A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) do Senado aprovou nesta quarta-feira (7) o Projeto de Lei 1.740/2024, que regulamenta o transporte de cargas perigosas por produtores rurais. A proposta, de autoria do senador Dr. Hiran (PP-RR), segue agora para análise final na Comissão de Infraestrutura (CI), com tramitação em caráter terminativo — ou seja, se aprovada, poderá seguir diretamente para a Câmara dos Deputados, sem passar pelo Plenário do Senado.
O PL modifica a Lei nº 10.233/2001, atribuindo à Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) a competência de regulamentar e fiscalizar o transporte próprio de produtos perigosos utilizados em atividades agrícolas, como o diesel transportado por produtores para abastecimento de tratores e máquinas no campo. A iniciativa busca adaptar a legislação à realidade de áreas rurais, principalmente das regiões Norte e Centro-Oeste, onde faltam estruturas de armazenamento ou transportadoras especializadas.
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) participou ativamente do debate legislativo e teve duas sugestões acolhidas pelo relator do projeto. As propostas garantiram a manutenção da fiscalização pela ANTT e a preservação dos requisitos de segurança no transporte dessas substâncias, mesmo em trajetos de pequeno porte realizados por produtores.
A proposta nasce da necessidade de evitar penalizações a agricultores que transportam volumes reduzidos de combustíveis e outros materiais perigosos por longas distâncias, muitas vezes sem alternativa legal ou viável de logística. Hoje, o transporte próprio desses insumos pode ser interpretado como irregular por não atender exigências pensadas para o transporte comercial em grande escala.
Com o avanço da matéria na CRA, a expectativa é de que a Comissão de Infraestrutura conclua a tramitação no Senado, permitindo que a proposta siga para a Câmara dos Deputados ainda neste semestre. A medida é considerada estratégica para dar segurança jurídica a produtores e evitar prejuízos à produção agropecuária em áreas remotas.
O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou esta semana sua primeira projeção de área plantada com soja para a safra 2025/26 em Mato Grosso. A estimativa inicial indica um crescimento de 1,67% em relação à safra anterior, totalizando 13,00 milhões de hectares cultivados com a oleaginosa no estado.
Apesar do avanço, o instituto destaca que a valorização da soja ainda é tímida, o que tem limitado o entusiasmo dos produtores em expandir a cultura de forma mais acelerada. O cenário de mercado atual não tem proporcionado estímulos suficientes para investimentos expressivos em novas áreas.
Entre as regiões do estado, o maior destaque ficou para o Norte e o Nordeste, com aumentos estimados de 3,07% e 3,00%, respectivamente. Esses avanços regionais compensam, em parte, o crescimento mais contido em outras localidades.
A análise do Imea reforça que o comportamento do mercado nas próximas semanas será decisivo para consolidar ou ajustar as expectativas dos produtores quanto à área efetivamente plantada no ciclo 25/26.
O Dia das Mães, tradicionalmente celebrado no segundo domingo de maio no Brasil, é uma data bastante ligada às flores, particularmente a rosa, símbolo do amor. Essa espécie foi cultivada comercialmente em dez municípios paranaenses em 2023 (Marialva, Araruna, Sarandi, Mandaguari, Mandaguaçu, Francisco Beltrão, Bituruna, Farol, Maria Helena e Perobal), com a retirada de 265,8 mil dúzias.
“No Paraná, ainda que a floricultura ainda seja pouco explorada, há um aquecimento do mercado acompanhando o que acontece no Brasil, e uma alavancagem nos negócios nas praças em que a atividade está estabelecida”, afirma o engenheiro agrônomo Paulo Andrade no Boletim de Conjuntura Agropecuária desta semana, que tem as rosas como destaque às vésperas do Dia das Mães.
O documento é elaborado pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab). Divulgado semanalmente, ele traz análise de algumas culturas desenvolvidas no Paraná.
Em 2023 o setor de floricultura gerou R$ 249,6 milhões de Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP). Os gramados e as plantas perenes ornamentais dominantes, com participação de 72,1%. No ano anterior o VBP tinha ficado em R$ 216,7 milhões, o que configura 15,2% de aumento.
Se a análise for feita apenas com as flores propriamente ditas, o esteio da produção está nas orquídeas, crisântemos e roseiras. Essas três têm participação de 16,1% no montante da atividade de floricultura. Os 11,8% restante estão distribuídos nas outras 35 espécies exploradas no Estado.
De acordo com o agrônomo do Deral, as rosas representam 1,8% da floricultura geral e 8,6% das flores em si. Em 2023 as roseiras foram exploradas comercialmente em 10 municípios, de onde extraiu-se 265,8 mil dúzias, com uma renda bruta de R$ 4,5 milhões.
A região de Maringá concentra o segmento e responde por 66,2% de toda a produção estadual. O destaque é do município de Marialva, principal produtor do Paraná. Em 2023 suas terras produziram 100,0 mil dúzias, com receita bruta de R$ 1,7 milhão, o que corresponde a 37,6% do total. A região de Campo Mourão, com Araruna sendo o segundo município com a espécie, representa 30,1% do total, com 80,0 mil dúzias cultivadas.
A produção de rosas para corte tem variado no Estado nos últimos dez anos, entre 2014 a 2023. No início da série analisada foram cortadas 340,1 mil dúzias. O balanço mais recente indica uma coleta de 265,5 mil dúzias, redução de 21,8% no período. Nesse período houve um auge em 2017, com a colheita de 950,1 mil dúzias de rosas. Já em 2021 – auge da pandemia – foram extraídas tão somente 168,5 mil dúzias.
O VBP real deflacionado entre o período de dez anos está praticamente estável, pois houve uma ligeira baixa de 0,5% no período, de R$ 4,50 milhões para R$ 4,48 milhões, enquanto na floricultura ampla o mesmo VBP real flutuou em 8,1%, de R$ 230,87 milhões na década passada para R$ 249,65 milhões.
Os embarques brasileiros de ovos, incluindo produtos in natura e processados, cresceram em abril, mantendo a tendência de avanço que vem sendo observada desde o início do ano. Segundo pesquisadores do Cepea, o aumento nas exportações do produto foi impulsionado, pelo segundo mês consecutivo, pela forte demanda dos Estados Unidos.
Em abril, o país norte-americano seguiu como o principal destino dos ovos brasileiros, sendo responsável por receber 65% de todo volume escoado.
De acordo com dados da Secex, compilados e analisados por pesquisadores do Cepea, o Brasil exportou 4,34 mil toneladas de ovos in natura e processados em abril, volume 15% superior ao registrado em março/25 e expressivos 271% acima dos de abril/24. Os Estados Unidos foram destino de 2,86 mil toneladas de ovos (in natura e processado), forte alta de 45% frente ao volume de março.
O preço de referência de importação da borracha natural fechou o mês de abril em R$ 13,21/quilo, uma queda de 14,2% em relação ao mês de março, quando totalizou 15,40/kg.
A análise é da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do Instituto de Economia Agrícola (IEA) da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo.
Segundo informações divulgadas, as cotações dos contratos da matéria-prima na Bolsa de Cingapura recuaram 14,7%. Já o valor médio do dólar apresentou leve aumento, sendo cotado a R$ 5,78.
O valor do frete internacional apresentou queda de 22,4%, enquanto o frete interno apresentou estabilidade. Dessa forma, o preço de importação foi calculado em R$ 13,21/kg e o índice de referência em 158,40 (-14,2%).
A Embrapa lança no mercado a BRS 54 Lumiar, uma nova cultivar de uva branca sem semente, capaz de reduzir em 50% os custos com mão de obra no manejo do cacho, que representa em torno de 40% do custo total da mão de obra, no Semiárido brasileiro. A inovação busca resolver os principais gargalos da produção de uvas de mesa, que são: a alta demanda de mão de obra para realizar o manejo de cachos e as poucas opções de cultivares brancas sem sementes. Com isso, oferece potencial para impulsionar o segmento no País. Além da economia no campo, a Lumiar se destaca pelo conjunto de qualidades sensoriais: bagas grandes e elípticas, textura crocante e macia, alto teor de açúcares, ausência de adstringência na película e acidez equilibrada ao final da maturação. Mais informações técnicas estão disponíveis na publicação.
A nova cultivar é mais um resultado do portfólio de uvas de mesa sem sementes do programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil” coordenado pela Embrapa, para cultivo na região do Vale do Submédio São Francisco (VSF). Segundo João Dimas Garcia Maia, um dos pesquisadores da Embrapa responsável pelo desenvolvimento da nova cultivar, a BRS 54 Lumiar atende a uma demanda histórica do semiárido por uma cultivar branca sem sementes. Ele destaca que a operação de raleio, para descompactar os cachos (técnica de retirar frutos em excesso), melhora o aspecto visual e a qualidade.
No geral, as cultivares estrangeiras de uvas sem sementes demandam, no mínimo, 50% a mais de mão de obra para a realização dessa prática. Além disso, geram outros custos para os produtores, que precisam arcar com royalties a cada quilo de fruta vendida. No caso das cultivares nacionais desenvolvidas pela Embrapa, é necessário pagar apenas pelas mudas, sem a cobrança dessas taxas.
Foto: João Dimas Garcia Maia
Para o chefe-geral da Embrapa Uva e Vinho (RS), Adeliano Cargnin, essa é uma entrega de grande impacto e relevância para o Vale do São Francisco, por ser uma uva brasileira branca sem sementes de oferta pública. “A BRS 54 Lumiar atende e pode ser adotada por todos os produtores, desde os familiares, assentados até os grandes. A redução da mão de obra no manejo dos cachos vai impactar a redução do custo de produção e, consequentemente, aumentar o lucro do produtor com grandes possibilidades de baratear o preço desse alimento”, destaca ele, pontuando que a BRS 54 Lumiar representa uma entrega de valor da Empresa para o setor produtivo.
Diferenciais da nova cultivar
De acordo com Dimas, além de atender às exigências do mercado consumidor, que está cada vez mais exigente na escolha das frutas, uma nova cultivar de uva de mesa deve apresentar outras características determinantes. Entre as principais, destacam-se produtividade, tolerância ou resistência a doenças, presença de novos sabores e redução da necessidade de mão de obra para o manejo dos cachos.
Desconsiderando a pós-colheita, em geral, o custo da mão de obra na produção de uvas de mesa para as cultivares tradicionais corresponde a cerca de 35% do custo total. “Nesse cálculo, consideramos etapas como poda, raleio de cachos, aplicação de defensivos e colheita”, afirmam os pesquisadores José Fernando Protas e Joelsio Lazzarotto, da área de socioeconomia da Embrapa.
Para o produtor e consultor Newton Matsumoto, referência na viticultura do Vale do São Francisco e um dos 12 validadores da BRS 54 Lumiar no Semiárido, “além da economia com royalties e do custo de produção mais baixo, a cultivar entrega produtividade, sabor e aparência. É uma uva com grande potencial de mercado, que deve agradar tanto produtores quanto consumidores”, avalia.
A BRS Lumiar também foi avaliada em outras regiões produtivas, como a Serra Gaúcha, sua recomendação de cultivo até o momento é para o submédio do São Francisco, como explica Dimas.
Mudas da BRS 54 Lumiar
O produtor e consultor Newton Matsumoto é referência na viticultura do Vale do São Francisco (Foto: Divulgação)
O viveiro Petromudas, em Petrolina (PE), já está realizando a reserva de mudas para plantio ainda em 2025 para os viticultores da região do Vale do São Francisco.
Cabe destacar que a Embrapa disponibiliza mudas das cultivares BRS exclusivamente a partir de viveiristas licenciados. A listagem dos viveiristas licenciados pode ser consultada aqui.
Para outros viveiristas, interessados em adquirir o material básico dessa cultivar, a reserva poderá ser realizada junto à Estação Experimental de Canoinhas, em Santa Catarina, por edital de oferta pública
O atendimento aos pedidos de reserva dos viveiristas segue critérios definidos no edital e a entrega do material ocorre entre os meses de julho e setembro, até o limite disponível no matrizeiro da Embrapa.
A oferta do material básico é contínua e os viveiristas poderão fazer a reserva do material ao longo dos anos.
Origem do nome
O nome da nova cultivar é inspirado no luar do Sertão. A BRS 54 Lumiar carrega no nome e na cor a poesia do Nordeste brasileiro. Suas bagas, de um amarelo claro com suaves tons esverdeados, lembram o brilho da lua cheia que há tempos ilumina e embala canções e corações na imensidão nordestina.
É uma uva de mesa que encanta pelo visual delicado, mas conquista mesmo por seu sabor especial: equilibrado, refrescante e marcante. Desenvolvida especialmente para as condições do Nordeste brasileiro, a BRS 54 Lumiar oferece um novo sabor para a Região.
“Uvas do Brasil” no semiárido nordestino
Desde o final da década de 1970, a Embrapa coordena o programa de melhoramento genético “Uvas do Brasil”, que desenvolve cultivares de uva para vinho, suco e mesa. O polo vitícola do Vale do Submédio São Francisco (VSF) está localizado na região semiárida do Nordeste brasileiro, o maior polo nacional de produção e exportação de uvas de mesa do Brasil. Segundo dados do Hortifruti Cepea, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), são cerca de 16 mil hectares dedicados ao cultivo de uvas finas e sem sementes. Em função do clima e do uso da irrigação, as uvas são produzidas ao longo de todo o ano com a utilização de irrigação, permitindo dois ciclos vegetativos e duas podas, com a colheita de uma ou mais safras por ano na mesma área.
O programa concentra a sua atuação no desenvolvimento de cultivares adaptadas às condições brasileiras, sem as restrições técnicas apresentadas pelas cultivares importadas, além de serem mais rentáveis por terem a cobrança de royalties atrelada às mudas e não à produção, como ocorre com as importadas.
Nesse panorama, segundo estimativas da Embrapa, destaca-se o protagonismo da cultivar BRS Vitória, uva preta sem sementes, que atualmente é cultivada em aproximadamente 4 mil hectares no Vale do São Francisco. Essa cultivar apresenta grande demanda no mercado, tanto nacional como internacional, por ser uma uva sem sementes com um leve sabor de framboesa.
Também se destacam, na região, outras cultivares desenvolvidas pela Embrapa, como a BRS Isis (foto à direita), uva vermelha sem sementes cultivada em 300 hectares; a BRS Núbia, uva preta com sementes que encanta pelo grande tamanho da baga, também com cerca de 300 hectares de cultivo; e a BRS Melodia, uva vermelha sem sementes, de sabor marcante de frutas vermelhas, cultivada em 150 hectares.
Foto: Viviane Zanella
Sobre o desenvolvimento da cultivar
A BRS 54 Lumiar foi desenvolvida a partir de um cruzamento realizado, em 2010, na Estação Experimental de Viticultura Tropical da Embrapa Uva e Vinho, localizada em Jales (SP). Em 2019, foram implantadas as primeiras unidades de validação no Vale do São Francisco, envolvendo 12 empresas e abrangendo os municípios de Petrolina (PE) e Juazeiro, Curaçá e Casa Nova (BA).
A ‘BRS 54 Lumiar’ apresenta vigor inferior ao de outras cultivares desenvolvidas pelo programa “Uvas do Brasil”, tais como as BRS Vitória, BRS Núbia e BRS Isis. Dessa forma, a recomendação é de realização de podas mais longas do que as praticadas para as cultivares BRS Vitória e BRS Isis. É recomendável também trabalhar com produtividades de 20 a 22 toneladas por hectare por safra (cerca de 50 toneladas por hectare/ano), contribuindo assim para a estabilidade de produção no decorrer dos ciclos e obtenção de cachos com melhor padrão comercial.
Esse trabalho foi custeado pelo projeto Desenvolvimento de novas cultivares para a competitividade e sustentabilidade da vitivinicultura brasileira, desenvolvido em parceria entre a Embrapa e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
As avaliações de compostos funcionais foram realizadas no âmbito do contrato de cooperação técnica entre o Instituto Agronômico de Campinas (IAC) e a Embrapa Uva e Vinho.
Duas novas cultivares de algodão com tecnologias genéticas avançadas acabam de ser disponibilizadas aos produtores brasileiros. Desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a IST Brasil – Lyntera, as variedades BRS 700FL B3RF e BRS 800 B3RF prometem atender demandas distintas do mercado: uma com fibra de alta qualidade voltada ao segmento de roupas premium e outra com forte resistência a doenças que desafiam a sustentabilidade da cotonicultura no País.
A primeira, BRS 700FL B3RF, é indicada para quem busca agregar valor com uma fibra longa a extralonga, de espessura fina e resistência elevada. Seu desempenho se aproxima do algodão importado dos tipos egípcio e pima, tradicionalmente utilizados para a produção de tecidos finos e de alto valor agregado. Já a BRS 800 B3RF tem foco em sanidade e produtividade, sendo indicada para regiões onde a presença de doenças como a ramulária e pragas como o nematoide de galhas comprometem a viabilidade do cultivo.
Ambas as cultivares são transgênicas e possuem a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, que protege contra as principais lagartas do algodoeiro e permite o uso de herbicida glifosato. Segundo os pesquisadores responsáveis, essas características reduzem o número de aplicações de defensivos e os custos operacionais, além de contribuir para práticas mais sustentáveis.
Fibra de excelência para mercados exigentes
A cultivar BRS 700FL B3RF foi desenvolvida com foco na qualidade da fibra, alcançando comprimento médio de 33,5 milímetros e chegando a ultrapassar os 34 milímetros em mais da metade dos locais onde foi testada. O pesquisador Camilo Morello, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro na Embrapa Algodão (PB), afirma que esse desempenho é inédito no País. “Essa cultivar visa suprir uma demanda por fibras de alta qualidade, com maior valor agregado, já que o Brasil importa fibras de classificação extralonga, de algodoeiros dos tipos egípcio ou pima. Com a BRS 700FL B3RF, chegamos a uma qualidade de fibra bastante próxima, porém em algodoeiro herbáceo (Upland), preservando produtividade e sanidade”, declara Morello.
Além do comprimento, a fibra apresenta resistência de 32,8 gf/tex e micronaire de 3,7, o que garante boas condições para fiação e acabamento. A produtividade média da cultivar é de 4.524 quilos por hectare, com rendimento de fibra de 38%, porte alto e ciclo longo. Esses números representam um avanço em relação à primeira cultivar transgênica de fibra longa lançada pela Embrapa, a BRS 433FL B2RF, cuja fibra alcançava em torno de 32,5 milímetros.
A BRS 700FL B3RF é recomendada para cultivos nos biomas Cerrado e Caatinga, com destaque para os estados da Bahia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Paraíba e Ceará.
Foto: Nelson Suassuna
Redução de perdas e economia com defensivos
A outra cultivar lançada, a BRS 800 B3RF, se destaca pela resistência a múltiplas doenças, incluindo a mancha de ramulária, a doença azul e a bacteriose (mancha angular). Além disso, apresenta resistência ao nematoide de galhas (Meloidogyne incognita), uma das pragas mais problemáticas do algodão, capaz de inviabilizar lavouras inteiras.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Nelson Suassuna, a ramulária é a doença que exige o maior número de aplicações de fungicidas no Brasil, até oito durante o ciclo em variedades suscetíveis.
Ele conta que outro importante problema dos sistemas de produção com o algodoeiro é o nematoide de galhas, que causa drástica redução na produção das lavouras, muitas vezes inviabilizando a produção. “A nova cultivar oferece ao produtor uma forma de reduzir esses custos e ainda manter a produção em áreas afetadas, como no Mato Grosso e na Bahia, onde o nematoide está presente em cerca de 25% e 37% das áreas, respectivamente”, destaca Suassuna.
Com ciclo precoce, a BRS 800 B3RF é ideal para a segunda safra – prática comum no Mato Grosso – e para cultivos tardios sob pivô, como ocorre na Bahia. A produtividade média alcança 5 mil quilos por hectare, com rendimento de fibra de 42% e comprimento de 29,5 milímetros.
A cultivar é indicada para cultivos em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rondônia, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
Tecnologia genética e adaptação regional
Ambas as cultivares utilizam a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, da Bayer, amplamente adotada por oferecer proteção contra as principais lagartas do algodão, como a Heliothis e a Spodoptera. Essa tecnologia transgênica também confere tolerância ao herbicida glifosato, facilitando o manejo de plantas daninhas.
Outro ponto forte é a adaptação regional das cultivares. A BRS 700FL B3RF, com ciclo mais longo e exigência alta de regulador de crescimento, é indicada para áreas de maior controle técnico e ambiental. Já a BRS 800 B3RF, de ciclo curto e menor exigência de manejo, se adapta bem às áreas de segunda safra, ampliando as opções para os produtores em diferentes estados e climas.
Mercado de algodão em transformação
A disponibilização dessas cultivares ocorre em um momento estratégico. O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, mas ainda importa fibras especiais para atender indústrias têxteis voltadas ao segmento de luxo. Com a BRS 700FL B3RF, há a expectativa de que parte dessa demanda possa ser suprida internamente, agregando valor ao produto nacional e reduzindo a dependência de importações.
Ao mesmo tempo, a BRS 800 B3RF representa um reforço importante para a sustentabilidade da cadeia produtiva, especialmente em regiões onde doenças e pragas vinham comprometendo a rentabilidade das lavouras. As novas cultivares estarão disponíveis aos produtores por meio da IST Brasil – Lyntera, empresa licenciada para a multiplicação e comercialização das sementes.
Conheça os novos algodões
Foto: Camilo Morello
A cultivar de algodão BRS 700FL B3RF *
Ciclo: tardio
Exigência regulador: alta
Exigência em fertilidade: média-alta
Aderência da fibra: média-forte
Rendimento de fibra (%): 38
Peso do capulho (g): 5,7
Micronaire: 3,7
Comprimento da fibra (UHML – mm): 33,5
Resistência da fibra (gf/tex): 32,8
Índice de fibras curtas (%): 5,1
Produtividade média: 4.524 kg/ha
Foto: Camilo Morello
A cultivar de algodão BRS 800 B3RF *:
Ciclo: precoce
Os preços do frango abatido apresentam avanços no atacado da Grande São Paulo neste começo de maio. De acordo com colaboradores consultados pelo Cepea, esse movimento de alta está atrelado ao aumento do poder de compra do consumidor brasileiro, impulsionado pelo pagamento de salários, e à proximidade do Dia das Mães – data em que tradicionalmente estimula as vendas no setor.
No front externo, os embarques brasileiros de carne de frango se mantiveram estáveis de março para abril, mas a receita em Reais obtida pelos exportadores foi recorde para o mês, conforme mostra série histórica da Secex iniciada em 1997.
Pesquisadores do Cepea indicam quem esse excelente desempenho financeiro foi garantido pela valorização do dólar frente ao Real e pela alta no preço médio dos produtos exportados.
O preço da laranja pera caiu com força no mercado de mesa nesta semana, pressionado pelo aumento na oferta, por conta da chegada das frutas precoces. Levantamento do Cepea mostra que, de segunda a quinta-feira, a média de negociação da fruta foi de R$ 85,35 por caixa de 40,8 kg, queda de 9,03% em relação à do período anterior.
O Fundecitrus divulga nesta sexta-feira, 9, a primeira estimativa da produção da safra de laranja de 2025/26 de São Paulo e do Triângulo Mineiro. Essa é uma das estimativas mais aguardadas pelo setor citrícola nacional, sobretudo neste momento de incertezas quanto ao preço que será fixado pela indústria para ser pago ao citricultor pela fruta da safra 2025/26, depois de uma temporada 2024/25 de valores recordes.
Segundo pesquisadores do Cepea, há uma previsão geral do setor de que a produção de laranja da safra 2025/26 seja maior que a temporada que está se encerrando, tendo como fundamento o fato de que a colheita do ciclo 2024/25 foi muito reduzida pelo clima desfavorável (temperaturas elevadas e o tempo muito seco), que atrapalhou demasiadamente o desenvolvimento dos pomares.
Além disso, após outubro de 2024, as chuvas voltaram com maior intensidade e as temperaturas ficaram dentro de padrões mesmo que levemente acima das médias históricas. Esse cenário deve proporcionar uma maior produtividade para 2025/26, apesar do avanço do greening.
As cotações da tilápia viva ou no gelo subiram em praticamente todas as regiões acompanhadas pelo Cepea. Segundo colaboradores do Centro de Pesquisas, a valorização da tilápia era esperada pelo setor, devido ao período da Quaresma, mas o aumento no preço acabou sendo limitado pela maior oferta, tendo em vista o fato de os peixes ainda estarem com peso elevado.
De acordo com levantamento do Cepea, na região dos Grandes Lagos (noroeste do estado de São Paulo e divisa de Mato Grosso do Sul), o preço médio da tilápia foi de R$ 8,06/kg em abril, alta de 3,4% em relação à de março. No front externo, o volume e a receita com as exportações de tilápia recuaram em abril em relação aos do mês anterior.
No entanto, os desempenhos de abril ficaram acima dos apresentados no mesmo mês de 2024. Segundo dados da Secex, as exportações totalizaram 1.533 toneladas, queda de 1,9% no comparativo mensal, mas expressivos 82,8% acima das do mesmo período de 2024. A receita totalizou US$ 5,8 milhões, recuo mensal de 17,6%, mas avanço anual de 49,4%.