Tag: SOJA

  • Demanda aquecida sustenta preços da soja nos portos, mas maior oferta e dólar em queda ainda pressionam cotações

    Demanda aquecida sustenta preços da soja nos portos, mas maior oferta e dólar em queda ainda pressionam cotações

    As negociações com soja ganharam ritmo ao longo da última semana, refletindo um aumento expressivo na demanda internacional e doméstica. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) apontam que essa elevação na procura impulsionou os prêmios de exportação da oleaginosa brasileira, fator que acabou sustentando os preços FOB nos portos do país, especialmente em momentos de maior movimentação comercial.

    Com o avanço das exportações, os recuos no mercado spot interno foram contidos. Em algumas regiões, inclusive, os preços mostraram sinais de firmeza, contrariando a tendência de queda observada nas semanas anteriores. A valorização dos prêmios exportáveis sinaliza o interesse de compradores estrangeiros pela soja brasileira, fortalecendo os contratos nos terminais de escoamento e estimulando produtores e tradings a fecharem novos negócios.

    Apesar do cenário mais otimista nos portos, o mercado interno ainda enfrenta desafios. A colheita da safra 2024/25 segue em ritmo acelerado, elevando significativamente a oferta da oleaginosa no país. Paralelamente, a cotação do dólar frente ao real apresentou quedas recentes, o que reduz a competitividade do produto brasileiro no exterior e interfere diretamente nas margens de lucro dos exportadores.

    Segundo analistas do Cepea, esse contexto cria uma espécie de “tensão de forças” no mercado: de um lado, o aquecimento das exportações e a boa demanda ajudam a evitar quedas mais acentuadas nos preços; de outro, o excesso de produto e a taxa cambial menos favorável exercem pressão sobre as cotações e limitam uma recuperação mais robusta no mercado doméstico.

    Nos próximos dias, a movimentação da moeda norte-americana, o comportamento da demanda internacional e o ritmo da comercialização interna devem continuar influenciando o desempenho da soja. O setor segue atento aos desdobramentos desses fatores, que serão determinantes para a formação dos preços no curto prazo.

  • Custo da soja em Mato Grosso sobe para a safra 2025/26, mas ponto de equilíbrio recua

    Custo da soja em Mato Grosso sobe para a safra 2025/26, mas ponto de equilíbrio recua

    O projeto Campo Futuro, realizado pelo CPA-MT, estimou em fevereiro de 2025 um aumento de 0,54% no custo de produção da soja em Mato Grosso para a safra 2025/26. Com isso, o valor por hectare passou a ser de R$ 4.073,00.

    Em relação ao Custo Operacional Efetivo (COE), a projeção atingiu R$ 5.658,85 por hectare, o que representa um acréscimo de 0,42% frente ao mês anterior. Esse custo inclui despesas diretas como insumos, mão de obra e operações mecanizadas.

    Apesar do aumento nos custos, o Ponto de Equilíbrio (P.E.) — ou seja, o valor mínimo que o produtor precisa receber por saca para cobrir o COE — apresentou recuo. A projeção indica que será necessário vender a soja por, no mínimo, R$ 91,17 por saca, valor 6,21% inferior ao estimado no mês anterior.

    Já o Custo Total (CT) da safra, que considera também depreciações e o custo de oportunidade, foi projetado em R$ 7.466,08 por hectare, também com alta de 0,54% em relação a janeiro.

  • Exportações de farelo e óleo de soja crescem em fevereiro de 2025, com destaque para Mato Grosso

    Exportações de farelo e óleo de soja crescem em fevereiro de 2025, com destaque para Mato Grosso

    De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as exportações brasileiras de farelo de soja e óleo de soja registraram crescimento expressivo em fevereiro de 2025, com Mato Grosso desempenhando um papel significativo nesse desempenho.

    Farelo de soja

    Em fevereiro de 2025, o Brasil exportou 1,70 milhão de toneladas de farelo de soja, um aumento de 8,42% em relação ao mesmo mês de 2024Mato Grosso, maior produtor de soja do país, foi responsável por 488,60 mil toneladas desse volume, consolidando-se como um dos principais contribuintes para o resultado positivo.

    O farelo de soja é um dos principais subprodutos da cadeia da soja, amplamente utilizado na alimentação animal, e o aumento das exportações reflete a forte demanda internacional, especialmente de países asiáticos e europeus.

    Óleo de soja

    As exportações brasileiras de óleo de soja também apresentaram crescimento significativo em fevereiro de 2025, totalizando 112,43 mil toneladas, um aumento de 28,00% em comparação a janeiro de 2025. Desse montante, Mato Grosso contribuiu com 16,01 mil toneladas.

    O óleo de soja é utilizado tanto na indústria alimentícia quanto na produção de biocombustíveis, e o aumento das exportações reflete a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.

    Fatores que impulsionaram o crescimento

    O crescimento das exportações de farelo e óleo de soja pode ser atribuído a diversos fatores, como:

    • Demanda internacional aquecida: Países como China, Índia e membros da União Europeia continuam aumentando suas importações de produtos derivados da soja.
    • Colheita recorde da safra 2024/25: A produção elevada de soja no Brasil garantiu maior disponibilidade de matéria-prima para a industrialização e exportação.
    • Câmbio favorável: A desvalorização do real frente ao dólar tem tornado os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional.

    Impactos para Mato Grosso

    Mato Grosso, como maior produtor de soja do Brasil, tem se beneficiado diretamente do aumento das exportações de farelo e óleo de soja. O estado é um dos principais responsáveis pelo abastecimento do mercado interno e externo, contribuindo significativamente para a balança comercial do agronegócio brasileiro.

    O desempenho positivo das exportações reforça a importância do setor para a economia do estado e do país, gerando empregos, renda e desenvolvimento regional.

    Perspectivas para os próximos meses

    Com a safra 2024/25 em pleno andamento e a demanda internacional mantendo-se aquecida, as expectativas são de que as exportações de farelo e óleo de soja continuem em alta nos próximos meses. No entanto, fatores como as condições climáticas, os preços internacionais e a logística de escoamento podem influenciar os resultados.

    O agronegócio brasileiro, e especialmente Mato Grosso, segue como um dos pilares da economia nacional, consolidando-se como um dos principais players no mercado global de commodities agrícolas.

  • Produtor já pode testar aplicativo que usa registro de ondas cerebrais de especialistas para detectar doenças da soja

    Produtor já pode testar aplicativo que usa registro de ondas cerebrais de especialistas para detectar doenças da soja

    A ferramenta que detecta doenças da soja, resultante da parceria Embrapa, Macnica DHW e InnerEye, está disponível para ser testada nesta safra. Técnicos e produtores, que lidam com a cultura no País, já podem acessar o aplicativo PlantCheck ID, gratuitamente, para os sistemas Android e iOS nas lojas de aplicativo. Em breve, também estará disponível para detecção de doenças do  milho.

    A parceria começou em 2022 com o treinamento do sistema para o reconhecimento de plantas doentes e não doentes, depois para doenças de relevância econômica e avança, agora, para a oferta da ferramenta para teste em larga escala. O aplicativo tem interface simplificada, segundo Jayme Barbedo, pesquisador da Embrapa Agricultura Digital e líder do projeto.

    “O usuário observa um sintoma na lavoura para o qual gostaria de ter um diagnóstico. Tira uma fotografia e transmite, via celular ou computador, aos servidores da InnerEye, em Israel. Lá, o modelo é rodado e uma resposta é produzida para o usuário. O processo não demora mais que alguns segundos”, detalha Barbedo.

    “Uma das grandes vantagens do aplicativo é tornar o processo de identificação de doenças mais rápido e assertivo, facilitando a vida do produtor. Além disso, ele também incluirá, em breve, alguns Apps da própria Embrapa, como o ClimaAPI e o Agrotermos, possibilitando ao usuário acessar todas essas informações a partir de uma única plataforma”, reforça Fábio Petrassem de Sousa, presidente da Macnica DHW.

    Ferrugem asiática, oídio e mancha alvo estão entre as principais doenças que afetam as plantas da soja que o aplicativo, treinado por meio de inteligência artificial (IA), a partir de análises de especialistas da Embrapa Soja, consegue identificar em estágio inicial.

    Doenças com características parecidas dificultam a distinção de sintomas. “As doenças ocorrem em fases diferentes da cultura, necessitando de  manejo específico de acordo com o patógeno para garantir eficiência na aplicação de fungicidas”, explica a pesquisadora Dagma da Silva Araújo, da Embrapa Milho e Sorgo.

    A utilização de IA para criar mecanismos de identificação de doenças vai oferecer maior segurança à tomada de decisão, diz. Sem controle, a ferrugem asiática pode provocar perdas de até 90% de produtividade, segundo o Consórcio Antiferrugem. Os números evidenciam o valor da prevenção, especialmente em tempos de eventos climáticos extremos a favorecer o surgimento e a expansão de novos fungos.

    Bons motivos para o setor produtivo participar do aperfeiçoamento da solução tecnológica que confere autonomia e agilidade na identificação de fitopatologias em estágio inicial e assertividade na tomada de decisão, aponta a equipe de especialistas. Práticas agrícolas sustentáveis também são favorecidas pelo uso da tecnologia, otimizando o uso de defensivos e reduzindo impactos ambientais.

    Sinais neurais

    capacete Macnica Pesquisador Rafael soares credito

    A iniciativa pioneira de captura de sinais neurais de fitopatologistas da Embrapa Soja e Embrapa Milho e Sorgo para detecção de doenças é feita a partir de um dispositivo ECG, uma espécie de capacete com eletrodos (foto/Macnica) que capturam as ondas cerebrais. Então, os sinais cerebrais são enviados ao software da InnerEye, que faz o processamento das imagens e traz os resultados, diz Sousa. “Esse sistema serviu de base para especialistas da Macnica conceberem o aplicativo”, completa.

    O sistema simula o funcionamento cerebral no momento em que especialistas visualizam imagens de plantas doentes, automatizando a rotulagem e tornando a etapa mais rápida e eficiente. O pesquisador Jayme Barbedo, destaca que as ferramentas de IA evoluíram muito, mas carecem de grande volume de dados para um crescente aprimoramento.

    Desafio que a equipe desenvolvedora do aplicativo pretende vencer com a participação dos produtores. “Quanto mais retornos obtivermos nessa etapa de teste em larga escala, mais ampliaremos o banco de dados e a acurácia da ferramenta”, diz Barbedo. O pesquisador ressalta ainda o papel educativo da tecnologia na disseminação de informações sobre as doenças. A gratuidade no acesso ao aplicativo será mantida após a fase de testes.

    Validação

    Depois da prova de conceito, em 2023, que atestou a acurácia do método de identificação de doenças em soja por meio da IA e o modelo foi concluído, a primeira fase de validação da tecnologia para a cultura teve início este ano, junto a um grupo restrito de cerca de 20 produtores.

    As sugestões foram aproveitadas no melhoramento da ferramenta, que chega, de maneira gratuita, às mãos de profissionais da agronomia, da extensão rural e do setor produtivo para a etapa ampliada de testes. Veja vídeo aqui e faça o download do App na loja pelo link: plantcheckid.embrapa.mdhw.dev/home a partir de março  de 2025. O email de suporte para dúvidas de usuários junto à Macnica é: suporte@plantcheckid.com .

    “As doenças possuem características muito específicas quanto aos sintomas e também podem ser confundidas com sintomas de outras doenças e sintomas causados por fatores abióticos (que não resultam da ação de seres vivos), informa Dagma Araújo. No futuro, outras doenças deverão ser inseridas ampliando o potencial e funcionalidades do aplicativo, voltado à tomada de decisão.

    Na fase atual, o objetivo é validar se o uso de ondas cerebrais como metodologia pode ter aplicabilidade segura. Os demais passos virão com as sugestões dos produtores que estão testando a ferramenta no aplicativo, diz a pesquisadora.

    O aperfeiçoamento do aplicativo deve resultar numa versão a ser entregue no segundo  semestre de 2025, mas o aprimoramento será contínuo, visando acompanhar a dinâmica da atividade agrícola.

    Milho

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    Foto: Sandra Brito

    A cultura do milho, que comumente sucede à da soja, será a próxima a contar com o suporte do aplicativo. De acordo com estudo da Embrapa, o consumo do grão na alimentação humana é pouco representativo do ponto de vista de mercado, embora relevante em regiões de baixa renda. De 60% a 80% do consumo do grão, no Brasil, vai para a alimentação animal.

    O complexo dos enfezamentos, a mancha branca do milho e a mancha de turcicum são as doenças a serem inseridas no sistema, inicialmente. A escolha das doenças para entrarem na fase de testes do aplicativo é justificado por serem economicamente importantes para a cultura no País.

  • Colheita da soja segue a todo vapor; estimativa de safra recorde se fortalece

    Colheita da soja segue a todo vapor; estimativa de safra recorde se fortalece

    A colheita de soja segue “a todo vapor” nas principais regiões do Brasil. Segundo análise do Cepea, a maior produtividade vem se confirmando em muitas praças, o que reforça a estimativa de produção recorde no País.

    Com a oferta do grão aumentando e compradores mais ativos, os negócios para entrega imediatas se aqueceram, ainda conforme o Centro de Pesquisas.

    A Conab estima a produção nacional de soja em 167,37 milhões de toneladas, 0,8% a mais que a apontada em fevereiro e 13,3% superior à da safra 2023/24 – deste total, 56,3% já haviam sido colhidos até 9 de março, de acordo com a Companhia.

  • Guerra tarifária impulsiona prêmio da soja brasileira

    Guerra tarifária impulsiona prêmio da soja brasileira

    As recentes tensões comerciais entre Estados Unidos e China aumentaram a procura chinesa pela soja do Brasil. Como consequência, os prêmios da oleaginosa para exportação nos portos brasileiros tiveram uma valorização significativa. Especialistas do setor acreditam que essa tendência permanecerá nos próximos meses.

    Alta dos prêmios no porto de Santos (SP)

    O adicional sobre o preço da soja para exportação já atingiu US$ 0,75 por bushel no porto de Santos (SP), refletindo a forte demanda externa.

    Os prêmios de exportação da soja nos portos brasileiros – diferença entre o preço físico e a cotação na bolsa de Chicago – normalmente estariam negativos neste período, ainda mais com a colheita de uma safra recorde. No entanto, o cenário atual aponta para valores elevados, impulsionados pela sobretaxa de 10% sobre a soja americana, imposta pela China em meio ao acirramento da guerra comercial com os EUA.

    No porto de Santos, os prêmios estão em US$ 0,65 por bushel para abril e US$ 0,75 para maio. No mesmo período de 2024, o cenário era oposto, com o prêmio negativo em US$ 0,75, apesar de uma taxa de câmbio mais baixa, de R$ 4,97 por dólar.

    Com a expectativa de continuidade da demanda chinesa e um mercado internacional aquecido, o Brasil se consolida como principal fornecedor da commodity, beneficiando os exportadores nacionais.

  • Clima e foco em exportação explicam alta de alimentos no longo prazo

    Clima e foco em exportação explicam alta de alimentos no longo prazo

    Condições climáticas e mudanças no uso da terra que privilegiaram culturas de exportação nos últimos anos causaram redução no ritmo de crescimento da produção de alimentos no país e explicam o aumento no preço da comida. A constatação faz parte da Carta do Ibre, análise de conjuntura econômica publicada mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

    O texto, assinado pelo economista Luiz Guilherme Schymura, traz a colaboração de outros pesquisadores do Ibre e aponta motivos que explicam a inflação de alimentos subir em velocidade maior que a inflação oficial do país, apurada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    A análise aponta que a alta no preço da comida é reflexo do fato de a produção no campo não acompanhar a demanda da população.

    O IPCA de fevereiro mostrou que a inflação do grupo alimentos e bebidas subiu 7,25% no acumulado de 12 meses, acima do índice geral, que apresentou alta de 4,56%. A Carta do Ibre observa esse descolamento entre inflação da comida e inflação geral durante um tempo mais longo.

    “Entre 2012 e 2024, o item alimentação no domicílio teve alta de 162%, enquanto o IPCA geral elevou-se 109%”, afirma o documento.

    Clima e dólar

    O Ibre ressalta que “a alta dos alimentos – que tem peso maior na cesta de consumo dos mais pobres – no Brasil e no mundo é um processo que já tem quase duas décadas, com muitos e complexos fatores explicativos”.

    Schymura destaca como responsáveis pelo descasamento entre a inflação dos alimentos e o índice geral as mudanças climáticas, com aumento de eventos extremos e maior imprevisibilidade meteorológica, que “provocam perturbações crescentes na oferta de commodities [mercadorias negociadas com preços internacionais] e produtos alimentícios, num processo que afeta diversas partes do globo e, de forma bastante nítida e relevante, o Brasil”.

    A análise frisa que efeitos negativos das mudanças climáticas começaram a emergir claramente a partir de meados dos anos 2000, com efeitos ainda mais negativos em partes mais quentes do globo, como no Brasil.

    O documento assinala também que a “expressiva desvalorização cambial” possui parcela de culpa no encarecimento dos alimentos, uma vez que estimula a exportação.

    Com o real desvalorizado, vender para outros países e obter receita em dólar torna mais lucrativa a atividade do produtor.

    Mais um impacto do fator câmbio alto é o encarecimento de insumos agrícolas importados, como defensivos, fertilizantes, máquinas e equipamentos.

    Outro elemento apontado são políticas internas de incentivo ao consumo, como “forte aumento real do salário mínimo e a ampliação expressiva do Bolsa Família”. Com mais renda, a população tende a aumentar o consumo, pressionando a relação produção x demanda.

    Muçum (RS), 22/06/2024 - Tiago Dalmolin e seus filhos na varanda da sua casa, após enchente que atingiu toda a região. Foto: Bruno Peres/Agência Brasil
    Destruição causada por enchentes na cidade de Muçum, no Rio Grande do Sul. Bruno Peres/Agência Brasil

    Produção agrícola

    A publicação da FGV traz dados que apontam perda de velocidade na oferta de alimentos. “O crescimento da produção agrícola mundial, que teve ritmo médio de cerca de 2,6% ao ano nas décadas de 1990 e 2000, desacelerou para 1,9% nos anos 2010”.

    O Ibre detalha cenários específicos do Brasil. “O Brasil não está produzindo comida suficiente para o próprio país e o mundo”. Um dos motivos para isso é troca de culturas – alimentos dando lugar a soja e milho.

    “A produção das lavouras está crescendo menos do que o necessário para atender à demanda interna e externa de alimentos voltados especialmente para consumo humano; uma parte da área plantada aparentemente está saindo dos alimentos e indo para esses produtos mais voltados à exportação”.

    O Ibre detalha aumentos específicos no preço da alimentação no domicílio de 2012 a 2024, como frutas (subiram 299%), hortaliças e verduras (246%), cereais, legumes e oleaginosas (217%), e tubérculos, raízes e legumes (188%), enquanto o índice geral de inflação foi 109%.

    Área plantada

    O estudo mostra que a área total plantada no Brasil aumentou de 65,4 milhões de hectares em 2010 para 96,3 milhões em 2023. Mas essa expansão se deve basicamente à soja e ao milho. Sem essas duas culturas, voltadas à exportação, a área plantada ficou estável, registrando 29,1 milhões de hectares em 2010, e 29,3 milhões em 2023.

    Segundo o Ibre, a produção de feijão por habitante no Brasil caiu 20%; e do arroz, 22%, quando se compara 2024 com 2012.

    “A área plantada de arroz no Brasil passou de 2,8 milhões de hectares em 2010 para 1,6 milhão em 2024, o que reforça a ideia de que culturas de alimentos estão dando lugar a culturas de exportação, especialmente de soja e milho”, escreve Schymura

    O pesquisador frisa que a produção por habitante de quase todas as principais frutas caiu no Brasil a partir do início da década passada. No caso da banana, essa queda foi de 10%; no da maçã, de 5,6%; no da laranja, de 20% (afetada pelo greening, um tipo de praga); no do mamão, de 40%; e no da tangerina, de 8%. A exceção foi a uva, com aumento de 9%.

    Brasília (DF) 10/01/2025 - Inflação oficial do país em 2024 é de 4,83%, acima do limite da meta Percentual é o mais alto desde 2022 (5,79%) Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
    Grãos à venda em mercado de Brasília.  Joédson Alves/Agência Brasil

    Hortaliças e verduras

    Em relação a hortaliças e verduras, segundo item de alimentação no domicílio que mais cresceu acima do IPCA em 2012-2024, o economista lembra que são culturas mais vulneráveis a climas adversos.

    “Outra hipótese, que não exclui a primeira, é o aumento Título 2da demanda em função de mudança de hábitos, como a busca de alimentação mais saudável. Por fim, o crescimento das áreas urbanas, em detrimento dos ‘cinturões verdes’, e o encarecimento da mão de obra também podem ser fatores que restringem a produção de hortifrutigranjeiros”, sugere.

    Carne

    A análise aponta também fatores que tornam a carne mais cara, como o “clico do boi”, que provoca redução da oferta a cada cinco anos, aproximadamente.

    A demanda de outros países pela carne brasileira apresenta também um fator de encarecimento. Houve, diz o Ibre, grande aumento da exportação do produto desde 2017, enquanto a produção nacional se manteve relativamente estável.

    Segundo a publicação, em 2017, a disponibilidade de carne bovina para consumo doméstico foi de 39,9 kg/habitante, indicador que caiu para 36,1 em 2023 – patamar mais baixo desde pelo menos 2013.

    Além disso, observa a análise, a produção de carne também vem sendo afetada pelas mudanças climáticas, com destaque, em 2021, para o dano às pastagens causado pela forte seca.

    Recomendações

    A Carta do Ibre conclui que “a alta dos alimentos não é um fenômeno passageiro” e recomenda as seguintes políticas de suprimento e segurança alimentar:

    • Foco nas culturas que produzem diretamente alimentos para a mesa dos brasileiros.
    •  Monitoramento da produção
    •  Recomposição de estoques públicos
    •  Silagem (estruturas de armazenamento)
    •  Vias de escoamento
    •  Crédito focalizado

    Cultura de exportação

    Em relação às culturas de exportação, Schymura comenta que “não se trata de restringir”. Ele afirma que a soja, por exemplo, traz muitos benefícios ao país, na forma de entrada de moeda estrangeira e da “consequente estabilização macroeconômica propiciada por elas”. Ele assinala ainda que essas culturas permitem o barateamento das rações, que são insumo nas cadeias de proteínas animais.

    “O foco deve ser o de estimular a produção adicional de alimentos, e não dificultar outras áreas do agronegócio. Não se trata de um jogo de soma zero”, conclui.

    Dólar
    Nota de 100 dólares americanos. Valter Campanato/Agência Brasil

    Derrubada de impostos

    O preço dos alimentos é uma das principais preocupações atuais do governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a dizer que cogita “medidas drásticas” para conter a pressão de alta.

    Na quinta-feira da semana passada (6), o governo decidiu zerar o Imposto de Importação de nove tipos de alimentos, na tentativa de baratear preços.

    O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, diz acreditar que a supersafra esperada para este ano seja fator de alívio na inflação de alimentos.

    De acordo com estimativa anunciada nesta quinta-feira (13) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra de grãos 2024/25 será de 328,3 milhões de toneladas, expansão de 10,3% ante a safra 2023/24.

  • Mato Grosso impulsiona safra recorde do Brasil com produção de 100 milhões de toneladas de grãos

    Mato Grosso impulsiona safra recorde do Brasil com produção de 100 milhões de toneladas de grãos

    Mato Grosso, o gigante do agronegócio brasileiro, está desempenhando um papel fundamental na projeção de uma safra recorde para o Brasil em 2024/25.

    Com a colheita da 1ª safra em andamento e o plantio da 2ª safra a todo vapor, o estado deve alcançar a marca histórica de 100,40 milhões de toneladas de grãos, um aumento de 7,7% em relação à safra anterior.

    A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, nesta quinta-feira (13), o 6º Levantamento da Safra de Grãos 2024/25, que aponta para uma produção total de 328,3 milhões de toneladas no país.

    Este resultado expressivo é impulsionado pelo aumento da área plantada, estimada em 81,6 milhões de hectares, e pela recuperação da produtividade média das lavouras, projetada em 4.023 quilos por hectare.

    Destaques para Mato Grosso

    • Liderança na Produção: Mato Grosso se consolida como o maior produtor nacional de grãos e fibra, contribuindo significativamente para o recorde da safra brasileira.
    • Soja em Destaque: A colheita da soja, principal produto do estado, avança em ritmo acelerado, com rendimentos acima das expectativas iniciais.
    • Milho 2ª Safra Promissor: O plantio do milho 2ª safra, que dita o ritmo da colheita da soja, segue em ritmo positivo, com expectativa de boa produtividade.
    • Contribuição para o Crescimento Nacional: O desempenho de Mato Grosso impulsiona a revisão positiva da produção de grãos no Brasil, que deve alcançar um novo recorde histórico.

    Fatores que Contribuem para o Sucesso

    • Tecnologia e Investimento: Os produtores de Mato Grosso investem em tecnologia e boas práticas agrícolas, otimizando a produção e garantindo a qualidade dos grãos.
    • Clima Favorável: As condições climáticas favoráveis, com redução das chuvas em fevereiro, permitiram um avanço significativo na colheita da soja.
    • Logística Eficiente: O estado investe em infraestrutura logística para garantir o escoamento da produção, contribuindo para a competitividade do agronegócio.

    Apesar do cenário promissor, o setor agrícola de Mato Grosso enfrenta desafios como a variação climática e a necessidade de investimentos em infraestrutura.

    No entanto, a expectativa é de que o estado continue a impulsionar o agronegócio brasileiro, consolidando sua posição como um dos maiores produtores de grãos do mundo.

  • Chuvas acima da média causam prejuízos e atrasam colheita da soja em Mato Grosso

    Chuvas acima da média causam prejuízos e atrasam colheita da soja em Mato Grosso

    A safra de soja 2024/25 em Mato Grosso enfrenta dificuldades devido ao volume acima do normal de chuvas, especialmente na região de Paranatinga, no sudoeste do estado. Com registros de até 3 mil milímetros acumulados, a colheita está sofrendo atrasos significativos, além de gerar prejuízos financeiros aos produtores.

    As chuvas intensas provocaram alagamentos e atoleiros nos campos, dificultando o avanço das máquinas e, em muitos casos, causando danos diretos aos equipamentos agrícolas. Em alguns locais, as colheitadeiras ficaram atoladas, exigindo operações adicionais que aumentam ainda mais os custos operacionais.

    Produtores locais têm sido obrigados a adotar estratégias de emergência, como auxílio mútuo entre propriedades, para tentar minimizar as perdas da safra 2024/25. Apesar do cenário desafiador, a expectativa média de produtividade ainda é superior à safra anterior, que foi marcada pela seca.

    No entanto, sem melhorias estruturais imediatas, os agricultores continuarão enfrentando desafios que impactam diretamente os resultados financeiros da safra e o desenvolvimento econômico regional.

    De acordo com o Sindicato Rural, o município registra acumulados de até três mil milímetros de chuvas. O volume é considerado acima da média, causando transtornos e atrasos na colheita da soja e prejuízos para o bolso do agricultor.

  • Conab estima safra de grãos acima de 328 milhões de toneladas

    Conab estima safra de grãos acima de 328 milhões de toneladas

    A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou, nesta quinta-feira (13), o sexto levantamento da safra de grãos 2024/25, que atualiza a produção nacional para 328,3 milhões de toneladas.

    A atual estimativa representa uma alta de 10,3%, se comparada ao volume colhido no ciclo anterior (2023/24), com acréscimo de 30,6 milhões de toneladas de 16 grãos a serem colhidos.  Se as projeções se confirmarem, será um novo recorde para a produção de grãos no Brasil.

    Segundo a Conab, o resultado reflete o aumento na área plantada, estimada em 81,6 milhões de hectares, e a recuperação na produtividade média das lavouras, projetada em 4,02 toneladas por hectare.

    Ao compartilhar os números, o presidente da companhia, Edegar Pretto, disse que será uma safra histórica.

    “As previsões deste sexto levantamento são mais positivas ainda do que as do quinto levantamento”, afirmou Edegar Pretto.

    Soja

    A soja continua a ser o principal produto cultivado na primeira safra. Na safra de 2024/25, a produção deve atingir 167,4 milhões de toneladas, com aumento de 13,3% em relação à safra passada.  A área plantada de soja é de 47,45 milhões de hectares, com crescimento de 2,8%, na comparação com a última safra. Os números consolidam o Brasil na posição de liderança da produção de soja no mercado global.

    O presidente da Conab lembrou o excesso de chuvas em janeiro, que provocou atrasos no plantio e tornou o início de colheita mais lento em alguns estados, mas ressaltou que a estiagem de fevereiro já possibilitou o avanço da colheita de 60,9% da área total.

    “A diminuição das chuvas no Sul, especialmente no Rio Grande do Sul, que trouxe uma quebra na produção da soja [local], teve uma extraordinária recuperação nas demais regiões, como o Centro-oeste”, avaliou Edegar Pretto.

    Milho

    A produção de milho estimada pela Conab para a safra 2024/2025 é de 122,76 milhões de toneladas, crescimento de 6,1% na comparação com a última safra. A
    área plantada deve alcançar 21,14 milhões hectares, o que representa aumento de 0,4% em relação à última safra do cereal.

    A segunda safra de milho registra 83,1% da área prevista já plantada. O índice está abaixo do registrado no último ciclo.

    Pretto disse que a diminuição das chuvas “traz certa preocupação para o fim do plantio do milho” e que a Conab acompanha com atenção a situação, porque o milho é o principal componente da ração animal, fornecendo proteína para aves, suínos e bovinos.

    “Ter mais milho em oferta, tanto para o nosso Brasil quanto para o exterior, é importante para a economia. O governo tem uma atenção especial para a ração animal e também sobre o preço da carne para os consumidores.”

    Feijão e arroz

    Também para o arroz os técnicos da Conab verificaram aumento de 6,5% na área plantada, chegando a 1,7 milhão de hectares, maior área nos últimos sete anos. As condições climáticas têm favorecido as lavouras, permitindo a recuperação de 7,3% na produtividade média, estimada em 7.063 quilos por hectare.

    Mantendo-se o cenário atual, a estimativa para a produção neste levantamento passa para 12,1 milhões de toneladas. “O que é muito positivo porque [o arroz] é uma das culturas importante para o nosso consumo interno”, disse Pretto, ao explicar que a colheita deve ser superior à do mesmo período da safra passada em quase todos os principais estados produtores.

    Outro item típico da culinária brasileira, o feijão, deve registrar ligeiro aumento (1,5%) na produção total na safra 2024/25, estimada em 3,29 milhões de toneladas. De acordo com a Conab, o resultado é influenciado principalmente pela expectativa de melhora na produtividade média das lavouras, uma vez que a área destinada ao feijão se mantém praticamente estável.

    O presidente da Conab, que é vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, enfatizou que a política de apoio aos produtores da agricultura familiar tem juros mais baixos para produção de alimentos como arroz e feijão, além de outras culturas destinadas ao consumo interno. “Neste ano, estamos fazendo a colheita das boas políticas plantadas, no ano passado”, comemorou o gestor.

    “A Conab acompanha, com assessoramento técnico, a montagem do próximo plano safra. Nossa recomendação é que o governo federal continue com as boas políticas de incentivos para alcançar com a mão amiga o produtor, de modo a aumentar a oferta de alimentos no país e equilibrar os preços, que sejam justos aos consumidores”, disse Edegar Pretto

    Outras lavouras

    No caso do algodão, a expectativa é que o aumento na área semeada, estimada em cerca de 2 milhões de hectares, resulte na produção de 3,82 milhões de toneladas de algodão em pluma, um novo recorde, se confirmado o crescimento de 3,3%, em comparação com a última safra.

    Já o trigo tem expectativa de produção de 9,11 milhões de toneladas, com incremento de 15,6% em comparação com a última safra, apesar da redução de 2,1% da área plantada deste grão. Com isso, a lavoura deve alcançar a área plantada de 2,99 milhões de hectares. A Conab projeta que as condições climáticas até o fim do inverno serão favoráveis para a produção de trigo.

    As informações completas do sexto boletim sobre a safra de grãos 2024/25 estão no site da Conab.