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  • Centro de SP tem manifestação pela tarifa zero no transporte coletivo

    Centro de SP tem manifestação pela tarifa zero no transporte coletivo

    Cerca de 250 pessoas fizeram, no início da noite desta quinta-feira (29), uma manifestação pela tarifa zero no transporte coletivo público na capital paulista. O ato, convocado por entidades sindicais e coletivos sociais, teve início em frente ao Theatro Municipal de São Paulo, no centro da cidade.

    Os manifestantes queimaram uma catraca no início do ato e gritaram palavras de ordem pelo fim da cobrança de passagens nos trens, ônibus e metrôs da cidade. O ato se deslocou em passeata pelas ruas do centro até a Praça da República e terminou na Praça Roosevelt, na região da Consolação.

    “Essa manifestação é, em primeiro lugar, porque a gente acha que a tarifa está absurdamente cara. O serviço não está adequado para a população. Mas também para lembrar a memória de junho de 2013, o que é simbólico”, destacou um dos coordenadores do ato, Altino Prazeres, membro do Sindicato dos Metroviários de São Paulo.

    Ele ressaltou que as recentes propostas apresentadas tanto pela prefeitura como pela Câmara dos Vereadores de São Paulo em prol do passe livre podem significar uma oportunidade de se debater a fundo sobre o tema. “Depois que diminuiu, com a pandemia, o número de usuários no transporte público, com as novas tecnologias de transporte e home office, os empresários descobriram o seguinte: não está vindo aquela grana toda: ‘que tal a prefeitura dar mais dinheiro pra gente?’”, disse.

    “Mas nós vamos pegar a deixa deles, nós queremos debater e queremos a tarifa zero. Queremos que se cumpra esse debate e que se pergunte para a população. Poderia fazer um plebiscito com a população para saber qual o interesse”, acrescentou Altino.

    No final do ano passado, a prefeitura de São Paulo pediu um estudo de viabilidade para a adoção do passe livre na cidade. O projeto “Tarifa Zero” está sendo desenvolvido pela São Paulo Transporte (SPTrans), empresa pública que faz a gestão do transporte no município. Segundo a administração municipal, o estudo ainda não está pronto. No último dia 15, vereadores de São Paulo propuseram um projeto de lei que dá passe livre parcial no município paulista, especialmente para pessoas de baixa renda.

    Entre as entidades que convocaram a manifestação estavam o Unidos Para Lutar, Ação Antifascista SP, Juntos!, Coletivo Feminino Marielle Vive, Luta Popular, Sindicato dos Metroviários de São Paulo, Transição Socialista, PSTU, e Rebeldia Revolução Socialista. Também estiveram presentes membros de torcidas antifascistas dos times Palmeiras, São Paulo e Corinthians.

    “Nesse mês de junho, houve uma série de atividades sobre os 10 anos [da manifestação] de 2013. Palestras, entrevistas na imprensa, documentários, livros, e esse ato de hoje surgiu da gente que se encontrou nessas atividades e de um certo incômodo sobre a memória de 2013, perdendo o caráter reivindicativo que tinha aquele movimento”, disse Caio Martins, que já foi membro do Movimento Passe Livre (MPL), e foi um dos organizadores da manifestação de hoje.

    De acordo com ele, o ato de hoje serviu para marcar que a reivindicação da tarifa zero no transporte é uma pauta que partiu da população, “de baixo”. “Hoje queremos mostrar que essa pauta é uma pauta popular, e que a reivindicação da tarifa zero veio de baixo, da rua, e reivindicada como uma possibilidade dos trabalhadores terem acesso à cidade sem catracas”, acrescentou.

    Edição: Marcelo Brandão

  • Transporte gratuito não eleva participação nas urnas, aponta Ipea

    Transporte gratuito não eleva participação nas urnas, aponta Ipea

    A política do passe livre pode melhorar o acesso aos locais de votação mas, sozinha, não eleva a participação dos eleitores nas urnas. Essa foi a conclusão de estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre os efeitos da redução dos custos monetários com transporte no comparecimento das pessoas às seções eleitorais. O estudo concluiu também que a redução dos custos com transporte tampouco teve efeito sobre o resultado das últimas eleições presidenciais. Os pesquisadores sugerem que, para reduzir a abstenção eleitoral, devem ser criadas políticas que aumentem a proximidade geográfica entre os eleitores e os locais de votação.

    Intitulado Transporte Público Gratuito e Participação Eleitoral, o estudo se baseou em dados das eleições de 2022. A análise de que os custos com deslocamento podem afetar a participação política levou 82 municípios brasileiros a adotar o transporte público gratuito no primeiro turno. A prática foi adotada, no segundo turno, por mais 297 cidades, o que resultou em um contingente de 75,8 milhões de eleitores atendidos nos dois turnos, ou o equivalente a 48,7% do total. Os brasileiros de baixa renda gastam entre 20% a 30% de sua renda familiar com transporte urbano.

    A adoção da política de passe livre não teve efeito representativo também sobre a parcela de votos recebida pelo candidato do PT no segundo turno das eleições presidenciais, Luiz Inácio Lula da Silva, mesmo após competição eleitoral acirrada, com diferença de votos de 1,8 ponto percentual entre ele e seu concorrente, o então presidente Jair Bolsonaro. Os autores avaliaram, ainda, que a política de isenção de tarifas não influenciou no comparecimento de eleitores com baixa escolaridade ou entre os que votam em seções eleitorais localizadas em áreas mais remotas ou densamente povoadas.

    O estudo é assinado pelos pesquisadores Rafael Pereira, do Ipea; Renato Vieira, professor da Universidade de São Paulo (USP); Fernando Bizzarro, doutorando na Universidade de Harvard; Rogério Barbosa, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj); Ricardo Dahis, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio); e Daniel Ferreira, doutorando na Universidade de Chicago.

    Mobilidade

    Em contrapartida, foi constatado que a política do passe livre nas eleições impactou de forma importante os níveis de mobilidade no dia da votação. “Os municípios que forneceram transporte público gratuito no dia do primeiro turno registraram um aumento de 13,7% nos níveis de mobilidade nas paradas de transporte público. Também houve aumento de mobilidade em áreas de parques (17,7%), em supermercados e farmácias (7,2%) e em áreas de comércio (varejo) e recreação (5,0%) no dia 2 de outubro do ano passado”, aponta o estudo.

    A pesquisa sinaliza que a política de isenção de tarifas pode ter resultado em benefícios para o meio ambiente, na medida em que algumas pessoas trocaram o automóvel pelo transporte público gratuito para ir votar, afetando ainda, de modo favorável, o tempo de viagem gasto para acesso às seções eleitorais. O estudo destaca, contudo, que esse benefício foi utilizado por eleitores que já tinham tomado a decisão de votar de qualquer maneira.

    Edição: Juliana Andrade