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  • Tributação de super-ricos: como será a compensação da nova faixa de isenção do IR

    Tributação de super-ricos: como será a compensação da nova faixa de isenção do IR

    O governo federal apresentou uma proposta para ampliar a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5.000 por mês, além de descontos para rendas de até R$ 7.000. A iniciativa, que pode beneficiar cerca de 10 milhões de brasileiros, será compensada por uma tributação específica para os super-ricos. De acordo com o plano, pessoas com ganhos anuais superiores a R$ 600 mil terão uma alíquota de até 10% sobre a renda extra. Confira mais detalhes sobre a medida.

    Como funcionará a tributação dos super-ricos?

    Segundo o Palácio do Planalto, essa nova tributação atingirá aproximadamente 141,4 mil contribuintes, o que equivale a 0,13% dos declarantes do Imposto de Renda e 0,06% da população brasileira. A expectativa é que a arrecadação chegue a R$ 27 bilhões, compensando a renúncia fiscal decorrente da ampliação da isenção.

    A base do cálculo será a renda anual total do contribuinte. Se essa soma não ultrapassar R$ 600 mil, não haverá cobrança adicional. Caso contrário, a alíquota incidirá apenas sobre o excedente.

    Exemplo de cálculo do imposto

    • Se um indivíduo recebeu R$ 950 mil em um ano, a diferença para R$ 600 mil será de R$ 350 mil;
    • Para calcular a alíquota aplicável, divide-se esse valor por R$ 60 mil (resultado da multiplicação do limite de R$ 600 mil pela alíquota máxima de 10%);
    • Nesse caso, a alíquota será de 5,83%;
    • 5,83% sobre R$ 950 mil resulta em R$ 55.385 a serem pagos.

    A alíquota máxima de 10% será aplicada a rendas anuais de R$ 1,2 milhão ou mais.

    Quais rendimentos ficam isentos?

    O governo esclareceu que certos rendimentos não entram no cálculo desse novo imposto, como:

    • Ganhos com poupança;
    • Dividendos de empresas;
    • Heranças;
    • Benefícios de aposentadoria e pensão por moléstia grave;
    • Lucros com venda de bens e outros rendimentos mobiliários isentos;
    • Indenizações.

    Além disso, salários, honorários e aluguéis, já sujeitos à tributação na fonte, não sofrerão mudanças com a nova regra.

    Complementação do imposto devido

    Se um contribuinte com renda superior a R$ 600 mil já paga imposto de renda, mas abaixo da alíquota mínima exigida, ele terá que complementar a diferença. Caso contrário, não será necessário pagar mais.

    Por exemplo:

    • Se alguém com renda de R$ 1,2 milhão já paga 8% de IR, precisará pagar apenas mais 2% para alcançar os 10%;
    • Se um contribuinte com R$ 2 milhões já pagou 12%, não precisará pagar nada a mais.

    Objetivo da medida

    O governo argumenta que essa mudança diminui a carga tributária para quem ganha menos e corrige distorções no sistema atual. Hoje, grandes rendas acabam pagando proporcionalmente menos impostos que a classe média, devido às isenções sobre dividendos. Com a nova proposta, será estabelecida uma alíquota mínima sobre esses rendimentos isentos, promovendo maior equidade.

    Discussão no Congresso

    A proposta foi enviada ao Congresso Nacional e poderá sofrer alterações durante a tramitação. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que ajustes podem ser feitos, mas pediu que eventuais mudanças não prejudiquem o objetivo do texto.

    “Espero que, se for para melhorar, ótimo. Para piorar, jamais”, declarou Lula na cerimônia de apresentação.

    O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), indicou que o Congresso debaterá a eficiência da arrecadação e possíveis ajustes nas isenções tributárias.

    “O Congresso, na sua diversidade, fará alterações nesta matéria, pela importância que ela tem. Nosso objetivo será melhorar a proposta tanto na Câmara quanto no Senado, garantindo que o país tenha a melhor solução possível”, afirmou.

  • Países da América Latina apoiam proposta do Brasil de tributação de bilionários

    Países da América Latina apoiam proposta do Brasil de tributação de bilionários

    Os países integrantes da Plataforma Regional de Cooperação Tributária para América Latina e o Caribe (PTLAC) endossaram, por meio de um comunicado conjunto, a proposta discutida na presidência brasileira do G20, que vem pautando de forma inédita a tributação internacional de super ricos. O documento foi aprovado em reunião da PTLAC realizada esta semana em Santiago, capital do Chile, durante o 36º Seminário Regional sobre Política Fiscal da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), onde se reuniu o conselho de ministras e ministros de Fazenda, Economia e Finanças da entidade.

    Representando o Ministério da Fazenda, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, destacou a importância do apoio. “O avanço das discussões e ações em cooperação internacional na tributação nos últimos 10 anos nos mostram que é possível irmos além”, disse. Para o secretário, a Plataforma Regional de Cooperação Tributária para a América Latina e Caribe tem se mostrado fundamental para a liderança que os países da região têm exercido no debate internacional sobre a necessidade de uma tributação mais progressiva.

    Na ocasião, os países da plataforma também destacaram o potencial de um tributo mínimo em escala internacional para o financiamento de ações essenciais: “Os sistemas tributários permitem financiar bens públicos como educação, saúde e infraestrutura, que são fundamentais para o crescimento econômico, a redução das desigualdades e a coesão social. Eles facilitam a mobilização dos recursos necessários para enfrentar os desafios das mudanças climáticas e da perda de biodiversidade”, diz o texto.

    “Apoiamos as propostas apresentadas pelo Brasil durante sua presidência do G20 sobre a necessidade de avançar para um sistema tributário internacional progressivo que complemente os esforços dos países da região na mobilização de recursos para expandir o espaço fiscal”, continua o comunicado.

    Plataforma

    O objetivo da PTLAC é gerar análises e permitir intercâmbio de informações que possam contribuir para as políticas tributárias de maneira a promover sustentabilidade, equidade e crescimento nos países membros, por meio da troca de experiências internacionais e levando em conta as necessidades específicas de cada região e país.

    “A PTLAC funciona com grupos consultivos onde participam sociedade civil e setor privado, seguida por grupos de trabalho e então encontros ministeriais”, explica Julia Braga, subsecretária de Acompanhamento Macroeconômico e Política Comercial do Ministério da Fazenda.

    Braga, que também participou como representante do Brasil no Seminário da Cepal, reforçou o papel e peso da Plataforma. Em sua visão, com o endosso formal dos países da PTLAC, a ideia de tributar bilionários tem um importante avanço no cenário internacional. “O apoio do grupo é um importante passo para a construção de um consenso acerca da proposta de tributação dos super ricos, uma vez que a efetivação dessa proposta depende da cooperação internacional para seu sucesso”.

    Agendas

    O 36º Seminário Regional sobre Política Fiscal discutiu, entre os dias 6 e 8 de maio, temas como desafios das políticas fiscais no contexto de crescimento lento e mudanças climáticas, gastos públicos e prioridades de desenvolvimento sustentável, além de espaço fiscal e sustentabilidade da dívida pública.

    Estiveram presentes representantes de diversos países da América Latina e do Caribe, como ministros do Chile, Colômbia, Equador, México e República Dominicana. Durante o encontro, também houve apresentações de especialistas no tema como Gabriel Zucman, convidado da presidência brasileira do G20 para o tema da tributação dos super-ricos, e a economista Vilma Pinto, da Instituição Fiscal Independente, ligada ao Senado brasileiro, além de representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI) e Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

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