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  • Entenda a guerra de tarifas de Trump e consequências para Brasil

    Entenda a guerra de tarifas de Trump e consequências para Brasil

    A medida do governo dos Estados Unidos (EUA) de impor tarifas a todos os parceiros comerciais, nessa quarta-feira (2), representa uma tentativa da maior potência do planeta de retomar a posição que a indústria do país já teve, além de tentar combater os déficits comerciais de bens que somam cerca de US$ 1 trilhão ao ano.

    Essa avaliação é feita por diversos analistas, entre eles, o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, consultado pela Agência Brasil. O também professor em economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), contudo, avalia que as tarifas não podem sozinhas reverter a perda de competitividade da economia estadunidense, em especial, para a Ásia.

    “A Ásia foi muito eficiente em desenhar políticas para desenvolver a indústria dela nos últimos 20 a 30 anos. Os governos do Vietnã, da Malásia, da Tailândia, da Indonésia, da China, até mesmo da Índia, têm conseguido desenhar políticas de inovação e industriais com subsídios ao desenvolvimento tecnológico”, comentou.

    O especialista argumenta que o tarifaço representa “um choque brutal” na economia mundial, o maior desde os anos 1930. Além disso, diz que não se tratam de tarifas recíprocas, como prometia o governo Trump, e que haverá impacto para economia brasileira, em especial, para alguns setores e empresas, como a Embraer.

    Em média, as tarifas aplicadas por Trump foram de 10% para países da América Latina, de 20% para Europa e de 30% para Ásia, mostrando que o problema maior está no continente asiático.

    “Hoje, a Ásia deve ter quase 25% do mercado mundial de carro, para não falar da China com a BYD, que está quase matando a Tesla nos mercados mundiais”, comentou Paulo.

    A Tesla é a fabricante de carros do multibilionário Elon Musk, dono da plataforma X e aliado do presidente Trump.

    Em 2023, a produção industrial dos EUA como parcela da produção industrial global foi de 17,4%, bem abaixo dos 28,4% de 2001, segundo dados da Casa Branca. “Grandes e persistentes déficits comerciais anuais de bens dos EUA levaram ao esvaziamento de nossa base de manufatura; inibiu nossa capacidade de fabricação doméstica”, justificou Trump.

    Paulo Gala diz que as tarifas não podem reverter o custo de produção nos EUA.

    “O problema é que o custo de produção nos EUA hoje é 5 a 6 vezes maior do que na Ásia. Enquanto a média salarial nos EUA é de US$ 5 mil, na Ásia é de US$ 1 mil”, disse.

    Choque brutal

    As medidas geram incerteza no mercado mundial, derrubam bolsas em todo o mundo e devem paralisar as decisões empresariais. Uma multinacional que produz no Vietnã, na China, em Taiwan, ou na Europa, vai pensar duas vezes agora no que fazer, avalia Paulo Gala.

    “É o maior choque tarifário desde os anos 1930, é um choque tarifário brutal e o mercado está reagindo com muita preocupação. Vai ter uma desestruturação dramática do comércio, investimentos e tecido produtivo”, acrescentou.

    Para ele, as tarifas devem pressionar a inflação interna dos EUA. “Todos os produtos asiáticos ficam 30% mais caros. Equipamentos, máquinas, tratores, computadores, chips, tudo isso”, alertou.

    Tarifas recíprocas?

    Um dos principais argumentos da Casa Branca para o tarifaço desta semana é que os parceiros comerciais têm adotado tarifas aos produtos estadunidenses superiores aos que os EUA aplicam nas suas importações e cita o caso do Brasil.

    “Grandes e persistentes déficits comerciais anuais de bens dos EUA são causados ​​em parte substancial pela falta de reciprocidade em nossas relações comerciais bilaterais, que dificultam a venda de produtos por fabricantes dos EUA em mercados estrangeiros. O Brasil (18%) e a Indonésia (30%) impõem uma tarifa mais alta sobre o etanol do que os Estados Unidos (2,5%)”, afirmou Trump na Ordem Executiva publicada ontem.

    Na avaliação do economista Paulo Gala, as medidas não respeitaram qualquer princípio de reciprocidade. “Não foi tarifa recíproca. É a ideia de que, se um país tarifa os EUA em 30%, os EUA vão lá e tarifam 30% de volta. Isso é tarifa recíproca. Mas não foi isso que foi feito”, afirmou.

    Para Paulo Gala, o governo Trump apenas pegou os grandes déficits comerciais que os EUA têm e colocaram uma tarifa em cima.

    “Foi uma resposta meio tosca. Na verdade, é uma tarifação de países e produtos que causam déficit nos Estados Unidos”, completou.

    Brasil

    O Brasil ficou com a tarifa mais baixa entre as divulgadas, com uma taxação de 10% sobre todas exportações para os Estados Unidos. O governo promete tentar reverter a situação e mesmo recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) que, devido a paralisia promovida pelos EUA, teve sua atuação limitada nos últimos anos.

    O efeito geral que a guerra de tarifas vai causar, com provável retaliação por todo o mundo, deve trazer problemas adicionais para o comércio internacional no Brasil, não diretamente relacionado com a taxação sobre as importações brasileiras.

    “O Brasil ficou com a tarifa ‘mais barata’ de 10%. Claro que isso é um benefício, mas o Brasil vai sofrer por conta desse terremoto global que está acontecendo. Um medo de crise derrubando juros e dólar e uma recessão, obviamente, que afetariam o Brasil também”, afirmou o economista-chefe do Banco Master.

    A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lembrou que os EUA são o principal destino das exportações da indústria brasileira, especialmente de produtos de maior intensidade tecnológica, além de liderarem o comércio de serviços e os investimentos bilaterais.

    Paulo Gala avalia que a fabricante de aviões brasileira Embraer deve ser uma das companhias mais atingidas.  “Talvez Embraer seja a empresa mais impactada. A nossa dependência em relação aos EUA não é muito alta. Para além dos efeitos diretos em algumas empresas brasileiras, não deve ter um efeito tão dramático.”, completou.

    Oportunidades para o Brasil.

    Especialistas têm destacado ainda que a crise aberta pela guerra de tarifas abre oportunidades que podem ser aproveitadas pelas exportações brasileiras.

    “Se souber aproveitar esse momento, o Brasil pode expandir suas exportações, especialmente porque a taxação sobre produtos americanos pode levar importadores a buscar alternativas”, na avaliação de Volnei Eyng, CEO da gestora de ativos Multiplike.

  • Temu e Shein vão subir preços a partir de 25 de abril

    Temu e Shein vão subir preços a partir de 25 de abril

    Se você costuma comprar roupas, eletrônicos ou acessórios nas plataformas chinesas Shein ou Temu, é melhor correr: as duas empresas anunciaram que vão aumentar os preços a partir do dia 25 de abril de 2025.

    O motivo? Uma nova política do governo dos Estados Unidos, que encerra uma isenção de impostos para pacotes de baixo valor, encarecendo a importação de produtos vindos da China e de Hong Kong.

    Leia isso também: A nova geração está fugindo do consumo? Entenda o movimento slow living

    As plataformas, conhecidas pelos preços extremamente baixos, enviaram mensagens aos consumidores nesta semana avisando sobre o reajuste e incentivando as compras com “as tarifas de hoje”.

    O que está mudando nas lojas Shein e Temu?

    Novo imposto sobre compras internacionais impacta o bolso do consumidor
    O que está mudando nas lojas Shein e Temu?

    Hoje, qualquer produto com valor inferior a US$ 800 pode entrar nos Estados Unidos sem pagar imposto de importação — uma regra chamada de “de minimis”, que beneficiava principalmente lojas como Shein e Temu.

    Com o novo decreto assinado pelo presidente Donald Trump, essa brecha será fechada a partir de 2 de maio. Isso significa que produtos baratos também passarão a pagar imposto, o que aumenta o custo para as empresas e, consequentemente, para o consumidor final.

    Por que isso importa para o consumidor brasileiro?

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    Por que isso importa para o consumidor brasileiro?

    Embora a nova regra seja dos EUA, o impacto é global. Como Shein e Temu operam com centros de distribuição internacionais, os ajustes nos preços podem atingir também os consumidores no Brasil, especialmente se o modelo logístico for unificado ou os custos operacionais subirem em cadeia.

    Além disso, o Brasil também vem debatendo novas regras para compras internacionais de pequeno valor. Em 2023, entrou em vigor o programa Remessa Conforme, que exige o recolhimento antecipado de impostos para compras online no exterior.

    O que fazer agora?

    Como economizar nas compras internacionais?
    O que fazer agora?

    Para quem deseja aproveitar os preços atuais, a recomendação das empresas é clara: compre antes do dia 25 de abril. Depois disso, os valores podem subir de forma gradual.

    Também é importante que o consumidor fique atento às taxas de importação, ao prazo de entrega e à política de devolução dessas plataformas.

  • Tarifaço de Trump sobre a China pode abrir mercado para a soja brasileira

    Tarifaço de Trump sobre a China pode abrir mercado para a soja brasileira

    O anúncio do novo tarifaço pelo presidente norte-americano Donald Trump, com alíquotas que somam agora 145% sobre produtos chineses, movimenta o mercado internacional e acende alerta para oportunidade de expansão do agronegócio brasileiro. Nesse cenário, o Brasil desponta como alternativa estratégica para suprir a demanda crescente por alimentos, especialmente soja, no mercado americano, no entanto, para transformar essa oportunidade em resultados concretos, os pequenos e médio produtores rurais dependem de um Plano Agrícola e Pecuário 2025/2026 que ofereça condições reais de competitividade.

    Com a taxa Selic em 14,25%, o crédito agrícola se tornou mais caro e desafiador, exigindo que o próximo Plano Safra traga taxas de juros atrativas e instrumentos de apoio eficazes. Sem isso, o país corre o risco de perder uma chance estratégica de ampliar sua presença internacional justamente quando o mercado global está em movimento.
    Conforme o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) e vice-presidente da Aprosoja Brasil, Lucas Costa Beber, o país pode aumentar o fornecimento de soja para a China. Hoje, ela representa 52% das exportações e com a guerra comercial em andamento, essa participação pode crescer ainda mais.

    “Nós temos que ter cautela ao falar, porque o presidente Trump está forçando essas tarifas altas justamente para ter uma negociação justa. Então, a qualquer momento pode haver uma negociação e tudo voltar ao normal. Agora, é claro, se continuar, o Brasil, pode ser o maior fornecedor de soja para a China, como já é, tem sido e tem potencial de aumento de produção, convertendo áreas de pecuária em lavoura. Basta ter viabilidade econômica”, aponta.

    Em anos anteriores, o Brasil também expandiu mercado devido à guerra tarifária. Agora, o movimento pode se repetir. Além da China, a Europa também entra no radar. “Se de fato não houver acordo com a Europa, haverá grande oportunidade para o Brasil, especialmente se ocorrer prorrogação, ou até extinção da Lei Antidesmatamento, porque senão a Europa vai viver uma inflação muito forte por lá, se não comprar alimentos do Brasil”, explica.

    Todavia, gargalos estruturais como a falta de armazenagem adequada, desafios logísticos e o custo elevado dos insumos, agravados pelo dólar alto, podem travar o avanço. O presidente da Aprosoja Mato Grosso destaca que a recente fala do Governo Federal sobre taxar exportações e reduzir tarifas de importação é preocupante.

    “Quando se fala em zerar a tarifa de importação, abre-se espaço para a entrada de produtos subsidiados de outros países, onde os produtores contam com seguros agrícolas robustos e políticas públicas estruturadas. Isso nos obriga a olhar com ainda mais atenção para o nosso Plano Safra, que precisa garantir condições mínimas de competitividade ao produtor brasileiro.” Nós precisamos que os nossos produtores tenham um seguro agrícola que de fato garanta a renda caso haja frustração de safra, e nós precisamos de condições e viabilidade para produzir. Ao taxar a exportação e baixar a tarifa para importação, ele estará ajudando o mercado internacional e desestimulando a produção aqui. E, lá na frente, quando tiver menos produção, nós vamos ter que importar de fora a preço de dólar também, porque é o que o mercado internacional dita”, enfatiza Lucas Costa Beber.

    Enquanto o cenário internacional se desenha, internamente o setor agropecuário ainda sente os reflexos da suspensão das linhas de crédito rural do Plano Safra 2024/2025, anunciado como “o maior da história”, mas interrompidas para novos financiamentos já em fevereiro. Agora, as atenções se voltam ao Governo Federal, que prepara o lançamento do novo Plano Safra 2025/2026, previsto para o final de junho.

    “Com os juros nesse patamar, está muito difícil para o produtor rural — há um claro desestímulo à produção. Estamos enfrentando custos elevados, e muitos produtores já sinalizam que devem reduzir o uso de fertilizantes nesta safra. Isso pode impactar diretamente na produtividade e até refletir na inflação dos alimentos, já que os insumos continuam caros. Por isso, defendemos taxas de juros mais justas e a implementação de um seguro rural que cubra, no mínimo, o risco econômico da atividade. Hoje, esse seguro não cobre todos os custos enfrentados pelos produtores, ao contrário do que acontece com os agricultores europeus e norte-americanos. Isso nos coloca em desvantagem comercial”, ressalta.

    Em meados de março, a entidade enviou contribuições ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) para elaboração do Plano Agrícola e Pecuário (PAP) 2025/2026 e entre as prioridades, elencou a necessidade de ampliação de recursos para armazenagem e equipamentos de combate a incêndios aos produtores rurais.

    “Um dos pedidos da Aprosoja Brasil e da Aprosoja Mato Grosso, é que haja linha de crédito para equipamentos de combate ao fogo dentro das propriedades e também, que os produtores tenham – quem tem plano de combate a incêndios dentro das propriedades e quem faz o plantio direto que sequestra carbono – linhas de crédito com juros diferenciados para estimular cada vez mais os produtores. E, dar o recado lá fora para mostrar que os nossos produtores estão comprometidos com a sustentabilidade, e cabe ao Governo Federal enaltecer esse trabalho que os produtores brasileiros têm feito”, finaliza Lucas Costa Beber.

    Diante do cenário, o tarifaço de Trump pode representar uma oportunidade estratégica para o Brasil, tanto no mercado chinês quanto europeu. A Aprosoja Mato Grosso e a Aprosoja Brasil seguem acompanhando as movimentações, para que os produtores tenham mais segurança e oportunidades na Safra 25/26.

  • Lei da Reciprocidade Comercial entra em vigor nesta segunda-feira

    Lei da Reciprocidade Comercial entra em vigor nesta segunda-feira

    Sancionada na última sexta-feira (11), a Lei da Reciprocidade Comercial entrou em vigor nesta segunda-feira (14) após ser publicada no Diário Oficial da União.

    A legislação autoriza o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.

    O texto foi aprovado pelo Congresso Nacional no início do mês e sancionado na semana passada, sem vetos, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    Tarifaço

    A nova lei é uma resposta à escalada da guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a maioria dos países do mundo, mas que se intensificou nos últimos dias de forma mais específica contra a China.

    No caso do Brasil, a tarifa imposta pelos EUA foi de 10% sobre todos os produtos exportados para o mercado norte-americano. A exceção nessa margem de tarifas são o aço e o alumínio, cuja sobretaxa imposta pelos norte-americanos foi de 25%, afetando de forma significativa empresas brasileiras, que constituem os terceiros maiores exportadores desses metais para os EUA.

    Em discurso durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras, na última quarta-feira (9), Lula voltou a criticar a adoção de tarifas comerciais.

    No mesmo dia, ele também disse que usará todas as formas de negociação possíveis, incluindo abertura de processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas, antes de adotar ações comerciais retaliatórias.

    Nova Lei

    A Lei da Reciprocidade Comercial estabelece critérios para respostas a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”.

    A norma valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”.

    No Artigo 3º do texto, por exemplo, fica autorizado o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisão.

  • Sem vetos, Lula sanciona Lei da Reciprocidade Comercial

    Sem vetos, Lula sanciona Lei da Reciprocidade Comercial

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou nesta sexta-feira (11) o projeto de lei que cria a Lei da Reciprocidade Comercial, autorizando o governo brasileiro a adotar medidas comerciais contra países e blocos que imponham barreiras unilaterais aos produtos do Brasil no mercado global. A informação foi confirmada pelo Palácio do Planalto.

    O texto, que será publicado no Diário Oficial da União (DOU) da próxima segunda-feira (14), foi aprovado pelo Congresso Nacional há cerca de 10 dias e aguardava a sanção presidencial para entrar em vigor. Não houve vetos.

    A nova lei é uma resposta à escalada da guerra comercial desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra a maioria dos países do mundo, mas que se intensificou nos últimos dias de forma mais específica contra a China.

    No caso do Brasil, a tarifa imposta pelos EUA foi de 10% sobre todos os produtos exportados para o mercado norte-americano. A exceção nessa margem de tarifas são o aço e o alumínio, cuja sobretaxa imposta pelos norte-americanos foi de 25%, afetando de forma significativa empresas brasileiras, que constituem os terceiros maiores exportadores desses metais para os EUA.

    Em discurso durante a 9ª Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Honduras, na última quarta-feira (9), Lula voltou a criticar a adoção de tarifas comerciais. No mesmo dia, ele também disse que usará todas as formas de negociação possíveis, incluindo abertura de processo na Organização Mundial do Comércio (OMC), para tentar reverter as tarifas, antes de adotar ações comerciais retaliatórias.

    Nova Lei

    A Lei da Reciprocidade Comercial estabelece critérios para respostas a ações, políticas ou práticas unilaterais de país ou bloco econômico que “impactem negativamente a competitividade internacional brasileira”. A norma valerá para países ou blocos que “interfiram nas escolhas legítimas e soberanas do Brasil”.

    No Artigo 3º do texto da lei, por exemplo, fica autorizado o Conselho Estratégico da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligado ao Executivo, a “adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços”, prevendo ainda medidas de negociação entre as partes antes de qualquer decisão.

  • Guerra tarifária: riscos e oportunidades para o Brasil

    Guerra tarifária: riscos e oportunidades para o Brasil

    O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou nesta quinta-feira (10) que a guerra de tarifas comerciais desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, traz “riscos e oportunidades” para o Brasil.

    A agropecuária e a indústria são setores que podem colher oportunidades provocadas pelas medidas protecionistas dos EUA, que taxaram a entrada de produtos importados no país, como forma de – ao menos de acordo com o governo americano – proteger a maior economia do mundo.

    Trump suspendeu por 90 dias a cobrança adicional para a maior parte dos países, mas manteve a sobretaxação de produtos chineses em mais de 100%.

    Mercadante conversou com jornalistas nesta quinta-feira, na saída de um seminário sobre cooperativismo, na sede do banco público de fomento, no Rio de Janeiro.

    Na visão dele, a economia precisa de previsibilidade e o tarifaço, como estão sendo chamadas as decisões de Trump, foi unilateral e sem negociação prévia ou consideração das instituições multilaterais de comércio. “Então gerou uma grande instabilidade econômica e financeira”, apontou.

    “É seguro que esse processo vai trazer alguma pressão inflacionária para todos os países, um choque externo global e vai atrasar investimentos”, destacou Mercadante.

    Na visão do presidente do BNDES, a guerra comercial vai trazer “muitas sequelas” para Estados Unidos e China, as duas maiores economia do mundo. “A América Latina foi relativamente preservada nesse primeiro momento. Vamos ver como é que essas coisas evoluem”, disse.

    “Esse cenário de instabilidade traz riscos, nós temos que estar muito atentos, mas traz também oportunidades”, completou, citando a agricultura e a pecuária.

    “O presidente do BNDES observa que os Estados Unidos são um concorrente nesse segmento que o Brasil vai ter mercados que vão se abrir. “Já vinham se abrindo e vão se abrir com muito mais velocidade”, confia.

    Mercadante diz acreditar também que o fato de o Brasil ser um país de paz, com boa relação com todos os integrantes da Organização das Nações Unidas (ONU), pode ser um ponto a favor para atrair investimentos externos.

    “Vai ter mais diversificação e há uma grande demanda por segurança alimentar no mundo. O Brasil é uma solução para esse problema. Então há muito interesse em investir nesse segmento em novas formas de parceria”, declarou, lembrando da projeção de supersafra no país.

    Ao falar da indústria, o economista relembrou o feito de o Brasil retomar à 25ª posição em ranking internacional de desempenho industrial. “A indústria de alto valor agregado, por exemplo, aviões, veículos, carros híbridos, muitos centros de P&D [pesquisa e desenvolvimento] vindo para cá”.

    Mercado local

    Mercadante apontou a importância também do poderio do mercado interno. “Temos um mercado interno muito forte, que é o principal fator de crescimento. Isso também é um diferencial nesse mundo em que o protecionismo vai crescer e que os mercados internos vão ter mecanismos de defesa comercial”, assinalou.

    Ao reforçar que o Brasil precisa explorar oportunidades, Mercadante citou aproximação de parceiros que também estão sofrendo impactos protecionistas americanos, como México e Canadá.

    “Nós temos que nos aproximar. A União Europeia vai se aproximar do Sul Global, dos Brics”, pontuou.

    O Sul Global é um grupo teórico formado, principalmente, por países pobres e emergentes. O Brasil tem se posicionado no cenário internacional como um dos líderes do grupo, assim como nos Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia, Irã.

    Em 2025, o encontro anual dos Brics será nos dias 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro.

  • Entenda: tarifaço de Trump é capaz de reindustrializar Estados Unidos?

    Entenda: tarifaço de Trump é capaz de reindustrializar Estados Unidos?

    A guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos (EUA) por meio do tarifaço contra todos os parceiros comerciais é capaz de reindustrializar o país norte-americano, como promete Donaldo Trump?

    Para especialistas em economia política e desenvolvimento econômico consultados pela Agência Brasil, é improvável que a política de tarifas de Trump possa reverter um processo que começou na década de 1970. Por outro lado, apontam que alguns objetivos de Trump podem ser alcançados devido ao controle que Washington ainda exerce sobre a economia do planeta.

    O professor de sociologia econômica Edemilson Paraná, da LUT University da Finlândia, avalia que a sociedade norte-americana não tem unidade política e ideológica, nem coordenação estatal suficiente para reindustrializar o país.

    “O governo Trump não tem um programa de investimentos em infraestrutura, não tem política industrial coordenada, não tem política racional para os preços macroeconômicos, taxa de juros, câmbio, não tem política fiscal consequente, e você não tem regulações. Uma industrialização precisa de alta mobilização social e esforço político brutal. Não por acaso, muitas vezes, os processos de industrialização são feitos no contexto de unificação, de guerra e de ditadura”, explicou.

    Edemilson afirma que a desindustrialização dos EUA foi consequência das políticas neoliberais do republicano Ronald Reagan de desregulamentação dos mercados, avanço da globalização e financeirização da economia, políticas essas aprofundadas pelos demais presidentes.

    Entre 2001 e 2023, a produção industrial dos EUA caiu de 28,4% para 17,4% da produção industrial global, segundo dados da Casa Branca.

    O especialista em sociologia econômica destaca que a intervenção do Estado é fundamental para qualquer industrialização, mas diz que a contradição ideológica do governo com setores ultraliberais limita a capacidade do Estado de coordenar esse processo. “É muita contradição. Como é que você vai fazer isso com Elon Musk [bilionário e chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos], falando que tem que privatizar o Estado?”, questionou Paraná.

    Imprevisibilidade

    O professor associado de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Pedro Paulo Zaluth Bastos disse que não está certo de que as tarifas vão se manter no médio ou longo prazo, o que inibe decisões empresariais.

    “As decisões de investimento precisam de um horizonte muito mais amplo de estabilidade, de previsão, e é muito pouco provável que essas decisões sejam tomadas em função dessa grande imprevisibilidade da política dos EUA”, afirmou.

    Bastos avalia que as tarifas terão um efeito inflacionário de curto prazo que pode corroer o apoio político de Trump, trazendo de volta os democratas ao poder no Parlamento, nas eleições de novembro de 2026.

    “Ele está taxando produtos que os Estados Unidos não têm sequer capacidade de produzir internamente, como o café, o abacate, frutas e legumes. O país importa 60% das frutas e 40% dos legumes. As roupas também não vão ser substituídas em curto prazo porque os EUA perderam a indústria têxtil”, destacou Pedro Paulo.

    Para Bastos, ainda que a política das tarifas se mantenha no longo prazo, o efeito de reindustrializar os EUA vai ter relativamente limitado. Talvez setores intensivos em capital, como e de automóveis e alumínio, tenham alguma reindustrialização, disse o professores. Nos setores de semicondutores [chips], porém, vai ser complicado por causa da mão de obra insuficiente nos EUA. “Na China, tem muitos mais engenheiros do que nos EUA. Para formar um conjunto grande de engenheiros, vai levar uns seis anos. Não é de uma hora para outra”, ponderou.

    No mês passado, Trump esvaziou o Departamento de Educação e tem promovido demissões em massa de funcionários públicos.

    O professor da Unicamp cita ainda obstáculos para reindustrialização de produtos baratos, como os da indústria têxtil. “Os imigrantes estão sendo expulsos. Isso vai aumentar o preço da mão de obra. E o trabalhador branco não quer trabalhar em indústria têxtil”, disse.

    Não é estúpido

    O professor Edemison Paraná pondera, por outro lado, que a estratégia de Trump “não é completamente estúpida” e que eles esperam conquistar alguns objetivos com o tarifaço.

    “As pessoas não são tão burras assim no governo dele. A ideia é botar essas tarifas para fazer os países sentarem-se à mesa para negociar país a país. Ele está usando o poder enorme de vantagem dos EUA, do mercado americano, que todo mundo quer acessar, e do poder do dólar, para dobrar os países a fazerem o que ele quer”, analisou.

    De acordo com o professor, Trump calcula que ganha de toda forma porque, se o país não aceitar suas demandas, ele vai arrecadar impostos com as tarifas. “A tarifa tem um efeito fiscal na cabeça do Trump. Ele abaixa o imposto para empresas e corporações, de um lado, e arrecada com tarifas, do outro lado. Equilibra-se o déficit fiscal”, afirmou;

    Edemilson destacou ainda que é muito alta uma tarifa de 30%, ou até mais, para acessar o mercado americano. “É muita coisa. Às vezes, compensa abrir uma fábrica nos EUA.”

    Energia e inflação

    Trump espera impulsionar a reindustrialização ainda por meio da redução do valor da energia com a expansão da produção de combustíveis fósseis, que causam o aquecimento da Terra, além da redução de impostos de empresas, como ocorreu em seu primeiro mandato do republicano, diz Pedro Paulo Bastos, da Unicamp.

    “Isso não significa que elas [empresas] vão investir. Se as empresas tiverem mais lucros com redução de impostos, podem simplesmente aumentar a distribuição de dividendos. Para investir, é preciso previsibilidade de longo prazo e do crescimento da demanda. No momento de recessão, não vai ter ninguém investindo”, destacou.

    Sobre a inflação causada pelas tarifas, Edemilson Paraná diz que o governo americano espera reverter isso com crescimento industrial. “Eles estão dizendo: olha, vai atrair investimento, vai gerar emprego, vai gerar produção, vai gerar demanda, e isso vai segurar a lógica dos preços porque é um choque momentâneo que vai se pagar no médio e longo prazos”, analisou.

    Dólar

    Outro objetivo da política de Trump para reindustrializar os Estados Unidos é desvalorizar o dólar frente a outras moedas para tornar as exportações do país mais baratas e, por isso, mais competitivas. Para o professor Pedro Paulo Bastos, no entanto, será muito difícil para os EUA executarem uma política que, de fato, reduza o valor do dólar de forma permanente e sustentada para favorecer suas exportações.

    “A desvalorização do dólar prejudica os interesses de Wall Street, que poderia deixar de ser o centro do sistema financeiro internacional. Trump não é uma pessoa contrária aos banqueiros. Pelo contrário, ele é muito próximo desse pessoal”, avaliou.

    Já o professor Edemilson Paraná explicou que, como o dólar é a moeda padrão do comércio internacional e usada para acumular riqueza, dá enorme poder aos EUA, mas, ao mesmo tempo, traz prejuízos para exportações do país.

    “Com isso, o mercado consumidor dos Estados Unidos fica enorme. É uma máquina de comer o mundo. Afinal, consome-se tudo, inclusive a poupança global que flui para os EUA. Estava tudo indo muito bem, até que a China começou a aumentar o controle em todos os setores de tecnologia de ponta”, afirmou.

    Para Paraná, uma coisa é dominar as finanças e a tecnologia, e os outros países produzirem bens materiais; “outra coisa é perder o monopólio sobre essas tecnologias. Isso ameaça o poder econômico dos EUA”.

    China

    Edemilson Paraná diz que faltam aos EUA a unidade e a capacidade de gestão do Estado chinês, mais estável e previsível e com capacidade ampla de coordenar inúmeras políticas, o que explica o sucesso da industrialização do gigante asiático.

    “A China consegue fazer o que os Estados Unidos não vão conseguir. Os Estados Unidos acharam que iam continuar para sempre tendo a China como um sócio menor, que ela seria apenas produtora de bugigangas. Porém, os chineses foram se utilizando dessa posição para ir subindo nas cadeias globais de valor.”

    Edemilson pondera que o Estado chinês tem um elevado grau de integração da política industrial, fiscal, macroeconômica, controlando as principais variáveis dos preços macroeconômicos, como salários, juros, renda da terra e câmbio, que não é flutuante na China, mas regulado para justamente privilegiar as exportações.

    “O plano de Trump não considera que a economia contemporânea é mais complexa, de um lado, e de outro, que os Estados Unidos já passaram por um processo de desindustrialização de 40 anos. Na década de 70, um a cada cinco empregos americanos eram industriais. Hoje é um em doze”, finalizou.

  • Tarifaço: negociação individual é fim do multilateralismo, diz Lula

    Tarifaço: negociação individual é fim do multilateralismo, diz Lula

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a se dizer preocupado com as decisões unilaterais dos Estados Unidos de aplicar tarifas em produtos de todos os parceiros comerciais do planeta e apontou riscos de um “efeito devastador” na economia mundial.

    “Nós não sabemos qual vai ser o efeito devastador disso na economia. É preciso saber quanto vai custar isso do ponto de vista do preço dos produtos, da relação multilateral”, criticou Lula nesta quarta-feira (9), em entrevista a jornalistas brasileiros, após participação na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), em Tegucigalpa, capital de Honduras.

    O presidente observou a nova decisão do presidente dos Estados Unidos (EUA), que aumentou ainda mais as tarifas contra a China, ao mesmo tempo em que reduziu as cobranças adicionais para outros 75 países. Para Lula, o método sinaliza a intenção de um confronto direto com os asiáticos e põe em xeque a sustentabilidade do multilateralismo e equilíbrio entre os países

    “Me parece que tá ficando cada vez mais visível que é uma briga pessoal [de Trump] com a China. Ora, querer fazer negociação individual é colocar fim no multilateralismo. E o multilateralismo é muito importante para a tranquilidade econômica que o mundo precisa. Não é aceitável a hegemonia deum país, nem militar, nem cultural, nem industrial, nem tecnológica e nem econômica sobre os outros”, apontou.

    Em discurso durante a Cúpula, ele já havia criticado a adoção de tarifas unilaterais.

    Sobre a postura do governo brasileiro frente a essa pressão, Lula disse que haverá reciprocidade, caso, ao final das negociações, as tarifas se mantenham.

    “Vamos utilizar todas as palavras de negociação que o dicionário permitir. Depois que acabar, nós vamos tomar as decisões que entendermos serem cabíveis”, garantiu.

    Tentativa de veto

    Ainda sobre a Cúpula da Celac, Lula criticou a postura de países que tentaram barrar a aprovação da declaração final. Na assembleia de chefes de Estado e de governo, as delegações de Paraguai e Argentina tentaram vetar o texto final, mas ele foi aprovado com a indicação de contrariedade dos dois países.

    “É muito importante que a gente distribua sempre a ideia do consenso, mas o consenso não pode ser o direito de veto. Você não pode ter 40 países e um só decidir que não gosta de alguma coisa e não assinar um documento. É melhor você assinar o documento e colocar no rodapé que tal país não quis assinar. É mais democrático e as coisas andam, evoluem”.

    Mulher na ONU

    Já em relação à proposta feita pelo Brasil para a Celac propor candidatura única de uma mulher da América Latina e Caribe para o cargo de secretária-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2026, Lula demonstrou confiança com a iniciativa e destacou o papel das lideranças femininas do mundo atual.

    “Eu acho que vai dar certo porque as mulheres estão em ascensão, ocupando espaço cada vez melhores, as mulheres estão provando que têm mais competência que os homens em muitas coisas, têm mais sensibilidade. O século 21 pode ser verdadeiramente o século das mulheres”, afirmou.

    Após a cúpula da Celac, Lula está retornando ao Brasil, onde deve desembarcar na madrugada desta quinta-feira (10), em Brasília.

  • Haddad: Brasil está melhor posicionado diante do tarifaço de Trump

    Haddad: Brasil está melhor posicionado diante do tarifaço de Trump

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (8), em São Paulo, que o Brasil está melhor posicionado que os demais países da América Latina para enfrentar as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump, nos Estados Unidos.

    “O Brasil tem reservas cambiais, tem um saldo comercial bastante robusto, está colhendo uma super safra. E está com uma taxa de juros alta e crescendo”, defendeu o ministro

    Para Haddad, os graus de liberdade que as autoridades econômicas têm no Brasil não são comuns. “Não é este o caso de nenhum outro país latino-americano, por exemplo, incluindo o México”, completou.

    Segundo o ministro, esse “movimento brusco” tomado por Trump vai provocar algum desarranjo global, já que se trata de um “solavanco grande demais para não ter consequência”.

    “Mas diante do incêndio, nós (do Brasil) estamos mais perto da porta de saída do que outros países”, comentou, ao participar do 11 Brazil Investment Forum, promovido pelo Bradesco BBI, na capital paulista.

    De acordo com Haddad, com essa guerra comercial, os bens produzidos no Brasil podem chegar mais baratos nos Estados Unidos, se comparados a produtos de outros países. Isso, segundo ele, pode fazer com que o país avance “no que eles importam hoje”.

    No entanto, ressaltou,  o Brasil não está imune aos impactos dessa guerra comercial principalmente porque a China é o principal parceiro comercial do Brasil.

    Para o ministro, ainda é cedo para fazer qualquer previsão sobre as consequências desse tarifaço. Por isso, ele ainda defende que o Brasil tenha prudência.

    “Essa escalada vai ter um momento de muita incerteza, mas a pior coisa que o Brasil pode fazer nesse momento é sair a campo sem a prudência diplomática que nós sempre tivemos de mediação e também de consideração da nossa situação frente a parceiros que estão comprando cada vez mais no Brasil”, ponderou.

    “A sociedade vai ter que pensar como se portar diante desse fato disruptivo. Mas não é o momento de anunciar medidas”, concluiu. 

  • Tarifas dos EUA trazem incertezas aos produtores de café

    Tarifas dos EUA trazem incertezas aos produtores de café

    Os preços do café vêm sendo influenciados por incertezas quanto aos impactos das tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos sobre o mercado global.

    Segundo pesquisadores do Cepea, esse contexto tem afastado agentes de mercados de maior risco, refletindo no câmbio e pressionando os valores do grão nas Bolsas.

    Além disso, a proximidade da colheita de robusta no Brasil reforça a pressão sobre as cotações. Só nos primeiros sete dias de abril, o Indicador CEPEA/ESALQ do robusta tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, caiu 360,59 Reais/saca de 60 kg (ou 7,7%), iniciando a semana à média de R$ 1.586,38/saca de 60 kg, o menor valor desde 18 de novembro de 2024.

    De modo geral, no caso do robusta, as tarifas norte-americanas podem trazer alguma vantagem competitiva ao setor brasileiro, conforme avaliam pesquisadores do Cepea. Isso porque, para o Brasil, a tarifa de exportação aos EUA passa a ser de 10%, enquanto importantes países concorrentes dessa variedade receberam taxações bem mais elevadas, de 46% no caso do Vietnã e de 32% para a Indonésia.