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  • Pediatra alerta para importância da vacinação em bebês prematuros

    Pediatra alerta para importância da vacinação em bebês prematuros

    Bebês prematuros necessitam de atenção especial em relação à vacinação, alerta a coordenadora do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (Crie), de Vitória, e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Ana Paula Burian.

    Uma gestação é considerada normal entre 38 e 42 semanas. Isso significa que a criança que nasce com menos de 38 semanas é prematura. E abaixo de 28 semanas ou com menos de 1 quilo ao nascer é um bebê prematuro extremo. Quer dizer que esses bebês têm de cinco a dez vezes mais chances de adquirirem uma infecção comparado a outros recém-nascidos. Por isso, a vacinação é fundamental para os bebês pré-termo, ou seja, aqueles nascidos antes de 38 semanas de gestação.

    Para esse bebês, o Sistema Único de Saúde (SUS) e o setor privado têm vacinas específicas, informou Ana Paula Burian à Agência Brasil. As vacinas estão disponíveis nos centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), que oferecem imunização às pessoas que necessitam de alguma atenção especial, como é o caso de bebês prematuros.

    Orientação

    As sociedades brasileiras de Pediatria (SBP) e de Imunizações (SBIm) recomendam que se protejam o máximo possível, com a menor reação possível. “Esse é o norte da orientação para qualquer criança e qualquer pessoa, na verdade, mas principalmente para os prematuros”, recomenda a SBP.

    Devido à imaturidade cardiológica, pulmonar e neurológica, os prematuros tendem a ter mais reação. E devido à imaturidade imunológica, eles tendem a responder menos. Ana Paula lembra que a passagem de anticorpos da mãe para o bebê ocorre mais no final da gestação. A partir de 20 semanas, ela começa a acontecer, e a quantidade vai aumentando à medida que a gravidez vai evoluindo. Quando o bebê nasce prematuro, ele ainda não recebeu a grande maioria de anticorpos protetores que a mãe passa para o filho até que ele esteja apto a produzir seus próprios anticorpos.

    Vacinas

    No SUS, todas as crianças recebem a vacina pentavalente, que garante a proteção contra difteria, tétano, coqueluche, hepatite B e contra a bactéria haemophilus influenza tipo B, responsável por infecções no nariz, meninge e na garganta. Em outra furada, o bebê recebe a vacina pólio injetável (indicada para prevenir a poliomielite), a rotavírus monovalente oral e a pneumocócica conjugada 10-valente. Isso com 2, 4 e 6 meses. Com 3 e 5 meses, recebe a vacina da meningite C.

    No setor privado, tem a vacina pneumocócica 13 ou 15-valente, que tem mais sorotipos que a pneumo-10, e a vacina hexavalente acelular, que protege contra seis doenças com uma única furada e oferece menos reação vacinal. Além disso, tem a rotavírus que, em vez de ser monovalente, protege de cinco sorotipos do rotavírus.

    Nos centros de Referência em Imunobiológicos Especiais, os bebês prematuros têm direito à vacina hexa acelular que o setor privado dá. “Diminui o número de furadas e dá menos reação”, explica Ana Paula. Mas essa vacina é só para quem nasce com menos de 33 semanas ou com menos de 1,5 quilo de peso. Essa alteração foi feita em setembro no manual dos Crie. Antes, somente os bebês até 31 semanas eram elegíveis.

    Dor

    A coordenadora do Crie de Vitória disse que a dor nos bebês prematuros dá consequências, como apneia, isto é, ele parar de respirar, mesmo por um curto período. “É importante que o prematuro seja mais protegido, porque é mais vulnerável e, também, tenha menos reação”.

    Ela orienta os pais que não devem adiar a vacinação dos prematuros. “Eles têm que tomar as vacinas na data cronológica em que nasceram”. Se para um bebê normal é saudável tomar vacina nos 2, 4 ou 6 meses, para o prematuro também, independente da idade gestacional e de estar internado em UTI pública ou privada.

    Ana Paula esclareceu que mesmo que o prematuro com menos de 33 semanas esteja em uma UTI privada, é importante que a instituição procure a Secretaria Municipal de Imunizações para se inteirar do calendário de imunização e providenciar a vacina para a criança internada. “Cada caso será avaliado para a vacina pertinente”, disse Ana Paula.

    Edição: Fernando Fraga
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  • Revista em quadrinhos esclarece sobre as fake news da vacinação

    Revista em quadrinhos esclarece sobre as fake news da vacinação

    Em parceria com a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e o Instituto Questão de Ciência (IQC), o Instituto Cultural Mauricio de Sousa editou a revista em quadrinhos Fake News da Vacinação, que esclarece como as notícias falsas geram a hesitação vacinal nos pais e responsáveis pelas crianças.

    A publicação já está disponível em versão digital nos sites da SBP e do IQC. Ao longo de 20 páginas, a revista explica a origem das fake news das vacinas, como elas se espalham e suas graves consequências, como o risco de reaparecimento de doenças extintas no Brasil, entre as quais o sarampo e a poliomielite.

    Toda informação é dada de maneira lúdica, que inclui passatempos e um roteiro em que o tema da hesitação vacinal é debatido entre os personagens Cebolinha, Fernando e Luca e seus familiares, destacando o papel do pediatra que esclarece sobre o funcionamento das vacinas e sua importância para prevenir doenças.

    A revista em quadrinhos retrata situações que, infelizmente, acabaram se tornando comuns hoje em dia. Em uma delas, os pais de Fernando decidem não vacinar o filho por terem visto “na internet” que isso pode ser “muito perigoso” e “fazer mal” para a saúde do filho. Ao sair para uma partida de basquete com Cebolinha, Fernando conhece Luca, personagem que usa cadeira de rodas. O menino conta como seus pais, ao darem ouvidos a “boatos sobre as vacinas”, deixaram-no vulnerável à poliomielite.

    Conhecida também como paralisia infantil, a poliomielite foi erradicada há quase 35 anos no Brasil, mas tem voltado a preocupar os pediatras devido à queda na cobertura vacinal.

    Estudo inédito

    Recentemente, a SBP e o IQC apresentaram um estudo inédito com 1.000 pediatras brasileiros para compreender a visão dos especialistas a respeito da vacinação e das fake news. A pesquisa revela que o medo de possíveis eventos adversos (19,76%) aliado à falta de confiança nas vacinas (19,27%) são, atualmente, os principais motivos que levam pais e responsáveis a negligenciar a vacinação de crianças e adolescentes.

    O presidente do Departamento Científico de Imunizações da SBP, Renato Kfouri, disse que em tempos de mitos espalhados pela internet, é essencial proteger as famílias brasileiras ampliando o acesso ao conhecimento científico, por meio de fontes seguras. “Não vacinar é um ato grave, pois coloca crianças e adolescentes sob risco desnecessário”.

    Segundo Kfouri, está mais do que comprovado que as vacinas são seguras e eficazes para evitar doenças. “Ao longo da história, milhares de vidas foram salvas por conta da imunização em massa da população brasileira”.

    O presidente da SBP, Clóvis Francisco Constantino, disse que manter a vacinação em dia é um dever de todo cidadão com a saúde pública do país. “Vacinar não é uma simples questão de opção individual. É um compromisso cívico coletivo. Quando a gente vacina nossos filhos, estamos protegendo não somente a eles, mas também diminuindo as chances de transmissão de doenças para toda a comunidade em volta, inclusive aqueles que realmente não podem se vacinar, como bebês, que demoram vários meses até poder tomar algumas das vacinas e podem sofrer consequências graves caso peguem doenças como o sarampo, inclusive a morte. Entender e espalhar essa mensagem é missão de todos nós”.

    O diretor executivo do Instituto Mauricio de Sousa, Amauri Sousa, disse que ao alertar sobre a importância de manter a caderneta de vacinação atualizada, a instituição atua em defesa dos direitos da criança, “como fazemos há muitos anos, iniciando com a edição em quadrinhos do Estatuto da Criança e do Adolescente, do qual já foram distribuídos mais de 30 milhões de exemplares”.

    Aliados

    Na avaliação do doutor em microbiologia e diretor de Educação do IQC, Luiz Almeida, as crianças podem ser aliadas importantes no combate às fake news, tendo em vista que a desinformação não é uma mentira inocente, mas pode ser combatida por diferentes iniciativas e linguagens, baseadas na ciência, a exemplo da revista em quadrinhos recém-lançada, que alerta para as consequências terríveis das fake news.

    “A publicação cria um círculo virtuoso, na medida em que pode ser usado pelos pediatras para informar às crianças e seus familiares sobre o benefício e a segurança das vacinas”, manifestou.

    A presidente do IQC, Natalia Pasternak, professora de Comunicação de Ciência na Universidade de Columbia, avaliou que a parceria com o Instituto Mauricio de Sousa contribui para levar as mensagens da ciência para toda a sociedade, de maneira descomplicada e acessível.

    Edição: Fernando Fraga
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  • Publicação do MPE coloca Lucas entre cidades com menor cobertura vacinal. Município diz que base de dados de pesquisa está desatualizada

    Publicação do MPE coloca Lucas entre cidades com menor cobertura vacinal. Município diz que base de dados de pesquisa está desatualizada

    Uma publicação do Ministério Público do Estado de Mato Grosso (MPE) indicou as cidades com menor taxa de cobertura vacinal no Estado. O projeto Vacinômetro indica os índices de cobertura vacinal em crianças, jovens e idosos. Lucas do Rio Verde integra o grupo de 42 cidades com menor cobertura vacinal em crianças de até 2 anos.

    Os números divulgados pelo MPE são relacionados ao mês de setembro deste ano. No caso de crianças de até 2 anos, os dados publicados são relativos aos imunizantes BCG, rotavírus, menigococo C, pentavalente, pneumocócica, poliomielite, febre amarela, hepatite A, tríplice viral e varicela.

    De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso, o munícipio cuja taxa é menor que 75% é classificado em vermelho. Os municípios cuja taxa está entre 75% e 95% é classificado em amarelo e, acima ou igual a 95 ele é classificado em verde.

    O MPE explica ainda que a análise, conforme orientação da SES, deu-se categorizando, além da faixa etária, o tipo de vacinação, uma vez que, conforme a Superintendente de Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde Alessandra Moraes, em reunião ocorrida em 12/05/2023, restaria desconforme análises sobre um conjunto de vacinas nos municípios.

    Base de dados desatualizada

    A supervisora de Vigilância em Saúde, Claudia Regina Engelmann, explica que a base de dados usada no levantamento do MPE está desatualizada. Os números do DataSus, banco de dados do Governo Federal, constam os índices relativos aos primeiros três meses do ano, o que explica Lucas do Rio Verde figurar na lista de 42 cidades mato-grossenses com baixa cobertura vacinal. “As informações sobre vacinação são enviadas ao Ministério da Saúde, para o DataSus, diariamente. Porém, a gente tem um delay, um tempo para que isso apareça no DataSus. E esse ano, diferente do ano passado, nós só temos disponíveis na base federal até o mês de março, de abril para frente a gente não tem as nossas informações locais de lançamentos diários de vacina”, detalha.

    Esse atraso na atualização se deve a mudança no sistema do DataSus. Segundo Cláudia, essa situação reflete na posição de outros municípios no ranking preparado pelo MPE. Segundo o Ministério da Saúde informou ao município, os dados deverão ser atualizados em breve, esclarecendo qual a real situação dos municípios em relação à cobertura vacinal.

    Enquanto aguarda a migração do sistema do Governo Federal, Lucas do Rio Verde vai monitorando internamente a situação. “Nós fazemos um controle paralelo aqui no município com o relatório de doses aplicadas em todas as nossas unidades de saúde, inclusive as privadas, para que a gente saiba como que está a situação a aqui no nosso município. Nós temos desafios, estamos com cobertura baixa em algumas vacinas, porém não é aquela realidade ali mostrada, naquele documento”, esclarece.

    Alternativas

    A supervisora adiantou que o município vai buscando alternativas para melhorar a cobertura vacinal. Entre as medidas adotadas estão o atendimento de unidades de saúde com horário estendido, deslocamento de equipes para praças do município, participação em eventos festivos, visitas em propriedades rurais, empresas, além vacinação em escolas.

    “A gente vem trabalhando para, principalmente no calendário básico da criança, manter as coberturas em dia. Desde 2022 a gente intensificou mais ainda as ações e esse ano recebemos um prémio por ter boas coberturas nas vacinas básicas da criança. Mostra que o município está empenhado, preocupado, mantendo salas de vacinas abertas em todas as unidades de saúde. Não é todo município que tem a vacina perto da população”, observou.

    Claudia Engelmann explica que houve uma queda na cobertura vacinal em razão da falta de alguns tipos de vacina. “Nós tivemos problemas também de falta da poliomielite oral, por exemplo, nós tivemos uma redução. Então quando a gente teve que otimizar”, relatou a supervisora, acrescentando que para não desperdiçar doses foi necessário um direcionamento da população para determinadas unidades de saúde. E nem todas as pessoas conseguiram se dirigir a determinadas unidades de saúde. “Também tivemos falta de tríplice viral, que tivemos que fazer escalonamento, e estamos em desabastecimento total de varicela. E isso tudo também impacta em alcançar uma boa cobertura. Nesse momento, varicela é uma das vacinas que até o final do ano nós não vamos conseguir uma boa cobertura, porque estamos desabastecidos”, pontua.

    Orientação

    A supervisora explicou ainda que esquemas vacinais não concluídos não são contabilizados. Por isso, os pais ou responsáveis, são orientados a seguir à risca os períodos de aplicação das doses para garantir a imunização das crianças. “Nós tivemos um caso de sarampo em 2020, uma doença que é prevenível com vacina. A vacina deu tão certo que agora a gente, como sociedade, está colhendo os frutos dela, porque a gente não vê mais as doenças, parece que não existe, parece que não precisa vacinar. Mas as doenças estão por aí”.

    “Reforçar os pais, responsáveis, que existem os meses corretos de receber, não atrasem essa vacina, fiquem atento ao calendário. Se tem dúvida, liga na unidade, pode ligar na Vigilância em Saúde. As vacinas trazem proteção, não sobrecarrega o sistema imunológico. Existem vacina que tem contraindicação, mas são contra-indicações muito estabelecidas, por exemplo, alergia grave ao ovo, tem umas situações que não vai poder tomar. Todas as vacinas são seguras, estão disponíveis para todos, e a gente pede para que não atrasem o calendário vacinal”, ressalta Claudia.

    Dados do MPE

    Conforme o Vacinômetro, Lucas do Rio Verde está entre os municípios com menor taxa de cobertura vacinal BCG em crianças menores de 1 ano, ocupando a posição número 37, tendo imunizado 54,8% das crianças. Cuiabá, Varzea Grande e Tangará da Serra são outros municípios que integram o grupo de 42 que menos vacinaram. A lista é puxada por Nova Nazaré que vacinou apenas 8,3% das crianças.

    Em relação à vacina rotavírus, que é aplicada em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde teria vacinado 46,8% da meta e ocupa a 29ª posição no ranking de 42 cidades com menor cobertura vacinal. Nova Nazaré, que 14,6% da meta, encabeça a lista.

    O projeto Vacinômetro destaca ainda a cobertura vacinal meningococo C em crianças menores de 1 ano. A Saúde de Lucas do Rio Verde teria vacinado 45,4% da meta, ocupando assim o 35º lugar entre as 42 cidades com menor cobertura.

    Em relação a aplicação da vacina pentavalente em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde teria imunizado 43,3%, sendo o 26º município com menor taxa de cobertura vacinal.

    A relação do MPE mostra ainda que na aplicação da vacina pneumocócica em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde imunizou 49,3% do público-alvo. Por isso, aparece em 32º nessa lista.

    Entre os 42 municípios mato-grossenses com a menor taxa de cobertura vacinal poliomielite em crianças menores de 1 ano, Lucas do Rio Verde vacinou 43,7%, ocupando a 25º nesse ranking.

    Na aplicação de vacina contra febre amarela em crianças menores de 1 ano, o público vacinado foi de 46,6%. Com isso, Lucas do Rio Verde ocupa o 28º lugar no ranking de cidades com menor cobertura vacinal.

    Com relação à cobertura vacinal hepatite A em crianças menores de 2 anos, Lucas do Rio Verde alcançou 52% da meta, ocupando a 37ª posição no ranking do Vacinômetro do MPE.

    Outro dado divulgado pelo MPE mostra que Lucas do Rio Verde aplicou a vacina tríplice viral em 41,5% das crianças menores de 2 anos no município. O desempenho deixou Lucas na 17ª posição entre os municípios com menor cobertura vacinal.

    Por fim, em relação à aplicação da vacina contra varicela em crianças menores de 2 anos, Lucas do Rio Verde imunizou 35,1% do público-alvo, ficando como o 21º município com menor cobertura vacinal.

    Outras vacinas

    Em relação às vacinas aplicadas em adolescentes e idosos, como HPV, meningocócica ACWY e Influenza, a publicação do MPE mostra Lucas do Rio Verde teve desempenho acima de 42 cidades que aparecem nos relatórios do projeto Vacinômetro.

  • SES alerta para a importância da vacinação contra paralisia infantil

    SES alerta para a importância da vacinação contra paralisia infantil

    A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) alerta a população sobre a importância da vacina oral (VOP) e injetável Poliomielite (VIP) contra a paralisia infantil. Os imunizantes são disponibilizados gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde para vacinação de crianças com idade entre 2 meses e 5 anos e 11 meses de vida.

    A poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda causada pelo poliovírus, que não circula no Brasil há 34 anos, mas corre o risco de ser reintroduzido no país em razão da baixa cobertura vacinal. O vírus causa desde sintomas comuns de resfriado a problemas graves no sistema nervoso, como a paralisia irreversível.

    “Não há registro de casos de Poliomielite no Brasil desde 1989, fato que fez o Brasil receber, em 1994, o certificado de erradicação do poliovírus da Organização Pan-Americana de Saúde. Precisamos manter as boas coberturas vacinais e frear a ameaça da reintrodução do vírus no país. Isso só depende de nós”, alertou o secretário de Estado de Saúde, Gilberto Figueiredo.

    Conforme a superintendente de Vigilância em Saúde da SES, Alessandra Moraes, sem a imunização adequada na infância, a pessoa – seja ainda criança ou já adulta – está suscetível a desenvolver um quadro grave da doença.

    A gestora aproveita o Dia Mundial de Combate à Poliomielite, que será celebrado na terça-feira (24.10), para alertar a população sobre a necessidade de atualizar o cartão de vacina das crianças.

    “A vacina é a única forma eficaz para prevenir o poliovírus, pois essa é uma infecção evitável. Algumas pessoas relaxaram com a imunização, situação que ameaça a saúde dos filhos, netos, sobrinhos e outros entes e amigos da família. É necessário estar atento e levar as crianças para se vacinar. Não podemos nos esquecer das epidemias que o Brasil e o mundo viveram no passado e afetou milhares de pessoas”, lembra Alessandra.

    A dona de casa Josélia Maria Tibaude, 59 anos, é uma das vítimas da doença. Ela foi infectada pelo poliovírus com um ano de vida, em 1965, quando as cidades circunvizinhas do município onde ela morava, Tesouro, sofriam um surto de poliomielite.

    Josélia começou a andar com nove meses de vida, mas seus passos foram interrompidos pela primeira vez ao completar um ano. “Tive febre e minha mãe tentou me colocar de pé e eu não conseguia. Com isso, minha mãe fez remédios caseiros, mas não teve um resultado, então ela me levou em um hospital fora da cidade, onde fui diagnosticada com poliomielite”, lembra.

    Josélia não teve acesso à vacina na infância porque o imunizante ainda não estava sendo amplamente utilizado no Brasil. A primeira vacina contra a pólio chegou ao país em 1955 e era aplicada ainda de forma inexpressiva, somente nos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo.

    “Fiquei com sequelas momentâneas do lado direito, no braço e olho do lado esquerdo. Tive encurtamento da perna também. Meu olho voltou ao normal, meu braço melhorou um pouco, mas ainda não tenho tanta força nele e eu voltei a andar”, conta a dona de casa.

    Já casada, com filhos e netos, Josélia ainda vive o fantasma do vírus, pois com o passar dos anos ela desenvolveu a síndrome pós poliomielite, que em 2017 a colocou em uma cadeira de rodas.

    “Eu não tive a oportunidade de me vacinar, mas as crianças de hoje têm essa chance. Então eu suplico para que os pais e mães vacinem seus filhos. Não deixe que este vírus paralise o sonho das crianças. O vírus retardou os meus sonhos, eu fui para escola só com 10 anos de idade. Foi difícil e ainda é, porque a síndrome está afetando todos os meus membros, organismo e o equilíbrio”, relata Josélia.

    Além da cadeira de rodas, Josélia conta com outras órteses e próteses para meio de locomoção, como muleta, botas com saltos e solas especiais. “Não levar uma criança nos dias de hoje para se vacinar é irresponsabilidade e negligencia, porque a vacina salva-vidas. Ela faz com que o ser humano conquiste seus sonhos porque ele terá mais qualidade de vida e segurança. Eu aprendi isso e compartilho isso com a minha geração”, afirma a dona de casa.

    Cobertura vacinal

    Conforme levantamento realizado pela SES, entre 2019 e 2022 a cobertura vacinal contra poliomielite ficou abaixo do estimado em Mato Grosso, variando entre 85% e 84%; a meta preconizada pelo Ministério da Saúde é 95%. Para alcançar o percentual recomendado, Alessandra lembra que é necessário o empenho dos municípios na busca ativa da população.

    “As Secretarias Municipais de Saúde são as responsáveis pela definição de uma estratégia de vacinação que alcance o público alvo definido pelo Ministério da Saúde, portanto, é imprescindível o empenho dos municípios na busca ativa da população”, ressalta Alessandra.

    Com o objetivo de incentivar as gestões municipais a atingirem as metas de imunização estabelecidas pelo Ministério da Saúde, o Governo de Mato Grosso investe o total de R$ 65 milhões no programa Imuniza Mais MT, que tem o objetivo de estruturar a Atenção Básica e premiar aos municípios que alcançarem entre 90% a 100% de cobertura vacinal contra a Covid-19, influenza e outras doenças. O programa também disponibiliza uma Unidade Móvel de Vacinação para auxiliar as cidades na vacinação da população.

    Conforme o Calendário Nacional de Vacinação do Programa do Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, o esquema vacinal preconizado contra a poliomielite é composto por três doses de VIP, administradas de forma injetável aos 2, 4 e 6 meses de idade, mais dois reforços com VOP, aplicadas via oral aos 15 meses e aos 4 anos de idade.

    O vírus

    A poliomielite, também chamada de pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa aguda causada por um vírus que vive no intestino, chamado poliovírus, que pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas infectadas e provocar ou não paralisia. Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos.

    Os sintomas mais frequentes são febre, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e dores no corpo, vômitos, diarreia, constipação (prisão de ventre), espasmos, rigidez na nuca e até mesmo meningite.

    As sequelas da poliomielite estão relacionadas com a infecção da medula e do cérebro pelo poliovírus; normalmente são sequelas motoras e que não têm cura. As principais delas são problemas e dores nas articulações; pé torto, conhecido como pé equino, em que a pessoa não consegue andar porque o calcanhar não encosta no chão; crescimento diferente das pernas, causando escoliose; osteoporose; paralisia de uma das pernas; paralisia dos músculos da fala e da deglutição, o que provoca acúmulo de secreções na boca e na garganta; dificuldades na fala; atrofia muscular e hipersensibilidade ao toque.

  • Vacinação protege crianças de sequelas da covid-19

    Vacinação protege crianças de sequelas da covid-19

    Além de evitar casos graves da covid-19, a vacinação infantil contra a doença é fundamental para proteger as crianças de sequelas da infecção, a chamada covid longa. A afirmação é de Clovis Artur Almeida da Silva, professor titular do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e chefe do departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da USP.

    Durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia, que terminou ontem (7) em Goiânia (GO), o professor falou que essa vacinação é importante principalmente para crianças que tenham doenças crônicas, como as reumáticas. “As vacinas mostraram segurança e resposta imune adequada, inclusive nos pacientes reumáticos e que tomam imunossupressores. Mesmo que eles tenham taxas menores de resposta, as vacinas são adequadas para combater a infecção viral”, disse ele.

    A covid longa é definida como qualquer sintoma persistente após três meses da infecção pelo novo coronavírus ou pelas complicações que surgem após uma infecção pelo coronavírus. Associadas a essa covid longa podem surgir problemas sérios, como as miocardites (inflamação no músculo que bombeia o coração), os impactos emocionais e as dificuldades na aprendizagem. “O vírus agride o cérebro e leva a sequelas. Leva à ansiedade e depressão também. Mas ainda não está claro quanto tempo dura isso [esses impactos]”, acrescentou Silva.

    Um estudo feito no Instituto de Pediatria do Hospital das Clínicas da USP e publicada na revista Clinics identificou sintomas prolongados da covid-19 em 43% crianças e adolescentes três meses após a infecção. Os sintomas mais presentes foram dores de cabeça, reportadas por 19% do total de pacientes. Dores de cabeça fortes e recorrentes foram a queixa de 9%, mesmo percentual disse ter cansaço. A falta de ar afetou 8% e a dificuldade de concentração, 4%.

    O professor destacou que, nesse estudo, cerca de 80% dessas crianças já apresentavam, antes da infecção, problemas crônicos como doenças reumatológicas, renais e oncológicas.

    Esse estudo também identificou que as crianças que tiveram covid, passaram a apresentar mais dificuldades de aprendizado do que as crianças que não tiveram a doença. “As crianças e adolescentes que tiveram covid tinham significativamente valores menores do domínio escolar de aprendizado mostrando que esses pacientes, possivelmente, vão ter impacto no rendimento escolar, no aprendizado escolar”.

    Para prevenir a covid-19 e a covid longa, reforçou o professor, é importante que as crianças sejam vacinadas. E essas vacinas estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo o território nacional.

    Mas não é isso que tem ocorrido no Brasil. Segundo boletim do Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em agosto deste ano, apenas 11,4% das crianças brasileiras entre seis meses e cinco anos tomaram ao menos duas doses da vacina contra a covid-19. “Já há estudos mostrando que a vacina diminuiu a covid, diminuiu a covid longa e que, quem tinha covid longa, melhorou mais rápido com a vacina. A grande questão é: vacine. Se tiver novas doses e novas vacinas, continue sendo vacinado”, aconselhou o professor.

    * A repórter viajou a convite da Sociedade Brasileira de Reumatologia

    Edição: Sabrina Craide
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  • Diabetes aumenta risco de infecções e requer vacinação específica

    Diabetes aumenta risco de infecções e requer vacinação específica

    Mais de 16 milhões de pessoas vivem com diabetes no Brasil, e esse número pode chegar a 21 milhões em 2030, segundo projeções do Ministério da Saúde. O que nem sempre está claro sobre essa doença é que ela pode ser agravada ou piorarinfecções e isso requer uma atenção especial à vacinação.

    Coordenadora dos centros de referência em imunobiológicos especiais (CRIEs) de Vitória desde 2004 e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Ana Paula Burian explica que o diabetes é uma das situações que dão direito a pacientes das redes pública e privada de acessar a imunização especial.

    A alta concentração de açúcar no sangue, comum em quem vive com diabetes, pode afetar mecanismos do sistema imunológico e aumentar a chance de contrair infecções e ter quadros mais graves. Entre os principais riscos, está o da hepatite B.

    vbacina cntra a Hepatite B. Foto: Dênio Simões/Agência Brasília.
    Pacientes com diabetes têm direito a receber vacina contra a hepatite B, se ainda não tiverem imunizados- Dênio Simões/Agência Brasília

    “O sangue mais doce facilita a proliferação de bactérias, vírus e outros micro-organismo”, resume. “A hepatite B tem com odiabetes o que a gente chama de risco duplo. Se eu tenho uma pessoa com diabetes e ela pega hepatite B, ela evolui mais rápido para câncer de fígado e cirrose hepática, e ela descompensa mais rápido o diabetes dela, causando complicações, como amputações, descompensação renal, cegueira. A união de hepatite B e diabetes complica para os dois lados.”

    A Sociedade Brasileira de Imunizações também ressalta que pessoas que vivem com diabetes têm risco 50% maior para pneumonia pneumocócica e até 4,5 vezes maior para as doenças pneumocócicas mais graves, como meningite e infecção generalizada.

    A gripe é outra doença que pode ser agravada pelo diabetes. Pessoas que vivem com diabetes estão entre os indivíduos com maior chance de desenvolver formas graves da doença, necessitar de hospitalização e até morrer. Entre as vítimas da gripe no Brasil, sete em cada dez tinham alguma comorbidade. E, entre essas sete, entre 20% e 30% sofriam de diabetes mellitus.

    Nos CRIEs, os pacientes com diabetes têm direito a receber a vacina da gripe todo ano e também são imunizados com a vacina pneumocócica 23-valente, disponível no PNI apenas para situações de risco específicas. Esses pacientes também tem sua situação vacinal para hepatite b conferida e atualizada, se necessário. A imunização contra esse vírus já faz parte do calendário vacinal, junto com a vacina pentavalente, aos 2 meses, aos 4 meses e aos 6 meses.

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  • Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes

    Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes

    A automedicação e a prescrição incorreta de antibióticos estão entre as maiores preocupações das autoridades de saúde, que temem que esses problemas continuem a selecionar cada vez mais bactérias resistentes a esses medicamentos, inviabilizando ou encarecendo tratamentos. Nesse contexto, bloquear a transmissão de bactérias, prevenir as infecções e reduzir o uso de antibióticos está entre as vantagens que as vacinas trouxeram para a saúde pública.

    A diretoria da Sociedade Brasileira de Imunizações Flávia Bravo explica que esse é um papel fundamental de vacinas como a pneumocócica, que previne contra a bactéria Streptococcus pneumoniae.

    Vacinas também ajudam a conter surgimento de bactérias resistentes. Flávia Bravo é diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foto: Divulgação/SBIm
    Flávia Bravo destaca papel das vacinas na contenção de bactérias -Divulgação/SBIm

    “A bactéria até consegue invadir, mas o corpo passa a ter o arsenal para atacar antes que ela cause qualquer estrago. Se você não for vacinado, ela vai fazer um estrago, pequeno, médio ou grande. E como você trata? Com antibiótico. Se você começa a tratar inadequadamente, com doses menores ou toma certo e uma bactéria consegue escapar desse antibiótico, estou criando bactérias resistentes. O uso de antibióticos vai treinando e selecionando as bactérias.”

    O resultado disso é que os antibióticos mais usados, chamados de primeira linha, passam a ser menos eficazes, e isso exige que novos medicamentos entrem em ação. “Assim a gente vai depender do desenvolvimento de antibióticos cada vez mais caros, de menor acesso e com mais eventos adversos, para tratar uma bactéria que você poderia nem ter pegado, com a vacinação. Se eu não tiver doença, eu não preciso usar antibiótico, e não vou selecionar cepas resistentes.”

    A prescrição de antibióticos para situações não necessárias, como em viroses, ou sua administração incorreta durante tratamentos sãomotivos de recorrentes alertas de autoridades sanitárias e sociedades médicas. O Ministério da Saúde aponta que alguns dos principais erros relacionados são o uso desses medicamentos sem receita médica, recorrendoa eles em caso de gripe ou garganta inflamada, por exemplo, usando remédios que sobraram de um tratamento anterior, sem passar por avaliação profissional.

    A preocupação com o tema cresceu durante a pandemia de covid-19, quando médicos recorreram aos antibióticos indevidamente de forma frequente para tratar a doença. Quadros específicos da doença, especialmente quando envolvem internações, podem associar a covid-19 à infecção por bactérias, exigindo o uso de antibióticos, mas especialistas identificaram que houve uso excessivo durante a emergência sanitária.

    27/09/2023, Prefeitura disponibilizará doses da vacina Pneumo 23 aos profissionais de saúde da capital. Foto: Ascom SMS
    Prefeitura disponibilizará doses da vacina Pneumo 23 aos profissionais de saúde da capital. Foto: Ascom SMS

    Vacina Pneumocócica 23-valente- Ascom SMS

    A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) chegou a alertar que, em 2019, o número de bactérias resistentes detectadas por laboratórios públicos era pouco maior que mil. Em 2020, no primeiro ano da pandemia, esse número dobrou. E, em 2021, mais que triplicou.

    A Agência Nacional de Vigilância Sanitária chegou a emitir uma nota técnica em 2021 para reforçar que os antibióticos não são indicados no tratamento de rotina da covid-19, já que a doença, é causada por vírus e esses medicamentos atuam apenas contra bactérias. Eles são recomendados apenas para os casos com suspeita de infecção bacteriana associada à infecção viral.

    O uso incorreto, porém, é apenas uma das causas da preocupação com bactérias resistentes. Também estão relacionados a esse problema falhas no controle de infecções em hospitais e clínicas, capacitação insuficiente de alguns profissionais de saúde e excesso de uso de antibióticos em animais destinados à alimentação humana.

    Edição: Juliana Andrade
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  • PNI: Saiba mais sobre sua importância além das vacinas

    PNI: Saiba mais sobre sua importância além das vacinas

    Uma gestante que nunca teve catapora tem contato direto com uma pessoa com a doença, que é altamente transmissível e pode causar malformação em bebês. Mesmo com atetraviral disponível desde a infância, ela nunca se vacinou e descobre que não pode receber as doses durante a gravidez, porque a vacina tem vírus vivos atenuados que também podem fazer mal ao bebê.

    Para casos como esse, o Programa Nacional de Imunizações (PNI) também oferece uma forma de se proteger: as imunoglobulinas, que são imunobiológicos que contêm anticorpos já prontos para agir contra um possível invasor. E, no caso dessa gestante, a Imunoglobulina humana antivaricela-zoster, vírus causador da doença, que deve ser administrada em até 96 horas após a exposição.

    PNI vai além de vacinas e inclui até soros antiofídicos. - Ana Paula Burian é diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações. Foto: Divulgação/ SBIm
    Ana Paula Burian diz que distribuição deimunobiológicos requer muito planejamento elogística- Divulgação/ SBIm

    Essa situação deixa claro que o PNI e seus instrumentos de prevenção vão muito além das vacinas, exemplifica a coordenadora do Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE) de Vitória e diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Ana Paula Burian. Conhecido pela oferta de centenas de milhões de doses gratuitas de vacinas por ano, o PNI brasileiro chega aos 50 anos também com um arsenal de soros e imunoglobulinas para casos emergenciais ou situações que requerem estratégias alternativas de imunização.

    Entre os 48 imunobiológicos oferecidos pelo PNI, menos da metade, 20, são as vacinas propriamente ditas. Os outros 28 são imunobiológicos especiais, soros e imunoglobulinas como a oferecida à gestante no exemplo citado por Ana Paula.

    A imunoglobulina humana antirrábica é outro exemplo do que o PNI reserva a essas situações especiais. Indivíduos que apresentaram algum tipo de hipersensibilidade quando utilizaram soros como antitetânico, antirrábico e antiofídico têm indicação de receber essa imunoglobulina quando passam por uma possível exposição ao vírus da raiva, que é letal em praticamente todos os casos. O mesmo se dá com pessoas que não puderam completar o esquema antirrábico por eventos adversos da vacina e indivíduos imunodeprimidos.

    Soros contra envenenamento

    São Paulo (SP) - Extração de veneno de serpente peçonhenta para a fabricaçao do soro antiofídico. Foto: Instituto Vital Brasil

    Soro antibotrópico está no rol de imunobiológicos especiais do PNI- Instituto Vital Brasil

    Até mesmo soros antiofídicos, como o soro antibotrópico (pentavalente), estão no rol de imunobiológicos especiais do PNI. O antibotrópico é indicado para vítimas de mordidas de serpentes do gênero Bothrops, que inclui a jararaca e a surucucu. Outros soros contra envenenamento são o soro antielapídico, contra a cobra coral verdadeira, e os soros antiescorpiônico e antiaracnídico.

    O Instituto Butantan fabrica soros há mais de um século, e a produção atualmente envolve a imunização de cavalos com antígenos produzidos a partir de venenos, toxinas ou vírus. A partir disso, o plasma do animal é submetido a processamento industrial de purificação e formulação, resultando em produtos de alta qualidade, segurança e eficácia. Outro produtor tradicional desses soros é o Instituto Vital Brazil, do governo do estado do Rio de Janeiro.

    Ana Paula Burian destaca que um leque tão grande de imunobiológicos requer muito planejamento, logística e estrutura para chegar às quase 40 mil salas de vacina e aos mais de 50 CRIEsdo país, que tem dimensões continentais e diferentes condições de estrutura e clima.

    “As pessoas têm que pensar que, quando o Ministério da Saúde compra uma vacina, ele tem que pensar qual é a quantidade de que é preciso, qual é o transporte que vai levar, se vai de avião, de carro, de barco, de caminhão. E tudo isso tem que ser refrigerado. Tem que ter caixa térmica, bobina de gelo e termômetro para manter em uma temperatura adequada, porque, se congelar, perde a potência, e, se esquentar, também. Então, vacina e imunobiológico têm que ficar em um controle rígido de temperatura para manter a qualidade. Tem que comprar seringa, agulha. São muitas coisas que se faz, com um sistema informatizado para registrar, para que a população inteira possa ser beneficiada.”

    Edição: Juliana Andrade
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  • PNI busca padronizar plataformas de dados de vacinação

    PNI busca padronizar plataformas de dados de vacinação

    Depois de aplicar a injeção e acalmar o choro de mais uma criança imunizada, os profissionais da sala de vacina têm outra tarefa importante a cumprir: preencher os dados daquela vacinação nos sistemas de informação do Programa Nacional de Imunizações (PNI). Se hoje o país está em alerta com a baixa nas coberturas vacinais e age para revertê-la, é a partir do retrato extraído desses dados que qualquer medida pode ser planejada e executada. Essa fotografia, porém, está embaçada por um quadro crônico de deficiências que prejudicam as políticas de imunização e dificultam a reação do PNI à hesitação vacinal.

    O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, conta que um objetivo prioritário do ministério é a padronização de todas as plataformas que registram a vacinação no país, de modo que todas alimentem de forma direta a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). Esse movimento vai simplificar a comunicação entre os sistemas e também permitirá apresentar as informações à população via ConectSUS. O aplicativo foi fundamental na pandemia de covid-19 para a apresentação dos certificados de vacinação.

    “Funcionou muito bem para a covid e agora nós estamos expandindo para a rotina. Então, temos uma série de ações no sentido de organizar os sistemas de informação para dar maior qualidade e melhor controle das ações do programa de imunização e uma maior vigilância das coberturas vacinais.”

    As dificuldades com os sistemas de informação produzem obstáculos que vão além de uma percepção menos precisa das coberturas vacinais. A própria gestão das doses disponíveis para aplicação, por exemplo, acaba prejudicada quando as informações das salas de vacinanão alimentam diretamente a RNDS. A estrutura atual impede que haja um diagnóstico correto das doses perdidas quando um frasco é aberto e nem todas as doses são aplicadas.

    “A gente precisa de sistemas de informação que nos indiquem onde está o desperdício. Enquanto os dados da rotina não estiverem indo para a RNDS, sendo possível integrar com o sistema de logística, estoque e movimentação, a gente não vai conseguir monitorar isso. O SUS perde dinheiro com essa história de perder quatro meses para o dado subir. Três, dois, um mês que seja. Resolver o sistema de informação é uma prioridade”, destacaGatti.

     A técnica de enfermagem Thaís Marques seleciona vacinas na câmara de resfriamento do Centro Especial de Vacinação Álvaro Aguiar.

    Sistemas de informação bem organizados ajudam a identificar onde há desperdício de vacinas- Fernando Frazão/Agência Brasil

    Antes da digitação

    A informatização do PNI começou a ser implementada em 1990 e levou toda a década até que o Sistema de Informações do PNI (SI-PNI) chegasse a todos os estados e municípios do país. Nas décadas anteriores, as planilhas de papel com os dados eram consolidadas pelos estados e enviadas ao governo federal, que não tinha as coberturas vacinais por município nem sabia quem eram as pessoas vacinadas.

    Representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) no Rio Grande do Norte, a enfermeira Antônia Teixeira trabalhou como consultora técnica na área de sistemas de informação do PNI entre 2005 e janeiro de 2023. Ela conta que a informatização foi importante para fortalecer o planejamento da vacinação de rotina. O modelo inicial, porém, ainda trazia dificuldades importantes por ainda não permitir um registro nominal de vacinados.

    “Você não sabia quem tinha sido vacinado, só sabia quantas doses tinham sido feitas. E isso já traz um viés, porque se subentende que uma dose representa uma pessoa. Se o esquema vacinal de uma determinada vacina é de uma dose, para cada dose, você imaginava um indivíduo vacinado”, conta a enfermeira, que ressalta que havia distorções causadas por essa forma de registro. “Nos grandes centros, as coberturas tendiam a ser melhores. Na BCG, por exemplo, como é uma vacina recomendada para ser feita ainda na maternidade, o que acontecia com os municípios que não tinham maternidade? A vacinação era muito baixa, porque as crianças eram vacinadas em outros municípios.”

    Era comum também que doses aplicadas em duplicidade inchassem as coberturas vacinais. Se uma pessoa perdia a caderneta de vacinação do filho e retornava ao posto para conseguir uma nova, havia o risco de algumas vacinas serem repetidas e contarem duas vezes na cobertura vacinal daquela cidade. Esses problemas levaram à discussão de que era preciso um sistema nominal, capaz de saber quem recebia as doses e, ao mesmo tempo, de preservar o direito à privacidade dos usuários do Sistema Único de Saúde. Nos anos 2000, Antônia participou da criação e implantação desse sistema, que ficou pronto em 2009.

    “Dessa forma, se o indivíduo morar no Piauí e for vacinado em São Paulo, e o registro for feito corretamente, eu vou saber a residência do indivíduo, e a cobertura vacinal vai ser carregada para a residência do indivíduo.”

    Diferentes sistemas

    O Ministério da Saúde, porém, não foi o único que se movimentou nesse sentido, e estados e até mesmo alguns municípios chegaram a criar sistemas próprios para ter dados nominais dos vacinados, o que criou uma complexa comunicação de diferentes sistemas de informação com os mesmos dados. A dificuldade aumentou com a criação e implantação do e-SUS, na década de 2010, antes mesmo que o sistema nominal anterior fosse totalmente assimilado pelas unidades de saúde. O profissional da sala de vacina, sujeito à alta rotatividade e à abrangência cada vez maior do calendário vacinal, também precisava manejar esses sistemas, para que os dados continuassem confiáveis.

     Câmara de resfriamento onde são armazenadas vacinas no Centro Especial de Vacinação Álvaro Aguiar. Câmara de resfriamento onde são armazenadas vacinas no Centro Especial de Vacinação Álvaro Aguiar.

    Profissionais de saúde devem preencher dados sobre vacinação nos sistemas de informação do Programa Nacional de Imunizações – Fernando Frazão/Agência Brasil

    “Nós podemos ter um bom sistema de informação, mas, se não tivermos um bom usuário, não vamos ter informação de qualidade”, resume. “Se você tem poucos profissionais de saúde na unidade, mesmo que esse profissional seja capacitado, registrar não é a coisa mais importante a se fazer em uma unidade de saúde, em que tem uma mesma pessoa que é registrador, vacinador, atendente. Essa informação pode ser comprometida.”

    O momento de maior conflito entre os sistemas de informação foi também quandoas coberturas vacinais do Brasil começaram a cair, após 2015. Antônia Teixeira acredita que as dificuldades relacionadas ao preenchimento e envio dos dados podem estar entre causas, mas não explicam nem amenizam a gravidade dos números que apontam a redução da imunização. “Uma coisa é certa: há problemas, sim, na integração das bases de dados. Nem todos os dados chegam ao sistema de informação como se esperava que chegassem.”

    Mesmo com as dificuldades, os sistemas de informação também oferecem ferramentas importantes para enfrentar a queda nas coberturas vacinais. Com o registro nominal dos vacinados, o governo federal e os estados conseguem identificar onde a busca ativa de pessoas que não se vacinaram é mais necessária, direcionar recursos e acionar a atenção básica local para ir até a população. A busca ativa está entre as principais ações que o Ministério da Saúde tem orientado durante as campanhas de multivacinação em cada estado e ações de microplanejamento nos municípios.

    Rio de Janeiro (RJ), 21/08/2023 – A agente comunitária de saúde, Maria Lúcia de Araújo e o técnico em enfermagem, João Victor Pinho durante de busca ativa de pacientes com vacinação em atraso em Irajá, na zona norte da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro faz busca ativa de pacientes com vacinação em atraso – Tomaz Silva/Agência Brasil

    ConectSUS

    A consultora da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas) Carla Domingues adiciona aos desafios desse cenário problemas de instabilidade nos softwares usados para o registro dos dados de vacinação. A enfermeira foi coordenadora do PNI por 13 anos, no período em que foi feita a transição dos dados agregados com apenas as doses aplicadas para os dados nominais, com a identificação de quem foi vacinado.

    “A primeira questão é ter um software com confiabilidade. Muitas vezes, o sistema era instável, e, ao digitar os dados, eles não eram transmitidos para o nível federal, ou se perdiam durante essa transmissão. E tínhamos dados divergentes entre estados e o nível nacional”, descreve. “A evolução dos softwares é fundamental para que a gente possa ter a garantia de que os dados que são colocados no município sejam os mesmos da base nacional. Mas o grande problema hoje é a falta de recursos humanos para fazer essa digitação, ou ter um recurso humano qualificado para fazer a digitação correta.”

    Edição: Juliana Andrade
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  • Envelhecimento da população vai demandar mais vacinas para idosos

    Envelhecimento da população vai demandar mais vacinas para idosos

    O continente americano e o Brasil estão envelhecendo mais rápido do que a média mundial, e a ampliação do acesso dos idosos à vacinação é um dos instrumentos para a garantia de uma velhice saudável e autônoma, alertam especialistas que discutiram os calendários de rotina de vacinação da terceira idade na Jornada Nacional de Imunizações. Além de hábitos saudáveis, estar vacinado evita que infecções causem estresse no organismo e desencadeiem problemas que podem até mesmo se tornar crônicos.

    O Programa Nacional de Imunizações (PNI), que completou 50 anos neste mês, oferece um calendário específico para essa população. Além das vacinas contra hepatite B e difteria e tétano, que são recomendadas desde a infância e podem ser administradas também nas faixas etárias superiores, idosos acamados ou em abrigos também devem receber a vacina pneumocócica 23-valente.

    Pessoas acima de 60 anos também precisam ser avaliadas caso precisem receber vacinas como a tríplice viral e a febre amarela, que têm a tecnologia de vírus vivo atenuado. Além disso, as campanhas anuais contra a influenza e a vacinação contra a covid-19 são consideradas prioritárias para essa população.

    Do ponto de vista individual, o idoso pode ter recomendações adicionais de vacinação, no caso de condições específicas de saúde, o que inclui doenças crônicas frequentes como o diabetes. Nesse caso, deve-se procurar um médico que encaminhe o paciente para os Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE).

    Assessora de imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), Lely Guzman, destaca que a vacinação dos idosos estava entre as preocupações da organização ao instituir a Década do Envelhecimento Saudável entre 2021 e 2030. No fim desse período, uma em cada seis pessoas no continente americano terá mais de 60 anos.

    “Há uma baixa prioridade do envelhecimento nas políticas públicas”, aponta Lely.

    “Os calendários de vacinação ainda são muito pequenos perto de todo o desafio e das vacinas que podem ser úteis para os idosos”.

    Infecções respiratórias

    A geriatra Maisa Kairalla, professora da Universidade Federal de São Paulo, destaca que as infecções respiratórias, como a influenza, o vírus sincicial respiratório e a covid-19 estão entre as maiores ameaças que podem ser prevenidas por vacinas.

    “É muito difícil um idoso ter uma doença que o leve a ficar 15 dias na UTI e sair do hospital como chegou. É preciso muito cuidado, e, com isso, há perda da qualidade de vida, da autonomia e maior chance de reinternação”.

    Mesmo sendo prevenível por vacina no Brasil desde a década de 1990, o vírus Influenza faz 70% de suas vítimas entre a população idosa. Além de internação e morte, essa doença também pode descompensar doenças crônicas como cardiopatias e diabetes e causar acidentes vasculares. O risco de morte por gripe chega a ser 20 vezes maior entre pessoas que acumulam cardiopatias e doenças pulmonares, condições frequentes entre idosos que foram ou são fumantes.

    Já o vírus sincicial respiratório, apesar de estar entre as maiores causas de internação por síndrome respiratórias em bebês, faz a maior parte das vítimas fatais entre os idosos. As primeiras vacinas e anticorpos monoclonais contra esse vírus só começaram recentemente a ser adotadas nos Estados Unidos, e, no Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) analisa o pedido de registro da farmacêutica Pfizer.

    Presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, Marco Aurélio Sáfadi conta que já era conhecida a importância desse vírus para a saúde da criança, mas avança cada vez mais a constatação de que ele é perigoso para os idosos.

    “É algo novo. A gente já conhece muito bem a carga da doença em crianças, mas a gente não conhecia tão bem assim a importância desse agente para os adultos. E hoje os adultos mostram que ele é um agente que pode impactar na população de adultos e principalmente nos indivíduos de maior idade, principalmente acima dos 70 anos”.

    Herpes Zoster

    Outra doença que pode comprometer gravemente a qualidade de vida de idosos é o herpes zoster, uma manifestação do mesmo vírus da catapora, o varicela, que fica alojado no corpo ao longo da vida e volta a causar sintomas após a velhice, porém com um quadro diferente da catapora. A incidência dessa doença chega a ser de 50% entre os idosos que chegam aos 85 anos de idade, segundo o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

    A vacinação contra a herpes zoster no Brasil só está disponível em clínicas privadas, em versões inativada e atenuada, e a Sociedade Brasileira de Imunizações recomenda a vacina para pessoas com mais de 50 anos ou imunocomprometidos com ao menos 18 anos.

    Além de dores severas, a doença pode causar cegueira, paralisia facial e dores crônicas, que podem se estender por anos. Quanto mais idoso for o paciente acometido, maior é a chance de esse quadro crônico permanecer.

    Vacinação especial

    A SBIm recomenda ainda que todos os idosos busquem a vacinação contra os pneumococos, por meio das vacinas pneumocócica valente 13 e 15, também disponíveis apenas nas clínicas particulares.

    Apesar do nome, essas bactérias não provocam apenas casos de pneumonia, e estão associadas a infecções inclusive nas meninges, além de quadros de sepse.

    A inclusão de vacinas que estão somente nas clínicas privadas no Programa Nacional de Imunizações depende de uma série de fatores, como o custo-benefício para a saúde pública e a garantia de que estarão disponíveis de forma contínua ao longo dos anos. Além de recursos para comprar, é preciso ter a certeza de que os fabricantes vão ter a oferta.

    O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, explica que o cenário ideal é, a partir de uma avaliação da epidemiologia de cada doença e da viabilidade dos preços oferecidos pelo mercado, construir uma agenda de incorporação dessas tecnologias para a produção nos laboratórios públicos.

    “Estamos em uma fase de vacinas que agregam muita tecnologia e acabam tendo um custo muito alto. Consequentemente, temos um impacto orçamentário muito alto para poucas doses. Então, o processo de incorporação tecnológica precisa ser muito bem pensado. Não dá para fazer na base da correria”.

    * O repórter viajou para Florianópolis a convite da Sociedade Brasileira de Imunizações.

    Edição: Carolina Pimentel
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