Tag: violência psicológica

  • Homem mantém mulher em cárcere privado e ameaça com faca em Cuiabá: suspeito é preso pela DEDM

    Homem mantém mulher em cárcere privado e ameaça com faca em Cuiabá: suspeito é preso pela DEDM

    Um homem de 40 anos foi preso em flagrante pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) de Cuiabá na quinta-feira (23), acusado de manter a companheira em cárcere privado e ameaçá-la com uma faca.

    De acordo com a delegada titular da DEDM, Judá Marcondes, a vítima estava trancada no quarto desde as 18 horas do dia anterior, quando o suspeito a proibiu de sair e a ameaçou com uma faca. A situação foi percebida pela filha do agressor, que alertou a mãe da vítima, a qual procurou ajuda na delegacia.

    Ao chegarem no local, os policiais civis encontraram a vítima trancada no quarto e a libertaram. O suspeito foi detido e encaminhado à delegacia para prestar esclarecimentos. Ele foi autuado em flagrante pelos crimes de ameaça, cárcere privado e violência psicológica.

    Delegada alerta para o Gaslighting

    A delegada Judá Marcondes ressalta que o comportamento de tentar isolar a vítima é uma etapa do “gaslighting”, uma forma de manipulação que visa fazer com que a mulher perca a sua rede de apoio e se torne mais vulnerável às violências do agressor.

    “O Gaslighting é um método aplicado pelo agressor para que a mulher perca a percepção da realidade e não identifique as agressões sofridas ou se culpe por elas, dificultando o rompimento do ciclo de violência”, explica a delegada.

  • Violência psicológica foi o crime que mais atingiu mulheres no Rio

    Violência psicológica foi o crime que mais atingiu mulheres no Rio

    A 18ª edição do Dossiê Mulher, divulgado nesta terça-feira (31) pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) do Rio de Janeiro, destaca que, pelo segundo ano consecutivo, a violência psicológica foi o crime com o maior número de vítimas mulheres, ultrapassando todas as outras formas de violência sofridas por elas. De acordo com o dossiê, 43.594 mulheres foram vítimas de violência psicológica em todo o estado no ano passado.

    Mais da metade dos crimes ocorreu dentro de casa, e a maioria (67,6%) foi cometida por alguém conhecido da vítima. A maior parte delas vítimas tinha de 30 e 59 anos e mais da metade eram negras.

    O objetivo do Dossiê Mulher é fornecer estatísticas oficiais para criação de políticas públicas voltadas para proteção, acolhimento e atendimento das mulheres e de todas as pessoas que são vítimas desse tipo de violência. Segundo o dossiê, a Lei Maria da Penha foi aplicada em 63,5% dos casos, marcando predomínio da violência doméstica e familiar. A região metropolitana concentrou a maior parte das vítimas (71,4% do total).

    A violência psicológica costuma ser a porta de entrada para outras formas de agressão e é constituída por ameaça, constrangimento ilegal, crime de perseguição, crime de perseguição contra a mulher em razão do gênero, crime de violência psicológica contra a mulher, divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável e registro não autorizado da intimidade sexual.

    Políticas públicas

    Para o governador Cláudio Castro, o levantamento feito pelo ISP é importante para que políticas públicas de proteção e acolhimento das mulheres possam ser direcionadas com base em evidências,.

    “A proteção integral da mulher é prioridade do nosso governo, tanto assim que, pela primeira vez, o estado do Rio tem uma secretaria especialmente voltada para isso. Do ponto de vista da segurança, temos a Patrulha Maria da Penha, que está sendo ampliada, e as delegacias especiais de atendimento à mulher. Também estamos investindo em tecnologia, como é o caso do aplicativo Rede Mulher, no qual a mulher pode pedir ajuda acionando apenas um botão de emergência no seu celular”, afirmou Castro.

    A diretora-presidente do ISP, Marcela Ortiz, reforçou a importância da divulgação dos dados coletados, principalmente para que o Poder Executivo crie políticas públicas de proteção e acolhimento baseadas em evidências para essas mulheres. É importante que a sociedade se conscientize e reconheça que essa luta não é apenas de um grupo específico, mas de todos.”

    Autores de violência

    O Dossiê 2023 traz ainda uma análise pioneira na esfera governamental sobre o perfil etário dos autores de violência contra a mulher no estado, o que facilita a implantação de ações preventivas e educacionais, pautadas na conscientização e direcionadas para diferentes grupos, destacou Castro. Do total de autores de violência contra a mulher em 2022, 52,7% tinham de 30 a 59 anos.

    A análise do tipo de crime por idade identificou que, entre os autores com até 17 anos e aqueles na faixa etária de 18 a 29 anos, prevaleceu a prática dos crimes da violência física (40,2% e 42,1%, respectivamente). Já entre os autores de 30 a 59 anos e 60 anos ou mais, destacaram-se os crimes de violência psicológica, com 36,1% e 35,4%, respectivamente.

    Para Marcela Ortiz, as informações sobre a idade dos autores permitem mapear as formas de violências praticadas e auxiliar na criação de medidas socioeducativas focadas em cada idade.

    Para a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar, o dossiê traz dados valiosos, que orientam o trabalho da secretaria no sentido de entender como fortalecer a rede de centros especializados de atendimento à mulher, que conta hoje com três unidades estaduais e 55 municipais em todas as regiões do estado. “Esse poderoso instrumento guia a Secretaria da Mulher na capacitação das equipes municipais, fortalecendo a rede para que possa atender melhor as vítimas, e na articulação com órgãos de segurança”, afirmou.

    Violência sexual

    A violência sexual é considerada uma das formas de agressão mais grave praticada contra as mulheres, destacando, em grande parte, a violação do corpo. Em primeiro lugar, aparece o assédio sexual (92,9%), seguido por importunação sexual (92,8%), tentativa de estupro (90,2%), estupro (87,2%) e violação sexual mediante fraude (82,3%).

    O documento revela que aumentaram as notificações de casos estupro e estupro de vulnerável nas delegacia do estado no dia em que ocorreu o crime, representando 26,5% do total, maior percentual dos últimos sete anos. O registro de ocorrência foi feito em até um mês após a data do crime por 63,7% das mulheres, o que significa que as vítimas se sentem mais confiantes nos mecanismos disponíveis de proteção, ao mesmo tempo em que procuram os canais de denúncia.

    A violência sexual atinge, em grande parte, mulheres solteiras e negras. No estupro de vulnerável, mais da metade das vítimas tinha até 11 anos (55,6%). Quase um terço das vítimas de estupro tinha de 8 a 29 anos (31,9%). Quanto à relação entre autor e vítima desses crimes, o dossiê revela que os agressores não eram desconhecidos: 25,3% eram companheiros ou ex-companheiros das mulheres. No caso de estupro de vulnerável, 46,4% faziam parte da convivência da vítima. O local com maior incidência de estupro e estupro de vulnerável foi a residência, com 60,4% e 76,8%, respectivamente.

    Mais de 125 mil mulheres foram vítimas de violência doméstica e familiar no estado do Rio de Janeiro no ano passado, o que significa que 14 mulheres sofreram algum tipo de violência por hora. Cerca de 21 mil relataram ter sido vítimas de violências simultâneas. A maior combinação foi entre as violências psicológica e moral, seguida pela violência física e psicológica. Mais da metade das mulheres tinham entre 30 e 59 anos. Entre as idosas, 15,8% foram agredidas pelos próprios filhos. Cerca de metade dos autores eram os companheiros ou ex-companheiros das vítimas. A maior parte das violências ocorreu dentro de casa.

    Feminicídio

    No ano passado, 111 mulheres foram vítimas de feminicídio no território fluminense. Mais de 60% das vítimas tinham entre 30 e 59 anos de idade e eram negras. Os companheiros ou ex-companheiros constituem a maior parte dos autores (80,2%). Dois terços das mulheres eram mães e 57 tinham filhos menores de idade. Em 17 ocorrências, os filhos presenciaram os crimes.

    De acordo com o dossiê, em 75% dos casos, o motivo apresentado pelos autores na delegacia foi sentimento de posse, como ciúmes, briga, término de relacionamento e desconfiança de traição. Em 75,1% das vezes, os autores foram presos pela Polícia Civil em flagrante, após investigação ou entrega voluntária. Entre a totalidade das vítimas, 70 mulheres já tinham sido vítimas de algum tipo de violência anterior e não procuraram as autoridades policiais para registrar as agressões sofridas.

    Em 2022, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro concedeu 37.741 medidas protetivas de urgência para a mulher. Em todos os casos, foi determinado o afastamento do agressor de casa. Os registros de ocorrência comprovam, porém, que 3.587 dessas medidas foram descumpridas, os companheiros e ex-companheiros constituem a maior parte dos autores (82,1%) e mais da metade dos casos ocorreram em uma residência.

    Segundo técnicos do ISP, o elevado número de notificações pode indicar que as mulheres não estão tolerando mais as relações violentas e, cada vez mais, temos percebido a busca das mulheres pelos mecanismos oferecidos pelo governo do Estado para proteger sua integridade física e psicológica.

    Edição: Nádia Franco
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  • Polícia prende 36 homens por violência psicológica contra mulheres

    Polícia prende 36 homens por violência psicológica contra mulheres

    A Polícia Civil do Rio de Janeiro cumpriu hoje (8) 36 mandados de prisão preventiva contra homens acusados de perseguição e violência psicológica contra mulheres no estado. A ação marca o Dia D da Operação Stalking, que chama atenção para formas de violência contra a mulher que vão além da agressão física.

    A operação Stalking começou no dia 1º de agosto e comemora os 16 anos da Lei Maria da Penha, envolvendo as 14 Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam) do estado. Ao todo, foram expedidos 38 mandados de prisão.

    A diretora do Departamento-Geral de Polícia de Atendimento à Mulher, Gabriela Von Beauvais, disse que a operação busca destacar os crimes de violência psicológica e perseguição, que foram incluídos no código penal no ano passado. Ela afirma que o registro de ocorrência por esses tipos de violência pode gerar medidas protetivas e prisões, que ajudam a prevenir casos de agressão física e feminicídios.

    “A gente quer destacar para essas mulheres que elas podem ser vítimas de vários tipos de violência, e não só da violência física”, disse a delegada.

    “Sabemos que a grande maioria dos feminicídios não se inicia em um crime de feminicídio. É uma escalada de violência que começa em uma violência moral, psicológica, em uma perseguição, e vai aumentando essa gradação de violência”.

    Segundo a diretora das delegacias especializadas, entre as 55 mulheres vítimas de feminicídio no primeiro semestre de 2022, somente 18% já tinham registrado boletins de ocorrência contra seus agressores nas delegacias.

    “A violência psicológica pode ser registrada. A perseguição pode ser registrada, e dá cadeia. Há prisão para esse tipo de violência. As mulheres precisam, sim, fazer seus registros de ocorrência”, destaca Gabriela.

    Os resultados da operação foram apresentados por delegadas de diversas delegacias especializadas de atendimento à mulher em uma entrevista coletiva de imprensa realizada nesta manhã, na Cidade da Polícia, na zona norte do Rio de Janeiro.

    Entre os relatos apresentados pelas delegadas, sem identificar as vítimas, há mulheres de diferentes classes sociais, profissões e idades, que sofreram violências como perseguição no ambiente de trabalho e em casa, mensagens e ligações insistentes, e cerceamento de suas liberdades de ir e vir.

    Como resultado, as vítimas deixaram de trabalhar, de ir à igreja e até de sair de casa. Em alguns casos, os homens já ameaçavam as mulheres de morte e houve agressores flagrados em posse ilegal de armas que poderiam ser usadas em um feminicídio.

    Titular da Deam de São João de Meriti, a delegada Bárbara Lomba alerta que há formas menos óbvias de violência contra as mulheres, que muitas vezes envolvem manipulações psicológicas.

    “A violência psicológica aprisiona a vítima em um ciclo de violência. Muitas vezes ela é levada a acreditar que ela tem culpa pelos próprios atos. Muitas vezes os fatos não chegam à polícia porque a vítima acredita que ela causar um mal ao agressor”, pondera a delegada.

    “É muito importante que a gente esclareça que as vítimas não são culpadas, elas são vítimas. Elas devem acreditar nas instituições e procurar a polícia para interromper esse ciclo de violência”.

    Edição: Denise Griesinger