Tag: SUSTENTABILIDADE

  • A hora da onça beber água: um ritual de vida no Pantanal

    A hora da onça beber água: um ritual de vida no Pantanal

    Na vastidão do Pantanal mato-grossense, a onça-pintada, símbolo da força e da imponência da fauna brasileira, revela um lado mais íntimo e essencial: a hora da hidratação. Veja outras em Mundo Animal.

    Em um registro magnífico do fotógrafo e guia turístico Airton Lara, capturado na região de Porto Jofre, a onça-pintada se aproxima da água com cautela e elegância.

    Onça-pintada curiosa observa turistas em Porto Jofre

    Momento único: onça-pintada é flagrada bebendo água em seu habitat natural

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    Uma publicação compartilhada por Ailton Lara | Guia no Pantanal (@ailton_lara)

    A importância da água para a fauna selvagem: o exemplo da onça-pintada

    A majestosa felina, com seus movimentos graciosos e precisos, abaixa-se e bebe da fonte cristalina, saciando sua sede e revigorando seu corpo.

    Onça-pintada esbanja beleza e poder no Pantanal

    O momento, intitulado “A Hora da Onça Beber Água”, transcende a simples ação de se hidratar. É um ritual de vida, uma conexão profunda com a natureza e um lembrete da importância da água para a sobrevivência de todas as espécies.

    O Pantanal como palco

    O Pantanal, maior planície inundável do mundo, serve como cenário perfeito para essa cena simbólica. A rica biodiversidade da região, com seus rios, lagoas e fauna exuberante, proporciona à onça-pintada o ambiente ideal para viver e prosperar.

    O Pantanal é um dos maiores biomas do mundo e abriga uma grande diversidade de animais, incluindo onças-pintadas.
    O Pantanal é um dos maiores biomas do mundo e abriga uma grande diversidade de animais, incluindo onças-pintadas. Foto: Enrique Olsen

    Um convite à reflexão

    Observar a onça-pintada saciando sua sede nos convida a refletir sobre nossos próprios hábitos e a importância da preservação da água. A água é um recurso vital, não apenas para os animais selvagens, mas para toda a vida no planeta.

    Turistas ficam frente a frente com onça-pintada no Pantanal

    Ao seguirmos o exemplo da onça-pintada, utilizando a água de forma consciente e responsável, podemos contribuir para a preservação desse elemento essencial e garantir a vitalidade do nosso planeta.

  • Protocolos de produção de carne reduzem em até 15% a emissão de gás de efeito estufa

    Protocolos de produção de carne reduzem em até 15% a emissão de gás de efeito estufa

    A aplicação dos protocolos Carne Carbono Neutro (CCN) e Carne Baixo Carbono (CBC) em uma área comercial demonstrou que os sistemas reduzem em 12% e 15%, respectivamente, a emissão de metano entérico pelos animais durante a fase de recria a pasto. O metano entérico é um dos principais gases responsáveis pelo efeito estufa, que provoca o aquecimento global. Além desse benefício, os protocolos permitiram ganhos superiores de peso dos animais, entre 2% a 5% em relação ao manejo tradicional. Essa é a primeira vez que esses protocolos são aplicados em um rebanho de alto padrão genético. O estudo foi realizado na Fazenda Experimental Orestes Prata Tibery Jr., em Uberaba (MG), em parceria com a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ).

    “Comprovamos que a atividade pecuária, com recria a pasto e terminação em confinamento, seguindo as práticas corretas, proporciona a redução das emissões e tem viabilidade. O sistema, no caso da Carne Carbono Neutro, não é capaz de neutralizar todas as emissões, mas a redução é significativa. E o que é muito importante para o pecuarista, o desempenho animal é muito bom”, afirma a pesquisadora da Embrapa Cerrados (DF) Giovana Maciel, responsável pela condução do experimento.

    Considerando as fases de recria e terminação, o uso dos protocolos CCN e CBC promoveu a redução na emissão de metano entérico, de 2% a 5%, e o aumento na produtividade, de 4% a 8%, respectivamente, em relação ao manejo tradicional.

    Com esses resultados, o pesquisador Roberto Giolo, da Embrapa Gado de Corte (MS), ressalta a importância do manejo de pastagem, com a aplicação dos protocolos CCN e CBC, e que mesmo em rebanhos de alto padrão genético se mostrou eficiente, com melhoria na produtividade e redução das emissões de metano entérico no pasto.

    Ao final de 385 dias de prova, o ganho de peso final do rebanho foi elevado: 346 quilos para os animais na área de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), dentro do protocolo Carne Carbono Neutro; 359 quilos para os animais na área de ILP, no protocolo Carne Baixo Carbono, aos 21,5 meses de idade – um aumento de 4,2% e 8,1%, respectivamente, em relação ao rebanho em manejo padrão da ABCZ. “O maior benefício dos dois protocolos é, sem dúvida, a redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) e, ainda, com um aumento no desempenho individual. Apesar de não ter árvores no sistema ILP, o ganho de peso foi ligeiramente superior ao alcançado no sistema ILPF e os dois foram superiores ao rebanho-testemunha que mantivemos nas outras áreas de pastagens da fazenda”, afirma a pesquisadora.

    Lauro Almeida, gerente de melhoramento da ABCZ, conta que, no período em que ocorreram os testes, a média de idade de abate no Brasil ainda era de quatro anos. “Nesse programa, obtivemos o peso ideal antes de 22 meses, o que mostra que é possível reduzir esse prazo para menos da metade em relação ao que se emprega no País”, complementa.

    Da entrada no pasto às avaliações de carcaça

    As avaliações dos rebanhos fizeram parte do Programa Zebu Carne de Qualidade (PZCQ), desenvolvido pela ABCZ desde 2020. Na terceira edição da prova, realizada entre 2022 e 2023, foi acrescentada a mensuração da emissão do metano entérico. Os cálculos foram feitos seguindo a equação desenvolvida pela Rede Pecus, da Embrapa, utilizada para os protocolos CCN e CBC. Para estimar a emissão de metano entérico, são considerados a qualidade da dieta (pasto + ração), a ingestão de alimento e o ganho médio diário dos animais.

    Para a prova, foram recebidos 147 animais, todos resultados de cruzamentos entre Nelore e outras raças: 32 Brahmanel (Brahman/Nelore); 32 Guzonel (Guzerá/Nelore); 25 Sindinel (Sindi/Nelore); 26 Tabanel (Tabapuã/Nelore), adquiridos por sua excelência genética. “Seguimos as diretrizes dos dois protocolos: CCN e CBC. Apenas as etapas que não interferem no sistema de produção, como a rastreabilidade do produto, não foram realizadas”, explica Maciel.

    Desses animais, foram selecionados 32, oito de cada cruzamento, e divididos em dois grupos – um para a área de ILPF e outro para a de ILP. A fazenda, com 20,3 hectares de pasto de braquiária brizantha BRS Paiaguás, foi dividida em oito piquetes. A área de lavoura e pecuária foi implantada com milho para silagem consorciado com capim. Já a área de integração lavoura-pecuária-floresta foi composta por quatro espécies arbóreas: teca, eucalipto, mogno e nim. Os demais animais continuaram nas áreas comuns, seguindo o manejo rotineiro da ABCZ e os dados gerados a partir de seu desempenho foram utilizados para comparação dos resultados.

    Os animais entraram no sistema com idade entre seis e oito meses, logo após a desmama. No início da estação seca, em maio de 2022, foram iniciadas as avaliações no pasto, onde ficaram por 280 dias, sendo metade desse tempo no período da seca e, a outra metade, no período das águas.

    Após esse período no pasto em recria, os animais seguiram para a etapa de confinamento, com duração de 105 dias. Os bovinos foram alojados em currais de confinamento compostos por cochos eletrônicos e balanças de pesagem. Todo o período do teste durou 385 dias.

    Para Almeida, os resultados foram muito positivos: “Os trabalhos científicos da ABCZ mostram ao mundo a eficiência e a sustentabilidade da genética zebuína para a pecuária tropical. Conseguimos bons resultados em uma fazenda eficiente. Esse modelo se mostra viável economicamente e pode ser replicado em todo o Brasil.”

    O técnico da ABCZ enfatiza que o principal ponto para melhorar a eficiência produtiva da atividade pecuária é um bom planejamento que garanta a suplementação da dieta do rebanho no período da seca. “O pecuarista tem que trabalhar com a previsão de volumoso para seca, que pode ser silagem de milho, sorgo, cana-de-açúcar ou capim, além de animais com boa genética. Durante os três anos do programa, conseguimos resultados muito positivos. Os criadores podem adotar um manejo na fase de pasto e outro em confinamento para obter 1 kg de ganho de peso por dia, o que já é um excelente resultado”, explica.

    Avaliação completa dos sistemas

    O Programa Zebu Carne de Qualidade (PZCQ) também contou com a implantação de um sistema de gestão de custos da produção. “Durante os três anos do programa, foi feito o controle dos custos e das receitas, com o intuito de, além do resultado global, obter o resultado econômico, para saber quanto foi o custo por arroba produzida, a receita obtida e, consequentemente, o lucro”, conta Ricardo Brumatti, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), responsável pela atividade.

    Na análise, foram computados os seguintes desembolsos: nutrição animal, entre silagem e suplementos minerais e proteicos; adubação dos pastos; sanidade dos animais; energia e combustível; folha de pagamento; e consultoria técnica.

    Os resultados mostram que os sistemas CBC e CCN apresentam menores custos por arroba para o pecuarista, de R$ 252,44 e R$ 255,48, respectivamente, quando comparados ao rebanho-testemunha, com manejo adotado pela ABCZ, com custo de R$ 261,08. “Essa diferença se deve, basicamente, ao melhor desempenho produtivo do rebanho no CBC, uma vez que os animais foram mais eficientes no uso dos insumos, que foram os mesmos para todos os rebanhos”, informa o professor. Os animais no regime CCN sentiram mais desconforto térmico na fase de confinamento (com sombreamento artificial) em relação à fase de pasto, pois durante a recria estavam em condição mais favorável em sistema ILPF (com sombreamento das árvores), conforme esclarece Giolo, o que se refletiu no custo de produção e no peso vivo final.

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    Foto: Giovana Maciel

    Brumatti destaca a abrangência do programa, visto que engloba a avaliação de diversos aspectos, como da genética, essencialmente zebuína, do sistema produtivo mais intensivo em pequena área, da questão econômica e, agora, da emissão de carbono: “Nós temos um pacote tecnológico com aspectos técnicos e a confrontação econômica muito próxima da realidade do produtor rural”, defende.

    Após o abate, os animais foram avaliados em relação aos indicadores de qualidade da carcaça e da carne. Amostras de contrafilé foram analisadas pelo professor Sergio Pflanzer, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (FEA/Unicamp). Os resultados comprovaram o bom rendimento da carcaça, 56,1% (55% é considerado um bom índice); cobertura de gordura desejada pela indústria; bom desenvolvimento muscular; bom índice para carne aproveitável total, além da idade de abate – todos animais jovens.

    A avaliação considerou a quantidade e a qualidade dos produtos. Como indicadores de quantidade, foram utilizados peso vivo do animal sem jejum; peso da carcaça quente; espessura de gordura subcutânea; área do olho do lombo; e carne aproveitável total. Já em relação à qualidade, os parâmetros se referem à idade de abate do animal, ao acabamento de cobertura, à gordura intramuscular e à maciez.

  • Ações sustentáveis na Comarca de Sinop são revertidas em iniciativas sociais

    Ações sustentáveis na Comarca de Sinop são revertidas em iniciativas sociais

    Espaços criativos de convivência, no Fórum da Comarca de Sinop, tem proporcionado aos servidores, servidoras, usuários e usuárias a oportunidade de integração e, principalmente, de conscientização ambiental. Coletores destinados à recepção de diversos tipos de resíduos, foram instalados em conformidade com as normativas que regem o tratamento adequado para a coleta e destinação de produtos recicláveis.

    A gestora judiciária da Segunda Vara Cível e responsável pelo Núcleo de Sustentabilidade da Comarca de Sinop, Luzimeiry Tomaz Nazário, destaca a importância de manter o trabalho de conscientização ambiental de forma diária e constante.

    “O maior desafio ambiental hoje é passar para as pessoas a consciência sobre a importância de que cada um precisa fazer sua parte. A mudança começa com pequenos gestos. Precisamos repensar o consumismo no sentido de adquirirmos apenas aquilo que realmente vamos utilizar. Eu realmente preciso desse produto? Ele é reciclável? Ele é durável? Por quanto tempo vou permanecer com esse produto? Posso substituir o uso de copo descartável por copos permanentes? São perguntas simples, que precisam se tornar ações corriqueiras, e que com o tempo acabam se tornando naturais”, afirma.

    Além de reduzir o impacto ambiental causado pelo descarte inadequado de resíduos, as estratégias também têm contribuído com o trabalho desenvolvido por entidades e instituições sem fins lucrativos. Parcerias firmadas pelo Núcleo de Sustentabilidade têm potencializado os resultados e ampliado o alcance das ações.

    “Todo material coletado dentro do Poder Judiciário de Sinop é 100% destinado para organizações e entidades sem fins lucrativos, que acabam beneficiadas coma entrega dos produtos, e por tabela, beneficiam também a sociedade. Temos instituições parceiras para os mais diferentes tipos de coletas. Quando temos uma ideia ou problema que não temos como resolver, buscamos a parceria de uma das instituições locais, que rapidamente se juntam a nós, e os resultados são multiplicados”, destaca Luzimeiry.

    A coleta seletiva de materiais se tornou hábito entre os servidores. Resíduos sólidos como papel e papelão são acondicionados em bags e destinados a uma empresa especializada na produção de papel-semente e hidrossemeadura.

    Plásticos como copos descartáveis, copos de água mineral, garrafas pets e outras embalagens plásticas são recolhidas e destinadas à uma casa de reabilitação responsável pelo tratamento de dependentes químicos.

    Frascos de desodorante vazios, latinhas e outros tipos de metais são encaminhados para uma instituição que trabalha com a castração de animais de tutores carentes. O descarte adequado de itens mais sensíveis como pilhas e baterias também são encaminhados pela equipe do fórum.

    Resíduos orgânicos como o óleo de cozinha também são destinados para uma escola que faz a armazenagem e revenda do material. Até mesmo a borra de café é reaproveitada, e utilizada na compostagem para formação de adubo e o plantio de hortas em escolas da rede pública.

    O Núcleo de Sustentabilidade também mantem uma campanha permanente para a coleta e destinação de materiais inservíveis de informática e eletroeletrônicos destinados para o Hospital de Amor de Sinop, que atua no tratamento de pacientes com câncer.

    Agenda 2030

    Substituir o uso de copos descartáveis por materiais permanentes é apenas uma das iniciativas adotadas pelo Poder Judiciário de Mato Grosso, para o cumprimento de metas globais para redução de resíduos. A medida faz parte da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável assumida pelos países membros das Nações Unidas, como política global para produção e consumo sustentáveis.

    Coletores e ‘bags’ de materiais recicláveis espalhados pelas dependências do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, e replicados nas comarcas no interior do Estado, dão o tom do comprometimento do Judiciário com a urgência climática.

    Dicas de Sustentabilidade

    Evitar o consumo de produtos acondicionados em embalagens plásticas; Substituir copos e garrafas plásticas por itens duráveis como copos e canecas de vidro; Guardar a garrafa plástica consigo até encontrar um ponto de coleta para materiais recicláveis; No caso de copos e garrafas, o ideal é que estejam completamente vazios, não pode haver sobra de líquidos nas garrafas, o mesmo vale para as tampinhas plásticas.

  • Dia do Agro debate desafios para conciliar segurança alimentar e climática e mercado de carbono

    Dia do Agro debate desafios para conciliar segurança alimentar e climática e mercado de carbono

    O desafio de conciliar segurança alimentar, energética e climática foi o tema que abriu os debates do Dia do Agro na COP 28, no domingo (28) em Dubai, realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) na programação do setor.

    O vice-presidente de Relações Internacionais da CNA, Gedeão Pereira, foi o moderador do debate e abordou o papel chave do Brasil em garantir a segurança alimentar no mundo no futuro, em um cenário em que grande parte da população mundial nas próximas décadas viverá em países importadores de alimentos. Nesse contexto, ele ressaltou que o Brasil se tornará a maior agricultura do mundo em 2035.

    Pereira lembrou o crescimento da atividade agropecuária brasileira graças à tecnologia adotada nas propriedades, em que a produção aumentou muito acima da abertura de novas áreas, especialmente nas últimas décadas, reforçando o compromisso do produtor rural com a sustentabilidade. “Não há como se discutir meio ambiente sem segurança alimentar”, destacou.

    Pereira lembrou, também, que a área preservada no Brasil, contabilizando propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), área militares, terras indígenas, terras da União, entre outras áreas, supera grande parte dos países da União Europeia juntos. O vice-presidente frisou, ainda, a contribuição social da agricultura brasileira, que tem contribuído para reduzir a inflação no mundo.

    A produtora rural Ana Carolina Zimmermann, representante da Comissão Nacional de Novas Lideranças da CNA, falou sobre o posicionamento dos jovens da agropecuária brasileira para COP 28, abordando os desafios dos novos líderes para contribuir com soluções para as três crises: energética, climática e segurança alimentar. Neste contexto, ela defendeu maior inserção da juventude rural nas construção de políticas públicas.

    Sobre esta questão, ela também falou que o documento procura informar e mostrar que produtores rurais são aliados na preservação ambiental e cumprem uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, o Código Florestal. Ela também destacou que a sustentabilidade deve ser fundamentada igualmente em seus três pilares: social, ambiental e econômico.

    “Precisamos cada vez mais de representatividade, diante da nossa capacidade de inovação e de dedicação ao campo, dentro de um compromisso com a sustentabilidade. Hoje vivemos o movimento inverso. Antes os jovens queriam ir para a cidade e agora nós estudamos para voltar ao campo e nosso esforço precisa ser reconhecido nos fóruns de discussão para mostrarmos o que fazemos de bom”.

    Já o coordenador-geral de Mudanças Climáticas e Agropecuária Conservacionista do Ministério da Agricultura, Adriano Santhiago, afirmou que a agropecuária é parte da solução para as questões de mitigação e adaptação às alterações do clima, e falou sobre as tecnologias implantadas no campo e as políticas públicas voltadas para esta finalidade, como a agricultura de baixa emissão de carbono, por meio do programa ABC+.

    Contudo, ele avaliou que as discussões não devem se limitar apenas à questão do aumento da temperatura do planeta. Em sua opinião, são necessárias ações de financiamento e apoio dos países desenvolvidos às nações em desenvolvimento.

    O diretor executivo da National Farmers Federation (NFF), Tony Maher, apresentou a realidade da Austrália e reconheceu que o setor agropecuário no país pode avançar mais na questão do combate às mudanças climáticas, a partir de políticas governamentais que incentivem o produtor a adotar boas práticas.

    “A agricultura é um setor importante e precisamos criar parcerias para a questão da redução das emissões”.

    Mercado de carbono

    No segundo painel do dia, especialistas debateram o mercado de carbono. O embaixador Roberto Azevedo, presidente da Iniciativa Internacional para o Agronegócio Brasileiro, destacou que o mercado de carbono é uma realidade mundial e não Brasil não será diferente.

    “O mercado vai acontecer. A questão é quando. Até porque será uma forma de harmonizar a relação entre os países e no esforço de descarbonização. Mas é um tema complexo que exige muita conversa, muita base científica e estamos aqui conversando com peritos para dar uma direção certa para o produtor”.

    Azevedo também destacou o papel do Brasil como um grande gerador de crédito, com métodos produtivos avançados. “Tudo que fizermos aqui pode gerar uma ideia, um conceito, uma inovação que pode ser aproveitada globalmente”.

    O professor Carlos Eduardo Cerri, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), reconheceu que há muitos desafios para o crédito de carbono, mas afirmou que também há muitas oportunidades diante das particularidades do Brasil.

    “Seria uma valorização da atividade agropecuária, que produz alimentos, fibras e energia que são parte da solução quando se trata de aquecimento global, e não o problema. Aqui podemos ousar outras formas de energia que não sejam fósseis”.

    A vice-presidente de sustentabilidade e relações institucionais da Syngenta, Grazielle Parenti, disse que outras questões devem acompanhar a implantação do mercado de carbono, como a regularização fundiária. Neste contexto, ela falou do conceito ESG (Ambiental, Social e Governança) como ferramenta para esse processo.

    “O G precisa funcionar para fazer o E e o S acontecerem, para os créditos de carbono deem os retornos esperados para o produtor”.

    O coordenador do Observatório de Bioeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Daniel Vargas, disse que o desafio prioritário é valorizar o potencial verde do Brasil e que a implantação de um mercado regulado de carbono no Brasil precisa levar em conta as virtudes do país e não implantar mecanismos fora da realidade brasileira.

    “Deve-se olhar para o agro como prioridade e como um setor estratégico que gera serviços ambientais para acelerar esse processo. Temos um estoque verde dentro e fora da propriedade e não podemos perder competitividade”.

    Eduardo Bastos, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), destacou que, assim como o Brasil tem potencial para produção de alimentos, poderá ter também um dos países com mais potencial de geração de crédito de carbono e atração de financiamentos para esta finalidade.

  • Maioria das indústrias já adota ações para melhorar sustentabilidade

    Maioria das indústrias já adota ações para melhorar sustentabilidade

    Uma pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizada com empresários de todo o país mostra que a maioria das empresas industriais já adota medidas para reduzir a geração de resíduos sólidos (89%), para otimizar o consumo de energia (86%) e para para otimizar o uso de água (83%).

    O levantamento elencou nove ações para contribuir com a sustentabilidade ambiental na linha de produção. Do total de indústrias que participaram da pesquisa, 36% adotam de cinco a seis ações e 22% adotam de sete a oito ações. As empresas que não desenvolvem nenhuma medida relacionada à sustentabilidade somam 3%.

    A pesquisa ouviu 1.004 executivos de empresas industriais de pequeno, médio e grande portes em todos os estados. O levantamento foi feito pelo Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem, da FSB, entre os dias 3 e 20 de novembro.

    Os empresários também elencaram as ações prioritárias para que a indústria contribua com a descarbonização do país: modernização de máquinas (27%), uso de fontes de energias renováveis (23%) e investimento em tecnologias de baixo carbono (19%). Outras medidas citadas foram investimento em inovação (14%) e acesso a financiamento (10%).

    A dificuldade de crédito ou financiamento foi apontada como barreira para implantar ações de sustentabilidade por 22% dos entrevistados e 67% demonstraram interesse em acessar linhas de crédito para iniciativas sustentáveis.

    Segundo o presidente da CNI, Ricardo Alban, a indústria brasileira já é parte da solução quando o assunto é sustentabilidade e adaptação às mudanças climáticas. “Nós já fizemos, há muito tempo, o que muitos setores industriais de outros países estão correndo para fazer agora”, destacou, em nota.

    Energia

    O principal foco de investimento dos empresários industriais para incrementar as ações sustentáveis nos próximos dois anos é o uso de fontes renováveis de energia, citado por 42% dos entrevistados, seguido por modernização de máquinas (36%) e medidas para otimizar o consumo de energia, indicado como prioridade para 32%.

    A pesquisa mostra que 53% das indústrias já têm projetos voltados para o uso de fontes renováveis de energia. A fonte solar é a que concentra o foco dessas iniciativas, que responde por 91% delas. Biomassa (5%), eólica (3%) e hidrogênio de baixo carbono (1%) respondem pelas demais fontes sendo estudadas pelas empresas.

    Edição: Sabrina Craide
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  • Festeco reúne grupos teatrais de 12 escolas de Lucas do Rio Verde

    Festeco reúne grupos teatrais de 12 escolas de Lucas do Rio Verde

    Grupos teatrais de 12 escolas de Lucas do Rio Verde participam nesta quinta e sexta-feira da terceira edição do Festeco (Festival Escolar de Teatro Ecológico). O evento, promovido pelo Serviço Autônomo de Agua e Esgoto de Lucas do Rio Verde, acontece no plenário da Câmara de Vereadores.

    Hoje pela manhã, logo após a abertura oficial do festival, foram apresentadas três peças teatrais. Agora à tarde, a partir de 14 horas, grupos teatrais de três outras escolas se apresentam. A programação prossegue amanhã (20) com apresentações pela manhã e à tarde. A cerimônia de premiação, que contará com a apresentação de uma peça teatral da Cia Teatro Cena 1, acontecerá no sábado (21) à noite, a partir de 19 horas.

    Haverá premiação coletiva e individual. Além de troféus, os destaques também receberão premiação em dinheiro dos organizadores. Serão R$ 10 mil distribuídos aos destaques nas categorias em disputa.

    “Vamos ter premiações nas categorias infanto-juvenil e juvenil, 7 a 10 anos e de 11 a 17 anos. E além de tudo, fomentar a educação nas escolas, que é esse o nosso objetivo”, destacou o diretor do SAAE, Maurício Fossati.

    Produtor cultural em Lucas do Rio Verde, Pretu Nascimento observa que o Festeco é um evento bastante completo, trabalhando em diversos eixos. Ele avalia que a meta é que a comunidade, ao assistir os espetáculos, desenvolva a ideia do uso racional da água, além de trabalhar de forma consciente o descarte do lixo doméstico, preservando o meio ambiente.

    “E as crianças dentro de casa também, além da peça, elas levam essa mensagem porque eles são quem fica no pé do pai, da mãe, sobre separar o lixo, a gente sabe o poder que isso tem. Então nossa expectativa é impactar diretamente aqui na peça e indiretamente nas casas, passando essa mensagem que é tão importante da sustentabilidade, da coleta seletiva, da preservação do meio ambiente”.

    Integrante do corpo de jurados, o ator e produtor cultural Lucenir Ciolato, de Sorriso, disse que festivais como o Festeco estimulam estudantes a descobrir talentos. “Todo festival é bem-vindo e sempre vem aqueles atores que se destacam, que vem para trabalhar juntamente com a cultura posteriormente”, observou. Lucenir destacou a importância de a iniciativa trabalhar temas relacionados à sustentabilidade e educação ambiental. “É um caminho legal, muito interessante. Importante demais”.

    A secretária de Cultura, Luciana Bauer, também prestigiou a abertura. “Uma forma potencial de educação, de comunicação criativa e efetiva. Veja o SAAE com esse projeto incrível que utiliza dessa metodologia do teatro para formar, construir uma cultura de educação voltada com cuidado com o meio ambiente, com os resíduos através da criatividade que só a cultura pode promover”, elogiou.

    Caravanas de estudantes de escolas públicas e privadas acompanham as apresentações que são abertas ao público.

  • Novo PAC deve triplicar investimentos em infraestrutura

    Novo PAC deve triplicar investimentos em infraestrutura

    O governo federal vai lançar na próxima sexta-feira (11) a terceira edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Com o desafio de focar em obras de infraestrutura que promovam a sustentabilidade, o Novo PAC deve prever investimentos públicos federais de R$ 240 bilhões para os próximos quatro anos em áreas como transportes, energia, infraestrutura urbana, inclusão digital, infraestrutura social inclusiva e água para todos. Outras áreas como defesa, educação, ciência e tecnologia também devem estar incluídas no novo programa. 

    A implementação do PAC deverá triplicar os investimentos públicos federais em infraestrutura nos próximos anos. Segundo a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), o valor investido por ano no setor pelo governo federal deverá saltar dos atuais R$ 20 bilhões para R$ 60 bilhões.

    “É claro que a gente torce para que isso aconteça. Mas triplicar o valor que a gente dispõe atualmente não será tão fácil assim”, avalia Carlos Eduardo Lima Jorge, presidente da Comissão de Infraestrutura da CBIC.

    Segundo ele, a retomada dos investimentos públicos e a previsão da inclusão de empreendimentos de menor porte no PAC estão animando o setor de infraestrutura do Brasil.

    Além dos recursos do orçamento da União, o novo PAC contará com recursos das estatais, financiamento dos bancos públicos e do setor privado, por meio de concessões e parcerias público-privadas. A previsão é que o total investido chegue a R$ 1 trilhão em quatro anos, incluindo os investimentos da Petrobras.

    A primeira etapa do PAC será composta por empreendimentos propostos pelos ministérios e pelos governadores. Uma segunda etapa iniciará em setembro, com uma seleção pública para estados e municípios.

    Os principais objetivos do novo PAC são incrementar os investimentos, garantir a infraestrutura econômica, social e urbana, melhorar a competitividade e gerar emprego de qualidade.

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva diz que o PAC será uma nova política de desenvolvimento de investimento em obras de infraestrutura e desenvolvimento industrial.

    “Vai ser um grande programa de investimento e, combinado com a política de inclusão que já colocamos em prática, acho que vamos voltar a surpreender os analistas econômicos do FMI [Fundo Monetário Internacional], que vão se enganar todas as vezes que nivelaram por baixo as perspectivas de crescimento econômico do Brasil”, disse o presidente Lula, em conversa com correspondentes estrangeiros na última semana.

    A cerimônia de lançamento do Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está marcada para a próxima sexta-feira (11), às 10h, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

    Histórico

    A primeira versão do PAC foi anunciada pelo presidente Lula em janeiro de 2007, com o objetivo de superar os gargalos de infraestrutura do país. Primeiramente, o programa previu investimentos de R$ 503,9 bilhões em ações de infraestrutura nas áreas de transporte, energia, saneamento, habitação e recursos hídricos, entre 2007 e 2010.

    Uma segunda etapa do programa, o PAC 2, foi anunciada em 2011 pela então presidenta Dilma Rousseff, com investimentos previstos em R$ 708 bilhões em ações de infraestrutura social e urbana.

    Desafios

    Um dos principais desafios do novo PAC será evitar os mesmos erros das edições anteriores, que resultaram em descontinuidade e paralisação de obras.

    “As experiências do passado têm que ser levadas em conta agora. Por exemplo, na assinatura de convênios com prefeituras, a gente espera que as regras estejam bem definidas, que haja uma projeção para frente, quais serão as contrapartidas dos municípios. Há uma grande preocupação de aproveitar o que deu certo e o que deu errado no passado para não repetir o erro, a expectativa toda é essa”, diz o representante da CBIC.

    O Tribunal de Contas da União (TCU) aponta que, no final de 2022, o país tinha mais de 8,6 mil obras paralisadas, o que representa cerca de 38,5% dos contratos pagos com recursos da União. Segundo o TCU, o mau planejamento dos empreendimentos é o principal fator de paralisação das obras.

    Social e sustentabilidade

    Além de incluir investimentos em áreas como transporte, infraestrutura e saneamento básico, o PAC terá como novidade o incentivo a projetos de geração de energia limpa. “Vamos anunciar muitos investimentos na questão energética, na energia eólica, solar, biodiesel, etanol, hidrogênio verde, e tudo isso vamos fazer na perspectiva de produzir energia mais barata para o povo brasileiro”, explica o presidente Lula.

    O PAC prevê uma transição ecológica, com incentivos ao uso de combustíveis de baixa emissão de carbono, o uso de materiais sustentáveis no setor de construção civil, incentivo para a gestão de resíduos e logística sustentável.

    O ministro da Casa Civil, Rui Costa, aponta o novo PAC como a grande oportunidade de o Brasil receber investimentos internacionais, promovendo obras alicerçadas na sustentabilidade ambiental.

    “O Brasil quer voltar a crescer, promover inclusão social, tendo como pilar central a sustentabilidade e o cuidado com o meio ambiente”, afirmou Rui Costa.

    Para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o novo Programa de Aceleração do Crescimento será um “PAC verde” e vai representar um novo ciclo de desenvolvimento sustentável no país.

    “Precisamos destravar o investimento público com responsabilidade fiscal, no âmbito do novo marco fiscal que vai ser aprovado nas próximas semanas pela Câmara dos Deputados em caráter terminativo. Isso repactua as relações federativas de maneira que presidente da república, governadores e prefeitos se tornam parceiros para que a gente alcance os objetivos de gerar emprego e renda e terminar mais de 14 mil obras paradas que estão sendo retomadas, como escolas, creches, postos de saúde e hospitais. Isso sem falar em toda a infraestrutura do país que ficou muito prejudicada por falta de investimentos.”

    A CBIC também aposta que o novo PAC deverá ter um viés social mais forte que os dois anteriores, especialmente porque a escolha dos projetos contou com a participação de governadores e prefeitos. “Acho que boa parte delas é relacionada à mobilidade urbana, que é muito deficiente ainda no país, mas deverá ter muita coisa em infraestrutura social”, diz Jorge.

    Gestão de riscos

    Os projetos de infraestrutura que serão incluídos no PAC devem vir acompanhados de instrumentos de gestão de riscos e impactos sociais e ambientais a longo prazo, avalia o Instituto Socioambiental (ISA).

    “Estamos aguardando o lançamento e também o que vai acompanhar esse lançamento. Qual será o acompanhamento e a gestão de risco e de impactos que o governo vai realizar para acompanhar esses empreendimentos?”, questiona a economista e assessora do ISA, Mariel Nakane.

    A entidade não governamental elaborou uma nota técnica com um conjunto de critérios para a análise e classificação de empreendimentos de infraestrutura do governo, que foi encaminhado à Casa Civil e a outros ministérios setoriais envolvidos na elaboração do PAC.  Segundo o estudo, também assinado pelo Instituto Brasileiro de Auditoria de Obras Públicas (Ibraop), Transparência Internacional – Brasil, Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) e GT Infraestrutura e Justiça Socioambiental, o planejamento das obras deve evitar intervenções que levem ao desperdício de recursos públicos, práticas ilegais e atividades que causem danos socioambientais, inclusive desmatamento e violações dos direitos de comunidades locais.

    Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), as obras previstas no PAC não podem deixar de lado os direitos das populações que vivem nos locais dos empreendimentos.

    “Consideramos que o crescimento econômico é importante, as grandes obras também. Mas é preciso dar um salto de qualidade nesse sentido, isso não pode servir para legitimar direitos de populações e comunidades. O desenvolvimento econômico, a soberania nacional e o interesse público não são contraditórios com o reconhecimento e a garantia dos direitos da população que vivem nos territórios em que os impactos são os mais graves”, diz Robson Formica, membro da Coordenação Nacional do MAB.

    Edição: Lílian Beraldo

  • “Nosso tempo para agir está se esgotando”, diz Marina Silva

    “Nosso tempo para agir está se esgotando”, diz Marina Silva

    Em pronunciamento na noite desta segunda-feira (5), em rede nacional, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, conclamou a população a conscientizar sobre a necessidade urgente de preservação ambiental e desenvolvimento sustentável do país. Para ela, o futuro depende dessas ações.

    “Hoje é dia de termos consciência de que nosso tempo para agir está se esgotando e assumirmos definitivamente o que a ciência nos diz: ou respeitamos a natureza, e fazemos dela uma aliada, ou inviabilizaremos nosso futuro”, disse a ministra no discurso, que marca o Dia Mundial do Meio Ambiente.

    Marina Silva afirmou que, desde a posse, o governo Lula busca soluções para conduzir o país a “um ciclo de prosperidade com economia mais sustentável e sociedade mais justa”. “Não há retorno nessa determinação, mas não será fácil”, destacou, citando combate ao desmatamento ilegal e garimpo ilegal em terras indígenas, criação de reservas e parques e realização de conferências nacionais para debater meio ambiente.

    Mais cedo, a ministra e o presidente Lula lançaram um novo plano de segurança para a Amazônia, em parceria com os governos estaduais. São medidas para combater crimes como grilagem de terras públicas, atividades ilegais de garimpo, extração de madeira, mineração, além de caça e pesca em territórios indígenas, áreas de proteção ambiental e no bioma como um todo.

    A ministra acrescentou que o país, como maior potência ambiental do planeta, tem condições de liderar o desafio global de combate às mudanças climáticas e de “construir um modelo de desenvolvimento que trate corretamente a natureza e reduza as desigualdades entre pessoas e sociedades”.

    Edição: Marcelo Brandão

  • Mercadante defende retomada da industrialização com bem-estar social

    Mercadante defende retomada da industrialização com bem-estar social

    O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloízio Mercadante, defendeu, nesta segunda-feira (5), a retomada da industrialização no Brasil com bem-estar social, para que o país consiga alcançar a meta do desenvolvimento ecológico sustentável. Mercadante participou do seminário Financiamento para o Grande Impulso para a Sustentabilidade. Na ocasião, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) lançou o estudo Financiando o Big Push: Caminhos para Destravar a Transição Social e Ecológica no Brasil.

    De acordo com Mercadante, o Brasil teve, na década de 1980, uma indústria mais forte que a da China e a da Coreia. “Perdemos um tempo histórico”. Para ele, isso se deve à falta de perspectiva da elite dirigente e de setores empresariais que perderam a noção de projeto nacional de desenvolvimento – projetos estruturantes, transformadores, portadores de futuro, de uma relação estável de mercado e de bem-estar social.

    “Precisamos de uma neoindustrialização, que seja transformadora, que seja digital, sustentável, que impulsione a descarbonização da economia e crie uma nova perspectiva histórica”, afirmou. Segundo Mercadante, o mesmo desafio se impõe à agricultura nacional, no sentido da descarbonização. “Uma agricultura que preserve recursos naturais estratégicos, que dê ao Brasil uma gigantesca competitividade nesse setor”. Ele acrescentou que o BNDES precisa também olhar o setor de serviços, o que mais gera empregos no país atualmente.

    Sobre as mudanças climáticas, Mercadante disse que, se o sistema financeiro não mudar, o planeta não tem chance de reverter o quadro atual, que é “devastador”. E é preciso haver mudança de atitude e nova política de financiamento, defendeu.

    De acordo com Mercadante, o estudo lançado na sede do BNDES é uma grande contribuição para destravar a transição social e ecológica no Brasil. Ele garantiu que o BNDES voltará a ser o banco da reindustrialização do Brasil, da infraestrutura, da indústria, da agricultura descarbonizantes e do setor de serviços, em parceria com organismos internacionais.

    Ações

    Brasília (DF), 23-05-2023 – Entrevista coletiva para divulgar o Boletim Macrofiscal , Maio 2023, Secretáio da SPR, Guilherme Mello, Foto Valter Campanato/Agência Brasil.
    O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello – Arquivo/Valter Campanato/Agência Brasil

    Em participação por vídeo no seminário, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, destacou que a transformação ecológica está na pauta da pasta. Ele informou que foi criada uma subsecretaria para discussão do desenvolvimento sustentável, liderada pela professora Cristina Reis. Além disso, as equipes da Secretaria de Política Econômica e do ministro Fernando Haddad trabalham com outros órgãos a construção de instrumentos de financiamento e de uma moldura para discutir um plano ambicioso de transformação ecológica para o Brasil.

    “É uma mudança de postura”, disse Mello, ao lembrar que, há alguns anos, o Brasil foi protagonista na questão do combate ao desmatamento, da descarbonização e da proteção dos seus biomas, em particular, da Amazônia.

    Ele ressaltou, contudo, que, no último governo, a liderança brasileira na questão ambiental, “foi sendo desgastada por uma série de medidas e uma visão do tema da sustentabilidade como um obstáculo ao desenvolvimento”. Agora, o tema da transformação ecológica está sendo visto como grande oportunidade de desenvolvimento, inovação e reconstrução da base produtiva nacional. “Isso é diferente de olhar a questão ambiental como um custo a ser pago e sim como “uma grande oportunidade”.

    Guilherme Mello informou que o plano de transformação ecológica que está sendo delineado terá seis grandes eixos: finanças sustentáveis; adensamento tecnológico; bioeconomia; transição energética; economia circular e nova infraestrutura. Os seis eixos, articulados, compõem a base do que está sendo chamado de plano de transformação ecológica. “Todos dialogam entre si.”

    De acordo com o secretário, o volume de recursos necessários para o Brasil promover a transformação ecológica no prazo correto, que é imposto pelas mudanças climáticas, é muito e significativo, e o orçamento público sozinho não daria conta. “Ele precisa ter capacidade de atração de investimentos externos, busca de financiamento em instituições multilaterais, financiamento privado e também do sistema de bancos, cooperativas e instituições de desenvolvimento, que têm capacidade de alavancar crédito e financiar investimentos de maneira bastante robusta.”

    Títulos sustentáveis

    Alguns temas contribuirão para a construção do plano de transformação ecológica. O primeiro é o Brasil promover sua primeira emissão de títulos públicos sustentáveis, que dialoguem com a sustentabilidade social e ambiental, no âmbito internacional. Após muitos anos fora do mercado de emissão de títulos, o Brasil voltou a fazer uma emissão no primeiro semestre, o que ajuda no sistema de curva de precificação desses títulos.

    O Tesouro está trabalhando para emissão de títulos sustentáveis no segundo semestre. Vários países parceiros do Brasil na América do Sul já têm expertise na emissão de títulos sustentáveis que ajudam a atrair capitais e financiar investimentos na transformação ecológica. O maior exemplo é o Chile, disse o secretário. “E o Brasil, certamente, tem enorme potencial para captar e atrair investidores para a agenda ambiental que estamos construindo. E a emissão de títulos é uma forma de se fazer isso.”

    Outro tema que deve aparecer nos debates nos próximos meses é o da regulamentação do mercado de créditos de carbono, que é fundamental, segundo Guilherme Mello. Está sendo construída uma proposta robusta para que tal mercado seja constituído no Brasil e possa, futuramente, ganhar dimensão internacional, levando o país a se tornar credor na transformação ecológica, na medida em que reduzir o desmatamento e preservar seus biomas. O secretário destacou também que é preciso ter certeza de que os recursos dos investidores estão sendo destinados para ações sustentáveis e de que não vai haver desvio de finalidade nos recursos investidos no Brasil para a transformação ecológica.

    Outra discussão importante é sobre o caráter sustentável do programa de investimentos que será anunciado pelo presidente da República nos próximos meses. Segundo Mello, no passado, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) foi importante para fortalecer a infraestrutura do país, mas o que se quer hoje é que os investimentos, tanto os sociais quanto os de infraestrutura, além do conjunto de políticas públicas, tenham claro o critério de sustentabilidade.

    No âmbito das políticas sociais, o secretário destacou que não há possibilidade de preservar biomas, construir novas estruturas produtivas sem pensar na capacidade de geração de emprego e renda das atividades sustentáveis. De acordo com Mello, é a combinação de atividades ambientalmente sustentáveis e socialmente inclusivas que vai permitir tanto o combate ao desmatamento, “que é a principal fonte de emissão no Brasil”, quanto a construção de uma estrutura produtiva verde, que dialogue com novas tecnologias, com a neoindustrialização, com a transição energética, novas fontes de energia e de combustíveis, que vão ter como base a bioeconomia, a inclusão social e produtiva.

    Guilherme Mello abordou ainda o tema da sustentabilidade sob o ponto de vista das políticas sociais. E garantiu que não há como preservar os biomas sem pensar também na capacidade de geração de renda e de emprego.

    Edição: Nádia Franco

  • BNDES vai destinar R$ 2,5 milhões para bioeconomia na Amazônia

    BNDES vai destinar R$ 2,5 milhões para bioeconomia na Amazônia

    O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) irá destinar R$ 2,5 milhões para apoiar projetos de bioeconomia florestal em cinco municípios com baixos indicadores socioeconômicos no Amazonas: Apuí, Itapiranga, São Sebastião do Uatumã, Lábrea e Carauari. A iniciativa contará ainda com mais R$ 2,5 milhões aportados por parceiros e será implementada pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam), organização não governamental que desenvolve alternativas para a conservação ambiental, o desenvolvimento social e a mitigação das mudanças climáticas.

    De acordo com o BNDES, os projetos deverão envolver o manejo comunitário de floresta nativa nas cadeias da madeira, óleos vegetais e castanha-do-Brasil e serão escolhidos através de uma chamada pública. Populações extrativistas, produtores familiares moradores de Unidades de Conservação e beneficiários de programas da reforma agrária poderão participar da seleção por meio de suas cooperativas e organizações sociais.

    A produção decorrente destes projetos poderá ser comercializada pela Inatú, uma marca coletiva de produtos amazônicos sustentáveis criada a partir de uma parceria do Idesam com associações e cooperativas. Fundação em 2019, a marca foi viabilizada com recursos do Fundo Amazônia, que é gerido pelo BNDES.

    De acordo com o Idesam, a Inatú é administrada pelos próprios produtores e extrativistas, que conseguem ter acesso a processos produtivos mais modernos para beneficiamento dos insumos e atingem o consumidor final por meio de parcerias com pequenas e médias empresas. Entre os produtos já disponíveis estão óleos de andiroba, de café verde e de breu, óleo resina de copaíba e manteigas de cupuaçu e de mururu.

    As organizações que forem selecionadas na nova chamada receberão assistência técnica. Atividades de capacitação irão beneficiar 150 pessoas.

    “Também serão realizadas ações que visam contribuir para a criação de uma cadeia de transformação de resíduos orgânicos dos processos produtivos dos óleos e da castanha em bioplástico”, informa o BNDES. Segundo a instituição financeira, o apoio a iniciativas que viabilizam atividades econômicas sustentáveis é o caminho mais inclusivo e efetivo para reduzir a pressão sobre o bioma, contribuindo para manter a floresta em pé.

    Edição: Carolina Pimentel