já em relação às situações relacionadas a vida financeira no primeiro semestre deste ano, os empresários destacaram como positivas: o aumento das vendas no 1º semestre (49%), investimentos para o crescimento do negócio (42%) e construção de reserva financeira (36%). Por outro lado, houve situações difíceis, como cortes no orçamento (43%), muitos meses com as contas no vermelho (27%), inadimplência (18%) demissão de funcionários (14%) e nome sujo (4%).

    44% dos empresários dizem que as condições da economia brasileira pioraram nos últimos 6 meses

    Sete em cada 10 entrevistados (69%) estão confiantes ou muito confiantes quanto ao crescimento do negócio nos próximos 6 meses, enquanto 19% acreditam que vai continuar como está e 9% estão pessimistas ou muito pessimistas.

    Mas quando se fala sobre a economia do país, 44% dos empresários afirmam que as condições pioraram ou pioraram muito nos últimos 6 meses. Para 27% não se alteraram e 26% melhoraram ou melhoraram muito.

    Para 43% dos entrevistados as condições gerais da empresa não se alteraram nos últimos 6 meses, 35% consideram que melhoraram ou melhoraram muito e 21% afirmam que pioraram ou pioraram muito. Em relação à confiança com a economia brasileira nos próximos seis meses, 46% estão confiantes ou muito confiantes, 27% acreditam que permanecerá como está e 22% estão pessimistas ou muito pessimistas.

    Quando questionados sobre as razões do otimismo com relação ao crescimento da empresa nos próximos 6 meses, 61% atribuem à dedicação e empenho, 40% citam que oferecem o melhor produto / serviço na sua região, 19% estão se profissionalizando para atender mais clientes e 18% a área de atuação da empresa está em expansão.
    Um dado que chama atenção é de que 70% realizaram algum tipo de investimento na empresa nos últimos 6 meses que antecederam a pesquisa, sendo os principais a compra de equipamentos, maquinário, computadores etc. (22%), propaganda em meios digitais (22%) e ampliação do estoque (20%).

    A pesquisa mostra ainda que 87% das empresas não demitiram funcionários nos últimos três meses deste ano. Entre os 13% que fizeram demissões, 62% demitiram um funcionário e 22% dois. Sendo a média de 1,6 colaboradores.

    “O país passa por um momento positivo em relação ao mercado de trabalho, com a diminuição do desemprego e a melhoria da renda da população. A pesquisa mostra exatamente este cenário, com poucas demissões e boa parte das empresas investindo nos negócios”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.

    Metade dos empresários julga difícil acesso ao crédito em instituições financeiras

    O acesso ao crédito é um grande desafio para os empresários do Brasil. De acordo com a pesquisa, metade dos entrevistados (50%) julga ser difícil ou muito difícil tomar crédito em instituições financeiras para a empresa. Enquanto 32% consideram nem fácil nem difícil e somente 8% consideram fácil ou muito fácil.

    Em relação à intenção de contratar crédito nos próximos 3 meses posteriores a realização da pesquisa, 64% dos gestores não pretendiam contratar crédito, já 21% não sabem e 12% têm esta intenção.

    Para a maioria, a finalidade do crédito é para formação de capital de giro (42%), seguido pela compra de estoques e/ou insumos (40%), compra de equipamentos, maquinários e computadores (33%) e qualificação da mão-de-obra (20%).

    “O Brasil continua sendo um país de difícil acesso ao crédito principalmente para as empresas. Sem crédito, as empresas não conseguem investir no crescimento dos negócios e na capacitação dos funcionários’, afirma Costa.

    Em relação a fazer investimentos nas empresas, 41% dos empresários não pretendiam investir nos próximos 3 meses, mas 33% pretendiam, enquanto 22% não sabiam.

    Entre os que tinham intenção de investir, tais recursos seriam utilizados principalmente para ampliação do estoque (34%), compra de equipamentos (28%), mídia/propaganda (24%) e conseguir manter a empresa aberta (20%). A principal origem dos recursos que serão usados virá de capital próprio (31%). Já 21% citam empréstimos em bancos ou financeiras, 18% cartão de crédito pessoa física e 15% venda de algum bem.

    Metodologia

    Público-alvo: empresários brasileiros com empresas de todos os portes, dos setores de comércio varejista e serviços, de todas regiões do Brasil, das capitais e interior

    Método de coleta: coleta feita via CATI. Amostra: 562. Margem de erro: 4,1 p.p. Confiança: 95%

    Data de coleta dos dados: estudo realizado entre os dias 09 a 31 de Julho de 2024.queda do indicador acumulado em 12 meses se concentrou na diminuição da recuperação de consumidores que levaram de 3 a 4 anos (‐15,34%) para efetuarem o pagamento de todas suas dívidas.

  • Pesquisa mostra que semeadura customizada aumenta a produtividade

    Pesquisa mostra que semeadura customizada aumenta a produtividade

    Variar a quantidade de sementes plantadas, dependendo de características de cada talhão da propriedade, ajuda a aumentar a produtividade. Em experimentos com produtores de fazendas de Mato Grosso e Paraná, foi possível observar ganhos de produtividade de até 8% no milho e 3% no algodão na safra 2023, graças às dosagens de sementes recomendadas para plantio. O trabalho é resultado de cooperação entre a Embrapa e a empresa Bosch para o desenvolvimento de métodos e recomendações de semeadura em taxa variável usando ferramentas de agricultura de precisão (AP).

    Conduzido pela Embrapa Instrumentação (SP), que coordena o trabalho com a Embrapa Agricultura Digital (SP) e a Embrapa Soja (PR),  o estudo de semeadura à taxa variável envolve técnicas de AP, aprendizado de máquina e a Solução de Plantio Inteligente (IPS, na sigla em inglês) da Bosch embarcada em plantadoras. Essa ferramenta aplica as sementes em quantidades específicas, de forma precisa, em qualquer tipo de relevo, de acordo com o mapa de aplicação estabelecido pelo gestor da produção. De maneira simplificada, a tecnologia permite que o potencial produtivo de cada área do talhão seja aproveitado ao máximo.

    A semeadura é feita sob medida e leva em conta parâmetros do solo (argila, condutividade elétrica aparente e fertilidade) e das plantas (índices de vegetação). São usados também mapas de produtividade elaborados por colhedoras com sensores.

    Parte desse trabalho de pesquisa é capacitar produtores rurais a coletar essas informações e inseri-las nos equipamentos de precisão. “Estamos desenvolvendo uma metodologia que permita aos gestores das propriedades terem autonomia para conduzir seus experimentos on-farm, que ocorrem durante a produção das culturas. O objetivo é capacitá-los a executar, analisar e interpretar os resultados, facilitando a tomada de decisão sobre ajustes na aplicação de insumos, seja por meio de taxas fixas ou variáveis”, conta o coordenador do projeto, João de Mendonça Naime, pesquisador da Embrapa Instrumentação.

    Experimento on-farm

    O trabalho é executado no formato de pesquisa on-farm, que utiliza a experimentação agronômica nas condições reais de produção. O objetivo é aumentar a produtividade e a lucratividade aplicando os conhecimentos acumulados em safras anteriores, nas safras seguintes

    O sistema on-farm emprega implementos e máquinas disponíveis na fazenda, permitindo que o produtor possa fazer ajustes de doses e taxas de aplicação de insumos como sementes, fertilizantes e corretivos por unidade de produção – talhão – e em taxa variável nos talhões com alta variabilidade espacial. Ao fim de 30 meses, os pesquisadores devem elaborar uma publicação técnica para orientar os produtores a plantar em taxa variável.

    Resultados preliminares

    Os experimentos estão sendo realizados nas fazendas Tucunaré e Tanguro, do Grupo Amaggi, em Sapezal e Querência, ambas em Mato Grosso. No Paraná, o estudo se dá nas fazendas Minas Gerais, em Santa Mariana; Londrinópolis e Águas das Nogueiras, em Londrina; Tupi, em Astorga; Cachoeira, em Arapongas; e Indaiá, em Campo Mourão.

    Um exemplo desse trabalho ocorreu na fazenda Minas Gerais, onde foi realizado um teste de populações de sementes de milho.

    Júlio Franchini, pesquisador da Embrapa Soja, à frente dos estudos no Paraná, explica que o híbrido B2702 apresentou um aumento de produtividade com o aumento de população, enquanto para o B2401 não houve ganhos para taxas de sementes maiores que a recomendada pelo obtentor. “Para o híbrido responsivo, um aumento de 10% na população de sementes trouxe um aumento de 8% na produtividade. Os custos com o aumento da quantidade de sementes aplicada foram superados pelo aumento da produtividade, proporcionando maior lucratividade”, relata o pesquisador.

    Foto: Sérgio Chagas

    Em Mato Grosso, por exemplo, o estudo com algodão apresentou resultados de aumento da produtividade do algodoeiro de até 3%, com aumento de 10% na população de sementes, mas apenas nas áreas de maior potencial produtivo, ou seja, as que apresentaram teores de argila maiores que 30%.

    O pesquisador da Embrapa Instrumentação Carlos Vaz relata que, apesar de os ganhos de produtividade no algodão serem menores do que os observados com o milho, os dados são interessantes, pois indicam um potencial de resposta da população de sementes para as áreas de maior potencial produtivo dentro do talhão.

    Entretanto, o cientista destaca a necessidade de mais experimentos para uma melhor comprovação, bem como de avaliações econômicas. “Nesse sentido, na safra 2023-2024 foram realizados mais sete experimentos on-farm que estão sendo avaliados, com talhões plantados em diferentes épocas e meses, que deverão trazer mais subsídios para o desenvolvimento das recomendações propostas no projeto”, detalha Vaz.

    “Qual é a população ideal de sementes que o produtor deve semear? Sem o estudo que está sendo realizado pela Embrapa, não temos como determinar com precisão.”, afirma o engenheiro agrônomo e coordenador de Agricultura Digital da fazenda Tucunaré, do Grupo Amaggi, em Sapezal (MT), Sérgio Chagas. Segundo ele, correlacionar a quantidade de sementes a ser plantada com as necessidades específicas de cada talhão é fundamental não apenas para otimizar a produção, mas também para reduzir o consumo de combustível e a frota de caminhões utilizados no transporte do insumo. “Esperamos semear a quantidade exata no local adequado. A expertise da Embrapa nos proporcionará a segurança necessária para esse processo”, conclui.

    Zonas de Manejo

    O projeto também elaborou uma metodologia para a definição de zonas de manejo (ZM), áreas dentro do mesmo talhão que apresentam potenciais produtivos diferentes. Essa metodologia baseia-se em mapas dos parâmetros físicos do solo, índices de vegetação obtidos por meio de imagens de satélite e mapas de colheita. As diferentes zonas de manejo definidas para um talhão específico podem ser utilizadas na análise dos dados dos experimentos on-farm, gerando recomendações de aplicações diferenciadas por ZM.

    Foi definida, no projeto,  uma metodologia baseada em aprendizado de máquina e dados acessíveis para delinear zonas de manejo com base em diferentes tipos de solo e atributos de diferentes sistemas de produção.

    Os experimentos mostraram que zonas de manejo podem ser obtidas com boa qualidade utilizando basicamente as informações de índices de vegetação de imagens de satélite de uso aberto, como o Sentinel.

    “Ao analisar os resultados das quatro parcelas delineadas para o estudo, ficou evidente que os índices de vegetação podem efetivamente funcionar como únicos atributos que definem zona de manejo em cenários sem variações significativas na textura do solo e fatores externos que possam introduzir variabilidade nas culturas”, conta o analista da Embrapa Agricultura Digital Eduardo Antônio Speranza.

    Foto: Sérgio Chagas

    Uso de sistema inteligente

    O estudo realiza experimentos com a Solução de Plantio Inteligente (IPS) desenvolvido pela Bosch. Embarcado em plantadoras, o sistema ajusta em tempo real o fluxo de sementes de modo a compensar as variações de velocidade linear e angular da máquina.

    Para o gerente de engenharia da Bosch Leonardo Vecchi o objetivo principal é entender os benefícios que a tecnologia para plantio e fertilização pode gerar, como o aumento de produtividade, uma vez que o sistema é uma solução de aplicação precisa de insumos, sementes e fertilizantes, baseados em mapas de prescrição à taxa variável.

     “Mas, como essa aplicação é construída a partir da condição de solo inicial, que pode sofrer mudança, o estudo visa compreender esse fenômeno e corrigir a nova taxa de sementes por meio de um fator, de forma que se adeque à nova condição do solo. Assim podemos esperar um aumento de produtividade ainda maior”, detalha o gerente. Vecchi revela que os resultados iniciais têm se mostrado promissores, e destaca a necessária continuidade da investigação para gerar modelos ou recomendações de aplicação mais gerais.

    “A parceria com a Embrapa é muito importante para o desenvolvimento tecnológico realizado pela Bosch. Nosso objetivo é buscar inovações que gerem grandes benefícios para clientes e mercado e que aumentem a sustentabilidade ambiental”, afirma o engenheiro industrial.

    Desafios do projeto

    “A obtenção de mapas de colheita fidedignos esbarra em dois problemas principais: a falta de calibração rotineira dos sensores e o emprego de diferentes colhedoras que podem operar no mesmo talhão. Como são comuns frotas multimarcas e de diferentes modelos e gerações tecnológicas, há desafios técnicos para a integração dos dados, muitas vezes intransponíveis dentro da realidade do produtor”, explica João Naime.