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  • Temu e Shein vão subir preços a partir de 25 de abril

    Temu e Shein vão subir preços a partir de 25 de abril

    Se você costuma comprar roupas, eletrônicos ou acessórios nas plataformas chinesas Shein ou Temu, é melhor correr: as duas empresas anunciaram que vão aumentar os preços a partir do dia 25 de abril de 2025.

    O motivo? Uma nova política do governo dos Estados Unidos, que encerra uma isenção de impostos para pacotes de baixo valor, encarecendo a importação de produtos vindos da China e de Hong Kong.

    Leia isso também: A nova geração está fugindo do consumo? Entenda o movimento slow living

    As plataformas, conhecidas pelos preços extremamente baixos, enviaram mensagens aos consumidores nesta semana avisando sobre o reajuste e incentivando as compras com “as tarifas de hoje”.

    O que está mudando nas lojas Shein e Temu?

    Novo imposto sobre compras internacionais impacta o bolso do consumidor
    O que está mudando nas lojas Shein e Temu?

    Hoje, qualquer produto com valor inferior a US$ 800 pode entrar nos Estados Unidos sem pagar imposto de importação — uma regra chamada de “de minimis”, que beneficiava principalmente lojas como Shein e Temu.

    Com o novo decreto assinado pelo presidente Donald Trump, essa brecha será fechada a partir de 2 de maio. Isso significa que produtos baratos também passarão a pagar imposto, o que aumenta o custo para as empresas e, consequentemente, para o consumidor final.

    Por que isso importa para o consumidor brasileiro?

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    Por que isso importa para o consumidor brasileiro?

    Embora a nova regra seja dos EUA, o impacto é global. Como Shein e Temu operam com centros de distribuição internacionais, os ajustes nos preços podem atingir também os consumidores no Brasil, especialmente se o modelo logístico for unificado ou os custos operacionais subirem em cadeia.

    Além disso, o Brasil também vem debatendo novas regras para compras internacionais de pequeno valor. Em 2023, entrou em vigor o programa Remessa Conforme, que exige o recolhimento antecipado de impostos para compras online no exterior.

    O que fazer agora?

    Como economizar nas compras internacionais?
    O que fazer agora?

    Para quem deseja aproveitar os preços atuais, a recomendação das empresas é clara: compre antes do dia 25 de abril. Depois disso, os valores podem subir de forma gradual.

    Também é importante que o consumidor fique atento às taxas de importação, ao prazo de entrega e à política de devolução dessas plataformas.

  • China suspende compras da Boeing em resposta a tarifas de Trump e amplia tensão comercial

    China suspende compras da Boeing em resposta a tarifas de Trump e amplia tensão comercial

    O governo da China determinou a suspensão de compras de aviões da Boeing por parte de suas companhias aéreas, além de bloquear a aquisição de equipamentos e peças de empresas dos Estados Unidos. A decisão é vista como retaliação direta às novas tarifas de importação impostas pelos EUA, que chegam a até 145% em certos produtos chineses.

    Segundo informações divulgadas pela agência Bloomberg, a medida atinge em cheio a fabricante norte-americana, considerada um dos pilares do complexo industrial militar dos Estados Unidos. A ação da Boeing caiu 1,45% na Bolsa de Valores após a notícia, refletindo o impacto imediato no mercado.

    Impacto no mercado global de aviação

    A decisão do governo chinês favorece concorrentes como a europeia Airbus e a estatal chinesa Comac. Fabricantes de menor porte também podem se beneficiar, como a Embraer, cujas ações (EMBR3) registraram alta de 3,06% na B3, cotadas a R$ 64,65.

    O mercado de aviação da China é o que mais cresce no mundo, e o congelamento da compra de 179 aeronaves da Boeing pelas três principais companhias aéreas do país – Air China, China Eastern Airlines e China Southern Airlines – representa um duro golpe no cronograma da fabricante até 2027.

    Crise se agrava para a Boeing

    A Boeing já enfrenta um momento turbulento com problemas na cadeia de suprimentos, maior pressão regulatória e quedas na reputação após falhas recorrentes de segurança em seus aviões. A suspensão chinesa agrava ainda mais a situação da empresa no cenário global.

    Trump reage e acusa China de “renegar acordos”

    O ex-presidente Donald Trump comentou o caso em sua rede social Truth Social, criticando duramente a atitude chinesa. “A China está renegando acordos comerciais e tratando de forma brutal os nossos agricultores e a Boeing. Não têm respeito algum pelo nosso país sob governos democratas”, escreveu Trump, reforçando seu discurso nacionalista para sua base eleitoral.

    China pode subsidiar empresas afetadas

    Ainda segundo a Bloomberg, o governo chinês estuda formas de subsidiar companhias aéreas locais que operam com jatos da Boeing e estão sofrendo aumento nos custos por causa das tarifas dos EUA, o que indica que a guerra comercial entre as potências deve se intensificar nos próximos meses.

    Além disso, a China está agora desenvolvendo ativamente sua própria aeronave de longo curso C-929. A aeronave de média distância C-919 é produzida desde 2015, operada por três companhias aéreas chinesas.

  • Tarifaço de Trump sobre a China pode abrir mercado para a soja brasileira

    Tarifaço de Trump sobre a China pode abrir mercado para a soja brasileira

    O anúncio do novo tarifaço pelo presidente norte-americano Donald Trump, com alíquotas que somam agora 145% sobre produtos chineses, movimenta o mercado internacional e acende alerta para oportunidade de expansão do agronegócio brasileiro. Nesse cenário, o Brasil desponta como alternativa estratégica para suprir a demanda crescente por alimentos, especialmente soja, no mercado americano, no entanto, para transformar essa oportunidade em resultados concretos, os pequenos e médio produtores rurais dependem de um Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026 que ofereça condições reais de competitividade.

    Com a taxa Selic em 14,25%, o crédito agrícola se tornou mais caro e desafiador, exigindo que o próximo Plano Safra traga taxas de juros atrativas e instrumentos de apoio eficazes. Sem isso, o país corre o risco de perder uma chance estratégica de ampliar sua presença internacional justamente quando o mercado global está em movimento.
    Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) e vice-presidente da Aprosoja Brasil, Lucas Costa Beber, o país pode aumentar o fornecimento de soja para a China. Hoje, ela representa 52% das exportações e com a guerra comercial em andamento, essa participação pode crescer ainda mais.

    “Nós temos que ter cautela ao falar, porque o presidente Trump está forçando essas tarifas altas justamente para ter uma negociação justa. Então, a qualquer momento pode haver uma negociação e tudo voltar ao normal. Agora, é claro, se continuar, o Brasil, pode ser o maior fornecedor de soja para a China, como já é, tem sido e tem potencial de aumento de produção, convertendo áreas de pecuária em lavoura. Basta ter viabilidade econômica”, aponta.

    Em anos anteriores, o Brasil também expandiu mercado devido à guerra tarifária. Agora, o movimento pode se repetir. Além da China, a Europa também entra no radar. “Se de fato não houver acordo com a Europa, haverá grande oportunidade para o Brasil, especialmente se ocorrer prorrogação, ou até extinção da Lei Antidesmatamento, porque senão a Europa vai viver uma inflação muito forte por lá, se não comprar alimentos do Brasil”, explica.

    Todavia, gargalos estruturais como a falta de armazenagem adequada, desafios logísticos e o custo elevado dos insumos, agravados pelo dólar alto, podem travar o avanço. O presidente da Aprosoja Mato Grosso destaca que a recente fala do Governo Federal sobre taxar exportações e reduzir tarifas de importação é preocupante.

    “Quando se fala em zerar a tarifa de importação, abre-se espaço para a entrada de produtos subsidiados de outros países, onde os produtores contam com seguros agrícolas robustos e políticas públicas estruturadas. Isso nos obriga a olhar com ainda mais atenção para o nosso Plano Safra, que precisa garantir condições mínimas de competitividade ao produtor brasileiro.” Nós precisamos que os nossos produtores tenham um seguro agrícola que de fato garanta a renda caso haja frustração de safra, e nós precisamos de condições e viabilidade para produzir. Ao taxar a exportação e baixar a tarifa para importação, ele estará ajudando o mercado internacional e desestimulando a produção aqui. E, lá na frente, quando tiver menos produção, nós vamos ter que importar de fora a preço de dólar também, porque é o que o mercado internacional dita”, enfatiza Lucas Costa Beber.

    Enquanto o cenário internacional se desenha, internamente o setor agropecuário ainda sente os reflexos da suspensão das linhas de crédito rural do Plano Safra 2024/2025, anunciado como “o maior da história”, mas interrompidas para novos financiamentos já em fevereiro. Agora, as atenções se voltam ao Governo Federal, que prepara o lançamento do novo Plano Safra 2025/2026, previsto para o final de junho.

    “Com os juros nesse patamar, está muito difícil para o produtor rural — há um claro desestímulo à produção. Estamos enfrentando custos elevados, e muitos produtores já sinalizam que devem reduzir o uso de fertilizantes nesta safra. Isso pode impactar diretamente na produtividade e até refletir na inflação dos alimentos, já que os insumos continuam caros. Por isso, defendemos taxas de juros mais justas e a implementação de um seguro rural que cubra, no mínimo, o risco econômico da atividade. Hoje, esse seguro não cobre todos os custos enfrentados pelos produtores, ao contrário do que acontece com os agricultores europeus e norte-americanos. Isso nos coloca em desvantagem comercial”, ressalta.

    Em meados de março, a entidade enviou contribuições ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elaboração do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2025/2026 e entre as prioridades, elencou a necessidade de ampliação de recursos para armazenagem e equipamentos de combate a incêndios aos produtores rurais.

    “Um dos pedidos da Aprosoja Brasil e da Aprosoja Mato Grosso, é que haja linha de crédito para equipamentos de combate ao fogo dentro das propriedades e também, que os produtores tenham – quem tem plano de combate a incêndios dentro das propriedades e quem faz o plantio direto que sequestra carbono – linhas de crédito com juros diferenciados para estimular cada vez mais os produtores. E, dar o recado lá fora para mostrar que os nossos produtores estão comprometidos com a sustentabilidade, e cabe ao Governo Federal enaltecer esse trabalho que os produtores brasileiros têm feito”, finaliza Lucas Costa Beber.

    Diante do cenário, o tarifaço de Trump pode representar uma oportunidade estratégica para o Brasil, tanto no mercado chinês quanto europeu. A Aprosoja Mato Grosso e a Aprosoja Brasil seguem acompanhando as movimentações, para que os produtores tenham mais segurança e oportunidades na Safra 25/26.

  • Brasil tem reservas para enfrentar decisões de Trump, diz Lula

    Brasil tem reservas para enfrentar decisões de Trump, diz Lula

    O Brasil tem reservas internacionais suficientes para enfrentar as decisões do governo Donald Trump, disse nesta segunda-feira (7) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante anúncio de investimentos do setor de logística em Cajamar (SP), Lula reiterou que a economia voltará a crescer mais que o previsto em 2025.

    “Nós pagamos a dívida externa brasileira. Nós, pela primeira vez, fizemos uma reserva [internacional] de US$ 370 bilhões, o que segura este país contra qualquer crise. Mesmo o presidente Trump falando o que ele quer falar, o Brasil está seguro porque temos um colchão de US$ 350 bilhões, que dá ao Brasil e ao ministro da [Fazenda] Fernando Haddad uma certa tranquilidade”, disse Lula, em evento promovido pela empresa de comércio eletrônico Mercado Livre.

    Segundo os dados mais recentes do Banco Central (BC), as reservas internacionais estavam em US$ 338,6 bilhões na última sexta-feira (7). No entanto, se contar os cerca de US$ 17 bilhões leiloados pelo BC desde o ano passado com compromisso de serem recomprados ao longo deste ano, o total sobe para US$ 355,6 bilhões.

    Crescimento da economia

    Durante o evento, o Mercado Livre anunciou investimentos de R$ 34 bilhões no Brasil apenas neste ano. Para o presidente, as apostas da empresa no país são justificadas porque a economia brasileira continuará a crescer acima do previsto neste ano, por causa de medidas recentes do governo para estimular o crédito e o consumo.

    “Agora, as pessoas dizem: ‘A economia vai desacelerar, ela vai crescer menos’. E eu quero dizer para vocês, na frente dos trabalhadores do Mercado Livre, que a economia brasileira vai surpreender. Porque essa gente que fica discutindo o chamado mercado, essa gente que fica discutindo a economia não conhece o microcrédito funcionando, e o dinheiro chegando na mão de milhares e milhões de pessoas”, declarou Lula.

    Segundo o presidente, a melhoria na economia já vem sendo percebida nos últimos anos, ao citar, como exemplo, que categorias profissionais tiveram reajuste salarial acima da inflação. “O salário mínimo já aumentou acima da inflação por dois anos consecutivos. O emprego voltou a crescer todo o ano. E o crédito está acontecendo com muita força nesse país, muita força”, destacou.

    Desde que Donald Trump anunciou a aplicação de tarifas a produtos de outros países, chamado tarifaço, bolsas de valores de diversos país tiveram quedas. Para o presidente, o crescimento no Brasil não vai depender de outros países.

    “Não depende de ninguém, não depende dos Estados Unidos, não depende da China, não depende da África, só depende de nós brasileiros”, disse.

    “É isso que nós queremos: não queremos nada demais. Nós só queremos ser tratados com respeito, com dignidade, porque nós temos esse direito porque quem produz a riqueza desse país são vocês”, afirmou

    Mercado Livre

    Ao visitar o Centro de Logística do Mercado Livre, Lula abraçou funcionários da empresa e até colocou um pacote na esteira para ser encaminhado para entrega.

    Ele esteve acompanhado de Fernando Yunes, vice-presidente sênior do Mercado Livre no Brasil, que explicou como será utilizado o aporte de R$ 34 bilhões neste ano. “É um aporte para conseguirmos avançar na nossa logística. Esse valor vai ser aportado tanto no Mercado Livre quanto no Mercado Pago e no marketing”, disse Yunes durante o evento.

    Yunes também anunciou que a empresa vai contratar neste ano mais 14 mil pessoas, somando 50 mil funcionários no Brasil até o final deste ano.

    Estavam na comitiva os ministros da Fazenda, Fernando Haddad; do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho; e do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte do Brasil, Márcio França, além do prefeito de Cajamar, Kauãn Berto.

    Fundado em 1999, o Mercado Livre é a companhia líder em e-commerce e serviços financeiros na América Latina, com operações em 18 países e mais de 84 mil funcionários diretos. A operação no Brasil representa 54% do total do negócio da empresa.

  • ‘Tarifaço’ de Trump gera preocupações no setor hortifruti

    ‘Tarifaço’ de Trump gera preocupações no setor hortifruti

    Incertezas sobre a efetividade das tarifas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, preocupam agentes do setor hortifrutícola brasileiro.

    Segundo pesquisadores da equipe Hortifrúti/Cepea, o fato de as frutas ficarem “mais caras” para entrar nos Estados Unidos pode comprometer o pequeno comércio que hoje o Brasil tem com os norte-americanos – principalmente de uva e manga.

    Outra preocupação está atrelada à necessidade de uma reorganização dos envios dos principais concorrentes do País – o México, por exemplo, pode direcionar grande parte das vendas que seriam aos Estados Unidos para a União Europeia.

    Com isso, pesquisadores do Hortifrúti/Cepea explicam que haveria uma pressão maior de frutas no bloco europeu, elevando a concorrência entre os fornecedores de frutas. Assim, pesquisadores do Hortifrúti/Cepea sugerem avaliar se os concorrentes do Brasil que são importantes fornecedores de frutas nos Estados Unidos estão sendo taxados com maiores porcentagens.

    Chile e Peru, por exemplo, também foram tarifados com 10%, e África do Sul, com 30%. Se houver taxas de importação já acordadas antes do tarifaço de 2 de abril, vão se somar à essa nova tarifa.

    Apesar de não mencionar o México na lista divulgada no dia 2 de abril, grande fornecedor de frutas paras os Estados Unidos, tudo indica que prevalece o anuncio anterior dos 25%, mas faltam informações de como funcionará especificamente para as frutas.

    De acordo com dados do Comex Stat, do total de manga exportado pelo Brasil em 2024, de 258 mil toneladas, 14% tiveram como destino os EUA; do montante de uva, de 59 mil toneladas, foram 23%.

    Das exportações brasileiras totais de frutas de mesa, apenas 6% ou 63 mil toneladas foram enviadas aos norte-americanos.

  • Governador de Mato Grosso critica tarifa de Trump e defende reciprocidade comercial

    Governador de Mato Grosso critica tarifa de Trump e defende reciprocidade comercial

    O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, expressou preocupação com a decisão dos Estados Unidos de impor tarifas sobre produtos importados do Brasil. Ele alertou para o potencial impacto negativo na economia global, incluindo a possibilidade de aumento da inflação.

    Mendes elogiou a resposta do Congresso Nacional, que aprovou um projeto de lei estabelecendo reciprocidade comercial e ambiental com outros países. Ele acredita que essa medida é importante para proteger as exportações brasileiras.

    Apesar da preocupação, o governador enfatizou que sua administração em Mato Grosso está comprometida em evitar o aumento de impostos, buscando minimizar os efeitos da política americana na economia local.

  • Tarifaço pode acelerar acordo Mercosul-UE, diz presidente da Apex

    Tarifaço pode acelerar acordo Mercosul-UE, diz presidente da Apex

    O tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, poderá acelerar o processo de acordo entre o Mercosul e a União Europeia (EU). A avaliação é do presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana.

    “Eu acho que o Brasil não tem que focar em qual vantagem a gente vai tirar nisso. Até porque o presidente Lula é do multilateralismo, propõe acordos. Mas é óbvio que, qualquer analista vai ver, se os Estados Unidos conseguirem implementar essas medidas, pode ter como consequência, por exemplo, acelerar o processo do acordo Mercosul-União Europeia”, disse, em entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira (3).

    “Já ouvimos e vimos manifestações de líderes europeus que dizem que vão acelerar o processo de validação do acordo Mercosul-União Europeia”, acrescentou.

    De acordo com Viana, as novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos abrirão novas possibilidades comerciais para o Brasil e demais países. “Mas acho que, antes das possibilidades, vão vir as dificuldades. E é um risco grande. É algo que pode construir uma nova era. Tem alguns analistas que já falam que pode ser que os Estados Unidos podem estar abrindo agora a era da China”, acrescentou.

    Em média, as tarifas aplicadas por Trump foram de 10% para países da América Latina, de 20% para Europa e de 30% para Ásia, mostrando que o governo americano vê como maior ameaça os países orientais.

    Apesar da taxa menor aplicada ao Brasil, de 10%, o presidente da Apex disse não ver “vantagem” para o país e afirmou acreditar que o tarifaço não será benéfico para o comércio global.

    “Eu não consigo enxergar vantagem nenhuma quando o mundo pode piorar a sua relação comercial. Foram os Estados Unidos que introduziram no mundo, há décadas, a ideia do livre mercado, dos conglomerados, dos acordos comerciais, foram eles que fizeram, dizendo que isso era melhor para o mundo. E, de fato, para o mundo ficar mais pacífico, você tem que ter um mundo mais transacional entre os países”, afirmou.

    Ele ressalvou, no entanto, que o Brasil poderá passar a receber mais investimentos, mas que a nova conjuntura será “ruim para todos”.

    “Acho que, na incerteza, o Brasil pode ter mais investimento do que tem, mas eu não estou querendo trabalhar a tese do tirar proveito ou tirar benefício, porque um mundo inseguro, um mundo em conflito, é ruim para todo mundo, inclusive o Brasil. A tese minha é essa, vai ser ruim para todos, independente de você ganhar mais aqui ou perder ali”.

  • Câmara aprova Lei da Reciprocidade Comercial e texto vai à sanção

    Câmara aprova Lei da Reciprocidade Comercial e texto vai à sanção

    A Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (2), o Projeto de Lei 2.088/2023, que cria a Lei da Reciprocidade Comercial, autorizando o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras aos produtos do Brasil no mercado global. Agora, o texto segue para sanção presidencial.

    O texto do PL já havia sido aprovado nesta terça-feira (1) na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e no plenário do Senado, por unanimidade.

    O tema se tornou prioridade no Congresso após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar “tarifas recíprocas” contra parceiros comerciais. O anúncio do novo tarifaço, realizado mais cedo pelo líder norte-americano, incluiu uma nova sobretaxa de 10% sobre produtos brasileiros.

    Durante toda a tarde, enquanto a matéria estava sendo debatida, o PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, apresentou requerimentos de obstrução das votações para pressionar pelo Projeto de Lei da Anistia.

    Porém, um acordo entre todas as bancadas, do governo à oposição, resultou na retirada de todos os destaques para atrasar a matéria, que acabou sendo aprovada por unanimidade, em votação simbólica. Em troca, a ordem do dia da Câmara foi suspensa, e projetos que estavam na pauta de votação do plenário serão analisados nas próximas sessões.

    “Nas horas mais importantes não existe um Brasil de esquerda ou um Brasil de direita. Existe apenas o povo brasileiro. E nós, representantes do povo, temos de ter a capacidade de defender o povo acima de nossas diferenças”, declarou o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que presidiu toda a votação.

    Reciprocidade

    O Artigo 1º do Projeto de Lei da Reciprocidade comercial estabelece critérios para respostas a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”.

    A lei valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”.

    No Artigo 3º, fica autorizado o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisão.

    O prazo para que seja sancionada pelo presidente da República e entre definitivamente em vigor são 15 dias úteis após a aprovação.

  • Brasil pode ganhar mercados com tarifaço de Trump, diz economista

    Brasil pode ganhar mercados com tarifaço de Trump, diz economista

    A sobretaxação dos Estados de Unidos de 10% sobre os produtos brasileiros pode representar uma oportunidade de ganhos de mercado para o Brasil se o país souber negociar com outros parceiros comerciais. A avaliação é do economista e professor da Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Adalmir Marquetti.

    Em entrevista ao jornal Repórter Brasil, da TV Brasil, ele defendeu a urgência da aprovação do acordo entre o Mercosul e a União Europeia (UE).

    “O processo de negociação é um ponto importante a ser levado. Tem que tentar uma retaliação em alguns produtos, mas também tem que haver uma negociação com outros países. Acho a viagem do presidente Lula para o Japão e para o Vietnã importante no sentido de buscar novos parceiros comerciais, de intensificar nossas relações com esses países que estão crescendo, estão se tornando importantes na economia mundial”, disse o professor.

    Para Marquetti, o acordo Mercosul–UE tem importância estratégica para amenizar o impacto da decisão do governo de Donald Trump. Segundo ele, o acordo não beneficiará apenas a balança comercial (exportação e importação de bens), mas também a balança de serviços, em que o Brasil importa muito mais do que exporta e consome cerca de 40% do superávit comercial.

    “Certamente, [a sobretaxação de Trump] abre um espaço de negociação e de busca de novos parceiros comerciais. Inclusive o acordo do Mercosul com a União Europeia, esse é o momento de implementar. Esse acordo, de buscar as novas parcerias do Brasil que envolvam tanto a balança de bens e de serviços. Temos uma balança comercial bastante positiva, mas a nossa balança de serviços, no caso brasileiro, é negativa”, disse o professor.

    Marquetti lembrou que a decisão dos Estados Unidos abrange apenas as importações de bens, não de serviços. Isso porque o país é um dos maiores exportadores de serviços do planeta, principalmente de serviços tecnológicos e audiovisuais.

    O professor disse ainda que o Brasil, como a sétima ou a oitava maior economia do planeta (dependendo da medição), tem espaço para ocupar o mercado mundial à medida que outros países retaliarem os Estados Unidos.

    Ele, no entanto, recomenda que o processo não ocorra apenas com produtos agrícolas e minerais, mas abranja produtos de maior valor agregado.

    “O Brasil tem um espaço para ocupar o mercado mundial, inclusive o espaço que os outros países, ao responderem aos Estados Unidos, deixarem de comprar. No caso da China, os chineses já estão comprando mais produtos agrícolas brasileiros. E aqui tem um ponto importante: como a gente pode aproveitar essa crise mundial, com origem nas tarifas nos Estados Unidos, para melhorar a nossa pauta de exportação? Para a gente, exportar também mais produtos industriais e com maior valor adicionado na economia nacional”, concluiu.

    >> Assista na TV Brasil

    Reciprocidade comercial

    Após o anúncio de Trump, a Câmara dos Deputados aprovou, na noite desta quarta-feira (2), o Projeto de Lei 2.088/2023, que cria a Lei da Reciprocidade Comercial, autorizando o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras aos produtos do Brasil no mercado global. Agora, o texto segue para sanção presidencial.

    O governo brasileiro não descarta a possibilidade de recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra o tarifaço, informaram os ministérios das Relações Exteriores (Itamaraty) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No entanto, a prioridade neste momento é negociar a reversão das medidas anunciadas pelo presidente dos Estados Unidos.

    * Com informações da TV Brasil