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  • Parceria com setor privado quer reduzir tempo de espera no SUS

    Parceria com setor privado quer reduzir tempo de espera no SUS

    O Ministério da Saúde vai estabelecer parcerias com a rede privada de saúde para garantir o atendimento especializado no tempo certo.

    O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que a prioridade será reduzir o tempo de espera para atendimento especializado no Sistema Único de Saúde (SUS),  especialmente para o diagnóstico e tratamento de câncer.

    Após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira (29), Padilha afirmou que o objetivo é “fazer as coisas acontecerem” ainda este ano.

    “Para a gente dar conta de garantir o tempo adequado ao atendimento, por exemplo, da situação do câncer, que nós temos 30 dias para garantir o diagnóstico e 60 dias para iniciar o tratamento, só será possível fazermos isso se ampliarmos as parcerias com o setor privado”, disse, em conversa com a imprensa no Palácio do Planalto.

    Segundo Padilha, muitos dos serviços privados têm uma capacidade ociosa que pode ser compartilhada. Além disso, amanhã (30), o Ministério da Saúde deve divulgar estudo feito com a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que mostra uma grande concentração de médicos especialistas atuando nas estruturas privadas de saúde.

    “É uma verdadeira obsessão do presidente, desde o começo do seu governo, de garantir o atendimento médico especializado no tempo certo, no tempo adequado, reduzindo o tempo de espera que existe hoje no país, que é fruto de um represamento do atendimento durante a pandemia [de covid-19] e da desorganização da rede nos governos anteriores”, disse o ministro.

    Com a autorização do presidente Lula, as pastas da Saúde e Casa Civil vão discutir com os demais ministérios envolvidos e trabalhar com o setor privado para impulsionar essa rede de atendimento de média e alta complexidade.

    Segundo ele, “tudo que já vinha sendo programado, nós estamos acelerando”, como a entrega de equipamentos de radioterapia nos serviços em todo o país. Além disso, o governo está em tratativa com o hospital A.C.Camargo, referência em oncologia na cidade de São Paulo, para ajudar no diagnóstico de câncer para pacientes do SUS.

    No ano passado, o Ministério da Saúde também lançou o Programa Mais Acesso a Especialistas. Baseada na lógica do cuidado integral do paciente, a proposta era reduzir o tempo de espera por cirurgias, exames e tratamentos no âmbito do SUS por meio do fortalecimento do SUS Digital, facilitando o acesso a informações e ampliando o potencial de atendimentos remotos.

  • Parecer técnico sobre a Ferrogrão aponta falhas em avaliação de impactos e desmatamento

    Parecer técnico sobre a Ferrogrão aponta falhas em avaliação de impactos e desmatamento

    Um parecer técnico divulgado esta semana alerta para falhas graves na atualização do Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (EVTEA) da Ferrogrão — projeto de ferrovia que pretende ligar Sinop (MT) a Itaituba (PA). O documento foi elaborado por pesquisadores da USP, UFMG, Instituto Socioambiental (ISA) e Observatório do Clima, com foco na avaliação de impactos cumulativos e na projeção de desmatamento provocados pela implantação da ferrovia.

    Segundo o parecer, o EVTEA não apresenta uma análise consistente dos chamados impactos cumulativos — aqueles que se somam ao longo do tempo em função de múltiplos empreendimentos na mesma região. Embora o estudo afirme ter caráter “panorâmico e estratégico”, o parecer considera contraditória essa justificativa para excluir a avaliação de tais impactos. Especialistas apontam que estudos estratégicos, como o próprio EVTEA, são justamente os instrumentos mais adequados para esse tipo de abordagem, sobretudo em um território já pressionado por outras obras de infraestrutura.

    O documento também critica a ausência de metodologia clara na elaboração do estudo, a falta de referências técnicas e a decisão de deixar a análise de impactos cumulativos para uma etapa posterior, no Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Para os autores, essa escolha compromete o planejamento territorial e limita a tomada de decisão estratégica.

    No que diz respeito ao desmatamento, o EVTEA atualizado sustenta que a Ferrogrão não será um vetor de destruição florestal, alegando que a expansão da produção agrícola ocorrerá apenas sobre áreas de pasto degradado. Essa hipótese, no entanto, é refutada pelos especialistas, que mostram que nem todos os municípios da área de influência da ferrovia dispõem de pastos suficientes para atender à demanda projetada até 2050. A consequência, segundo o parecer, pode ser o desmatamento legal de até 557 mil hectares.

    O estudo ainda ignora fatores indiretos como a valorização fundiária, a criação de novas infraestruturas e a expansão agrícola incentivada pela melhoria no escoamento de grãos. Segundo os pesquisadores, o EVTEA falha ao não incorporar uma modelagem espacial que considere esses efeitos e se apoia em premissas frágeis para descartar o risco de desmatamento.

    Entre as recomendações feitas ao Governo Federal, estão a elaboração de uma Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para a região entre os rios Xingu e Tapajós, a suspensão temporária do processo de licenciamento da Ferrogrão, a realização de modelagem estatística dos impactos territoriais e o engajamento da sociedade civil no debate sobre o projeto. Os especialistas também sugerem que a Ferrogrão seja compatibilizada com os objetivos do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia (PPCDAm), que prevê desmatamento zero até 2030.

    Para os autores, a ausência de uma análise ampla e integrada compromete não apenas a qualidade do licenciamento, mas também a governança ambiental de toda a região. Eles defendem que, sem um olhar estratégico e preventivo, empreendimentos como a Ferrogrão tendem a reproduzir um modelo de desenvolvimento insustentável na Amazônia.

  • Estudantes de Tangará da Serra Representam Mato Grosso em Feira Nacional de Ciências

    Estudantes de Tangará da Serra Representam Mato Grosso em Feira Nacional de Ciências

    Dois alunos da Escola Técnica Estadual de Tangará da Serra foram selecionados para participar da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), representando Mato Grosso com uma pesquisa inovadora sobre controle de pragas agrícolas.

    Pesquisa de Inseticidas Biológicos é Destaque

    Rui Pardal Ribeiro e Ronimarcos Passarello, estudantes do curso Técnico em Agropecuária, criaram o projeto “Alternativas sustentáveis no controle de pragas em sistemas agrícolas”. A pesquisa foi orientada pela professora Francislene Alves Fortes e utiliza inseticidas biológicos como solução ecológica no campo.

    A seleção ocorreu após rigorosa avaliação de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP). O evento está previsto para março de 2025 e contará com 276 projetos selecionados em todo o país.

    Premiações e Reconhecimento Anterior

    O projeto já havia sido premiado na Mostra Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (MECTI) em Cuiabá, onde os estudantes receberam um notebook como prêmio por sua relevância no setor de agronegócios.

    “Participar desse tipo de evento é importante para conhecer os estudos de outros alunos e colocar em prática os nossos conhecimentos”, disse Rui, destacando o valor educacional da experiência.

    Outros Projetos de Mato Grosso na Febrace

    Além dos alunos de Tangará, outros projetos de Mato Grosso também se destacaram na seleção. Denilson Andrade Félix, da Escola Estadual Antônio Cesário de Figueiredo Neto, apresentou a pesquisa “O pingo do conhecimento: desenvolvendo habilidades através de games”. Já Ana Vitória de Siqueira Gomes e Isadora Maria de Carvalho Monteiro Castro, do Instituto Federal de Mato Grosso, desenvolveram o trabalho “A química das emoções: neurotransmissores, funções orgânicas e saúde mental”.

    Ao todo, 2.700 projetos foram inscritos, com apresentações previstas na USP de forma presencial e virtual. Os vencedores receberão troféus, medalhas e certificados.

    Mais informações podem ser encontradas no site oficial da Feira.

    Fonte: Seciteci-MT

  • Ferrogrão: Estudo revela impacto positivo no escoamento da soja brasileira para a Ásia

    Ferrogrão: Estudo revela impacto positivo no escoamento da soja brasileira para a Ásia

    A construção da Ferrogrão, ferrovia EF-170, tem o potencial de revolucionar o transporte de soja no Brasil, segundo um estudo conduzido pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária (CILIP) da USP e pela Fundação Vanzolini. A pesquisa, liderada pelos professores Daniel de Oliveira e Ronaldo Benevides Veloso, utilizou o modelo matemático de decisão Markov para avaliar a viabilidade e os impactos de um corredor ferroviário de 933 quilômetros, ligando Sinop (MT) a Itaituba (PA).

    A Ferrogrão surge como uma alternativa estratégica para o escoamento da produção agrícola, especialmente para os mercados asiáticos, reduzindo a dependência do transporte rodoviário e aliviando a sobrecarga no Porto de Santos. Segundo Oliveira, a ferrovia pode reconfigurar a logística nacional, direcionando parte significativa do fluxo de soja para a região Norte, sem comprometer os demais portos estratégicos, como Manaus, Santarém e São Luís.

    Além da eficiência logística, o projeto oferece benefícios ambientais. A distância média percorrida por caminhões cairia de 914 para 171 quilômetros, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em cerca de 60%. Isso reforça o caráter sustentável do novo modal de transporte.

    Ampliação da área de influência

    Outro destaque do estudo é o aumento da área de influência logística. O número de cidades diretamente beneficiadas pela infraestrutura ferroviária passaria de 20 para 33, enquanto a área atualmente atendida pelo Porto de Santos sofreria uma pequena redistribuição, com a redução de 44 para 37 municípios.

    Essa reorganização potencializa a competitividade do agronegócio brasileiro, expandindo a capacidade de armazenagem e escoamento sem prejudicar a operação de outros corredores logísticos do país.

    Do ponto de vista econômico, a Ferrogrão promete um impacto significativo na rentabilidade do setor. O estudo aponta que o custo logístico mais baixo pode aumentar a renda média por saca de soja de R$ 12,25 para R$ 15,25 — um ganho de R$ 3,00 por saca. Esse resultado considera o preço médio da soja em R$ 150,00 e o custo do diesel a R$ 6,00.

    Para Oliveira, isso consolida a ferrovia como um elemento estratégico na cadeia de exportação agrícola do Brasil. “A Ferrogrão tem o potencial de ampliar a competitividade da soja brasileira no mercado asiático, ao mesmo tempo em que reduz os impactos nos corredores existentes e gera ganhos econômicos e ambientais”, afirma.

    A Ferrogrão desponta como um marco na logística agrícola brasileira. Com capacidade para reconfigurar o transporte da soja, aumentar a rentabilidade e reduzir impactos ambientais, a ferrovia é apresentada como uma solução sustentável e economicamente viável para consolidar a posição do Brasil como líder global no agronegócio.

  • Lucas do Rio Verde apresenta experiências de gestão e inovação no Fórum de Planejamento Urbano do Crea-SP

    Lucas do Rio Verde apresenta experiências de gestão e inovação no Fórum de Planejamento Urbano do Crea-SP

    A Prefeitura de Lucas do Rio Verde marcou presença no Fórum de Planejamento Urbano promovido pelo Crea-SP com a participação do secretário de Desenvolvimento Econômico, Planejamento e Cidade, Welligton Souto, que apresentou as experiências de gestão e inovação do município. O evento aconteceu no último dia 19 na sede do CREA em São Paulo – SP e reuniu especialistas, gestores públicos e profissionais para debater soluções sustentáveis e inteligentes para o desenvolvimento urbano.

    Durante sua apresentação, Welligton Souto destacou os impressionantes números socioeconômicos de Lucas do Rio Verde, considerado o município que mais cresceu no Brasil nos últimos 30 anos, com um aumento populacional superior a 500%. “Crescemos muito bem, com desenvolvimento e qualidade de vida. Eu sempre digo que quem não tem tempo para planejar, gasta tempo para consertar. E planejar é mais barato”, afirmou o secretário.

    Ele também falou sobre os pilares que sustentam o desenvolvimento do município, como geração de emprego, saúde e educação de qualidade, capacitação profissional, segurança pública, habitação e inovação. Souto ressaltou a importância do “InPacto Lucas”, um pacto pela inovação que busca transformar Lucas do Rio Verde em referência internacional em Economia Verde nos próximos 10 anos.

    O secretário ainda apresentou iniciativas como o Plano Diretor do município, reforçando grande participação da população nas discussões. Além disso, demonstrou tecnologias na aplicação de geotecnologias que hoje aprimoram o planejamento urbano, destacando o compromisso da gestão municipal com a sustentabilidade e a qualidade de vida dos cidadãos.

    Sobre o Fórum de Planejamento Urbano

    O Fórum de Planejamento Urbano do Crea-SP foi organizado pelo Comitê de Planejamento Urbano do Conselho, com o objetivo de integrar gestores públicos e profissionais especializados na busca por soluções inovadoras para os desafios urbanos.

    A programação incluiu debates sobre o uso de inteligência artificial no planejamento urbano, economia circular, urbanismo social e climático, governança de riscos e desastres, aproveitamento de resíduos industriais na construção civil, entre outros temas.

    A participação de Lucas do Rio Verde reforça o compromisso do município em buscar práticas inovadoras e sustentáveis para continuar sendo um exemplo de desenvolvimento urbano e qualidade de vida.

  • Produção local pode melhorar alimentação em centros urbanos

    Produção local pode melhorar alimentação em centros urbanos

    Oito em cada dez adultos (78,6%) que vivem em capitais brasileiras mantinham, em 2023, uma alimentação sem a quantidade mínima de frutas, legumes e verduras recomendada, índice que poderia melhorar com o fomento à produção na zona urbana. Esse é um dos alertas feitos por especialistas do Instituto Escolhas e da Cátedra Josué de Castro de Sistemas Alimentares Saudáveis e Sustentáveis, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo.

    Em publicação nessa quinta-feira (26), os pesquisadores lembram que a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 400 gramas dessa classe de alimentos, essenciais para manter a saúde em dia. Segundo o estudo, menos de um quinto (19%) dos produtos alimentícios adquiridos pelos domicílios (pessoa/ano/kg) foi de frutas, legumes e verduras em 2018. Foram utilizados dados da Vigitel Brasil 2023 – Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, do Ministério da Saúde, para dimensionar o contexto atual.

    Alimentos mais saudáveis têm sido substituídos por ultraprocessados, que contêm aditivos químicos e representam risco à saúde, se consumidos com frequência. A ingestão desse tipo de produto preocupa órgãos como o Conselho Nacional de Saúde (CNS), que divulgou informe destacando que é a favor do aumento da carga de tributos sobre a categoria, como forma de desestimular a compra por parte dos consumidores.

    Na nota, o CNS ressalta que, “de 2006 a 2022, os preços dos alimentos subiram 1,7 vezes mais que a inflação geral (IPCA) e que os alimentos saudáveis tiveram elevação quase três vezes maior, comparados aos ultraprocessados”. Os pesquisadores que assinam o estudo observam que a má alimentação é um fator relacionado ao sobrepeso corporal, à obesidade e ao desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis, como o câncer, diabetes e as doenças cardiovasculares e respiratórias.

    Uma das saídas apontadas pelos autores da pesquisa é estimular a rede de produção de alimentos saudáveis localmente. “Quando o alimento é produzido perto dos consumidores, há potencial redução dos custos de transporte e comercialização, que se reflete no preço final. Circuitos curtos de comercialização estimulam a venda direta dos alimentos produzidos pelos agricultores locais aos consumidores das cidades, sem a necessidade de muitos intermediários ou deslocamentos”, afirmam.

    Estimativas do Instituto Escolhas, mencionadas no estudo, indicam que a região metropolitana de São Paulo, por exemplo, teria potencial para abastecer 20 milhões de pessoas com legumes e verduras todos os anos, caso iniciativas dessa natureza fossem incentivadas. No caso de Belém, Curitiba, do Rio de Janeiro e Recife, o contingente chegaria a 1,7 milhão, 551.910, 372.376 e 252.424 pessoas por ano, respectivamente.

    Edição: Graça Adjuto

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  • USP tem 72 horas para matricular aluno rejeitado em avaliação de cota

    USP tem 72 horas para matricular aluno rejeitado em avaliação de cota

    A Universidade de São Paulo (USP) tem prazo de 72 horas para restabelecer a matrícula do estudante Glauco Dalalio do Livramento, de 17 anos, na Faculdade de Direito. Ele fora aprovado em primeira chamada pelo Provão Paulista, mas não foi considerado pardo pela Comissão de Heteroidentificação da USP. A rejeição o fez perder a matrícula.

    Ontem, o juiz Radolfo Ferraz de Campos, da 14ª Vara da Fazenda Pública de São Paulo concedeu liminar determinando o restabelecimento da matrícula na instituição no prazo de três dias. O magistrado entendeu que a avaliação feita pela comissão “ofendeu a isonomia”, pois foi realizada por meio de fotografia e de conversa com o candidato por videochamada pela internet.

    Glauco Dalalio do Livramento mora em Bauru, distante cerca de 330 quilômetros da capital paulista, e concorreu a uma vaga para estudantes egressos do ensino público e autodeclarados PPIs – pretos, pardos e indígenas. No ato da inscrição, ele se declarou pardo.

    O relatório da Comissão de Heteroidentificação, feito com base na avaliação fotográfica e na entrevista pela internet, o apontou como um candidato de “pele clara, boca e lábios afilados, cabelos lisos, não apresentando o conjunto de características de pessoa negra”.

    “Ao que parece, não se querendo aqui pura e singelamente substituir as bancas julgadoras administrativas (a de origem, que decidiu por maioria, e a recursal, à unanimidade), não se pode mesmo olvidar que o autor é simplesmente filho de pessoa de raça negra, e eventualmente imagens que ora o favoreçam, ora não, na conclusão de pertencimento à raça negra, seja preta ou parda, não parece aqui ser um critério razoável em contexto como este, quanto menos para aferição à distância”, diz parte do despacho do juiz.

    Na semana passada, a defesa do estudante acionou a Justiça ao alegar que a avaliação de heteroidentificação dos candidatos não seguia critérios iguais, uma vez que os egressos do vestibular próprio da USP eram avaliados de forma presencial, enquanto os oriundos de outros vestibulares, como foi o caso de Glauco, passariam pelo processo de avaliação de forma remota. A reitoria da universidade estuda agora modificar o sistema de avaliação de cotistas estendendo o modelo presencial a todos os candidatos.

    “Há, pois, prova indicativa da probabilidade do direito alegado. O perigo da demora é inerente à própria exclusão do curso universitário para a qual, inclusive, já tinha se pré-matriculado, dada a sequência que terá, o que poderá implicar prejuízo irreversível”, concluiu o juiz.

    Nota da USP

    Em nota, a Universidade de São Paulo diz que cumprirá “quaisquer ordens judiciais e que apresentará em juízo “todas as informações que explicam e fundamentam o procedimento de heteroidentificação”.

    Também na USP, mas no curso de medicina, Alison dos Santos Rodrigues, de 18 anos, autodeclarado pardo e que obteve classificação pelo Provão Paulista, teve a matrícula cancelada após a Comissão de Heteroidentificação concluir que ele não é pardo.

    A 2ª Vara Cível do município de Cerqueira César, interior paulista, onde Alison reside, deu prazo de cinco dias para a USP explicar a razão de ter rejeitado a autodeclaração, o que o levou a perder a vaga no curso.

    A Justiça determinou ainda multa diária de R$ 500, limitada a R$ 20 mil, caso a ordem seja descumprida pela instituição de ensino.

    *O texto foi ampliado às 13h54 e às 14h26

    Edição: Nádia Franco

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  • Pesquisadores fazem expedição em busca de peixes-elétricos na Amazônia

    Pesquisadores fazem expedição em busca de peixes-elétricos na Amazônia

    Um grupo de pesquisadores inicia nesta terça-feira (20) expedição para buscar no fundo do Rio Negro, no Amazonas, em igarapés e outros ambientes na região, espécies pertencentes à ordem dos Gymnotiformes, conhecidos como peixes-elétricos. Além de identificar novas espécies, os pesquisadores pretendem contribuir para a conscientização e preservação da biodiversidade local.

    A expedição é parte do projeto Diversidade e Evolução de Gymnotiformes, que existe desde 2017 e é coordenado por Naercio Menezes, professor do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZ-USP). Ao longo desses anos, um dos resultados foi a descoberta e descrição de duas espécies de poraquê, em 2019.

    “Em uma das coletas efetuadas, um dos nossos pesquisadores descobriu duas espécies novas, uma das quais produz através do órgão elétrico 650 volts, o suficiente para derrubar uma pessoa, vamos dizer assim. Essa descoberta provocou uma repercussão muito grande”, contou Menezes, ao relatar que o feito foi publicado pelo jornal New York Times.

    Ele ressalta que o Museu de Zoologia tem uma representatividade muito grande dos peixes de água doce de todo o Brasil e de parte da América do Sul e que o trabalho tem um cunho voltado também para preservação. “A nossa intenção é mostrar a diversidade que existe e a ameaça que paira sobre o desaparecimento de espécies devido à construção de usinas hidrelétricas, queimadas, mineração, destruição da floresta”, disse.

    Um dos exemplos que os pesquisadores vão procurar é a espécie Iracema caiana, coletada apenas uma vez em 1968 na região da expedição, além de outros que possam contribuir com estudos em andamento ou até a originar a descrição de novas espécies. Na embarcação, estarão cerca de 20 pessoas, incluindo tripulação e pesquisadores, que vão subir o rio partindo de Manaus até Santa Isabel do Rio Negro, durante a expedição, que deve durar até 2 de março.

    Segundo Menezes, a possibilidade de coletar exemplares é muito grande porque a expedição reúne condições propícias como o uso de uma rede que vai arrastando no fundo do rio, uma equipe grande de pesquisadores, além do período específico em que vai acontecer.

    “A expectativa é muito grande. Nós vamos tentar coletar numa época propícia porque houve uma seca muito grande na bacia amazônica no ano passado e isso fez com que as águas do Rio Negro e do Rio Branco, onde nós vamos coletar, ficassem empoçadas de tal forma que os peixes – a gente espera – ficaram concentrados em [algumas] áreas”, disse.

    Os pesquisadores usarão também estudos moleculares, em que uma amostra de tecido passa por análise de DNA. Isso permite distinguir as espécies de forma mais precisa e auxilia no trabalho morfológico e anatômico.

    Expedição para pesquisa busca espécies de peixes-elétricos na Amazônia. Foto: Acervo dos Pesquisadores
    Expedição para pesquisa busca espécies de peixes-elétricos na Amazônia. Foto: Acervo dos PesquisadoresPeixes-elétricos usam eletricidade produzida para alimentação e para comunicação entre eles – Acervo dos Pesquisadores

    Menezes explica que os peixes-elétricos usam a eletricidade que produzem para alimentação e para comunicação entre eles. O projeto Diversidade e Evolução de Gymnotiformes descobriu também que uma das espécies, os poraquês, fazem predação social, que é a captura de presas em grupo.

    “No passado, pensava-se que ele se alimentava isoladamente, [mas] eles têm a capacidade de cercar as piabinhas, os peixes pequenos, e vão emitindo choques contínuos. As espécies pulam fora da água e eles abocanham. Este é um comportamento que era desconhecido nos peixes”, destacou.

    Edição: Nádia Franco

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  • Pesquisa mostra que alimentos na mesa não refletem biodiversidade

    Pesquisa mostra que alimentos na mesa não refletem biodiversidade

    O Brasil tem 20% da biodiversidade do mundo. No entanto, isso não se reflete nos alimentos que estão na mesa da população. De acordo com estudo do Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde, da Universidade de São Paulo (USP), a quantidade de alimentos com origem na biodiversidade local adquirida pelos brasileiros foi considerada baixa. 

    A valorização e a expansão da monocultura em detrimento de pequenos agricultores é um dos elementos que explicam esse resultado. O artigo que traz os resultados aponta que eles “são insatisfatórios e abaixo do que se espera de um território biodiverso e de um sistema alimentar que é destaque mundial. É necessário um maior comprometimento para a promoção de ações que fortaleçam o consumo desses alimentos entre brasileiros”.

    “O estudo tem como objetivo descrever a disponibilidade de alimentos nativos de cada estado do Brasil [para a população]. Consideramos frutas, legumes e verduras da biodiversidade. E o que a gente observou é que a disponibilidade desses alimentos é bem baixa”, disse Anderson Lucas, um dos autores do artigo.

    Baixo consumo

    Para ele, o consumo de frutas, legumes e verduras no Brasil já é baixo, mas, observando pela alimentação com itens da biodiversidade local, identificou-se uma quantidade menor ainda. “Isso se dá principalmente pela mudança do sistema alimentar global que favorece o cultivo de commodities, como milho e soja, que são base de alimentos ultraprocessados,” salientou.

    Lucas afirmou que sempre houve uma baixa aquisição de alimentos nativos no Brasil, mas, com a expansão da monocultura nos últimos anos, essa disponibilidade de alimentos da biodiversidade está caindo ainda mais.

    A disponibilidade total (gramas/per capita/dia) de alimentos correspondeu a uma média de 1.092 gramas. A média da disponibilidade de frutas, legumes e verduras no país é de 108,67g/per capita/dia, sendo que apenas 7,09g corresponde à parcela de alimentos de origem da biodiversidade local.

    Como biodiversidade local, os pesquisadores consideraram alimentos nativos do estado em que vive aquela pessoa. Os dados se referem a 38 alimentos nativos. Foi utilizada uma amostra com dados de aquisição de alimentos de 57.920 domicílios, coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2017 a 2018.

    Separadamente, o grupo das frutas corresponde a 56,7gramas/per capita/dia, sendo que apenas 5,89g é a parcela de itens da biodiversidade local. No caso das verduras e legumes, são 51,97gramas/per capita/dia, sendo que 1,20g são alimentos nativos.

    Por biomas, a caatinga apresentou a maior disponibilidade de frutas nativas na aquisição pela população (4,20g/per capita/dia), enquanto para legumes e verduras, a Amazônia se destacou (1,52g/per capita/dia).

    “Isso faz mal não só para a saúde do planeta como também da população, através de impactos ambientais, além de não valorizar a agricultura sustentável, só valorizar agricultura por meio monótono, que é utilizando muitos agrotóxicos e venenos. E também como isso prejudica as culturas tradicionais no Brasil, porque esse tipo de alimento que estamos destacando faz parte de algumas comunidades de povos indígenas, além de agregarem também para agricultura familiar”, explicou.

    O pesquisador sustentou que, sobre o consumo de frutas, legumes e verduras, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda  quatrocentas gramas diárias desses alimentos em cinco ou mais dias da semana.

    Soluções

    Para o pesquisador, o primeiro ponto para uma mudança nessa realidade seria considerar a sazonalidade dos alimentos, valorizando aqueles cultivados em ambientes naturais e não em ambientes controlados, com uso de agrotóxico e fertilizantes, que, artificialmente, levam ao maior rendimento daquela cultura. Ele acrescentou que é preciso repassar tais alimentos com preço justo para a população.

    “Para isso, a gente tem que incentivar o cultivo desses alimentos, então é preciso criar feiras, espaço de troca de conhecimentos e dar apoio técnico aos agricultores e às comunidades que plantam e colhem alimentos da biodiversidade. A gente observou que alguns alimentos precisam de um trabalho muito manual para extração, por exemplo, o coco babaçu, que necessita ser quebrado para tirar a castanha que tem dentro dele para fazer leite da castanha de babaçu, além de farinhas e outras coisas”, disse.

    Em relação a introduzir os alimentos nativos na dieta da população, ele citou a possibilidade de inclusão na alimentação escolar, principalmente por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar, que adquire alimentos da agricultura familiar.

    “Colocar esses alimentos na alimentação escolar e [introduzir] o debate sobre alimentação nas escolas para ensinar as crianças desde cedo a escolher e consumir os alimentos nativos, além de identificar quais alimentos são nativos de cada região e começar um questionamento sobre a origem dos alimentos”, sugeriu.

    Origem esquecida

    Ele acrescentou que, por conta dos alimentos ultraprocessados, as pessoas acabam esquecendo a origem dos alimentos e que muitos não conhecem como é o alimento in natura, só sabem como é o pacote após ser processado. Nas cidades, há ainda maior distanciamento entre produção e população.

    “[É preciso] reaproximar a população através da produção dos alimentos, então a gente observa que a população agora vive em grande maioria na área urbana, então incentivar por meio de hortas comunitárias seria um bom exemplo para aumentar a disponibilidade desses alimentos nas áreas urbanas”, finalizou.

    Edição: Kleber Sampaio

  • Pesquisa resgata local exato da proclamação da Independência do Brasil

    Pesquisa resgata local exato da proclamação da Independência do Brasil

    Pesquisadores resgataram a localização do ponto exato onde Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822. Segundo o professor do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) Jorge Pimentel Cintra, o local chegou a ser marcado fisicamente “com bastante precisão” no início do século 20, mas, ao longo das décadas, uma série de confusões e mal entendidos fez com que a informação acabasse se perdendo.

    Cintra conta que o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo determinou, em 1902, o lugar, dentro do perímetro de onde atualmente fica o Parque da Independência, na zona sul paulistana. “Nesse local foram colocados um mastro e uma pedra, como se pode ver em fotos da época. E aí permaneceram até 1921 ou 1922 quando os jardins foram remodelados, com grandes escavações”, relata.

    A partir da retirada desse marco, começaram a ser atribuídos outros pontos, como o local onde foi instalado o Monumento à Independência, de autoria do artista Ettore Ximenes, inaugurado em 1922, nas comemorações do centenário da Independência. Há ainda o famoso quadro de Pedro Américo, que ajudou a formar o imaginário sobre o momento, mesmo não sendo preciso do ponto de vista histórico.

    Havia também uma pedra fundamental que foi colocada anteriormente, segundo o pesquisador, no lugar errado. “O local que prevaleceu situa-se no jardim acima da Rua dos Patriotas, junto à primeira fonte, para quem sobe”, diz sobre a primeira tentativa de demarcação que, equivocada, ajudou a aumentar a confusão sobre o tema.

    De acordo com o pesquisador, não se sabe porque essa marcação foi colocada fora do lugar, uma vez que o ponto foi medido com precisão à época (1825), quando se pretendia erguer um monumento no local.

    Mapas e GPS

    Há três anos, Cintra vem pesquisando o assunto como parte de um estudo sobre o caminho de Dom Pedro no dia 7 de setembro. Para precisar o ponto exato do grito, o professor analisou relatos de quatro testemunhas que estavam presentes no momento do fato histórico. Além disso, ele recorreu à ata de setembro de 1825 da Câmara Municipal de São Paulo. “Ela dá uma informação precisa do local: 184 braças [104,8 metros] da cabeceira sul da ponte sobre o riacho do Ipiranga. Estiveram presentes nessa demarcação engenheiros, agrimensores e pessoas que presenciaram o fato e moravam na região”, detalha.

    mapa independencia daniel mello

    Apesar da precisão dessas indicações, Cintra diz que as mudanças do espaço ao longo do tempo dificultam a localização. “A dificuldade maior foi determinar a posição da cabeceira da ponte em 1822, pois o rio foi retificado e a ponte foi destruída. Para isso, recorri a mapas antigos em que figuravam o rio e a ponte antes da retificação”, conta.

    Os mapas antigos foram sobrepostos com um programa de cartografia digital. Com essas informações, foi possível fazer a marcação no parque usando sistema de localização por satélite (GPS). O ponto correto fica em um bosque, na parte esquerda do parque, se o observador estiver de frente para o Museu Paulista. O trabalho foi detalhado em artigo assinado com o pesquisador Alexandre Cintra.

    Para o pesquisador, ter o ponto exato, apesar de não mudar a essência do entendimento do fato histórico, permite examinar detalhes da situação, como a movimentação dos mensageiros e da guarda de honra do então príncipe regente.

    https://www.cenariomt.com.br/mundo/bicentenario-da-independencia-o-hino-da-independencia-do-brasil/