Tag: Trigo

  • Trigo registra maiores preços do ano com oferta restrita, mas liquidez segue baixa

    Trigo registra maiores preços do ano com oferta restrita, mas liquidez segue baixa

    O mercado interno de trigo apresentou alta nos preços durante o mês de abril, impulsionado principalmente pela oferta restrita típica do período de entressafra. Conforme levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), as médias mensais registradas nos estados acompanhados foram as mais altas de 2025 até o momento, mesmo com a baixa liquidez das negociações.

    No Rio Grande do Sul, o valor médio foi de R$ 1.469,93 por tonelada, o maior desde setembro de 2024, considerando os dados deflacionados pelo IGP-DI. Em Santa Catarina, a média chegou a R$ 1.478,46/t, a mais elevada desde novembro passado. Já no Paraná, o preço médio foi de R$ 1.564,46/t, o mais alto desde outubro. Em São Paulo, o trigo foi negociado a R$ 1.669,45/t, maior patamar desde setembro de 2024.

    Apesar das cotações firmes, o Cepea destaca que o mês foi marcado por poucas negociações. Isso se deve ao foco dos produtores nas atividades de campo, aproveitando a janela ideal para semeadura, e à postura cautelosa dos compradores, que se mantiveram relativamente afastados do mercado, alegando estoques ainda confortáveis.

    A expectativa para os próximos meses depende do avanço da safra e do comportamento da demanda, tanto no mercado interno quanto externo.

  • Clima pode favorecer rendimentos no trigo

    Clima pode favorecer rendimentos no trigo

    A safra de trigo está começando na Região Sul do Brasil, onde está concentrada mais de 80% da produção nacional. A expectativa é de redução da área, mas com previsão de neutralidade climática, condição favorável aos cultivos de inverno que poderá resultar em rendimentos acima dos 50 sacos de trigo por hectare.

    A estimativa nos levantamentos iniciais é de redução de área nos dois principais estados produtores de trigo no Brasil. No Paraná, a área coberta com trigo em 2025 será 20% menor em relação à safra passada, contabilizando 912 mil hectares. É a menor área de trigo no estado desde 2012. Segundo o Deral/PR os motivos para a queda gradual estão nas frustrações com o clima, o preço do seguro agrícola e a melhor rentabilidade do milho segunda safra, que divide espaço com o trigo, especialmente nas regiões Oeste e Norte do Paraná. Contudo, a produtividade esperada pode ser 36% maior, próxima a 50 sacos por hectare (sc/ha), uma vez que o trigo sofreu com a seca que comprometeu o rendimento das lavouras em 2024.

    No Rio Grande do Sul, a estimativa da CONAB indica redução de 10,9% na área de trigo, chegando aos 1,2 milhão de hectares. A previsão é de produtividade 8% maior, passando dos 50 sc/ha. A aposta na melhora da produtividade das lavouras está na previsão de neutralidade no clima que começa a se desenhar, o que pode favorecer o manejo das lavouras da implantação à colheita.

    De acordo com o agrometeorologista Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, o fenômeno El Niño, responsável pelos prejuízos na safra de inverno 2023, não deverá estar presente em 2025, afastando o risco de excesso de chuva, especialmente na primavera. “A previsão é de que La Niña encerre o seu ciclo ainda no outono/inverno, e que a primavera seja marcada por uma condição neutra do fenômeno El Niño Oscilação Sul. Ainda que o cenário não seja o mais favorável, como em períodos de La Niña, também não é o mais adverso, como nos anos de El Niño. Um ano neutro, apesar de trazer incertezas, não costuma trazer problemas fitossanitários e de qualidade tecnológica para o trigo”, explica Cunha.

    Geadas

    Nesta safra, a ocorrência de geadas deverá seguir o padrão climático regional, com os primeiros registros ainda durante o outono nas regiões de maior altitude, com as geadas se intensificando ao longo do inverno até reduzir a frequência na primavera.

    “As geadas, em alguns aspectos, são vistas como aliadas para as culturas de inverno, pois atuam no controle de plantas daninhas remanescentes do verão e reduzem o metabolismo e o ciclo de surgimento de pragas. Todavia, quando as geadas ocorrem no espigamento do trigo, os danos podem ser irreversíveis”, avalia Cunha.

    O potencial de dano varia conforme a época de semeadura do trigo, com maior impacto quando coincide a geada com o momento do espigamento do trigo. A formação de geada pode causar danos no final de julho no trigo do norte do PR, no mês de agosto nas lavouras da região Noroeste do RS, ou a partir de meados de setembro no Planalto do RS.

    As estratégias para reduzir perdas com as geadas são o escalonamento do plantio, o uso de cultivares de diferentes ciclos de maturação e seguir o zoneamento agrícola que orienta a melhor época de implantação das lavouras nas diferentes regiões do sul do País.

    Acerto nas previsões

    A média de acerto das previsões meteorológicas atualmente está acima de 90% nas previsões de curto prazo – até cinco dias. As informações sobre chuva e temperatura são importantes para a tomada de decisão no campo, determinando o melhor momento para a aplicação de fertilizantes em cobertura ou dos produtos de proteção de plantas.

    “Não basta abrir a janela para ver o tempo, é preciso buscar informação nos institutos que trabalham com meteorologia, como o INMET e o CPTEC INPE no Brasil, e tomar as decisões embasadas em orientações da assistência técnica. As previsões de tempo e clima são aliadas que estão a serviço dos agricultores”, finaliza Gilberto Cunha.

  • Semeadura de trigo avança de forma lenta no Paraná em meio a incertezas

    Semeadura de trigo avança de forma lenta no Paraná em meio a incertezas

    A semeadura do trigo da nova temporada avança de maneira lenta no norte do Paraná. Segundo pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), mesmo com preços considerados atrativos para os produtores, ainda persistem incertezas quanto à área total que será cultivada no Brasil. A instabilidade climática, especialmente no Sul do País, tem levado muitos agricultores a priorizarem outras culturas em detrimento do trigo.

    Por enquanto, as estimativas oficiais indicam uma redução de 22% na área plantada em comparação ao ciclo anterior, totalizando 886,7 mil hectares, conforme dados do Departamento de Economia Rural (Deral). Apesar da retração na área, a produção paranaense de trigo deve crescer 24%, alcançando 2,85 milhões de toneladas, impulsionada por um expressivo aumento de produtividade.

    As projeções do Deral apontam que a produtividade média pode atingir 3,2 toneladas por hectare, um avanço de 56% em relação à safra anterior. Esse ganho de eficiência é visto como fundamental para compensar a menor área semeada e sustentar a oferta do cereal no mercado interno.

  • Feriados reduzem liquidez; cotações do trigo seguem firmes

    Feriados reduzem liquidez; cotações do trigo seguem firmes

    Os recentes feriados reduziram o ritmo de negócios envolvendo trigo e derivados no mercado nacional, apontam levantamentos do Cepea. Segundo o Centro de Pesquisas, enquanto compradores sinalizam estar abastecidos, vendedores fazem caixa com produtos da safra de verão.

    Agentes indicam não ter necessidade urgente de liberar estoques. Assim, vendedores que ainda detêm lotes estão à espera de novas valorizações nas próximas semanas e/ou meses. Pesquisadores do Cepea explicam que a oferta restrita neste momento de entressafra segue sustentando as cotações no Brasil.

    Na parcial de abril (até o dia 17), o valor médio do trigo no mercado disponível do Paraná está 2,5% acima do registrado em março/25; no Rio Grande do Sul, o aumento mensal é de 4,9%; em São Paulo, de 2,8%; e, em Santa Catarina, de 3,3%, conforme levantamentos do Cepea.

  • Estudo mostra como o Brasil pode reduzir em até 38% a pegada de carbono na produção de trigo

    Estudo mostra como o Brasil pode reduzir em até 38% a pegada de carbono na produção de trigo

    Um estudo pioneiro realizado pela Embrapa revelou que o trigo produzido no Brasil tem uma pegada de carbono menor que a média mundial e indicou caminhos concretos para reduzir ainda mais as emissões de gases de efeito estufa. A análise, feita em lavouras e indústria moageira do Sudeste do Paraná, apontou que a adoção de práticas sustentáveis e tecnologias já disponíveis pode diminuir em até 38% o impacto ambiental da produção de trigo no País.

    Publicada no periódico científico Journal of Cleaner Production, a pesquisa é a primeira na América do Sul a estimar a pegada de carbono do trigo desde o cultivo até a produção de farinha. Também foi o primeiro estudo do tipo nessa cultura em ambiente subtropical. O índice médio brasileiro ficou em 0,50 kg de dióxido de carbono equivalente (CO₂eq) por quilo de trigo produzido — abaixo da média global, estimada em 0,59 kg.

    Para chegar a esse resultado, os pesquisadores avaliaram 61 propriedades rurais na safra 2023/2024, além de acompanhar todo o processo industrial em uma moageira paranaense. O levantamento detalhou desde o uso de fertilizantes e defensivos agrícolas até o transporte dos grãos, secagem, moagem e transformação dos grãos em farinha.

    O que é pegada de carbono?

    É o total de emissões de gases de efeito estufa causadas por um indivíduo, evento, organização, serviço, local ou produto, expresso em dióxido de carbono equivalente (CO2eq).

    Fertilizantes nitrogenados são principais emissores de CO2

    A pesquisa apontou os fertilizantes como o principal fator de pegada de carbono na triticultura. O maior impacto está na emissão de óxido nitroso (N₂O) gerado durante a aplicação de ureia, fertilizante capaz de emitir 40% dos gases de efeito estufa envolvidos na produção de trigo. A ureia é o principal fertilizante utilizado no trigo devido ao menor custo por unidade de nutriente dentre os adubos nitrogenados disponíveis no mercado. Segundo a pesquisa, a substituição desse fertilizante pelo nitrato de amônio com calcário (CAN) pode reduzir a emissão de carbono em 4%, minimizando significativamente os impactos ambientais.

    A acidificação do solo, uma das categorias com maior impacto ambiental, também pode ser mitigada pela substituição da ureia pelo CAN. “Quando a ureia não é totalmente absorvida pelas plantas ou é lixiviada como nitrato, ocorrem reações que liberam íons de hidrônio, aumentando a acidez do solo. Em contrapartida, fertilizantes à base de CAN ajudam a neutralizar esse efeito devido ao seu conteúdo de cálcio”, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP) Marília Folegatti. Segundo ela, outras tecnologias também devem ser consideradas para reduzir a dependência de fertilizantes sintéticos e minimizar impactos ambientais, como biofertilizantes, biopesticidas, fertilizantes de liberação lenta e nanofertilizantes. Ela lembra que a pesquisa avança na produção de ureia verde e nitrato de amônio a partir de fontes de energia renováveis.

    A pesquisadora da Embrapa Agroindústria Tropical (CE) Maria Cléa Brito de Figueiredo lembra que o uso de fertilizantes nitrogenados é também o maior emissor de gases de efeito estufa em outras culturas com pegada de carbono e hídrica analisadas pela Embrapa, como as fruteiras tropicais, em especial, manga, melão e coco verde. “Além disso, a produção de fertilizantes sintéticos gera metais pesados que contribuem para a contaminação do solo, podendo afetar a qualidade dos alimentos, a saúde humana e os ecossistemas,” alerta a cientista.

    A pesquisa também aponta que a adoção de cultivares de trigo mais produtivas pode reduzir os impactos ambientais no campo, já que ação promove maior rendimento com menos recursos, como terra e água. O estudo ressalta ainda a importância de considerar outros fatores ambientais, como biodiversidade e saúde do solo. Futuros estudos que integrem esses aspectos poderão oferecer uma visão mais abrangente sobre a sustentabilidade da produção de trigo em regiões tropicais e subtropicais.

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    Foto: João Leonardo Pires

    Sustentabilidade e perspectivas para a produção de trigo

    No contexto mundial, os dados existentes indicam que a pegada de carbono na produção de trigo varia de 0,35 a 0,62 kg de CO₂ por kg de grãos, dependendo das condições climáticas e das práticas agrícolas de cada região tritícola. A média global está estimada em 0,59 kg de CO₂ para cada kg de grãos de trigo produzidos.

    O Brasil apresenta uma posição favorável nesse contexto. Na média final, a pegada de carbono foi definida em 0,50 kg CO2 para cada kg de trigo produzido no Brasil, número inferior às registradas na China (0,55), na Itália (0,58) e na Índia (0,62). “Ainda podemos evoluir. O estudo indica que, com um conjunto de ajustes, nossos números podem nos aproximar de referências como Austrália e Alemanha, que possuem indicadores próximos a 0,35″, avalia Álvaro Dossa, analista da Embrapa Trigo (RS). De acordo com o artigo, nos cenários estudados, utilizando tecnologias já disponíveis, a pegada de carbono do trigo brasileiro pode ser reduzida em 38%.

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    Gráfico comparativo da pegada de carbono para produção de trigo: 1 kg CO2-eq para cada 1 kg de trigo produzido.
    Fonte: Embrapa Trigo 2025, com base na revisão de literatura.

    Em escala mundial, existem registros de pegada de carbono divididos por continentes, com média estimada para a África (0,24), Ásia (0,68), Europa (0,33), América do Norte (0,42) e Oceania (0,29 mas com produção de trigo incipiente). O estudo apresentado pela Embrapa é o primeiro indicador para estimar a pegada de carbono na América do Sul.

    Além da pegada de carbono, foram analisados os impactos do trigo e da farinha de trigo no uso da água, acidificação terrestre, eutrofização (marinha e em água doce) e toxicidade (humana e ecotoxicidade). “A produção de trigo no Brasil apresenta impactos superiores em categorias como acidificação do solo e toxicidade ecotóxica terrestre, devido às emissões de fertilizantes e pesticidas. No entanto, os resultados do estudo sugerem que, com o uso de cultivares mais eficientes e práticas sustentáveis, a produção brasileira pode se consolidar entre as mais sustentáveis do mundo”, avalia Marília Folegatti.

    Em outras categorias ambientais, a produção brasileira apresenta vantagens em relação a outros países. O cultivo de trigo de sequeiro minimiza significativamente o consumo de água durante o crescimento do grão, reduzindo o impacto sobre os corpos hídricos. Contudo, a síntese de fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) ainda exerce influência no consumo de água. “A crescente demanda por alimentos e fertilizantes está levando indústrias a investirem em soluções de tratamento e reuso de água, aliviando a pressão sobre os recursos hídricos”, explica Folegatti.

    Para a pesquisadora da Embrapa Trigo (RS) Vanderlise Giongo, estudos sobre o impacto ambiental da produção de trigo são cada vez mais necessários num cenário de aquecimento global. “Precisamos identificar, avaliar e propor modelos de produção de trigo visando à redução de impactos ambientais, geração de renda e o estabelecimento de diretrizes para o cultivo de trigo de baixo carbono”, defende Vanderlise.

    Indicadores para a produção de farinha de trigo

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    Foto: Diogo Zanatta

    A parceria com a Moageira Irati permitiu aos pesquisadores fazer um recorte no estudo para avaliar a pegada de carbono na farinha de trigo produzida no Brasil. Foram avaliadas todas as etapas envolvidas no processo de produção da farinha, desde a lavoura (cultivo e manejo), passando pela logística de transporte e chegada na indústria (limpeza, secagem e armazenamento), até o processo de transformação dos grãos em farinha (umidificação e moagem).

    A pegada de carbono na produção brasileira de farinha de trigo variou de 0,67 (a partir de grãos originados em grandes propriedades) a 0,80 (origem em pequenas propriedades). Número inferior as médias registradas na Espanha (0,89) e na Itália (0,95), por exemplo.

    Um dos fatores competitivos do Brasil em relação aos países de clima temperado, está a maior incidência de luz solar, o que permite o aproveitamento de energia fotovoltaica, recurso natural renovável que pode ser utilizado em várias etapas na indústria.

    De acordo com o empresário Marcelo Vosnika, diretor da Moageira Irati, a produção de alimentos com menor impacto ambiental é uma demanda ainda latente no consumidor, mas cada vez mais valorizada pelo mercado. “Estamos trabalhando para mostrar ao mundo como nosso modelo de produção de trigo está associado à uma agricultura resiliente e de baixo carbono. Para provar que a nossa farinha vem de uma produção sustentável, precisamos validar cientificamente os resultados deste projeto. Acredito que a iniciativa vai gerar boas oportunidades de negócios para todos os envolvidos na cadeia do trigo brasileiro”, afirma o diretor da Moageira Irati, Marcelo Vosnika.

    A expectativa dos pesquisadores da Embrapa envolvidos no projeto é de que os resultados do ciclo de vida do trigo sejam utilizados para avaliar outros produtos a exemplo da farinha, como na cadeia de carnes e de energia. “A primeira etapa, que é a avaliação da pegada de carbono do trigo no campo, já está pronta e pode servir de base para diversas outras cadeias que utilizam o trigo no processo industrial”, avalia Vanderlise Giongo, destacando que o objetivo da pesquisa é promover alternativas para uma agricultura ambientalmente mais sustentável: “Esperamos que os resultados desse projeto possam orientar modelos de produção sustentável, desencadeando uma nova era para o trigo brasileiro”.

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    Foto: Luiz Magnante

    Como foi feita a pesquisa

    A pesquisa é um dos resultados do projeto “Indicadores e tecnologias ESG (environment, social and governance) na moagem de trigo paranaense”, iniciado em 2023, por meio da parceria da Embrapa Trigo (RS) com a Moageira Irati. O estudo acompanhou 61 produtores rurais no Sudeste do Paraná, durante a safra de trigo 2023/2024, quando foram avaliados diversos indicadores de sustentabilidade, verificando o impacto da emissão de carbono antes da porteira (fertilizantes, defensivos, sementes), durante o processo de produção (semeadura, tratos culturais, colheita e transporte) e na indústria (secagem, energia, resíduos). “Coletamos todas as informações sobre entradas e saídas de insumos e dos processos do sistema de produção para avaliar o ciclo de vida do trigo até a elaboração do produto final”, conta o analista da Embrapa Álvaro Dossa.

    As propriedades participantes do projeto trabalham com trigo de sequeiro em sistema de rotação de culturas e plantio direto na palha há, aproximadamente, 30 anos. O estudo considerou fatores como o tamanho das propriedades, o tipo de fertilizantes utilizados e as cultivares, entre outros, relacionando com os potenciais impactos ambientais.

    Com base nos dados, foi possível identificar dois tipos de produtores de trigo, em que o tamanho das propriedades era o principal fator de diferenciação. Assim, a pegada de carbono (quilo de CO2 para cada quilo de trigo produzido) chegou a 0,58 nas pequenas propriedades e a 0,47 nas grandes propriedades. “A segmentação permitiu melhor representar a realidade da produção de trigo e farinha da região do estudo, pois não seria correto o pequeno produtor, que representa a maioria, ser agrupado com produtores grandes, empresariais, já que isso pode alterar os resultados e possíveis recomendações futuras”, explica Dossa.

    A metodologia utilizada na pesquisa do trigo brasileiro foi a Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que permite verificar os impactos ambientais associados a todos os estágios do ciclo de vida de um produto. A ACV segue uma padronização internacional (ISO 14040 e ISO 14044) e considera também indicadores de pegada hídrica e potencial de aquecimento global.

  • Baixa oferta de trigo sustenta cotações em alta

    Baixa oferta de trigo sustenta cotações em alta

    Os preços do trigo continuam em alta, impulsionados, segundo pesquisadores do Cepea, pela baixa oferta doméstica do cereal neste período de entressafra.

    A reduzida disponibilidade interna, e o consequente maior preço no Brasil, também tem elevado as importações de trigo.

    Dados da Secex analisados pelo Cepea mostram que, em março/25, foram adquiridas 651,79 mil toneladas do cereal, volume 12% acima do de fevereiro/25 e 27,6% superior ao de março/24. O preço médio de importação foi de US$ 234,07/tonelada em março, o que, em moeda nacional, seria de R$ 1.344,25/t, ou seja, mais competitivo que o valor praticado no mercado doméstico.

    Na parcial de 2025 (de janeiro a março), foram importadas 1,951 milhão de toneladas, 18% a mais que no primeiro trimestre de 2024, ainda segundo dados da Secex.

    Quanto aos embarques, foram 280,06 mil toneladas em março/25, a menor quantidade deste ano. O total escoado nos primeiros três meses foi de 1,46 milhão de toneladas, 28% abaixo de igual intervalo do ano passado.

  • Preços do trigo atingem maiores níveis nominais desde agosto/24

    Preços do trigo atingem maiores níveis nominais desde agosto/24

    Levantamentos do Cepea mostram que os preços do trigo estão em alta desde o começo deste ano. No Paraná e no Rio Grande do Sul, as atuais médias mensais são as maiores, em termos nominais, desde agosto/24.

    Segundo explicam pesquisadores do Cepea, geralmente os valores do cereal avançam e/ou se sustentam ao longo do primeiro semestre, atingindo patamares elevados no meio do ano e voltando a ser pressionados no segundo semestre.

    Enquanto nos primeiros seis meses as cotações são influenciadas pela redução dos estoques internos, na segunda metade do ano, a chegada da nova safra eleva a disponibilidade e gera pressão sobre os valores.

    Assim, as importações tendem a ser maiores no primeiro semestre. Já em caso de excedentes amplos, as exportações são dinamizadas no início de cada ano, ainda conforme o Centro de Pesquisas.

  • Trigo em alta: entressafra reduz oferta e impulsiona preços no Brasil

    Trigo em alta: entressafra reduz oferta e impulsiona preços no Brasil

    O mercado brasileiro de trigo segue pressionado pela oferta limitada, mantendo os preços em alta neste período de entressafra. Pesquisadores do Cepea apontam que os vendedores que ainda possuem estoques estão relutantes em negociar, enquanto a demanda segue firme, com compradores em busca de novos lotes. Diante desse cenário, muitos demandantes têm recorrido às importações, que, segundo agentes do setor, apresentam valores mais competitivos.

    Para a safra de 2025, as previsões iniciais da Conab indicam um crescimento expressivo de 15,6% na produção em comparação com 2024, totalizando 9,117 milhões de toneladas. A produtividade também deve se recuperar, aumentando 18% e chegando a 3,04 toneladas por hectare. No entanto, a área de cultivo deve sofrer uma leve redução de 2,1%, aproximando-se dos 3 milhões de hectares.

    A retração na área plantada reflete as incertezas do mercado e do clima, fatores que ainda podem influenciar o desempenho do setor nos próximos meses. Enquanto isso, a combinação de baixa oferta e demanda aquecida mantém os preços do trigo em patamares elevados no Brasil.

  • Começa o plantio do trigo safrinha no Brasil Central: produtor deve estar atento às recomendações da pesquisa

    Começa o plantio do trigo safrinha no Brasil Central: produtor deve estar atento às recomendações da pesquisa

    O início de março marca a abertura do período indicado para o plantio do trigo de segunda safra (safrinha) ou de sequeiro no Cerrado do Brasil Central. O trigo safrinha é cultivado após a colheita da soja e sem irrigação, aproveitando o final da estação chuvosa. A cultura tem chamado a atenção dos produtores, seja pelos benefícios conferidos ao sistema de produção, seja pela rentabilidade que ela pode proporcionar, conforme as cotações do mercado. Estima-se que na atual safra devam ser semeados cerca de 200 a 250 mil ha do cereal na região, com crescimento de 5% a 10% na área plantada em relação à safra anterior. Em Goiás, a estimativa é de que o aumento seja ainda maior, podendo chegar a 15%.

    Segundo pesquisadores da Embrapa, o cultivo do trigo safrinha tem avançado principalmente entre produtores que desejam diversificar culturas, mitigar problemas e diminuir riscos ou, ainda, para aproveitar áreas que ficariam em pousio ou seriam cultivadas com plantas de cobertura.

    Com o desenvolvimento de cultivares mais adaptadas à região, como a BRS 404, da Embrapa, o trigo tem sido adotado no sistema de cultivo em plantio direto, principalmente em sucessão à soja e em rotação com o milho e o sorgo, promovendo a diversificação do sistema de produção e diminuindo riscos. O uso do cereal em rotação de culturas tem proporcionado inúmeros benefícios agronômicos ao sistema, como a quebra do ciclo de pragas e doenças, sobretudo fungos de solo, plantas daninhas e nematoides.

    Outro benefício é a possibilidade de rotacionar princípios ativos de defensivos agrícolas, como herbicidas que podem agir no controle de plantas daninhas resistentes ao glifosato usado nas lavouras de soja RR, assim como no controle de plantas dessa cultura germinadas após a colheita, contribuindo tanto com o vazio sanitário como para eliminar plantas tigueras de cultivos de milho na área. “Além de proporcionar o controle de plantas daninhas, o cultivo do trigo fornece uma excelente palhada, favorecendo o plantio direto nas áreas”, aponta o pesquisador Jorge Chagas, da Embrapa Trigo (Passo Fundo, RS).

    A adoção do trigo após a soja permite que o produtor utilize cultivares de soja com ciclos mais tardios e com tetos produtivos superiores aos de variedades precoces e superprecoces, mais voltadas ao cultivo do milho safrinha. Outro ponto positivo é que o trigo produzido na região do Cerrado é o primeiro a ser colhido na safra brasileira, podendo ser comercializado a preços mais atrativos.

    “A colheita do trigo safrinha é realizada no período seco, entre os meses de junho e julho, o que tem garantido um produto de excelente qualidade de grãos e livre das micotoxinas que costumam afetar lavouras do Sul do País em anos de muita chuva na colheita, como a giberela”, observa Júlio Albrecht, pesquisador da Embrapa Cerrados (DF). Os rendimentos das lavouras têm variado de 35 a 65 sc/ha em anos de precipitação normal, e as receitas com as vendas têm estimulado os produtores a ampliarem a área cultivada na região.

    Pesquisadores apontam recomendações de manejo

    Os pesquisadores ressaltam que o trigo de sequeiro é indicado para cultivo em regiões de altitude igual ou acima de 800 metros. O produtor deve verificar se o trigo safrinha é indicado para a sua região e utilizar cultivares adequadas. As portarias com as informações sobre o zoneamento agrícola de risco climático para o trigo estão disponíveis na página do Ministério da Agricultura e Pecuária e no aplicativo Zarc Plantio Certo, da Embrapa, disponível para Android e iOS.

    Segundo Albrecht e Chagas, é fundamental que o produtor faça a análise do solo, que deve ser corrigido quanto à acidez com o uso de calcário, enquanto o alumínio em profundidade deve ser neutralizado com o uso de gesso agrícola. O solo também deve estar livre de camadas compactadas, o que permite o aprofundamento das raízes das plantas e o melhor aproveitamento de água e nutrientes – isso minimiza os efeitos dos períodos secos, como os veranicos.

    Outra recomendação para amenizar os problemas com a falta de chuvas é o plantio direto, com a semeadura direta na palhada da cultura de verão. A palhada protege o solo das altas temperaturas, amenizando a perda de água por evapotranspiração, além de permitir maior infiltração da água das chuvas, entre outros benefícios.

    Para obter ganhos de produtividade, a semeadura deve ser realizada do início de março até o final do mês, de acordo com as precipitações na região: onde as chuvas param mais cedo, o trigo safrinha deve ser plantado no começo do mês. O escalonamento da semeadura, ou seja, a semeadura das áreas em diferentes momentos dentro do período recomendado, ou a semeadura de cultivares de ciclos diferentes podem ser estratégias interessantes, dizem os pesquisadores.

    “Assim, a lavoura terá talhões com plantas em diferentes estádios de desenvolvimento. Isso reduz o risco de a falta de chuva afetar todo o plantio num único momento crítico, como a floração das plantas”, diz Jorge Chagas, lembrando que é fundamental seguir as recomendações de manejo de cada cultivar para a região, como a densidade ideal de semeadura.

    O pesquisador acrescenta que, no início da janela de plantio, é importante o uso de cultivares mais tolerantes a doenças, principalmente as manchas foliares e a brusone, doença fúngica que pode causar prejuízos em anos com excesso de chuvas nos meses de abril e maio na região do Cerrado do Brasil Central. Já para semeaduras mais tardias, realizadas após o dia 15 de março, o produtor deve utilizar cultivares mais tolerantes à seca. A baixa precipitação e as temperaturas acima do normal também podem causar prejuízos, principalmente pela ocorrência de veranicos comuns nesse período.

    Embrapa desenvolveu cultivar adaptada à região

    A cultivar de trigo BRS 404 foi desenvolvida para condições de baixa precipitação, aproveitando a umidade do solo e o restante das chuvas dos meses de março, abril e maio no Brasil Central. A cultivar tem como principais características maior tolerância ao déficit hídrico, ao calor e ao alumínio no solo, além de elevada produção de matéria seca (palhada) e excelente qualidade tecnológica de grãos. Tem ciclo precoce, variando de 105 a 118 dias, sendo que o período entre a semeadura e o espigamento é de 57 a 67 dias, dependendo do local e da altitude do cultivo. É moderadamente suscetível à brusone e à mancha amarela.

    “Em algumas regiões com maior volume de chuvas, como o Sul de Minas Gerais, os produtores têm alcançado produtividades de até 80 sc/ha com a cultivar BRS 404. Aqui no Planalto Central, a produtividade pode chegar a 60 sc/ha, desde que as chuvas tenham uma boa distribuição no período de safrinha”, diz Júlio Albrecht.

    Classificada pela indústria como trigo pão, a cultivar, mesmo em anos de menos chuvas, tem entregado pesos hectolítricos (PH) de grãos acima de 80 kg/hl, sendo muito bem aceita pelos moinhos da região. A força de glúten (W), medida que representa o trabalho (energia) de deformação da massa e indica a força de panificação da farinha, varia de 250 a 400 x 10-4 J, sendo bem superior à exigência mínima dos moinhos (220 x 10-4 J). Além disso, a elevada estabilidade (tempo de batimento da massa acima de 15 minutos) favorece a panificação.

  • Preços do trigo seguem em alta no Brasil com oferta restrita e demanda aquecida

    Preços do trigo seguem em alta no Brasil com oferta restrita e demanda aquecida

    Os preços do trigo em grão continuam em alta no mercado brasileiro, impulsionados pela oferta restrita e pela busca por produto de qualidade. De acordo com pesquisadores do Cepea, compradores enfrentam dificuldades para encontrar o cereal com padrões elevados no mercado spot e, por isso, priorizam aquisições externas.

    Enquanto isso, vendedores, com estoques reduzidos, se mantêm afastados das negociações, apostando em cotações ainda mais elevadas nos próximos meses, período de entressafra no Brasil.

    Diante desse cenário, as negociações envolvendo trigo de qualidade superior (PH 78 ou mais) estão limitadas, sendo realizadas apenas para lotes pontuais, conforme aponta o Cepea.

    No campo, os produtores já iniciam o planejamento para a nova safra. Dados oficiais indicam que a área destinada ao cultivo do trigo no Brasil deve recuar 2,1% em relação à safra anterior. No entanto, a produtividade tende a crescer, o que pode garantir uma oferta maior do cereal em 2025.