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  • Lucas do Rio Verde participa do Encontro Nacional da Ouvidoria-geral do SUS 2025

    Lucas do Rio Verde participa do Encontro Nacional da Ouvidoria-geral do SUS 2025

    A servidora municipal, ouvidora do Sistema Único de Saúde (SUS), Aline Teixeira representou Lucas do Rio Verde na edição 2025, do Encontro Nacional da Ouvidoria-geral do SUS (ENOuvSUS).

    O evento foi realizado em Brasília, entre os dias 19 e 21 de março e contou com a participação de gestores, representantes de entidades e ouvidores de todos os estados. De Mato Grosso, apenas sete municípios e a Ouvidoria Estadual estiveram presentes.

    Segundo a ouvidora SUS Aline Teixeira, o objetivo do encontro foi discutir e buscar estratégias para melhorar o atendimento a população, além da oportunidade de trocar experiências com ouvidores de todo o Brasil.

    “A ouvidoria é o termômetro do serviço público, é onde o usuário deposita suas reclamações e elogios. Aprimorar essa comunicação possibilita entender as necessidades da população e propor ações que melhorem o serviço ofertado”.

    O encontro foi promovido pelo Ministério da Saúde, em parceria com o projeto “Fortalecimento da Gestão e da Participação Social no SUS: Desenvolvimento de Ações Estratégicas para Implantação e Implementação dos Serviços de Ouvidorias de Saúde”, coordenado pela pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP), Rosa Souza.

  • Calor extremo no trabalho afeta saúde a curto e longo prazo

    Calor extremo no trabalho afeta saúde a curto e longo prazo

    Hidratação constante e toalha úmida por perto, recomenda a pesquisadora Tatiane Cristina Moraes de Sousa para enfrentar o calor intenso. Professora do Departamento de Epidemiologia do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), alerta para os impactos a curto e longo prazo na saúde humana em razão da alta das temperaturas registradas na cidade do Rio de Janeiro.

    Somente nos dois primeiros meses do ano, mais de 5 mil pessoas já procuraram atendimento médico em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) em razão do calor excessivo, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ).

    “Quando falamos dos impactos, temos que pensar primeiro na exposição, que é como aquela pessoa está exposta, por quantas horas, se está dentro de um ambiente ou não, se está a céu aberto, trabalhando”, avalia a professora.

    Como efeitos imediatos da exposição ao calor, a pesquisadora cita sinais de exaustão e insolação, que, em casos mais graves ou quando não há tratamento adequado, podem provocar complicações em órgãos vitais.

    “A pessoa pode ter desmaios, náuseas, diferentes sinais e sintomas que mostram que ela está se encaminhando para uma insolação. O risco final, que pode acontecer de imediato dependendo das condições, é a pessoa vir a óbito”, comenta, relembrando o caso da universitária Ana Clara Benevides Machado, que morreu devido à exaustão causada pelo calor durante um show da cantora Taylor Swift no Rio de Janeiro em 2023.

    Além dos efeitos diretos da exposição ao sol, principalmente em dias de temperatura e sensação térmica elevadas, Sousa aponta para os efeitos a longo prazo. À Agência Brasil, a professora explica que a exposição ao calor intenso faz com que se exija mais esforço do organismo para se regular. “Nosso sistema cardiovascular e nosso sistema renal estão se esforçando mais para o nosso corpo voltar à temperatura em que o organismo funciona melhor, em torno de 37ºC, então, se expormos o nosso corpo a esse esforço por um longo período, também aumentamos a chance de aparecerem doenças crônicas”, diz.

    Rio de Janeiro (RJ), 17/02/2024 - Funcionários tabalham no Sambódromo debaixo de forte calor. Cidade do Rio de Janeiro atinge nível 4 de calor. Marco é caracterizado por temperaturas que podem chegar a 44ºC Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
     Funcionários trabalham no Sambódromo debaixo de forte calor. Cidade do Rio de Janeiro atinge nível 4 de calor. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Apesar das temperaturas recordes registradas na capital fluminense — na segunda-feira (17), a cidade atingiu máxima de 44ºC, maior temperatura desde 2024 —, a pesquisadora avalia que o calor excessivo não é um desafio apenas da cidade do Rio de Janeiro, mas um problema que precisa ser repensado por diferentes sistemas de gestão pública e pela sociedade.

    “Hidratação, por exemplo, é essencial. A prefeitura municipal [do Rio de Janeiro] disponibilizou pela cidade diferentes pontos de hidratação gratuita, mas sabemos que interromper ou evitar essa exposição no horário de 11h às 15h é ideal, só que isso mexe, principalmente, com o trabalhador, isso mexe como construímos a nossa sociedade para os horários de trabalho”, reflete.

    Segundo Sousa, os profissionais mais afetados são aqueles com vínculos informais de trabalho, especialmente entregadores e vendedores ambulantes, que dependem dos horários de maior movimento. “Como você vai garantir que esse vendedor não trabalhe nos horários de pico, se no carnaval, por exemplo, é o momento em que eles mais ganham?”, questiona.

    Rio de Janeiro (RJ) 25/01/2025 – Vendedores ambulantes na Praia do Flamengo durante semana com alerta de calor extremo. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
    Vendedores ambulantes na Praia do Flamengo durante semana com alerta de calor extremo  – Fernando Frazão/Agência Brasil

    Além da atividade desenvolvida, outro fator importante para compreender a situação de vulnerabilidade a que os trabalhadores estão submetidos é a idade, já que idosos, assim como crianças, são mais suscetíveis a problemas em decorrência do calor intenso. Muitos desses trabalhadores informais, avalia a pesquisadora, também apresentam quadros de hipertensão, diabete, doenças renais e cardíacas, que contribuem para uma situação de mal-estar.

    Pensando, sobretudo, nos trabalhadores informais expostos ao sol por um longo período, a pesquisadora recomenda buscar áreas cobertas e ventiladas, usar chapéus o tempo inteiro e reconhecer o momento de encerrar a atividade para buscar ajuda. “Essa é uma coisa que o poder público vai ter que intensificar, é o acesso ao socorro, à assistência, o cuidado durante esse período”, explica a professora.

    Outra recomendação que Sousa faz é sempre refrescar o corpo com água ou uma toalha molhada. Para ela, essas ações, no entanto, não podem ser restritas ao início deste ano: “Faltam ações concretas, mas isso não pode parar agora porque estamos no verão. São planejamentos, revisões que temos que ter para o próximo verão, para outros períodos que não imaginávamos que fossem ser tão quentes, mas serão”.

    *Estagiária sob supervisão de Vinícius Lisboa

  • Suplementação de cálcio passa a ser universal contra riscos de mortalidade materna na gestação

    Suplementação de cálcio passa a ser universal contra riscos de mortalidade materna na gestação

    O Ministério da Saúde publicou neste mês orientação aos profissionais de Atenção Primária à Saúde para a suplementação de cálcio no atendimento a gestantes que realizam o acompanhamento pré-natal pela Rede Alyne. A rede é a principal estratégia do SUS para fortalecer o pré-natal e reduzir as desigualdades no cuidado materno e infantil. E a suplementação de cálcio tem o objetivo de ajudar na prevenção de distúrbios hipertensivos na gestação.

    A hipertensão na gravidez é fator de risco para a ocorrência da pré-eclâmpsia, que está entre as principais causas de mortalidade materna no Brasil. O distúrbio pode levar a complicações graves, como parto prematuro e óbito materno e neonatal. Para combatê-lo, o Ministério da Saúde publicou a Nota Técnica Conjunta nº 251/2024, estabelece a suplementação universal de cálcio para gestantes.

    A medida, baseada em recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e já prevista no protocolo de atenção ao pré-natal de baixo risco do Ministério da Saúde desde 2012, integra a Rede Alyne.

    “Esse é um avanço fundamental na nossa estratégia de redução da mortalidade materna. Com essa iniciativa, fortalecemos a Rede Alyne e reafirmamos nosso compromisso com a saúde das mulheres, principalmente aquelas que vivem em situação de vulnerabilidade, garantindo um pré-natal mais seguro e acessível a todas. Nosso compromisso é com o Brasil onde todas as mães tenham acesso ao cuidado e à dignidade que merecem”, acredita a ministra da Saúde, Nísia Trindade.

    Por que suplementar cálcio?

    Estudos mostram que a suplementação diária de cálcio reduz em até 55% o risco de pré-eclâmpsia. “A condição pode se manifestar a partir da 20ª semana de gestação e levar a complicações graves, como insuficiência hepática, insuficiência renal, descolamento prematuro de placenta e restrição do crescimento fetal”, explica a coordenadora-geral de Atenção à Saúde das Mulheres, Renata Reis.

    Desde 2011, a OMS recomenda a suplementação de cálcio para gestantes com baixa ingestão do nutriente ou em situações de alto risco para pré-eclâmpsia. No Brasil, dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (2017-2018) apontam que mais de 96% das mulheres adultas consomem menos cálcio do que o recomendado, reforçando a necessidade da oferta universal do suplemento.

    Como será feita a suplementação no SUS?

    A nova diretriz recomenda que todas as gestantes recebam suplementação diária de cálcio, seguindo este protocolo:

    • Público: todas as gestantes atendidas no Sistema Único de Saúde (SUS), com início da suplementação a partir da 12ª semana de gestação até o parto;
    • Dosagem: dois comprimidos diários de carbonato de cálcio (1.250 mg, equivalente a 1.000 mg de cálcio elementar);
    • Prescrição: pode ser feita por médicos, enfermeiros e nutricionistas das equipes da APS;
    • Cuidados na administração: o suplemento não deve ser ingerido junto com a suplementação de ferro, sendo necessário um intervalo de duas horas entre os suplementos para garantir a absorção adequada de cada um.

    Equidade em saúde

    Criada para enfrentar a mortalidade materna e infantil, a Rede Alyne estrutura ações para um pré-natal seguro, com acesso oportuno e qualificado. A iniciativa prioriza gestantes em situação de vulnerabilidade e coloca no centro da política pública a redução das desigualdades raciais no acesso à saúde materna e infantil.

    A inclusão da suplementação universal de cálcio na Rede Alyne reforça a importância de um pré-natal completo, acessível e baseado em evidências científicas, para que as gestantes tenham acesso não apenas ao suplemento, mas também a um conjunto de cuidados essenciais. Isso inclui o fortalecimento da nutrição materna, com base nas diretrizes do Guia Alimentar para a População Brasileira.

    Próximos passos: acesso e distribuição

    A distribuição do suplemento de cálcio será feita dentro do planejamento da assistência farmacêutica do SUS, com responsabilidade compartilhada entre estados, municípios e o Distrito Federal. A implementação da medida será acompanhada pelas equipes da APS, garantindo que as gestantes tenham acesso ao suplemento nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).

    Raiane Azevedo/Ministério da Saúde, com edição da Agência Gov

  • Calor levou mais de 5 mil pessoas a buscar atendimento no Rio em 2025

    Calor levou mais de 5 mil pessoas a buscar atendimento no Rio em 2025

    O calor no Rio de Janeiro já levou mais de 5 mil pessoas a buscar atendimento médico em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) desde o início de 2025, segundo dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS-RJ). A soma inclui quem procurou redes de urgência e emergência, considerando as Unidades de Pronto Atendimento (UPA), as Coordenações de Emergência Regional (CER) e os hospitais.

    No mês de janeiro, a secretaria estima que 3 mil pessoas foram atendidas por complicações em decorrência do calor intenso. Já nos primeiros 18 dias de fevereiro, cerca de 2,4 mil pessoas já foram atendidas em unidades de emergência do SUS na cidade.

    “A Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro já verifica um aumento de pessoas procurando as emergências com problemas relacionados ao calor, principalmente desidratação e descompensação de doenças crônicas”, afirmou em nota. A SMS-RJ acrescenta que a maior preocupação é com idosos e crianças, que costumam ter menos sensação de rede.

    A persistência de temperaturas elevadas fez com que a Prefeitura do Rio anunciasse no último domingo (16) medidas de orientação para a população nesta semana, na qual já foi registrado recorde de temperatura.

    Em entrevista à Agência Brasil, o secretário municipal de Saúde, médico sanitarista e deputado federal Daniel Soranz explicou que o município fez um trabalho de cruzamento de dados dos últimos 12 anos que mostra um aumento da descompensação de doenças crônicas e da taxa de mortalidade em idosos nos dias mais quentes.

    “Hoje, conseguimos comprovar com dados que os dias mais quentes são os dias em que temos a maior mortalidade por diabete, hipertensão, insuficiências cardíaca e insuficiência renal”, explica.

    Em 2024, a Prefeitura divulgou a primeira edição do “Protocolo de Enfrentamento ao Calor Extremo”, que descreve os impactos das ondas de calor para a saúde humana e apresenta ações de contingência para cada nível de calor — do Calor 1 ao Calor 5. Desde junho, inclusive, o COR-Rio monitora os níveis de calor, que variam em razão da temperatura e da umidade relativa do ar registrada na cidade. De acordo com o Centro de Inteligência Epidemiológica (CIE), dos 45 primeiros dias de 2025, a cidade do Rio esteve 27 deles fora do Calor 1.

    “A mortalidade por doenças crônicas aumenta nos dias de calor intenso. Também os casos de desidratação e de queimaduras na pele, o que já era previsto, aumentam ainda mais nos dias de Calor 4, que são os mais quentes do ano”, avalia o secretário. O anúncio de que o município do Rio de Janeiro havia entrado no nível de Calor 4 — caracterizado por altos índices de calor, de 40°C a 44°C, com permanência ou aumento por pelo menos três dias consecutivos — foi feito na segunda-feira (17), às 12h35, pelo COR-Rio.

    Hidratação

    Entre as ações anunciadas no domingo pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) estão a abertura de 58 pontos de resfriamento, parada para hidratação de trabalhadores que passam um longo período expostos ao sol e a preparação da rede de saúde municipal para o aumento de atendimentos de casos decorrentes das altas temperaturas. A Prefeitura também reforçou a recomendação de ingestão de água, uso de roupas leves e não exposição direta ao sol nos períodos de altas temperaturas.

    “A partir dos dados levantados, do aumento da mortalidade, conseguimos orientar a população a não fazer atividades físicas e a não se expor ao sol nos momentos mais quentes do dia. Também conseguimos orientar a utilização das medicações crônicas e a necessidade de hidratação”, afirma Soranz. O secretário responsável pela SMS acrescenta que a hidratação constante evita que problemas de saúde sejam agravados e protege a população dos dias de calor mais intensos.

    “Com hidratação, podemos evitar alguns tipos de internação e o agravamento de algumas doenças”, retoma. Segundo o médico sanitarista, as recomendações são válidas para “todos os profissionais que trabalham sob o sol direto ou que fazem exercícios físicos nos dias mais quentes”, mas tem como foco principalmente as crianças e os idosos, que se desidratam com maior facilidade em comparação aos demais grupos.

    Com a aproximação do Carnaval, que deve movimentar mais de R$ 12 bilhões em receitas no país, conforme estimativa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a SMS-RJ estabeleceu postos de saúde no Sambódromo Marquês de Sapucaí, localizado no bairro de Santo Cristo, onde acontecem os desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro.

    “São quatro postos de saúde dentro do Sambódromo para cuidar das pessoas que estarão lá aproveitando o Carnaval e também nos principais blocos da cidade, então também estamos reforçando as unidades de urgência e emergência para atender a demanda de 1 milhão de foliões que vão curtir o Carnaval na cidade do Rio de Janeiro”, diz o secretário.

    *Estagiária da Agência Brasil sob supervisão de Vinícius Lisboa

  • Lucas do Rio Verde: Prefeito questiona lei que instituiu distribuição de cannabis medicinal no SUS

    Lucas do Rio Verde: Prefeito questiona lei que instituiu distribuição de cannabis medicinal no SUS

    O prefeito de Lucas do Rio Verde, Miguel Vaz, entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a Lei Municipal nº 3.766/2025, que estabelece procedimentos para a distribuição e uso de produtos à base de cannabis medicinal no Sistema Único de Saúde (SUS) do município. A ação, protocolada com pedido de liminar, busca suspender imediatamente a eficácia da lei até que haja uma decisão definitiva do Tribunal de Justiça.

    A lei foi aprovada pela Câmara Municipal após a derrubada do veto do prefeito, que alegava que o projeto, originado pelo Legislativo, apresentava vícios formais e materiais que comprometiam sua validade jurídica. Entre os principais argumentos da ADI, Miguel Vaz sustenta que a lei fere o princípio da separação dos Poderes ao tratar de uma matéria que seria de competência exclusiva do Executivo. Além disso, aponta que a norma foi promulgada sem estudos de impacto financeiro, o que contraria a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Constituição Federal.

    Inconstitucionalidade formal e material

    Na petição inicial, o prefeito argumenta que a lei municipal possui vício de iniciativa, pois foi proposta pela Câmara, quando, segundo a Constituição e entendimentos do Supremo Tribunal Federal (STF), somente o Executivo poderia legislar sobre a organização e o funcionamento do SUS. Assim, a promulgação da norma pelo Legislativo configuraria uma invasão de competência, tornando-a inconstitucional do ponto de vista formal.

    Outro ponto levantado é a ausência de estudo de impacto financeiro. Segundo a administração municipal, a lei impõe ao Executivo a obrigação de fornecer medicamentos à base de cannabis sem que houvesse previsão orçamentária para isso. De acordo com o prefeito, essa situação contraria dispositivos da Lei de Responsabilidade Fiscal e o artigo 167 da Constituição, que impede a criação de despesas sem indicação de fonte de custeio. Dessa forma, a continuidade da norma poderia comprometer as contas públicas e afetar outros serviços essenciais de saúde.

    Contrariedade a entendimentos do STF

    Outro argumento central da ação é que a lei municipal contraria decisões recentes do Supremo Tribunal Federal sobre o fornecimento de medicamentos não incorporados ao SUS. O prefeito cita os temas 500 e 1.234 do STF, que estabelecem critérios para que estados e municípios forneçam remédios fora da lista oficial do SUS. Entre as exigências está a necessidade de registro do medicamento na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), algo que a legislação municipal não teria levado em consideração.

    Para a gestão municipal, a lei impõe obrigações que ultrapassam os critérios técnicos estabelecidos pelos órgãos federais de regulação sanitária, o que pode gerar insegurança jurídica e dificultar a implementação de uma política pública de saúde baseada em evidências científicas.

    Pedido de suspensão imediata

    Diante das possíveis irregularidades, o prefeito solicita ao Tribunal de Justiça que conceda uma liminar para suspender imediatamente os efeitos da lei até que haja uma decisão final. Ele argumenta que a manutenção da norma pode gerar um impacto financeiro imprevisto para o município, além de criar precedentes que comprometam o equilíbrio orçamentário.

    O pedido de liminar baseia-se nos princípios do “fumus boni iuris” e do “periculum in mora”, termos jurídicos que indicam, respectivamente, a existência de fundamentos plausíveis para a ação e o risco iminente de prejuízo caso a legislação continue em vigor. Segundo a prefeitura, a implementação da distribuição de medicamentos à base de cannabis sem planejamento adequado pode comprometer a destinação de recursos para outros setores da saúde pública.

    Impacto e próximos passos

    A Lei nº 3.766/2025 foi recebida com expectativas por grupos que defendem o uso terapêutico da cannabis, uma vez que a medida poderia facilitar o acesso ao tratamento para pacientes que dependem desses produtos. No entanto, a judicialização da questão demonstra a complexidade do tema e levanta debates sobre os limites da atuação do Legislativo municipal, a necessidade de planejamento financeiro e a compatibilidade das normas locais com a legislação federal.

    O Tribunal de Justiça ainda não se manifestou sobre o pedido de liminar. Caso a suspensão seja concedida, a lei deixará de produzir efeitos até o julgamento definitivo da ADI. Enquanto isso, o embate jurídico segue em andamento, envolvendo não apenas o Executivo e o Legislativo municipais, mas também a população que acompanha de perto as políticas públicas de saúde e bem-estar social.

  • SUS oferece nova vacina a gestantes vacina contra vírus sincicial

    SUS oferece nova vacina a gestantes vacina contra vírus sincicial

    O Sistema Único de Saúde vai oferecer para as gestantes uma nova vacina capaz de proteger os bebês contra o vírus sincicial respiratório (VSR). A inclusão do imunizante Abrysvo foi aprovada nesta quinta-feira (13) pela Comissão de Incorporação de Tecnologias no SUS – Conitec.

    Cabe ao Programa Nacional de Imunizações, do Ministério da Saúde, planejar a forma e o calendário de vacinação.

    O vírus sincicial respiratório é o maior causador da bronquiolite, inflamação dos bronquíolos, que são finas ramificações que levam o oxigênio até os alvéolos dos pulmões. A doença se manifesta de forma grave principalmente em crianças de até dois anos, e também em idosos, causando dificuldade respiratória e podendo levar à morte.

    Foto de gestante - Mulher em gestação. Foto: Fotorech/Pixabay
    Fotorech/Pixabay

    De acordo com dados do último boletim Infogripe, da Fiocruz, neste ano foram registrados 370 casos confirmados de Síndrome Respiratória Aguda Grave e oito mortes. A transmissão do vírus é maior no inverno, quando há grande aumento de casos e óbitos, a maioria em bebês.

    Os testes feitos pela fabricante Pfizer com cerca de 7 mil gestantes demonstraram 82,4% de eficácia da vacina na prevenção de casos graves em bebês de até três meses, e de 70% até os seis meses de idade. A vacinação durante a gestação faz com que a mãe produza anticorpos que são transmitidos ao feto, propiciando que ele já nasça com a proteção.

    A Abrysvo foi aprovada para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária no ano passado, e já está sendo oferecida pela rede particular de saúde. A indicação da Pfizer é de uma dose por gestação, administrada entre as 24 e as 36 semanas de gravidez. A vacina também pode ser tomada por idosos, mas este público não foi contemplado na decisão da comissão.

    A presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações Mônica Levi acredita que a nova vacina trará muitos impactos positivos à saúde infantil.

    “Vai diminuir a necessidade de consultas em emergência, de internação, de UTI, de intubação e também o número de mortes. Há também o impacto de longo prazo. Após a primeira infecção pelo VSR, a criança pode ter chiados por algum tempo na sua vida, desencadeado por diversos fatores, principalmente infecção viral. Algumas crianças se tornam asmáticas e outras têm vários episódios de bronquioespasmo, desencadeados pelas alterações que o VSR causa na árvore brônquica.”

    A Conitec também aprovou a incorporação de outra tecnologia, voltada para os bebês prematuros, o anticorpo monoclonal nirsevimabe. Diferente das vacinas, o medicamento não estimula a produção natural de anticorpos, mas se constituí em defensor já pronto para evitar a disseminação de um agente infeccioso específico. Por isso, é aplicados apenas em pessoas com sistema imunológico vulnerável, como os bebês prematuros.

  • Estudo da Fiocruz aponta desigualdades no acesso ao parto hospitalar

    Estudo da Fiocruz aponta desigualdades no acesso ao parto hospitalar

    Um estudo dos pesquisadores do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) reforça a existência de desigualdades no acesso ao parto hospitalar no Brasil. Foram mapeados 6,9 milhões de partos em dois períodos distintos: em 2010-2011 e 2018-2019.

    O artigo publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas mostra que, no biênio 2018-2019, uma em cada quatro mulheres (27,3%) precisou sair do município em que vivia para dar à luz em hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). No período anterior de comparação, em 2010-2011, esse percentual tinha sido de 23,6%.

    A distância e o tempo de viagem também cresceram, 31,1% e 33,6, respectivamente. O deslocamento médio era de 54 quilômetros (km) e passou a ser de 70,8 km. A duração média das viagens passou de 63,1 minutos para 84,3 minutos. O estudo reforça que a questão geográfica, relativa à dificuldade de acesso aos hospitais, pode ter impactos negativos na saúde de gestantes e bebês.

    Com participação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), o levantamento usou dados agregados nacionais do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) do SUS.

    O texto destaca que o problema é desigual e afeta as regiões de maneira diferente. Gestantes que vivem no Norte enfrentam maiores distâncias (133,4 km) e mais tempo de viagem (355 minutos). Na sequência, vêm Centro-Oeste (104,4 km e 95 minutos), Nordeste (68,6 km e 65 minutos), Sudeste (55,9 km e 52 minutos) e Sul (54,8 km e 52 minutos).

    A coordenadora do estudo, Bruna Fonseca, explica que há desafios para promover o acesso adequado a uma rede obstétrica regionalizada.

    “Embora algumas políticas busquem reduzir a distância de viagem, elas não definem referências específicas para o que é de fato a distância e o tempo aceitável para dar à luz”, diz Bruna.

    “A regulamentação atual estipula uma taxa de 0,28 leito obstétrico para cada mil habitantes dependentes do SUS, mas existem muitas diferenças regionais – tanto etária, como nas taxas de fecundidade e nas práticas de parto hospitalar ou domiciliar. É importante que as políticas deem conta dessa heterogeneidade dos territórios existentes no Brasil”, completa.

    Segundo o estudo, mulheres que enfrentaram óbito materno e/ou neonatal viajaram por distâncias e tempos maiores para dar à luz no SUS.

    Enquanto mulheres com resultados normais viajaram 74,9 km e 85 minutos, as que tiveram problemas no parto viajaram 94 km e 100,9 min no último biênio analisado (2018-2019) pela pesquisa.

    “Isso sugere que a distância e o tempo de viagem podem ser potenciais fatores de risco para mães e recém-nascidos, mas existem outros fatores a serem considerados, tal como o estado de saúde da gestante, a infraestrutura hospitalar ou o acesso ao pré-natal. Em análises futuras, o uso de técnicas multivariadas se mostra fundamental para entender melhor como diferentes fatores, além do tempo e da distância, contribuem para resultados maternos e neonatais adversos”, diz Bruna Fonseca.

  • Mais de 70 profissionais concluem especializações na Escola de Saúde Pública de Mato Grosso

    Mais de 70 profissionais concluem especializações na Escola de Saúde Pública de Mato Grosso

    A Escola de Saúde Pública de Mato Grosso (ESP-MT) encerrou o ano de 2024 com importantes avanços, ao concluir três cursos de especialização voltados à qualificação dos profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS).

    Em novembro de 2024, 17 médicos especialistas foram certificados na segunda turma do curso de Hansenologia. Esse curso pioneiro é fruto de uma parceria entre a Secretaria de Saúde e a Sociedade Brasileira de Hansenologia. A formação é fundamental para o controle da hanseníase no estado.

    Interior de Mato Grosso Ganha Profissionais Especializados

    A primeira turma descentralizada de Especialistas em Saúde Pública foi formada no município de Água Boa, abrangendo diversas regiões de saúde. Com carga horária de 370 horas, o curso capacitou 26 profissionais, fortalecendo o atendimento local e abordando áreas estratégicas do SUS.

    Avaliação de Tecnologias em Saúde: Inovação e Eficiência

    Com 500 horas de aula, o curso de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS) capacitou 33 profissionais das regiões Centro Norte e Médio Norte. A especialização promove uma análise detalhada sobre o impacto do uso de tecnologias no setor, beneficiando decisões estratégicas.

    Fonte: Secretaria de Comunicação de Mato Grosso

  • Saúde confirma casos de febre amarela em macacos em município paulista

    Saúde confirma casos de febre amarela em macacos em município paulista

    A Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo confirmou que exames realizados em quatro macacos do campus da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto, interior paulista, tiveram resultado positivo para febre amarela.

    Embora macacos doentes não transmitam a doença, são um indicativo de circulação do vírus. Os primatas são os principais hospedeiros do vírus, mas os únicos vetores de transmissão são os mosquitos. No meio silvestre, os mosquitos picam o macaco que, depois de infectado pelo vírus, pode ser picado por outro vetor e este, por sua vez, transmitir a doença para o homem.

    Por causa disso, a campanha de vacinação contra a febre amarela foi intensificada na cidade de Ribeirão Preto. Segundo a administração municipal, equipes da Vigilância Epidemiológica da cidade iniciaram, na sexta-feira passada (3), a imunização de pessoas que moram ou trabalham no campus da USP e que nunca receberam a vacina. A prefeitura também tem feito busca ativa para imunização de cerca de 4 mil crianças que ainda não completaram o ciclo vacinal da febre amarela, composta por duas doses, uma aos 9 meses e outra aos 4 anos.

    “Estamos realizando uma busca ativa por essas crianças. A secretaria está entrando em contato com todas essas famílias para que as crianças sejam vacinadas. Não é preciso que a população faça filas nos postos de saúde”, disse Mauricio Godinho, secretário municipal da Saúde. De acordo com Godinho, após esta idade uma única dose da vacina garante a proteção contra a doença.

    De acordo com a prefeitura, não há atualmente nenhum registro de febre amarela em humanos na cidade de Ribeirão Preto.

    A doença

    A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda que é causada por um vírus, transmitido pela picada de um mosquito silvestre, que vive em zona de mata, e não há transmissão direta de pessoa para pessoa. Os sintomas iniciais da febre amarela são febre, calafrios, dor de cabeça intensa, dores nas costas, dores no corpo, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza.

    A maioria das pessoas melhora após os sintomas iniciais. No entanto, cerca de 15% podem apresentar um breve período, que pode ir de horas a um dia sem sintomas e, então, desenvolver uma forma mais grave da doença, que pode levar à morte, destacou o Ministério da Saúde.

    Vacina

    Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde informou ter remanejado 20 mil doses de imunizantes para Ribeirão Preto. “Vale destacar que os macacos não transmitem febre amarela. A infecção se dá por meio de mosquitos silvestres, que vivem em zonas de mata e não habitam o ambiente urbano das cidades.”

    A secretaria alerta que o risco é maior em áreas de mata e zonas rurais que recebem turistas para acampamentos, trilhas e outras atividades. “Caso alguém identifique macacos mortos na região onde vive ou está, deve informar imediatamente às autoridades sanitárias do município, de preferência, diretamente para a vigilância ou o controle de zoonoses”, diz nota da secretaria.

    A doença pode ser prevenida por meio de vacina, que está disponível gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS).

    Desde abril de 2017, o Brasil adota o esquema vacinal de apenas uma dose durante toda a vida, medida que está de acordo com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS). A vacina é a melhor forma de prevenção da doença e está disponível em todos os postos de saúde do estado.

  • Hospital Metropolitano realiza mais de mil cirurgias bariátricas em 2024

    Hospital Metropolitano realiza mais de mil cirurgias bariátricas em 2024

    O Hospital Metropolitano, unidade mantida pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), em Várzea Grande, realizou **1,1 mil cirurgias bariátricas** de janeiro a novembro de 2024. A unidade atua como referência na especialidade da bariátrica pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Mato Grosso.

    Neste mesmo período, o hospital também realizou cerca de **1.132 exames de endoscopia** e **331 exames de colonoscopia**.

    Referência em atendimento multiprofissional em Mato Grosso

    O secretário estadual de Saúde destacou o desempenho da unidade: “O Hospital Metropolitano se destaca como referência na realização de cirurgias bariátricas pelo SUS em Mato Grosso e isso é motivo de orgulho para nós. A unidade oferece atendimento de excelência no pré e no pós-operatório, assegurando um serviço de qualidade aos pacientes, com profissionais qualificados”, afirmou.

    A diretora do hospital ressaltou o acompanhamento multiprofissional oferecido aos pacientes. “Além dos exames de endoscopia e colonoscopia, foram realizados cerca de **714 ecocardiogramas**, **1.411 espirometrias**, **2.099 ultrassons** e **2.801 eletrocardiogramas**. Ao ser atendido no Hospital Metropolitano, o paciente tem acesso a diversos tipos de exames e consultas multiprofissionais, com foco no bem-estar dos pacientes”, destacou.