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  • Casos de chikungunya dobram e Mato Grosso lidera mortes pela doença no Brasil

    Casos de chikungunya dobram e Mato Grosso lidera mortes pela doença no Brasil

    O número de mortes por chikungunya em Mato Grosso dobrou em menos de um mês, de acordo com o Painel de Monitoramento das Arboviroses, atualizado pelo Ministério da Saúde. Até este domingo (9), o estado registrou seis óbitos causados pela doença, enquanto no final de janeiro eram três.

    Mato Grosso lidera o ranking nacional de mortes por chikungunya. Ao todo, o Brasil contabiliza sete óbitos, sendo o sétimo registrado em Minas Gerais. O Ministério da Saúde também investiga outra morte suspeita no estado, além de 8.104 casos prováveis da doença.

    Municípios com óbitos confirmados: Cuiabá – 4 mortes confirmadas e uma em investigação; Jaciara – 1 morte e Dom Aquino – 1 morte. Além disso, outros 13 óbitos estão sob investigação em diferentes estados do país, incluindo um em Mato Grosso.

    Emergência em Cuiabá

    Diante do aumento de casos, a Prefeitura de Cuiabá decretou estado de emergência na saúde pública, válido por 60 dias. A medida busca intensificar as ações de controle e prevenção, incluindo a criação de um Comitê de Operações Emergenciais.

    Sintomas da chikungunya

    Segundo o Ministério da Saúde, os principais sintomas da chikungunya incluem:

    Febre; Dores e inchaços nas articulações; Dores musculares e nas costas; Manchas vermelhas e coceira na pele; Dor de cabeça e atrás dos olhos; Conjuntivite não-purulenta; Sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e diarreia (mais comuns em crianças)

    Dengue e zika também preocupam

    Além da chikungunya, Mato Grosso também enfrenta um aumento nos casos de dengue. O estado já registrou 9.948 casos prováveis, com três óbitos sob investigação. Em relação à zika, não há casos prováveis confirmados até o momento.

  • Zika: sequestro de gene após infecção causa microcefalia, diz estudo

    Zika: sequestro de gene após infecção causa microcefalia, diz estudo

    Estudo conduzido pela Universidade da Califórnia e publicado no periódico mBio indica que o vírus Zika sequestra uma proteína humana chamada ANKLE2, de suma importância para o desenvolvimento cerebral, para seu próprio benefício. Por esse motivo, em casos de infecção em gestantes, como o Zika é capaz de atravessar a placenta, ele acaba por provocar casos de microcefalia, condição em que o cérebro do bebê se forma de um tamanho menor que o esperado.

    “É uma situação em que o Zika está no lugar errado no momento errado”, destacou a professora do Departamento de Microbiologia, Genética Molecular e Engenharia Química da universidade e principal autora do estudo, Priya Shah. O trabalho demonstra que vírus próximos ao Zika, como o da dengue e o da febre amarela, também sequestram a proteína ANKLE2 para o mesmo propósito. Para os pesquisadores, a descoberta pode abrir caminho para o desenvolvimento de vacinas e outros tipos de tratamento contra os chamados arbovírus.

    Síndrome

    De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome congênita do zika compreende um conjunto de anomalias congênitas que podem incluir alterações visuais, auditivas e neuropsicomotoras que ocorrem em embriões ou fetos expostos à infecção durante a gestação. Tais alterações podem variar quanto à severidade, sendo que, quanto mais cedo a infecção ocorre na gestação, mais graves tendem a ser esses sinais e sintomas.

    A principal forma de transmissão da infecção em mulheres grávidas é pela picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti, mas a transmissão também pode ocorrer por meio de relação sexual com indivíduos infectados ou de transfusão sanguínea, sendo que a última, segundo a pasta, apresenta baixo risco devido à triagem de doadores e testes hematológicos.

    A síndrome foi descoberta em 2015, devido à alteração do padrão de ocorrência de microcefalia em nascidos vivos no Brasil. À época, o evento foi considerado uma emergência em saúde pública de importância nacional e, posteriormente, internacional. Algum tempo depois, constatou-se que os casos de microcefalia, que também cursavam com outras anomalias cerebrais e alterações neurológicas, estavam associados à infecção pelo vírus Zika no período gestacional.

  • SES-MT alerta sobre prevenção ao Aedes aegypti durante período chuvoso em Mato Grosso

    SES-MT alerta sobre prevenção ao Aedes aegypti durante período chuvoso em Mato Grosso

    A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) reforça a importância da prevenção contra o mosquito Aedes aegypti durante o período de chuvas em Mato Grosso, que se estende até maio. A proliferação do mosquito aumenta nesse período, exigindo atenção redobrada com cuidados simples.

    As arboviroses, como dengue, zika e chikungunya, são doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. O secretário de Estado de Saúde destaca medidas preventivas como a limpeza de quintais e calhas.

    Segundo o Ministério da Saúde, dedicar apenas 10 minutos diários para eliminar focos de água parada pode ser decisivo na prevenção.

    Principais Sintomas das Arboviroses

    Dengue: Febre alta, dores musculares e nas articulações.

    Zika: Riscos neurológicos, principalmente para gestantes.

    Chikungunya: Febre e dores articulares intensas, com sintomas prolongados.

    Cuidados Essenciais Contra o Aedes aegypti

    Verificar locais com acúmulo de água, tampar caixas d’água, descartar lixo corretamente, limpar calhas e cobrir pneus são ações fundamentais.

  • Lucas do Rio Verde decreta situação de emergência por aumento nos casos de dengue

    Lucas do Rio Verde decreta situação de emergência por aumento nos casos de dengue

    A Prefeitura de Lucas do Rio Verde declarou situação anormal em saúde pública devido à escalada de casos de dengue, chikungunya e outras arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. O Decreto nº 7.097, publicado em 19 de dezembro de 2024, estabelece medidas rigorosas para combater a proliferação do vetor, incluindo ações educativas, intervenções sanitárias e a obrigatoriedade de limpeza de imóveis e terrenos baldios.

    De acordo com o último boletim epidemiológico da Secretaria de Saúde, divulgado para a semana de 8 a 14 de dezembro, foram confirmados 303 casos de dengue e 9 de chikungunya ao longo do ano, além de um óbito causado pela dengue. Os casos estão distribuídos por diversos bairros, evidenciando a necessidade de uma resposta ampla e coordenada.

    Medidas emergenciais e fiscalização intensiva

    O decreto autoriza ações como a contratação temporária de pessoal, uso de drones para identificar focos do mosquito em áreas de difícil acesso e campanhas de conscientização para a população. Também permite a entrada forçada em imóveis abandonados ou inacessíveis, mediante identificação e emissão de relatórios pelos agentes públicos.

    Além disso, os proprietários de imóveis, sejam públicos ou particulares, têm a obrigação de manter suas propriedades limpas, livres de entulhos e materiais que acumulem água. Piscinas devem ser tratadas regularmente, e calhas, ralos e recipientes devem ser protegidos e higienizados. O descumprimento dessas obrigações pode resultar em multas, além da execução compulsória dos serviços pela Prefeitura, com custos cobrados dos responsáveis.

    Um combate urgente para 2025

    Com o aumento expressivo dos casos e o registro de óbito, Lucas do Rio Verde entra em alerta máximo para evitar que os casos positivos avancem ainda mais no próximo ano. A meta é envolver a população e intensificar as ações para conter a proliferação do mosquito, que encontra ambiente favorável no período chuvoso.

    O decreto reforça a gravidade da situação, mas também sinaliza que, com esforço conjunto entre a administração pública e a comunidade, é possível reverter o cenário. A experiência de anos anteriores mostra que medidas preventivas e um trabalho contínuo de fiscalização podem reduzir significativamente os casos e proteger a saúde da população.

  • SES reforça medidas para combater dengue, zika e chikungunya em Mato Grosso

    SES reforça medidas para combater dengue, zika e chikungunya em Mato Grosso

    A Secretaria de Estado de Saúde (SES-Mato Grosso) destaca a importância de adotar medidas preventivas contra a dengue, zika e chikungunya. Com o início do período de chuvas em setembro, que segue até maio, há maior risco de proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor das doenças.

    De acordo com o Ministério da Saúde, atitudes simples como verificar e eliminar locais com acúmulo de água, tampar caixas d’água, descartar corretamente o lixo e manter quintais limpos podem prevenir a transmissão. Essas ações demandam apenas 10 minutos por dia e são fundamentais para combater o mosquito.

    O secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, enfatizou que 75% das transmissões ocorrem em residências, destacando a importância da mobilização da população: “Precisamos do apoio e empenho da população neste momento. É momento de unirmos forças contra a dengue”.

    Já Alessandra Moraes, superintendente de Vigilância em Saúde da SES, reforçou que a prevenção é a estratégia mais eficaz. Ela recomendou atenção para evitar água parada e manter os quintais limpos: “Essas pequenas atitudes fazem toda a diferença para proteger não só os moradores, mas toda a comunidade”.

    Mais informações sobre os casos de dengue, zika e chikungunya em Mato Grosso estão disponíveis no Informe Epidemiológico nº 37.

    Vacinação contra a dengue em Mato Grosso

    Desde abril de 2024, a vacinação contra a dengue está disponível em 35 municípios de Mato Grosso. A iniciativa, coordenada pelo Ministério da Saúde, é voltada para crianças de 10 a 14 anos.

    Fonte: SES-MT

  • Vírus zika pode voltar a se replicar após recuperação, aponta estudo

    Vírus zika pode voltar a se replicar após recuperação, aponta estudo

    Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) investigou a reação tardia do vírus da zika e como isso pode levar a novos episódios de sintomas neurológicos da doença, como crises convulsivas. Os resultados do estudo inédito estão em um artigo científico publicado nesta semana no periódico iScience, do grupo Cell Press.

    O estudo foi realizado durante quatro anos com cerca de 200 camundongos que se recuperaram da infecção pelo vírus zika. A pesquisa foi liderada pelas cientistas Julia Clarke, do Instituto de Ciências Biomédicas, e Claudia Figueiredo, da Faculdade de Farmácia, ambas da UFRJ.

    Os resultados apontam que em situações de queda na imunidade, como stress, tratamento com medicamentos imunossupressores ou durante infecções por outros vírus, o zika pode voltar a se replicar no cérebro e em outros locais onde antes não era encontrado, como nos testículos.

    “Alguns vírus podem “adormecer” em determinados tecidos do corpo e depois “acordar” para se replicar novamente, produzindo novas partículas infecciosas. Isso pode levar a novos episódios de sintomas, como acontece classicamente com os vírus simples da herpes e da varicela-zoster.

    Segundo Julia Clarke, essa nova replicação está associada à produção de espécies secundárias de RNA viral, que são resistentes à degradação e se acumulam nos tecidos.

    “A gente observou que, ao voltar a replicar no cérebro, o vírus gera substâncias intermediárias de RNA e a gente vê um aumento na predisposição desses animais a apresentarem convulsões, que é um dos sintomas da fase aguda”, acrescentou.

    Em modelos animais, o grupo da UFRJ e outros aplicaram testes de PCR, microscopia confocal, imunohistoquímica, análises comportamentais e mostraram que o vírus da zika pode permanecer no corpo por longos períodos, após a fase aguda da infecção. Em humanos, o material genético do vírus da zika já foi encontrado em locais como placenta, sêmen, cérebro, mesmo muitos meses após o desaparecimento dos sintomas.

    Ela explica que os resultados mostraram que a amplificação do RNA viral e a geração de material genético resistente à degradação pioram os sintomas neurológicos nos animais, principalmente nos machos. Embora a reativação tardia do vírus da zika ainda não tenha sido investigada em humanos, os dados sugerem que pacientes expostos ao vírus, no início da vida, devem ser monitorados a longo prazo e que novos sintomas podem ocorrer. Como próximos passos, Julia Clarke explica que se aprofundarão nas calcificações cerebrais provocadas pelo vírus.

    “O cérebro exposto ao vírus, tanto de animais quanto de humanos, desenvolve áreas de lesão características com morte de células e acúmulo de cálcio – as chamadas calcificações. Nosso grupo pretende caracterizar se essas áreas de calcificações são os locais onde o vírus permanece adormecido. Além disso, pretendemos testar um medicamento que diminui muito o tamanho dessas áreas de calcificação para avaliar se consegue prevenir essa reativação do vírus”, explica.

    Julia Clarke ressalta que a pesquisa é de extrema importância, pois revela a capacidade do vírus persistir e reativar, o que pode ter grandes implicações para a saúde pública. O trabalho contou com a colaboração de pesquisadores do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes e do Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, ambos da UFRJ, e financiamento de cerca de R$ 1 milhão da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

    Edição: Sabrina Craide

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  • Brasil se aproxima de 6 milhões de casos e 4 mil mortes por dengue

    Brasil se aproxima de 6 milhões de casos e 4 mil mortes por dengue

    O painel de monitoramento de arboviroses do Ministério da Saúde contabiliza 5.968.224 casos prováveis de dengue e 3.910 mortes confirmadas pela doença ao longo de 2024. Há, ainda, 2.970 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência da dengue no Brasil, neste momento, é de 2.939 casos para cada 100 mil habitantes.

    Jovens com idade entre 20 e 29 anos seguem respondendo pela maior parte dos casos de dengue. Em seguida estão as faixas etárias de 30 a 39 anos; de 40 a 49 anos; e de 50 a 59 anos. Já as faixas etárias que respondem pelos menores percentuais de casos da doença são menores de um ano; 80 anos ou mais; e de um a quatro anos.

    Em números absolutos, o estado de São Paulo lidera o ranking – 1.813.282 casos – seguido por Minas Gerais – 1.607.043 vítimas e pelo Paraná, com 614.713 casos. Quando se leva em consideração o coeficiente de incidência, o Distrito Federal responde pelo maior índice, 9.547 casos para cada 100 mil habitantes. Em seguida estão Minas Gerais (7.824) e Paraná (5.371).

    Chikungunya

    O painel contabiliza, ainda, 220.828 casos prováveis de chikungunya, arbovirose também transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Em 2024, a doença responde por 121 mortes confirmadas. Há, ainda, 139 óbitos em investigação. O coeficiente de incidência de chikungunya no Brasil, neste momento, é de 108,8 casos para cada 100 mil habitantes.

    Zika

    Em relação à zika, os dados do painel contabilizam 8.466 casos prováveis em 2024, sem mortes confirmadas ou em investigação pela doença. O coeficiente de incidência no Brasil, neste momento, é de 4,2 casos para cada 100 mil habitantes.

    Edição: Kleber Sampaio

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  • Pesquisa detecta vírus zika e chikungunya em ovos de mosquitos Aedes

    Pesquisa detecta vírus zika e chikungunya em ovos de mosquitos Aedes

    Um estudo de nove pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) detectou ovos do mosquito Aedes aegypti com a presença dos vírus ZIKV, causador da zika, e do CHIKV, da chikungunya. O resultado demonstra a transmissão vertical do vírus, quando é passado de fêmeas adultas para larvas depositadas por elas. Posteriormente, os ovos eclodem e os novos mosquitos já nascem com o vírus recebido.

    O estudo foi publicado em um artigo da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical com o título Detecção de arbovírus em Aedes aegypti por meio de análise transovariana: um estudo em Goiânia, Goiás.

    O novo mecanismo de transmissão descoberto para essas duas doenças infecciosas é diferente do modo de transmissão mais conhecido, o horizontal. Nesse caso, o mosquito pica um ser humano ou animal infectado, suga e se contamina com esse sangue e, então, o inseto fica apto a contaminar outras pessoas com o chamado repasto sanguíneo do vírus, ou seja, nas picadas.

    A conclusão da pesquisa é que a transmissão direta aos ovos de Aedes aegypti, classificada como transovariana, sem passar por um hospedeiro, serve de alerta às autoridades de saúde, pois, seu principal vetor urbano, o mosquito, provavelmente, adquiriu essa capacidade, destaca o estudo.

    Em entrevista à Agência Brasil, o coordenador do estudo, Diego Michel Fernandes da Silva, disse que a descoberta de que os mosquitos já estão nascendo infectados preocupa pelo fato de a transmissão vertical ser um mecanismo de adaptação que os insetos encontram para transmitir os vírus a seus descendentes, facilitando a dispersão deles para áreas urbanas.

    “É preocupante para a saúde pública porque descobrimos um novo mecanismo de transmissão. A gente sabia da transmissão horizontal. Agora, nesse meio, encontramos a transmissão vertical, com o depósito de seus ovos contendo o vírus e que transmite esse vírus de forma direta. [A fêmea] não precisa primeiro achar um hospedeiro, o que pode aumentar essa disseminação”, explica o biólogo e doutorando na UFG.

    Método

    Ovos e mosquitos adultos de Aedes aegypti foram capturados nas três grandes regiões da capital goiana – noroeste, sudoeste e norte – por agentes da Vigilância Sanitária do Estado de Goiás, de janeiro a setembro de 2022.

    Brasília (DF) 27/02/2024 - Ilustração do Artigo científico publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT). Fonte: Sociedade Brasileira de Medicina Tropical/Divulgação

    Após a captura, um total de 1.570 fêmeas adultas foram separadas e organizadas em grupos de dez insetos cada, contendo a cabeça e o tórax para análise, o que resultou na distribuição de 157 grupos para análise e investigação laboratorial. Os ovos dessas fêmeas foram cultivados em condições controladas de laboratório até o surgimento dos mosquitos adultos.

    Desse total, dois grupos (20 amostras) com resultados positivos para o vírus CHIKV e um grupo (10 amostras) com resultados positivos para o ZIKV, indicaram que os descendentes estavam infectados e que esses mesmos descendentes podem transmitir o vírus após o nascimento.

    Recomendação

    Além do estudo alertar as autoridades de saúde para a possibilidade do aumento das transmissões dos dois vírus causadores da zika e do chikungunya, o biólogo da UFG Diego Michel Fernandes da Silva enfatiza que é preciso reforçar a vigilância epidemiológica local e procurar novos mecanismos de prevenção e eliminação do Aedes.

    Brasília (DF) 27/02/2024 - Coordenador da pesquisa e doutorando da Universidade Federal de Goiás (UFG), Diego Michel Fernandes da Silva Foto: Diego Michel Fernandes da Silva/Arquivo Pessoal
    Coordenador da pesquisa Diego Michel Fernandes da Silva – Foto: Arquivo Pessoal

    À população em geral, o biólogo insiste que todos devem estar atentos à eliminação de criadouros de ovos do mosquito Aedes aegypti, depositados em recipientes com água, preferencialmente limpa, parada e na sombra. Contudo, não basta secar os reservatórios de água parada para impedir a reprodução do inseto. O pesquisador reforça que é preciso, também, limpar o local, pois o ovo do Aedes pode sobreviver sem água por determinado período.

    “O alerta é o mesmo de sempre. A população já está acostumada. É preciso eliminar esses ovos antes da eclosão. O melhor modo é não deixar a água parada. Mas o ovo em si, consegue durar cerca de 1 ano na natureza sem contato com a água, esperando o momento propício para ele se desenvolver”, disse.

    O biólogo Diego Michel avalia que o estudo pode despertar a curiosidade de outros cientistas para desenvolverem também novos métodos de prevenção ao mosquito vetor de transmissão.

    Edição: Fernando Fraga

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  • Dengue: prefeitura de Belo Horizonte decreta situação de emergência

    Dengue: prefeitura de Belo Horizonte decreta situação de emergência

    O cenário epidemiológico e assistencial levou a Prefeitura de Belo Horizonte a decretar situação de emergência em saúde pública. A medida é resultado da epidemia de dengue e outras arboviroses na capital mineira. As ações de combate às doenças se estendem a todas as áreas da cidade por um período de seis meses, que pode ser prorrogado se for necessário.

    O texto do decreto do prefeito Fuad Noman foi publicado neste sábado (17), no Diário Oficial do Município. A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) terá que instituir diretrizes gerais para a execução das medidas de enfrentamento à situação de emergência em saúde pública, “podendo, no âmbito de sua competência, editar normas complementares para a fiel execução do disposto neste decreto”.

    Uma das medidas definidas no decreto autoriza a entrada forçada em imóveis públicos ou particulares vagos, não habitados ou abandonados. Essa ação poderá ser feita sem a necessidade prévia de autorização dos proprietários. “Seguindo um fluxo de atuação já estabelecido, a entrada forçada será realizada após três tentativas de vistoria em dias e horários distintos. Não sendo possível a visita, um relatório com a situação de risco para arboviroses será encaminhado aos órgãos responsáveis pela fiscalização para tomar as medidas cabíveis”, informou a prefeitura.

    A abertura forçada também está autorizada em imóveis onde os ocupantes se recusem a dar acesso aos Agentes de Combate a Endemias (ACE). Caberá à Defesa Civil dar apoio na intensificação de ações de mobilização, com visitas noturnas nas residências para agendar as vistorias que não puderem ser realizadas pelos ACE ou Agentes Sanitários (AS) durante o horário comercial.

    A ampliação da carga horária dos contratos dos profissionais foi autorizada para permitir o enfrentamento da situação de emergência. Isso será feito por meio de atos simplificados de aditivos. A medida, no entanto, depende de concordância do trabalhador, além da dispensa do intervalo de 30 dias para as possíveis renovações. O decreto também dispensa licitações para aquisições de bens e serviços.

    Atendimentos

    De acordo com a prefeitura da capital mineira, a circulação simultânea de três sorotipos do vírus da dengue (DEN I, DEN II e DEN III) e da chikungunya, além do aumento considerável de casos e a situação de epidemia na cidade, “tornaram imprescindíveis a necessidade de declarar a situação de emergência”. Os dados mais recentes indicam que Belo Horizonte registrou 3.718 casos positivos de dengue e 259 de chikungunya.

    O esquema montado pela prefeitura para receber a população inclui três Centros de Atendimento às Arboviroses (CAAs), nas regionais Barreiro, Centro-Sul e Venda Nova, que funcionam diariamente das 7h às 22h. Além disso, os atendimentos podem ser feitos nas Unidades de Reposição Volêmica (URVs) das regionais Centro-Sul e Venda Nova.

    Esses locais, que ficam abertos todos os dias, durante as 24 horas, recebem exclusivamente os usuários encaminhados pelos centros de saúde e CAAs e que precisam de hidratação venosa e assistência contínua. A população pode ser atendida ainda em uma outra URV no Hospital Júlia Kubitschek, no Barreiro, que foi aberta em parceria com a Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig) e atende os usuários 24h por dia.

    A prefeitura afirmou ainda que para ampliar os atendimentos, centros de saúde abrem durante os fins de semana, para prestar assistência tanto no sábado, como no domingo. Como orientação adicional, os pacientes devem se dirigir às unidades de saúde no caso de aparecimento de sintomas como febre, dor atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele. Mais informações, no site da prefeitura.

    A melhor forma de combater a dengue é impedir a reprodução do mosquito. Foto: Arte/EBCA melhor forma de combater a dengue é impedir a reprodução do mosquito. Foto: Arte/EBCArte/EBC

    Edição: Juliana Cézar Nunes

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  • Peixe barrigudinho é aliado contra a dengue, zika e a chikungunya

    Peixe barrigudinho é aliado contra a dengue, zika e a chikungunya

    O verão chegou e também as chuvas da estação que causam todo o ano aumento dos casos das doenças causadas por mosquitos transmissores de doenças, especialmente dengue, zika e chikungunya. O pesquisador  Luiz Carlos Guilherme, da Embrapa Cocais, desenvolveu solução simples e com resultados positivos na diminuição ou eliminação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela proliferação dessas principais doenças da estação mais quente do ano.

    Em 2001, durante curso doutorado em Genética e Bioquímica pela Universidade Federal de Uberlândia – UFU, Luiz Carlos Guilherme coordenou pesquisa para evitar que aquários e tanques se tornassem possíveis criadouros de mosquitos transmissores de doenças. Foi comprovada a eficácia dos lebistes – peixes larvófagos predadores de larvas dos mosquitos conhecidos popularmente como barrigudinho ou guppy – no controle biológico do Aedes aegypti. As larvas se mostraram alimento de alta qualidade para os peixes.

    A descoberta permitiu a diminuição do uso de larvicida com a introdução do peixe em locais onde o larvicida não era eficaz ou havia alta incidência do mosquito. “A medida também tem impactos socioeconômicos e ambientais, uma vez que o controle químico é mais oneroso e tem efeito cumulativo e mutagênico nos organismos vivos, pessoas e biodiversidade, de acordo com o Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido anos mais tarde por uma aluna da Universidade Estadual do PIauí – UESPI orientada pela professora Alessandra Ribeiro Torres”, completa o pesquisador.

    Com o sucesso do uso do barrigudinho, em 2002 foi iniciado, em Uberlândia, o Projeto Dengoso, ação de saúde pública e cidadania em parceria com o Centro de Controle de Zoonoses – CCZ para realizar o controle biológico das doenças transmitidas pelo Aedes aegyti e outros mosquitos patógenos. Com a mudança do pesquisador para a Parnaíba – PI, a tecnologia também foi disponibilizada para o CCZ da cidade em 2010. Outros municípios, como Campo Maior – PI e Tobias Barreto – SE adotaram depois o Projeto Dengoso para reduzir o número de focos de dengue.

    Eficácia comprovada

    O Projeto Dengoso consiste no controle biológico de larvas de mosquitos em diferentes reservatórios de água. O controle biológico com o uso de predadores naturais é uma alternativa que pode ser utilizada sem grandes custos e pouca mão de obra. O uso de peixes é eficiente no controle dos mosquitos, principalmente nas fases de vida aquática do inseto, substituindo, em alguns casos, o uso do inseticida.

    O resultado é a promoção da saúde e o combate a vetores do vírus da Dengue, Zika, Chikugunya e Febre amarela e impacta positivamente comunidades inteiras, principalmente bairros com grandes áreas alagáveis. Após o povoamento com o peixe, os agentes de endemias observam, especialmente num raio de aproximadamente 100 metros, menor incidência de mosquitos e notadamente a diminuição nos casos das doenças.

    No Piauí, é desenvolvido na Universidade Estadual do Piauí (UESPI) – Campus Alexandre Alves de Oliveira, onde os peixes são reproduzidos e mantidos em tanques.  Após isso, estes peixes são distribuídos em locais onde o veneno não é eficaz, a exemplo das lagoas de tratamento e estabilização de efluentes de algumas indústrias, em recipientes de grande porte – como bebedouros de animais – piscinas desativadas, cascatas e outros ambientes semelhantes.

    A iniciativa tem a colaboração do Centro de Controle de Zoonoses e Endemia – CCZ de Parnaíba e Embrapa Cocais, garantindo uma abordagem conjunta e coordenada, e incluem ações educativas interativas, como realização de peças de teatros em escolas públicas e privadas do Ensino Fundamental e Médio para conscientizar discentes e docentes da importância do combate aos vírus transmissores de doenças e ainda estratégias de ensino para levar informações de forma lúdica a estudantes de escolas públicas, para que possam ser agentes de intervenção nas comunidades onde vivem.

    “É uma abordagem inovadora e sustentável no controle de larvas de mosquitos. O uso de barrigudinhos como método biológico tem se mostrado eficaz no controle de larvas de mosquitos em locais propensos a alagamentos, onde a ação do larvicida pode apresentar limitações e na significativa redução na incidência de mosquitos, abrangendo não apenas o Aedes aegypti, transmissor de doenças como Dengue, Zika e Chikungunya, mas também outros mosquitos, comumente chamados de “muriçocas”. O projeto utiliza barrigudinhos coletados localmente, evitando a introdução de peixes de outras bacias e mantendo a biodiversidade local. O pesquisador Luiz Guilherme, da Embrapa Cocais, orienta a reprodução e manutenção dos barrigudinhos nos tanques da UESPI e CCZ, assegurando um suprimento constante de peixes para a continuidade do projeto. Nas escolas onde as ações educativas foram implementadas, há relatos positivos de adoção de práticas de prevenção pela comunidade escolar”, relata Alessandra Torres, professora da UESPI que coordena a ação no Piauí em conjunto com a equipe acadêmica da área de Ciências Biológicas.

    Em Minas Gerais, o Projeto Dengoso é uma prática constante no programa de controle do Aedes. O projeto consiste na introdução do peixe barrigudinho em reservatórios de água, como piscinas abandonadas ou não cloradas, tanques, caixas d’água, tanques de decantação e áreas com água de baixa oxigenação. “A resistência desses peixes é notável. Em Uberlândia, aproximadamente 592 locais são constantemente monitorados, onde os lebistes são implantados. Além disso, quando necessário, retiramos esses peixes desses locais bem-adaptados e altamente reprodutivos para colocá-los em uma plataforma na Unidade de Vigilância em Zoonoses do município. Isso permite a redistribuição para outros criadouros que possam surgir posteriormente. O Projeto Dengoso se tornou instrumento valioso no controle vetorial, pois onde os peixes são implantados, a presença de focos do mosquito é significativamente reduzida. Esse êxito proporciona mais tempo para a inspeção de outros imóveis que necessitam de controle, fortalecendo assim as medidas de prevenção contra o Aedes aegypti”, detalha Ana Paula Quirino, chefe da CCZ.

    O Projeto Dengoso é uma tecnologia premiada pela Fundação Banco do Brasil.