Tag: SUICÍDIO

  • Homem mata ex-companheira e tira a própria vida em Várzea Grande 

    Homem mata ex-companheira e tira a própria vida em Várzea Grande 

    Uma tragédia marcou a tarde deste sábado (21) no bairro Vila Artur, em Várzea Grande, quando Murilo Lima de Campos, de 34 anos, matou a ex-companheira Ivete Maria da Silva, de 31, e tirou a própria vida em seguida.

    De acordo com o boletim de ocorrências, a Polícia Militar foi acionada por volta das 16h20 para atender ao caso. No local, Ivete foi encontrada sem vida, com um disparo de arma de fogo na cabeça. Murilo ainda estava vivo e foi encaminhado ao Pronto-Socorro de Várzea Grande, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na unidade hospitalar.

    Familiares relataram que o casal estava em processo de separação e que Murilo não aceitava o término do relacionamento. O cunhado da vítima revelou ter recebido um áudio do autor do crime informando que havia matado Ivete. Após enviar o áudio, Murilo atirou contra si próprio.

    Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML) para exames de perícia. Também foram solicitados exames toxicológicos e de alcoolemia do suspeito.

  • Quebrando o silêncio e encorajando: “Se precisar, peça ajuda”

    Quebrando o silêncio e encorajando: “Se precisar, peça ajuda”

    Falar sobre saúde mental é algo desafiador nos tempos que vivemos, mas precisamos quebrar o silêncio e abordar esse assunto. Quantas pessoas estão, neste momento, passando por agonia, sem saber por onde começar? Muitas questões estão acumuladas no subconsciente, transformando a vida em uma aflição, quando, na verdade, a vida é um presente, uma dádiva.

    No Brasil, o mês de setembro passou a ser dedicado a essa discussão a partir de 2015, por diferentes entidades que buscam esclarecer a população sobre o tema, usando a cor amarela. Assim surgiu o “Setembro Amarelo”. No entanto, uma campanha internacional teve início nos Estados Unidos após a trágica morte do jovem norte-americano Mike Emme, que tinha 17 anos. A família e os amigos não perceberam que Mike precisava de ajuda, e ele acabou tirando a própria vida.

    Recentemente, a família do jovem norte-americano concedeu uma entrevista a um veículo de comunicação e compartilhou a dor da perda, que nunca tem fim para a família e os amigos. Contudo, ao olharem para a mobilização gerada pela morte do filho e a compaixão em ajudar outras pessoas a enfrentar problemas semelhantes por meio das campanhas, o sentimento de dor se transformou em uma missão de ajudar o próximo.

    Histórias como essa estão por toda parte. Como mãe, esposa e atualmente servindo à população como primeira-dama do Estado, tenho a responsabilidade de falar sobre o assunto. Quero encorajar as pessoas a olhar mais para o próximo. Não estou falando de cuidar da vida do outro, mas de tentar perceber sinais que podem estar atormentando aqueles ao nosso lado. Da mesma forma, encorajo as pessoas que estão passando por problemas a encontrar um porto seguro e conversar com alguém; esse é o primeiro passo. Os sintomas do suicídio são silenciosos, e o escape se dá com a depressão, e nem sempre conseguimos identificar esses sinais.

    Especialistas alertam que a depressão é uma doença psicológica grave e frequentemente subestimada, que pode levar ao suicídio. Caracterizada por alterações de humor, às vezes uma pessoa que demonstra uma alegria constante pode estar escondendo uma dor; tristeza profunda; baixa autoestima e sensação de falta de perspectiva. A depressão pode ter várias causas, incluindo fatores genéticos, perdas pessoais, desilusão amorosa e abuso de substâncias.

    A doença faz com que a pessoa se sinta envergonhada, rejeitada e solitária, e, devido à sua subestimação social, pode levar a pensamentos suicidas como uma forma de escapar das angústias. É crucial buscar acompanhamento profissional para o tratamento da depressão, o qual pode reduzir significativamente o risco de suicídio.

    Se você está passando por um momento difícil, saiba que não está sozinho(a). Pedir ajuda é um ato de coragem. Converse com alguém de confiança, procure um profissional e, se precisar, ligue para o CVV: 188.

    De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), no Brasil, 12,6% dos homens, a cada 100 mil, em comparação com 5,4% das mulheres, a cada 100 mil, morrem devido ao suicídio. A única maneira de ajudar uma pessoa que está com pensamentos suicidas é o apoio de pessoas próximas e profissionais. Se precisar, peça ajuda; esse é o melhor caminho. Nem sempre conseguimos superar nossas fragilidades sozinhos. Além dos familiares e amigos, procure um profissional habilitado. O processo não é fácil, mas, com determinação e fé, a superação é uma questão de tempo.

    Quem acompanha meu trabalho sabe que já passei por inúmeros desafios com minha saúde, momentos delicados. A única coisa que eu pensava era como superar algo que não dependia apenas de mim. Todas as doenças que enfrentei e a minha superação diária vão além da minha força de vontade. No meu caso, a fé em Deus, a minha família e a ajuda profissional foram primordiais, pois há momentos em que o corpo e a mente cansam. É nesse momento que precisamos ser humildes o suficiente para dizer: “Sim, eu preciso de ajuda”.

    A vida é maravilhosa; a vida é um presente diário. “Se precisar, peça ajuda.”

    Virginia Mendes é economista, mãe de três filhos, primeira-dama de MT e voluntária nas ações de Governo na área social por meio da Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (UNAF).

  • Estudo mostra relação entre dependência da internet e ideação suicida

    Estudo mostra relação entre dependência da internet e ideação suicida

    A universitária Milena Dias cursa jornalismo, em Brasília, e diz que todo mundo estranha o fato de ela não ter rede social. A estudante acredita que, em algum momento, isso vai mudar, mas, por enquanto, gosta de não fazer parte do ambiente virtual.

    “Não sinto falta de postar fotos minhas, não sinto falta de ver as postagens dos outros, [porque] é um mundo separado da realidade. É diferente da vida real, é um mundo muito de estereótipos e, mais do que isso, de muita exposição.”

    Já para a estudante de nutrição Maria Eduarda Nestali, que também mora na capital federal, as redes sociais são importantes: “Eu tenho WhatsApp, Instagram, TikTok, mas sou bem criteriosa com os conteúdos que eu assisto”, pondera Maria Eduarda.

    Estudos indicam que o impacto da internet na saúde mental pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo da forma como ela é utilizada. A necessidade de permanecer conectado à rede mundial de computadores preocupa especialistas, que apontam a relação entre o consumo excessivo das plataformas online e transtornos mentais como depressão e ansiedade.

    Foi buscando uma resposta para o que acontecia com estudantes da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) que a professora Irena Penha Duprat resolveu aliar o interesse pelo uso excessivo da internet à pesquisa sobre a chamada ideação suicida. Este ano, ela defendeu, na Universidade de São Paulo (USP), a tese O Papel da Internet na Saúde Mental de Jovens Universitários e sua Relação com Ideação Suicida.

    Irena Duprat observou, em 2017 e 2018, um aumento no número de alunos com problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e algumas tentativas de suicídio, o que, segundo ela, era muito preocupante. “Queria saber se o uso excessivo influenciava no pensamento suicida do estudante”, explica.

    Foram entrevistados 503 alunos de seis cursos da área de saúde. “Eles responderam alguns questionários e, entre eles, um teste sobre dependência de internet e um sobre ideação suicida, além da questão sociodemográfica para conhecer o perfil de cada estudante”, conta Irena.

    Cerca de 51% dos estudantes foram classificados com algum tipo de dependência: leve, quando a pessoa usa muito a internet, mas tem a percepção disso e consegue parar; e moderada e grave, quando já não há essa percepção. Irena explica que, nesses dois últimos casos, a dependência é comparada a qualquer outra, sem limites. “No caso da ideação suicida, no questionário, a gente teve uma prevalência de 12,5% de estudantes com ideação presente”, revela.

    Onze dos entrevistados com sintomas depressivos apresentaram maior frequência de ideação suicida, assim como aqueles com nível de ansiedade alto. Ainda de acordo com a pesquisa, a ideação suicida foi maior entre estudantes que reportaram dependência moderada ou grave da internet.

    “O uso da internet [é] como um mecanismo de fuga para diversas situações da vida deles. Principalmente aqueles que relataram problemas como depressão, ansiedade, estresse. Eles usavam na verdade a internet como um refúgio para fugir dos problemas”, aponta a professora Irena Duprat.

    O impacto negativo também é sentido no caso da exposição em mídias sociais como Instagram e Facebook, sobretudo na saúde mental das mulheres. A professora diz que, para as jovens, é “algo que influenciava na questão do pensamento suicida, principalmente em relação a esses conteúdos que podem gerar sentimentos de inferioridade, baixa autoestima”.

    “Por quê? Porque a gente olha aquelas redes sociais, as influencers, e as pessoas parecem ter uma felicidade. As mulheres apresentam o ideal de beleza que quem está olhando muitas vezes não se sente assim”, ressalta.

    Internet como aliada

    A psicóloga Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, que se dedica ao trabalho de prevenção e de posvenção (apoio nos processos de luto) ao suicídio, também avalia que o uso da tecnologia pode ser positivo ou negativo.

    “É difícil a gente estabelecer o que começa antes, se um uso excessivo da tecnologia que leva a questões de saúde mental ou influencia as questões de saúde mental; ou se as pessoas já estão lidando com questões de saúde mental e acabam fazendo um uso excessivo das redes, por conta disso”, destaca a psicóloga Karen Scavacini.

    Karen acredita que os impactos dependem da vulnerabilidade das pessoas, se elas estão passando por situações delicadas, com algum transtorno mental não tratado ou não diagnosticado. Têm relação também com as horas de uso e como é esse uso – se é mais passivo ou mais ativo.

    Brasília (DF), 13/09/2024 - Setembro Amarelo. Psicóloga Karen Scavacini . Foto: Vita Alere/Divulgação
    Brasília (DF), 13/09/2024 – Setembro Amarelo. Psicóloga Karen Scavacini . Foto: Vita Alere/DivulgaçãoPsicóloga Karen Scavacini diz que internet pode ser ferramenta de prevenção ao suicídio – Vita Alere/Divulgação

    Outro fator que merece atenção é o que a rede tem oferecido para os usuários dependendo dos conteúdos que eles buscam, a partir dos algoritmos. “Se ela vai e procura depressão, o que ela recebe de informação? Se ela procurar autolesão, se ela procurar suicídio, o que que ela encontra? Então, o que as redes oferecem em termos de conteúdo.”

    A psicóloga lembra que, em muitos casos, as pessoas recorrem às redes para buscar grupos de pertencimento, com quem conversar e pedir ajuda. Ela cita pesquisas recentes que mostram que muitos jovens, por exemplo, têm buscado na internet informações sobre saúde mental e como superar o preconceito e o estigma em relação ao assunto.

    O Instituto Vita Alere oferece materiais educativos gratuito de acesso livre. Desde um baralho que pode ser usado em sala de aula por professores para abordar o tema da prevenção do suicídio na internet, até uma cartilha para pais e educadores sobre tempo de uso. No ano passado, o instituto abriu um centro de inovação para estudos em saúde mental, tecnologia e suicidologia.

    O instituto oferece ainda o Mapa da Saúde Mental, um mapeamento nacional dos locais de atendimento em saúde mental gratuitos no país. Os interessados podem acessar o Mapa da Tecnologia, que mostra locais de ajuda específicos para pessoas que estão passando ou passaram por alguma violência online.

    Karen Scavacini destaca que, hoje em dia, a tecnologia pode funcionar como aliada e cita, por exemplo, aplicativos que indicam onde buscar informações e outros tipos de ajuda para pessoas em sofrimento.

    Outro exemplo são as terapias virtuais desenvolvidas para alguns tipos de atendimento específicos, como no caso de pessoas com transtorno de estresse pós-traumático, além do uso de games para ajudar crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. “A tecnologia oferece novos tratamentos também e formas alternativas ou complementares de tratamento para a saúde mental”, aponta.

    A psicóloga orienta os interessados a buscarem fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Associação Brasileira de Prevenção ao Suicídio, a Associação Brasileira de Sobreviventes Enlutados por Suicídio e o próprio Instituto Vita Alere.

    Para Irena Duprat, que fez o estudo sobre internet e ideação suicida de universitários, é preciso uma conscientização sobre o uso das redes. Afinal, a tecnologia veio para ficar.

    “É inevitável que a internet faz parte da vida de todo mundo. Ela traz benefício, a gente não pode pensar só no lado negativo. Ela é uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos 20 anos, mas, como tudo em excesso pode trazer algo prejudicial, ela também pode Então, a gente precisa é trabalhar essa conscientização do uso com moderação. É saber até onde esse uso pode realmente trazer benefícios ou malefícios”, defende.

    A dependência da internet pode ser tratada com psicoterapia e, em alguns casos, com medicação, associada a tratamentos para depressão e ansiedade.

    Saúde mental dos estudantes

    Algumas universidades têm iniciativas voltadas para a saúde mental dos estudantes. É o caso da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes (UFF Campos).

    Bruna Oliveira Silva é estudante do último ano de psicologia. Para ela, a vida universitária não é fácil. “Estar no ambiente acadêmico, em que muitas vezes a gente está submetida a rotinas exaustivas, relacionadas à pressão das disciplinas, com prazos para cumprir. O fato de estar longe do nosso núcleo familiar, como é o caso de muitos alunos do nosso polo. É muito difícil e requer muito esforço mental dos estudantes.”

    Com o aumento de queixas associadas à saúde mental dos estudantes, identificado pela assistência estudantil, a UFF Campos desenvolveu, em 2017, o projeto Cuca Legal, uma parceria da equipe de assistentes sociais e de professores do Departamento de Psicologia.

    No Cuca Legal, o aluno pode falar de suas angústias e dúvidas, além de aprender algumas habilidades necessárias para o ambiente universitário, como destaca a professora do Departamento de Psicologia Ana Lúcia Novais Carvalho. O projeto tem encontros mensais, oficinas semanais e mantém um perfil no Instagram.

    Brasília (DF), 13/09/2024 - Setembro Amarelo. Ana Lúcia Novais Carvalho. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
    Professora Ana Lúcia Novais Carvalho diz que, pelo Instagram do Cuca Legal, equipe do projeto identifica demandas dos alunos – Arquivo pessoal/Divulgação

    Nesse caso, segundo Ana Lúcia, a rede social é uma espécie de intervenção psicoeducativa, “onde a gente identifica, quais são os temas mais frequentemente abordados pelos alunos”. “Por exemplo, a questão do sono. A gente, às vezes, pode valorizar muito pouco a necessidade de sono, mas o sono pode impactar de forma importante mesmo a própria saúde mental.”

    Os alunos que precisam têm um cuidado individual da assistência estudantil. Uma psicóloga faz os atendimentos. O encaminhamento é feito dentro da própria instituição, quando necessário, e se for o caso, para a rede estadual de saúde.

    O Sistema Único de Saúde (SUS) possui a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), dedicada a cuidar da saúde mental.

    Setembro Amarelo

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2000 a 2019, o suicídio foi a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo.

    Durante todo o mês de setembro, profissionais de saúde intensificam as ações voltadas para a saúde mental e a conscientização relacionada à importância da preservação da vida. É a campanha Setembro Amarelo, de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio.

    A psicóloga Karen Skavacini ressalta a necessidade de as escolas participarem desse processo e destaca a importância de se falar abertamente sobre o assunto. “Quando a gente fala abertamente sobre um assunto, a gente tem a capacidade de mudar as coisas com relação a ele, então eu diria para a gente aproveitar este mês para refletir o nosso papel e para expandir esse conhecimento e esse cuidado para todos os outros meses.”

    Quem estiver passando por um momento difícil pode encontrar ajuda nos centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e nas unidades básicas de Saúde, ou no Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende pelo telefone 188 ou pela internet.

    Edição: Juliana Andrade

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  • Brasil tem mais de 30 internações ao dia por tentativa de suicídio

    Brasil tem mais de 30 internações ao dia por tentativa de suicídio

    O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou, ao longo de 2023, 11.502 internações relacionadas a lesões em que houve intenção deliberada de infligir dano a si mesmo, o que dá uma média diária de 31 casos. O total representa um aumento de mais de 25% em relação aos 9.173 casos registrados quase dez anos antes, em 2014. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (11) pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

    Em nota, a entidade lembrou que, nesse tipo de circunstância, médicos de emergência são, geralmente, os primeiros a prestar atendimento ao paciente. Para a associação, o aumento de internações por tentativas de suicídio e autolesões reforça a importância de capacitar esses profissionais para atender aos casos com rapidez e eficiência, além de promover acolhimento adequado em situações de grande fragilidade emocional.

    Segundo a Abramede, os números, já altos, podem ser ainda maiores, em função de possíveis subnotificações, registros inconsistentes e limitações no acesso ao atendimento em algumas regiões do país. Os dados mostram que, em 2016, houve uma oscilação nas notificações de internação por tentativas de suicídio, com leve queda em relação aos dois anos anteriores. O índice voltou a subir em 2018, com um total de 9.438 casos, e alcançou o pico em 2023.

    Estados e regiões

    A análise regional das internações por lesões autoprovocadas revela variações entre os estados brasileiros. Para a associação, em alguns deles, foi registrado “um crescimento alarmante”. Alagoas, por exemplo, teve o maior aumento percentual de 2022 para 2023 – um salto de 89% nas internações. Em números absolutos, os casos passaram de 18 para 34 no período.

    A Paraíba e o Rio de Janeiro, de acordo com a entidade, também chamam a atenção, com aumentos de 71% e 43%, respectivamente. Por outro lado, estados como São Paulo e Minas Gerais, apesar de registrarem números absolutos elevados – 3.872 e 1.702 internações, respectivamente, em 2023 –, registraram aumentos percentuais menores, de 5% e 2%, respectivamente.

    Num movimento contrário, alguns estados apresentaram reduções expressivas no número de internações por tentativas de suicídio e autolesões no ano passado. Amapá lidera a lista, com uma queda de 48%, seguido pelo Tocantins (27%) e Acre (26%).

    A Abramede destaca que a Região Sul como um todo enfrenta “tendência preocupante” de aumento desse tipo der internação. Santa Catarina apresentou crescimento de 22% de 2022 para 2023, enquanto o Paraná identificou aumento de 16%. O Rio Grande do Sul ficou no topo da lista, com aumento de 33%.

    Perfil

    De acordo com a associação, o perfil de pacientes internados por lesões autoprovocadas revela uma diferença significativa entre os sexos. Entre 2014 e 2023, o número de internações de mulheres aumentou de 3.390 para 5.854. Já entre os homens, o total de internações caiu, ao passar de 5.783 em 2014 para 5.648 em 2023.

    Em relação à faixa etária, o grupo de 20 a 29 anos foi o mais afetado em 2023, com 2.954 internações, seguido pelo grupo de 15 a 19 anos, que registrou 1.310 casos. “Os números ressaltam a vulnerabilidade dos jovens adultos e adolescentes, que, juntos, representam uma parcela significativa das tentativas de suicídio”, avaliou a entidade.

    Já as internações por lesões autoprovocadas entre pessoas com 60 anos ou mais somaram 963 casos em 2023. Outro dado relevante é o aumento das internações entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos – em 2023, foram 601 registros, quase o dobro do observado em 2011 (315 internações).

    Para a Abramede, embora o atendimento inicial desses casos necessite de “foco técnico”, é importante que a abordagem inclua também a identificação de sinais de vulnerabilidade emocional, com o objetivo de oferecer suporte integrado. A entidade avalia que uma resposta rápida e humanizada pode fazer a diferença no prognóstico desses pacientes, além de ajudar na prevenção de novos episódios.

    Setembro Amarelo

    No Brasil, uma das principais campanhas de combate ao estigma na temática da saúde mental é o Setembro Amarelo que, este ano, tem como lema Se Precisar, Peça Ajuda. Definido por diversas autoridades sanitárias como um problema de saúde pública, o suicídio, no país, responde por cerca de 14 mil registros todos os anos. Isso significa que, a cada dia, em média, 38 pessoas tiram a própria vida.

    Na avaliação do psicólogo e especialista em trauma e urgências subjetivas Héder Bello, transtornos mentais representam fatores de vulnerabilidade em meio à temática do suicídio – mas não são os únicos. Ele cita ainda ser uma pessoa LGBT, estar em situação de precariedade financeira ou social, ser refugiado político ou enfrentar ameaças, abuso ou violência. “Esses e outros fatores contribuem para processos de ideação ou até de tentativa de suicídio.”

    “Políticas públicas que possam, de alguma maneira, falar sobre esse assunto, sem tabu, são importantes. Instrumentos nas áreas de educação e saúde também podem ser amplamente divulgados – justamente pra que a gente possa mostrar que existem possibilidades e recursos amplos para lidar com determinadas situações que são realmente muito estressantes e de muita vulnerabilidade.”

    Cenário global

    Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, todos os anos, mais de 700 mil pessoas em todo o mundo tiram a própria vida. A entidade alerta para a necessidade de reduzir o estigma e encorajar o diálogo aberto sobre o tema. A proposta é romper com a cultura do silêncio e do estigma, dando lugar à abertura ao diálogo, à compreensão e ao apoio.

    Números da entidade mostram que o suicídio figura, atualmente, como a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A OMS cita consequências sociais, emocionais e econômicas de longo alcance provocadas pelo suicídio e que afetam profundamente indivíduos e comunidades como um todo.

    Reduzir a taxa global de suicídio em pelo menos um terço até 2030 é uma das metas dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Os desafios que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e associam-se a fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos, incluindo a negação de direitos humanos básicos e acesso a recursos”, destacou a OMS.

    Edição: Juliana Andrade

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  • Aumentam os casos de suicídio em Mato Grosso

    Aumentam os casos de suicídio em Mato Grosso

    Mato Grosso enfrenta uma grave crise de saúde pública: o suicídio. Um estudo recente revelou um aumento alarmante nas taxas de suicídio no estado, com um perfil cada vez mais complexo das vítimas. A pandemia de Covid-19, embora não tenha sido o único fator desencadeante, intensificou a crise e alterou os métodos utilizados.

    Entre 2015 e 2021, Mato Grosso registrou 1.512 mortes por suicídio, superando a média nacional em diversos anos. O perfil das vítimas também se modificou: enquanto até 2020 a faixa etária mais afetada era entre 20 e 29 anos, em 2021 a maior parte dos casos ocorreu entre 30 e 39 anos. Homens continuam sendo a maioria das vítimas, com destaque para os solteiros, que apresentaram um aumento de 122% nas taxas de suicídio no período analisado.

    A pandemia de Covid-19, com suas consequências para a saúde mental e a economia, agravou a situação. O isolamento social e a incerteza financeira contribuíram para o aumento do estresse e da depressão, fatores de risco conhecidos para o suicídio.

    O estudo, conduzido por Sheila Maria de Luna Nascimento, Fernanda Braga de Almeida, Rogério Pereira Sebba Filho, Lívia Maria Ribeiro, Vykthor Maryanno Gomes Timóteo, Iracema Nascimento e Luciana Mendes Oliveira,revelou mudanças significativas nos métodos utilizados para tirar a própria vida.

    Enquanto o enforcamento, estrangulamento e sufocação continuam sendo os métodos mais comuns, houve um aumento expressivo na auto-intoxicação e no uso de objetos cortantes e contundentes, especialmente durante a pandemia.

  • Setembro Amarelo: Vereador destaca a importância de campanhas de prevenção e orientação

    Setembro Amarelo: Vereador destaca a importância de campanhas de prevenção e orientação

    Com o início do Setembro Amarelo, mês dedicado à conscientização e prevenção ao suicídio, o vereador Vagner Godoy de Lucas do Rio Verde ressaltou a importância da campanha, que é incentivada desde 2017 por uma lei municipal. “É um tema delicado, mas é fundamental ser abordado. No Brasil, o suicídio é a quarta maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos e a segunda maior causa de morte no mundo inteiro”, destacou Godoy.

    O vereador enfatizou a necessidade de atenção redobrada para com os jovens, que muitas vezes estão enfrentando problemas e necessitando de apoio. “Se você perceber que seu filho ou neto mudou de comportamento, está se isolando ou ficando mais triste, não hesite em procurar ajuda de um profissional. Aqui em Lucas do Rio Verde, temos PSFs (Postos de Saúde da Família) que podem acolher essas pessoas, assim como o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) e serviços de saúde mental disponíveis para toda a população”, explicou.

    Godoy também destacou o lema da campanha deste ano: “Se precisar, procure ajuda”. Ele afirmou que a campanha de conscientização está sendo fortemente incentivada na cidade, com diversas ações sendo realizadas. “Estamos falando bastante desse tema em Lucas do Rio Verde. O Cine Focus já está rodando várias praças e abordando essa questão. Queremos continuar incentivando a discussão sobre o suicídio nas escolas, nos órgãos públicos e em todas as esferas, para evitar que mais pessoas cometam esse ato”, concluiu o vereador.

  • Fiocruz alerta para aumento da taxa de suicídio entre criança e jovem

    Fiocruz alerta para aumento da taxa de suicídio entre criança e jovem

    A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% por ano no Brasil entre 2011 a 2022, enquanto as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 anos de idade evoluíram 29% ao ano no mesmo período. Os números apurados superam os registrados na população em geral, cuja taxa de suicídio apresentou crescimento médio de 3,7% ao ano e de autolesão de 21% ao ano, no período analisado.

    Os resultados foram apurados na análise de quase 1 milhão de dados pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard, e constam de estudo recém-publicado na revista The Lancet Regional Health – Americas. Para chegar às conclusões, a equipe analisou dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Sistema de Informações Hospitalares (SIH) e do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.

    A pesquisadora do Cidacs/Fiocruz e líder da investigação, Flávia Jôse Alves, verificou que as taxas de notificação por autolesões aumentaram de forma consistente em todas as regiões do Brasil no período citado. “Isso também aconteceu com o registro geral de suicídios, que teve um crescimento médio de 3,7% ao ano”, explica Flávia.

    Raça e etnia

    Apesar da redução de 36% no número de suicídios em escala global, as Américas fizeram o caminho inverso, apontou Flávia. No período compreendido entre 2000 e 2019, a região teve aumento de 17% nos casos, enquanto, no Brasil, o número subiu 43%. Em relação aos casos de autolesões no Brasil, a pesquisa do Cidacs/Fiocruz constatou que, em 2022, houve aumento das taxas de notificação em grupos de todas as faixas etárias, desde os 10 anos até maiores de 60 anos de idade.

    A pesquisa avaliou também os números de suicídios e autolesões em relação à raça e etnia no país de 2000 a 2019. Enquanto há um aumento anual das taxas de notificação por essas lesões autoprovocadas em todas as categorias analisadas, incluindo indígenas, pardos, descendentes de asiáticos, negros e brancos, o número de notificações é maior entre a população indígena, com mais de 100 casos a cada 100 mil pessoas.

    Embora tenha apresentado maior número de notificações, a população indígena mostrou menores taxas de hospitalização, apontou a pesquisadora. “Esse é um indício forte de que existem barreiras no acesso que essa população tem aos serviços de urgência e emergência. Existem diferenças entre a demanda de leitos nos hospitais e quem realmente consegue acessá-los, e isso pode resultar em atrasos nas intervenções”, segundo Flávia.

    Covid-19

    O estudo confirma que durante a pandemia da covid-19, aumentaram as discussões sobre transtornos mentais como ansiedade e depressão, decorrentes da mudança da dinâmica nas relações sociais. Porém, de acordo com Flávia Jôse, o registro de suicídios permaneceu com tendência crescente ao longo do tempo, sem alteração no período da pandemia. “Outras pesquisas já relataram que as taxas de suicídio no período se mantiveram estáveis. O principal aqui é que, independentemente da pandemia, o aumento das taxas foi persistente ao longo do tempo”, explicou.

    De acordo com os pesquisadores do Cidacs/Fiocruz Bahia, ter dados de qualidade disponíveis é uma estratégia importante de prevenção e monitoramento do suicídio, apesar de o acesso a esses dados ainda ser um problema grande no mundo todo, seja por estigma ou por questões legais: “O Brasil sai na frente nesse sentido, porque tem três diferentes bases de dados com essas informações e elas podem ser usadas para revelar evidências que a gente pode não ver ao analisar um banco único”, disse Flávia.

    Estudos anteriores do Cidacs/Fiocruz já associaram o aumento do número de suicídios com o aumento das desigualdades sociais e da pobreza e com o crescimento da prevalência de transtornos mentais, que causam impacto direto nos serviços de saúde, além de relatar as variações nas taxas em relação a cada região. Segundo Flávia, o estudo atual enfatizou a importância de mais políticas e intervenções: “Estamos reforçando a necessidade de mais estratégias de prevenção ao suicídio ao trazermos estes resultados”, sustentou.

    Alarme

    A psiquiatra Alessandra Diehl, membro do Conselho Consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas (Abead), vê com bastante preocupação o resultado do estudo do Cidacs/Fiocruz Bahia. “São dados alarmantes que vão sinalizando que essa população (crianças e jovens) é de fato mais vulnerável a transtornos psiquiátricos e, entre eles, o espectro da automutilação e o sintoma de suicídio dentro de vários quadros psiquiátricos”, comentou a doutora Alessandra nesta quarta-feira (21), em entrevista à Agência Brasil.

    Avaliou que isso tem um reflexo multifatorial. “Acho que um deles, muito preocupante nesse cenário, é que, apesar dessas estatísticas imensas, nós não temos hoje, no Brasil, na rede pública principalmente, serviços de atenção mais capilarizados para a infância e a adolescência”. Admitiu que existem iniciativas em todo o país, mas acredita que a saúde mental do adolescente e da criança ainda está sendo negligenciada.

    Segundo Alessandra Diehl, existe um estigma de que as crianças estão sendo “psiquiatrizadas”. “Eu acredito que, se a gente pudesse ofertar tratamento de uma forma mais precoce, a gente minimizaria essas estatísticas”. Na opinião da psiquiatra, esse é o grande “pulo do gato”, envolvendo tratamento precoce e, principalmente, medidas preventivas, que “são salutares, necessárias e urgentes para essa população”. Em relação aos adolescentes, em especial, Alessandra chamou a atenção que, na fase de transição da sexualidade, enfrentam mudanças que podem levar também ao uso de álcool e drogas, o que requer o olhar atento dos pais e da sociedade.

    Informação

    Para a psicóloga Paula Zanelatto, que atua em projeto na Rocinha procura estimular o debate sobre o suicídio entre jovens da comunidade, como forma de promoção da saúde mental, afirmou à Agência Brasil que, de modo geral, há fatores de risco que influenciam bastante crianças e adolescentes na questão do suicídio. Entre eles, citou o isolamento; o tabu de conversar sobre o assunto, “como se falar sobre isso fosse gerar mais vontade de fazer. Escutando tanto as famílias como os jovens, eu acredito que tem esse inconsciente coletivo de que falar influencia, o que é muito pelo contrário. É tabu”. Outros fatores incluem o bullying, casos de violência sexual e doméstica. “Tem diversos fatores que vão influenciar para esse índice crescente do suicídio ou da tentativa de suicídio”.

    Paula explicou que a principal razão diagnóstica que leva ao suicídio é o transtorno de humor, traduzido por bilaporidade ou depressão. Informou que 35% das pessoas que tentam o suicídio têm algum tipo de transtorno de humor. Aí se encaixa o borderline, que é um transtorno mental grave, caracterizado por um padrão de instabilidade contínua no humor, em que um dos critérios de diagnóstico são as autolesões, ou cortes, muito fortes entre os jovens. “Eles relatam para mim que marcar o corpo ou cortar o corpo é uma forma de aliviar a dor”. Não se trata, porém, de uma dor física, mas de uma dor emocional. “É uma angústia que eles não sabem definir de onde vem. Eles não conseguem dar nome a essa angústia ou a esse vazio enorme”.

    O trabalho na Rocinha resulta de parceria entre a Clínica Jorge Jaber e a Associação Sociocultural Semearte, que promove teatro e dança na região, e envolve cerca de 140 alunos na faixa etária de 13 a 22 anos que participam de encontros com profissionais da área de psiquiatria, englobando palestras, rodas de conversa e arte. Paula Zanelatto informou que, na verdade, o projeto fala de prevenção ao suicídio. “Para mim, a grande forma de ajudar é levando informação, fazendo palestras, rodas de conversa, conversando sobre o assunto, desmistificando esse assunto. E, com isso, abrindo um canal para que eles (crianças e jovens) possam falar sobre (o suicídio), tirar dúvidas e pedir ajuda”. Cerca de 70 alunos do Semearte já se tornaram multiplicadores das informações sobre o suicídio.

    Paula afirmou que suicídio, ou tentativa de suicídio, é uma doença. “Não é frescura, não passa sozinho e é classificado em todo o mundo como uma doença. Quando você leva essa informação para o jovem, você começa a abrir a sua mente”. O projeto da Rocinha será apresentado em Budapeste, na Hungria, em abril deste ano, durante o 32º Congresso Europeu de Psiquiatria.

    Ajuda

    Formado exclusivamente por voluntários, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e prevenção do suicídio gratuitamente. A pessoa que procura o CVV porque está se sentindo solitário pode conversar de forma sigilosa, sem julgamentos, críticas ou comparações com os voluntários da instituição, que atua em todo país. O atendimento é realizado pelo telefone 188 (24 horas por dia e sem custo de ligação) e pelo chat nos seguintes dias e horários: domingos, de 17h à 1h; de segunda a quinta-feira, de 9h à 1h; na sexta-feira, de 15h às 23h; e nos sábados, de 16h à 1h.

    Outros canais receber atenção e auxílio são o Mapa da Saúde Mental, que traz uma lista de locais de atendimento voluntário online e presencial em todo país, e o Pode Falar, canal lançado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) de ajuda em saúde mental para adolescentes e jovens de 13 a 24 anos. Funciona de forma anônima e gratuita, indicando materiais de apoio e serviço.

    Edição: Valéria Aguiar

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  • Agentes de segurança do Rio terão programa de prevenção ao suicídio

    Agentes de segurança do Rio terão programa de prevenção ao suicídio

    Policiais civis, agentes penitenciários e servidores que trabalham com adolescentes infratores no Rio de Janeiro terão um programa de prevenção ao suicídio. O programa será coordenado pelo Instituto de Pesquisa, Prevenção e Estudos em Suicídio (Ippes), em parceria com o governo do estado e o Ministério Público do Trabalho.

    A ideia é que, no futuro, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros também passem a integrar o projeto. Dados informados pelo Ippes, com base no Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostram que 101 policiais civis e militares cometeram suicídio em 2021. No estado do Rio, foram 15 casos naquele ano.

    Segundo a presidente do Ippes, a socióloga Dayse Miranda, o programa terá três etapas. A primeira é um diagnóstico da situação na Polícia Civil, na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) e no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase).

    Em seguida, será feito um trabalho de conscientização com gestores, profissionais de saúde mental dessas instituições e os próprios agentes. “Tentamos fazer um trabalho de mudança de cultura organizacional, oferecendo oficinas de gestão humanizada para os líderes, formando multiplicadores de prevenção, fazendo palestras que esclarecem quais são os primeiros sinais e também rodas de conversas onde eles compartilham os problemas do dia a dia de trabalho”.

    O Ippes colocará sua rede de apoio psicoterapêutico à disposição desses profissionais de saúde e dos próprios agentes que precisarem de ajuda.

    Dayse Miranda conta que há alguns fatores que favorecem o suicídio entre os agentes de segurança pública, entre eles a própria natureza do trabalho. “Ter autoexposição a situação de perigo e violência, ao decorrer de dez a 15 anos, esse profissional está sujeito a desenvolver os transtornos de estresse pós-traumático, que aumenta o risco do profissional morrer por suicídio”.

    Há ainda questões como as escalas de trabalho que comprometem o descanso, a falta de cuidado com o profissional que passou por uma situação complicada (como o assassinato de um colega) e também o acesso mais fácil à arma de fogo.

    Segundo Dayse Miranda, um profissional que está sofrendo com um adoecimento mental coloca em risco não apenas ele mesmo como também todos que estão a sua volta, inclusive a população civil. O projeto tem a previsão de durar dois anos.

    Edição: Valéria Aguiar

  • Morte de reitor de universidade catarinense foi aberração, diz Lula

    Morte de reitor de universidade catarinense foi aberração, diz Lula

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (19) que a morte do então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, em 2017, foi uma aberração. Cancellier cometeu suicídio após ser alvo na Operação Ouvidos Moucos, desdobramento da Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal (PF) para investigar um suposto desvio de recursos públicos em cursos de educação a distância.

    “São cinco anos e quatro meses que esse homem se matou pela pressão de uma política ignorante, de um promotor ignorante, de pessoas insensatas que condenam as pessoas antes de investigar e julgar”, afirmou o presidente.

    Além de ser preso e afastado do cargo, após ser solto, Cancellier foi proibido de entrar na instituição. No mesmo ano, a UFSC foi alvo de outra operação, assim como outras universidades do país. Em 2018, a PF encerrou o inquérito por falta de provas.

    “Quero aproveitar esse momento, com atraso de cinco anos e quatro meses, e dizer que pode ter morrido sua carne [em referência ao reitor Cancellier], mas as suas ideias continuarão no meio de nós a cada momento que pensarmos em educação, a cada momento que pensarmos na formação profissional e intelectual do povo brasileiro”, disse Lula.

    “Pode ficar certo que aqui tem muita gente disposta a dar sequência ao trabalho que você fazia e as ideias [em] que você acreditava. Você morreu, mas as suas ideias continuam vivas e nós havemos de recuperá-las e trabalhar para que a gente nunca mais permita que aconteça o que aconteceu com aquele reitor em Santa Catarina”, completou Lula.

    Operação

    Deflagrada em setembro de 2017, a Operação Ouvidos Moucos apurou suspeita de desvio de dinheiro de programas de ensino a distância a UFSC. A investigação resultou na prisão do então reitor, Luiz Carlos Cancellier de Olivo, e de mais seis pessoas. Ele foi solto no dia seguinte, mas não pôde voltar a frequentar a universidade. Em outubro, o ex-reitor cometeu suicídio. Cancellier deixou uma carta criticando a forma como a investigação foi feita.

    Edição: Nádia Franco

  • Setembro amarelo: ministra alerta para sinais que antecedem suicídio

    Setembro amarelo: ministra alerta para sinais que antecedem suicídio

    O mês de setembro é marcado por ações de prevenção ao suicídio em todo o país, através da campanha Setembro Amarelo. De acordo com dados apresentados pela campanha, realizada desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil são registrados cerca de 14 mil casos por ano, ou seja, uma média de 38 por dia.

    Entre os jovens de 15 a 29 anos, é a quarta principal causa de mortes, atrás apenas de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

    Em entrevista à Voz do Brasil, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, lembrou a importância das famílias prestarem atenção a sinais comportamentais, principalmente em crianças e jovens, que podem levar ao suicídio.

    “A gente vem instigando a sociedade a observar os sinais. E, nesse ano, a gente vem querendo envolver a família, para que observe os sinais. Aqueles que estão em depressão querem acolhimento, precisam ser ouvidos. Não ignore sinais, principalmente de crianças e aqueles que estão na adolescência”, disse a ministra.

    Segundo ela, a pandemia de covid-19 agravou a situação. “Infelizmente a pandemia nos trouxe um agravamento na saúde mental de todos os brasileiros e tem atingido crianças a partir de seis anos de idade. A faixa etária dos brasileiros que são afetados por tentativas de suicídio ou suicídio é de 11 a 19 anos. O perfil masculino prevalece. E a gente tem se preocupado muito com isso. A gente precisa falar sobre suicídio e automutilação”, afirmou.

    Entre os sinais que devem chamar a atenção das pessoas, segundo Cristiane Britto, estão isolamento, mudanças na alimentação e no sono, automutilação, autodepreciação, interrupção de planos e abandono de estudo e emprego.

    “A gente sempre orienta que procurem os centros de atenção psicossocial (Caps), os Cras, um hospital. Se houver qualquer sinal de que a pessoa tentou o suicídio, chame o Samu, chame o Corpo de Bombeiros. O Corpo de Bombeiros tem sido nosso grande parceiro”, explicou a ministra.

    Assista ao programa na íntegra:

    Edição: Vitor Abdala