Tag: SOJA

  • Colheita no Mato Grosso eleva custo dos fretes e pressiona logística agrícola

    Colheita no Mato Grosso eleva custo dos fretes e pressiona logística agrícola

    O avanço da colheita no Mato Grosso tem sido um dos principais fatores por trás do aumento nos custos de transporte no agronegócio, conforme aponta o Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A necessidade de liberar armazéns para a próxima safra de milho em 2025 intensifica ainda mais a demanda por fretes rodoviários.

    O cenário de alta nos fretes é impulsionado por uma combinação de fatores: crescimento na procura por transporte, escassez de caminhoneiros e aumento no preço do diesel, refletindo diretamente nos estados da Bahia, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí e São Paulo.

    Mato Grosso lidera pressão nos preços

    No Mato Grosso, o ritmo intenso da colheita e os desafios logísticos resultaram em uma escalada nos preços ao final de fevereiro. A valorização teve início na região médio-norte — onde a colheita começou mais cedo — e se espalhou pelo estado.

    A Conab destaca que a safra de soja recorde, estimada em mais de 46 milhões de toneladas, associada à concentração das operações em um curto espaço de tempo, foi crucial para esse movimento. Soma-se a isso a urgência em liberar espaço para o milho, cuja colheita está prevista para 2025.

    Piauí e Maranhão também registram aumentos

    No Piauí, os preços dos fretes aumentaram cerca de 39%, puxados pela antecipação da colheita de soja. No Maranhão, a movimentação via sistema multimodal da VLI — especialmente de Balsas ao Terminal Portuário de São Luís — causou uma elevação de 26,8% nos valores.

    Oscilações na Bahia e aumento em São Paulo

    Na Bahia, algumas regiões acompanharam a alta devido à crescente demanda, mas em Irecê os preços caíram, graças ao aumento na disponibilidade de transportadores. Em São Paulo, os valores subiram discretamente, mas permanecem entre os mais altos dos últimos anos, pressionados pela competição por caminhões com outras regiões produtoras.

    Centro-Oeste e Sul enfrentam desafios logísticos

    O Paraná também sentiu os reflexos da valorização da soja: os fretes subiram 20% em Campo Mourão, 19,35% em Cascavel e 11,94% em Ponta Grossa. Em Goiás, Distrito Federal e Mato Grosso do Sul, o aumento da demanda, os preços do diesel e as alterações na tabela de fretes intensificaram os reajustes.

    Em Goiás, a dificuldade para contratar caminhões e a forte procura por transporte até os portos de Santos e Paranaguá influenciaram a elevação dos preços. No Distrito Federal, os aumentos variaram entre 12% e 15%, com destaque para rotas em direção a Araguari (MG), Santos (SP) e Imbituba (SC). Já em Mato Grosso do Sul, os custos subiram devido à colheita das lavouras de verão e à elevação do ICMS.

    Portos movimentados e exportações aquecidas

    Segundo o boletim, as exportações de milho caíram em fevereiro na comparação com 2024, enquanto os embarques de soja mais que dobraram. Os portos do Arco Norte, Santos e Paranaguá foram os principais canais de saída dos produtos.

    Também houve alta na importação de fertilizantes, acompanhando o preparo para o plantio da segunda safra e das culturas de inverno. O Arco Norte expandiu sua participação, com Paranaguá e Santos mantendo patamares semelhantes aos de 2024.

    Em relação ao farelo de soja, o cenário competitivo com Estados Unidos e Argentina tem incentivado o esmagamento da oleaginosa. No acumulado de janeiro e fevereiro, os embarques seguiram o ritmo do ano passado, liderados pelos portos de Santos, Paranaguá e Rio Grande.

  • É hora de fazer a análise de solo e o planejamento de insumos para a próxima safra de soja

    É hora de fazer a análise de solo e o planejamento de insumos para a próxima safra de soja

    Com a colheita de mais uma safra de soja recém-concluída em Mato Grosso, os produtores já direcionam atenção para o planejamento da próxima temporada. Entre os dias 8 e 11 de abril, a Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) estará disponibilizando informações técnicas e soluções de alto impacto para a safra 25/26. A interação com consultores e pesquisadores vai ocorrer durante a 16ª edição da Parecis SuperAgro, um dos principais eventos do agronegócio de Mato Grosso.

    Durante a feira, realizada no maior chapadão agricultável do mundo, em Campo Novo do Parecis, os visitantes poderão conhecer o portfólio de serviços agronômicos desenvolvido pela equipe da Fundação Mato Grosso, com foco em análises de solo, consultorias especializadas, diagnóstico de pragas e doenças, entre outras prioridades para a agricultura. São soluções voltadas para a tomada de decisões estratégicas que elevem a produtividade e a sustentabilidade no campo.

    “Estamos num momento ideal para que o produtor rural invista em análise de solos e comece o planejamento agronômico em sua propriedade. As ações são fundamentais para definir a aplicação de corretivos e fertilizantes com base em dados reais da propriedade. Isso garante o aumento da eficiência de insumos, o desempenho das lavouras e implica em compras certas de produtos, gerando economia”, orienta o engenheiro agrônomo Douglas Coradini, que atua como head de Serviços na Fundação Mato Grosso (Fundação MT).

    De acordo com o head, entre os serviços com maior demanda neste período estão a análise de solo – que inclui coleta, interpretação e recomendações técnicas – e a consultoria agronômica personalizada, que considera as condições específicas de cada propriedade para orientar o posicionamento de cultivares, o manejo de nematoides, a adequação do parque de máquinas e o planejamento de sistemas produtivos integrados.

    Ainda segundo Coradini, especificamente sobre as áreas consolidadas da região oeste do estado, os maiores desafios que os produtores enfrentam hoje, estão relacionados aos nematoides presentes nas lavouras, muitas vezes subestimados pelos produtores. “É essencial antecipar o diagnóstico e o manejo desses organismos, que impactam diretamente a produtividade das safras. A contratação antecipada desse serviço pode fazer toda a diferença e garantir já no início da nova safra as informações necessárias para o próximo planejamento ”, reforça.

    Nas áreas ainda em processo de consolidação, o levantamento detalhado da fertilidade do solo também é algo estratégico. “O serviço de amostragem é indispensável para correções adequadas. A Fundação MT tem tecnologia e equipe técnica para orientar os produtores desde o diagnóstico até a recomendação na prática”, destaca Coradini.

    Tecnologias avançadas a serviço do agricultor

    Os agricultores e visitantes da Parecis Superagro 2025 também poderão conversar com os profissionais da Fundação MT sobre outros serviços ofertados, além de tecnologias usadas pela equipe. Um exemplo é a plataforma FMT-ID, um sistema de gestão de dados agronômicos que facilita o monitoramento em tempo real. Com relatórios detalhados, comunicação ágil e resultados integrados, a plataforma combina conectividade e assertividade. O objetivo é contribuir com os produtores para fazer um acompanhamento de qualidade em cada safra.

    A Fundação MT conta ainda com laboratórios de pesquisas especializados no diagnóstico de fitopatologia, entomologia e nematologia. Ferramentas que auxiliam os produtores no controle de pragas e doenças, fornecendo análises precisas e recomendações práticas para o manejo eficiente. Além disso, a amostragem de solos e o diagnóstico completo do ambiente de produção são essenciais para determinar correções e adubações, garantindo o máximo aproveitamento das áreas cultivadas.

    Para conhecer mais sobre serviços, pesquisas e resultados da Fundação Mato Grosso, acesse: fundacaomt.com.br

    Serviço – Durante a Parecis SuperAgro 2025, o contato com pesquisadores da Fundação Mato Grosso poderá ser feito no estande de número 16, em frente ao auditório de palestras, no Parque de Exposições Odenir Ortolan.

    A Parecis SuperAgro 2025 ocorre de 08 a 11 de abril, sendo que na terça-feira (08), a feira estará aberta das 14 às 18h. Nos demais dias, a programação será das 8h às 18h.

  • Novas cultivares de soja combinam alta produtividade e resistência a doenças

    Novas cultivares de soja combinam alta produtividade e resistência a doenças

    A Embrapa e a Fundação Meridional acabam de lançar duas cultivares de soja (BRS 1075IPRO e BRS 774RR) que se destacam por apresentar potencial produtivo elevado, resistência/tolerância às principais doenças, entre outros diferenciais. “Estamos colocando no mercado duas cultivares de soja bastante promissoras para a região Centro-Oeste, um dos celeiros produtivos do Brasil”, ressalta Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja (PR).

    A BRS 1075IPRO é uma cultivar transgênica com a tecnologia “Intacta RR2PRO”. Essa característica confere tolerância ao herbicida glifosato, o que facilita o controle de plantas daninhas, e resistência a algumas lagartas que atacam a cultura da soja como a Anticarsia gemmatalis e a Chrysodeixis includens, por exemplo.

    De acordo com o pesquisador da Embrapa Carlos Lásaro Melo, esse material mostrou-se bastante competitivo, por possuir produtividades elevadas, com rendimentos acima de 7% quando comparado às cultivares mais usadas nas regiões de indicação. Nos testes, a nova cultivar demonstrou alta estabilidade produtiva, boa resistência ao acamamento, além de sanidade foliar e radicular. “Ela é uma opção que permite o plantio antecipado da soja, possibilitando a sua inserção no sistema de rotação ou sucessão com outras culturas”, explica Melo.

    Outro destaque da BRS 1075IPRO é a elevada sanidade. Nos testes a campo e casa de vegetação, a cultivar apresentou resistência às principais doenças da soja como cancro da haste, pústula bacteriana, ao vírus da necrose da haste e à podridão radicular de Phytophthora. Além disso, é moderadamente resistente à mancha olho-de-rã. A BRS 1075IPRO irá beneficiar os produtores das regiões indicadas: Goiás (RECs 301, 303 e 401), Mato Grosso do Sul (REC 301), Mato Grosso (RECs 401 e 402), e Rondônia (REC 402).

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    Foto: Lebna Landgraf

    A soja BRS 774RR é uma cultivar transgênica com resistência ao glifosato, o que confere facilidade no manejo de plantas daninhas. “Ela obteve ganho médio de 4,2% em produtividade em comparação aos demais materiais da região, e com ampla participação na área cultivada com soja”, ressalta Melo.

    Também tem como diferencial a possibilidade de permitir ampla janela de semeadura e estabilidade na região de adaptação. “É uma opção de cultivar de soja para quem deseja um plantio antecipado e rentável, em áreas de alta fertilidade, possibilitando a sua inserção no sistema de rotação ou sucessão com outras culturas”, detalha o pesquisador.

    Com relação à sanidade, em testes de avaliação a campo e casa de vegetação, apresentou resistência ao cancro da haste, à podridão parda da haste e à podridão radicular de Phytophthora e ao Nematoide de cisto (Raça 3). A cultivar também se mostrou moderadamente resistente à pústula-bacteriana, mancha olho-de-rã e ao nematoide de galha Meloidogyne javanica.

    Segundo Melo, a BRS 774RR destaca-se por apresentar excelente arquitetura de planta e estabilidade de produção na região de adaptação. A BRS 774RR irá atender produtores de algumas regiões edafoclimáticas de Goiás (RECs 301, 303, 304 e 401), Mato Grosso (RECs  401 e 402), Mato Grosso do Sul (REC 301), Rondônia (REC 402) e Minas Gerais (RECs 303 e 304).

    Indicada para áreas de refúgio

    Outro diferencial da BRS 774RR é ter a possibilidade de ser utilizada nas áreas de refúgio de lavouras que cultivam as cultivares com tecnologia Intacta IPRO (cultivares com resistência ao glifosato e uma proteína – Cry1Ac – que confere resistência a algumas lagartas), e Intacta2 Xtend (I2X) reúne três proteínas (Cry1A.105 e Cry2Ab2 e Cry1Ac), o que proporciona proteção contra seis espécies de lagartas que incidem na cultura da soja: Helicoverpa armigeraSpodoptera cosmioides, lagarta falsa medideira (Chrysodeixis includens), lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), lagarta das maças (Chloridea virescens) e broca das axilas (Crocidosema aporema). Além disso, combina tolerância aos herbicidas glifosato e dicamba.

    A recomendação atual de refúgio para a cultura da soja é, no mínimo, 20% da área com tecnologia diferente da Intacta IPRO e da I2X. Segundo explica o pesquisador Daniel Sosa Gomez, essa é uma medida preventiva que consiste no plantio de parte da lavoura com outras opções de soja não-Bt (sem a toxina Bacillus thuringiensis (Bt) – a uma distância máxima de 800 metros de lavouras).

    “A adoção da área de refúgio possibilita o acasalamento aleatório de mariposas oriundas das áreas das áreas de refúgio, favorecendo a manutenção de populações suscetíveis e retardando a seleção de populações resistentes”, detalha. A Embrapa defende ainda que o manejo de pragas nas lavouras siga as mesmas premissas do Manejo Integrado de Pragas (MIP).

    “Em 50 anos de atuação, a Embrapa Soja vem entregando anualmente novas cultivares com tetos de produtividade crescentes, além de estabilidade e sanidade para que o produtor brasileiro tenha em mãos as mais avançadas tecnologias embutidas na sua semente”, resume Nepomuceno.

  • Comercialização da soja avança em Mato Grosso e atinge quase 60% da safra 2024/25

    Comercialização da soja avança em Mato Grosso e atinge quase 60% da safra 2024/25

    A comercialização da soja referente à safra 2024/25 em Mato Grosso avançou em março e alcançou 58,98% da produção estimada no estado. O dado representa um crescimento de 4,01 pontos percentuais em relação ao mês anterior. A movimentação foi favorecida pela elevação nos preços médios praticados, influenciada principalmente pelo aumento do prêmio da soja, o que estimulou os produtores a negociar volumes maiores durante o período.

    De acordo com dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), o preço médio da saca em março foi de R$ 109,15, representando valorização de 1,08% em comparação com fevereiro. Com a produção da safra praticamente consolidada no estado, os agricultores aproveitaram a recuperação das cotações para intensificar as vendas.

    Já para a safra 2025/26, as negociações em março atingiram 8,10% da produção projetada, com avanço de 3,17 pontos percentuais frente ao mês anterior. O aumento reflete a estratégia dos produtores em travar os custos da próxima temporada com certa antecedência.

    No entanto, o preço médio negociado para a safra futura apresentou leve queda de 0,25% em relação a fevereiro, influenciado pelas retrações nas cotações da soja em Chicago e pela redução no prêmio de exportação. Esses fatores limitaram um avanço ainda maior da comercialização no mês.

  • Embrapa conta trajetória da soja no Brasil Central a partir de variedades históricas

    Embrapa conta trajetória da soja no Brasil Central a partir de variedades históricas

    Tornar o Brasil o maior produtor mundial de soja – 147,35 milhões de toneladas, na safra 2023/2024 – só foi possível com investimento em ciência para adaptar essa espécie para o cultivo em região tropical. Para demonstrar a evolução das cultivares de soja no Brasil, com foco no Centro-Oeste, a Embrapa estará demonstrando uma linha do tempo com diferentes cultivares de soja na sua Vitrine de Tecnologias no Tecnoshow Comigo, que será realizado de 08 a 12 de abril, em Rio Verde (GO).

    A iniciativa pretende demonstrar a evolução deste grão, cujo início do plantio comercial no Brasil foi há 100 anos e também celebrar os 50 anos da Embrapa Soja, em 2025. Desde a introdução experimental da soja no Brasil, foram desenvolvidas diversas cultivares, sempre buscando incremento de produtividade, adaptabilidade e resistência a doenças. A Embrapa Soja teve participação ativa nessa evolução, tanto que em 50 anos a instituição desenvolveu cerca de 440 cultivares de soja.  “A soja é a alavanca do agronegócio e da economia brasileira e isso foi possível, graças aos diversos atores que compõem a cadeia produtiva da soja – cientistas, técnicos e produtores –  e que fizeram um trabalho de excelência”, destaca Nepomuceno. Alexandre Nepomuceno, chefe-geral da Embrapa Soja.

    Para compor a Vitrine da Embrapa, foram selecionadas 15 cultivares de soja, que fazem parte do Banco Ativo de Germoplasma (BAG), uma coleção de aproximadamente 65 mil acessos (tipos de soja) introduzidos da coleção dos Estados Unidos e de outros países da África, Europa, Ásia, Oriente Médio e Oceania. “O BAG, mantido pela Embrapa, é responsável por guardar a variabilidade genética da soja. Quanto mais acessos diferentes e caracterizados, melhor é a utilização nos programas de melhoramento para desenvolvimento de novas variedades,” esclarece o pesquisador e curador do BAG-Soja, Marcelo Fernandes. Marcelo Fernandes de Oliveira, curador do BAG-Soja.

    Linha do tempo da soja

    Logo na entrada da Vitrine da Embrapa, o visitante poderá ver a soja selvagem (que é perene), e a ancestral “mais próxima” da soja (Glycine soja), cujo ciclo é anual. Além destas, também estarão em exposição algumas cultivares de Glycine max (soja cultivada).

    A cultivar Pelicano, introduzida dos Estados Unidos na década de 1950, se adaptou no Brasil e foi semeada até meados de 1960. Ainda na década de 1960, a pesquisadora Mônica Zavaglia, da Embrapa Soja, cita a cultivar Davis, que devido à resistência às doenças mancha-olho-de-rã e podridão parda da haste perdurou por vários anos e deu origem a outras cultivares. “Finalmente, em 1966, temos o lançamento da primeira cultivar de soja genuinamente brasileira de importância comercial, que é a cultivar Santa Rosa. Ela é considerada uma das cultivares mais importantes de todos os tempos, destacando-se em várias décadas”, relata a pesquisadora.

    Nas duas décadas seguintes, a soja passa por um processo de expansão no Centro-Norte do Brasil, graças ao desempenho das primeiras cultivares genuinamente brasileiras com adaptação para as baixas latitudes brasileiras. Na década de 1970, o destaque são as cultivares UFV-1, desenvolvida pela Universidade Federal de Viçosa, e a FT Cristalina, desenvolvida pela FT Sementes. Em seguida, foi lançada a primeira cultivar desenvolvida pela Embrapa para o Brasil Central, a cultivar Doko, lançada em 1980. Ainda na década de 1980, destaca-se também a cultivar BR 9 (Savana), com adaptação para BA, TO, MA e PI.

    Na década de 1990, o foco dos programas de melhoramento foi direcionado para o aprimoramento da sanidade de raiz, com cultivares resistentes aos nematoides de galha e de cisto. Como destaque desta década, estarão em exposição as cultivares MG/BR 46 – Conquista (com resistência aos dois nematoides formadores de galhas, Meloidogyne incognita e M. javanica), BRSMG 68 [Vencedora] (com resistência à Meloidogyne incognita e moderada resistência à M. javanica) e BRSMT Pintado (com resistência às raças 1 e 3 e moderada resistência às raças 4, 10 e 14 do nematoide de cisto da soja). “É importante mencionar que o nematoide de cisto da soja foi identificado pela primeira vez no Brasil na safra 1991/92, progredindo rapidamente. Devido à sua resistência, a cultivar BRSMT Pintado foi uma das cultivares mais importantes no Brasil Central desde seu lançamento, sendo semeada até início dos anos 2020, explica Mônica.

    A partir dos anos 2000, teve início uma nova geração de cultivares, com a introdução dos transgênicos (soja com resistência ao herbicida glifosato). De acordo com o pesquisador Roberto Zito, da Embrapa Soja, destaca-se a cultivar BRS Valiosa RR, grande contribuição para os sojicultores do Brasil Central. Segundo ele, a busca por cultivares de ciclo e porte de planta que viabilizassem a semeadura do milho 2ª safra, foi o cenário para o sucesso da cultivar BRS 284, registrada em 2007: “grande destaque e continua sendo cultivada até os dias atuais”, ressalta Zito.

    Na década de 2010, depois da entrada dos transgênicos, houve grande redução das áreas com soja convencional, principalmente devido à falta de opções de cultivares. “Neste cenário, a cultivar convencional BRS 8381, de tipo de crescimento indeterminado (novidade para a época), arquitetura diferenciada de plantas, ampla adaptação (recomendada para os estados de GO, DF, MT, BA, TO e MG), ocupou grande espaço e é semeada até os dias atuais”, conta Zito. Outro destaque, nesta década, foi a cultivar transgênica BRS 7380 RR, que deu grande contribuição aos agricultores nas áreas com problemas de nematoides de cisto e formadores de galhas.

    Nos anos 2020, com a chegada da plataforma de soja transgênica com a tecnologia BT para o manejo das lagartas, o pesquisador destaca duas cultivares. A primeira é a BRS 5980 IPRO, cultivar precoce e que tem ampla resistência a nematoides de cisto e formadores de galhas. A outra é a cultivar BRS 7881IPRO, o mais recente lançamento, com alta produtividade e resistente aos nematoides de cisto e galha Meloidogyne javanica.

    Histórico da soja

    Há quatro mil anos, a soja era uma planta selvagem, que crescia na costa leste da Ásia. Nesse período, a leguminosa foi domesticada pelos chineses, o que a torna uma das culturas agrícolas mais antigas do mundo. “A soja semeada atualmente tem a constituição genética da ancestral chinesa, mas ela é diferente tanto em aparência quanto em características morfológicas e de produção”, explica Nepomuceno.

    De acordo com a publicação “A saga da soja: de 1050 a.C. a 2050 d.C”, editada pela Embrapa Soja, a soja chegou ao Brasil pela Bahia, em 1882, quando foram realizados os primeiros testes com cultivares introduzidas dos Estados Unidos, mas não houve sucesso. Somente após chegar ao RS, em 1914, para testes, e a partir de 1924, em plantios comerciais, é que a soja apresentou adaptação. Porém, a soja obteve importância econômica somente na década de 1960. Até o final da década de 1970, os plantios comerciais de soja no mundo restringiam-se a regiões de climas temperados e sub-tropicais, cujas latitudes estavam próximas ou superiores aos 30º. “O produtor brasileiro tinha que usar as cultivares importadas dos Estados Unidos que eram adaptadas apenas para a região Sul do Brasil”, explica o pesquisador Carlos Arias.  No quadro abaixo, estão as cultivares da Embrapa que fizeram e fazem a história da soja na região Centro-Norte do Brasil.

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  • Tarifas devem reforçar pressão sobre cotações da soja

    Tarifas devem reforçar pressão sobre cotações da soja

    Os valores dos contratos futuros do complexo soja negociados na CME Group (Bolsa de Chicago) vêm caindo nas últimas semanas, sobretudo os do grão e do farelo.

    Pesquisadores do Cepea explicam que, além do avanço da colheita no Brasil (principal produtor e maior exportador mundial de soja) e dos estoques elevados nos Estados Unidos, as tarifas de importações impostas pelo governo norte-americano na semana passada e as consequentes retaliações devem reforçar o movimento de baixa nos próximos dias.

    No caso de produtos agrícolas, análise do Centro de Pesquisas indica que, certamente, tarifas desta natureza inviabilizam as compras nos Estados Unidos e levam demandantes externos, como a China, a buscar novos fornecedores.

    Nesse ambiente, os preços da soja também recuaram no spot nacional, mas, conforme levantamentos do Cepea, o movimento de queda foi limitado pelo avanço dos prêmios de exportação no País, que, por sua vez, subiram diante da maior demanda internacional pelo grão brasileiro.

  • Colheita de soja em Mato Grosso praticamente concluída e aponta para safra recorde

    Colheita de soja em Mato Grosso praticamente concluída e aponta para safra recorde

    A colheita da soja referente à safra 2024/25 em Mato Grosso atingiu 99,92% da área estimada de 12,66 milhões de hectares até o dia 28 de março, registrando um avanço semanal de 0,44 pontos percentuais. Apesar de alguns contratempos no início do plantio, a colheita se encaminha para o fim com um ritmo significativamente superior ao de anos anteriores, conforme análise do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

    O indicador atual supera em 0,24 pontos percentuais o observado no mesmo período do ano passado e está 0,95 pontos percentuais à frente da média dos últimos cinco anos. Em relação às regiões do estado, a Centro-Sul já finalizou os trabalhos de colheita na semana anterior. As regiões Nordeste, Sudeste e Oeste também apresentam percentuais elevados de áreas colhidas, com 99,94%, 99,91% e 99,47%, respectivamente. O Imea destaca que, na região Oeste, apenas os municípios que compõem o Vale do Guaporé ainda não concluíram a colheita da soja.

    Com a colheita praticamente finalizada em todo o estado, a produção de soja para a temporada é estimada em um volume recorde de 49,62 milhões de toneladas. Essa grande oferta tem exercido pressão sobre os preços da oleaginosa, embora os valores ainda se mantenham acima dos registrados no mesmo período da safra anterior.

    O Imea revisou sua projeção para a safra de soja 2024/25 em Mato Grosso com base em dados coletados no projeto Imea em Campo e em levantamentos realizados junto a agentes de mercado em fevereiro. A estimativa para a área cultivada foi mantida em 12,66 milhões de hectares, representando um aumento de 1,47% em relação à safra 2023/24. Já a produtividade média apresentou um aumento significativo de 5,22% em relação à projeção anterior e de 25,22% em comparação com a safra passada, alcançando um patamar recorde de 65,31 sacas por hectare.

    Os analistas do Imea explicam que esse desempenho recorde na produtividade reflete as condições climáticas geralmente favoráveis ao longo do desenvolvimento das lavouras. Apesar do atraso das chuvas no início da semeadura e do prolongamento do ciclo da cultura, os volumes de precipitação se normalizaram, beneficiando o potencial produtivo na maior parte das regiões do estado. Contudo, o Imea ressalta que em algumas localidades, áreas de plantio precoce foram impactadas por volumes de chuva excessivos, o que resultou em um aumento na incidência de grãos avariados.

    Com a combinação da manutenção da área cultivada e o aumento expressivo da produtividade, a expectativa é de uma safra histórica de soja em Mato Grosso em 2024/25, totalizando 49,62 milhões de toneladas, um crescimento de 5,22% em relação à estimativa de fevereiro e de 27,05% em comparação com a safra 2023/24.

  • Demanda externa eleva ritmo de negócios da soja no Brasil

    Demanda externa eleva ritmo de negócios da soja no Brasil

    A maior demanda externa pela soja brasileira elevou o ritmo de negócios no spot nacional na última semana. Segundo pesquisadores do Cepea, esse cenário foi influenciado pela valorização do dólar frente ao Real, que que deixa as commodities do Brasil mais atrativas aos consumidores estrangeiros.

    Além disso, sojicultores mostram mais interesse em comercializar parte da safra 2024/25 no mercado spot, especialmente para “fazer caixa” para o custeio de financiamentos para a próxima temporada.

    De acordo com dados preliminares da Secex analisados pelo Cepea, até o dia 21 de março, o Brasil já havia embarcado 10,25 milhões de toneladas de soja, 59,5% a mais que o volume escoado em todo o mês de fevereiro.

    Quanto à colheita, as atividades seguem em ritmo intenso, e o clima vem contribuindo para produtividades excepcional em grande parte do Brasil. De acordo com a Conab, até 23 de março, 76,4% da área total havia sido colhida, superando os 66,3% registrados no mesmo período de 2024 e acima da média de cinco anos, de 66,2%.

  • Margem bruta de esmagamento da soja em Mato Grosso cai 16,28% em março

    Margem bruta de esmagamento da soja em Mato Grosso cai 16,28% em março

    A margem bruta de esmagamento das indústrias processadoras de soja em Mato Grosso registrou uma queda expressiva de 16,28% em março de 2025 em comparação com fevereiro, atingindo uma média de R$ 621,23 por tonelada. Esse recuo reflete um cenário de mercado desafiador, influenciado por múltiplos fatores econômicos e logísticos.

    O principal motivo para essa retração foi a valorização de 4,03% nas cotações do grão, impulsionada pelo aumento da demanda externa, especialmente por parte de mercados asiáticos, e pela redução da oferta local. A menor disponibilidade de soja no mercado interno decorre tanto de questões climáticas, que impactaram a colheita, quanto do maior volume de exportações registrado no período, que limitou a oferta para as indústrias esmagadoras.

    Além disso, a desvalorização do óleo de soja agravou a queda na margem de esmagamento, uma vez que o produto registrou a menor média mensal desde outubro de 2024. Esse movimento foi resultado da redução na demanda por óleos vegetais no mercado global, além do impacto da concorrência com outras commodities, como o óleo de palma. O enfraquecimento da procura por biocombustíveis em alguns mercados também contribuiu para a desvalorização do derivado da soja.

    Diante desse cenário, a indústria processadora de soja em Mato Grosso enfrenta desafios para manter a rentabilidade, monitorando atentamente as oscilações do mercado internacional e a dinâmica da oferta e demanda no Brasil. As estratégias de comercialização e gestão de estoques ganham ainda mais relevância nesse contexto, buscando mitigar os impactos da volatilidade nos preços e garantir a competitividade do setor.

  • Coprodutos da soja apresentam valorização em MT

    Coprodutos da soja apresentam valorização em MT

    Na última semana, os coprodutos da soja registraram valorização tanto no mercado internacional quanto em Mato Grosso. Na CME Group, o farelo de soja teve alta de 1,26% frente à semana anterior, atingindo média de US$ 299,75 por tonelada. Esse avanço foi influenciado pela valorização da soja em grão na bolsa norte-americana.

    O óleo de soja também acompanhou esse movimento, com elevação semanal de 2,93%, fechando a média de US$ 42,43 por libra-peso. A maior competitividade frente a outros óleos vegetais, especialmente o de palma, tem sustentado essa tendência de alta.

    Em Mato Grosso, os preços acompanharam o cenário externo. O farelo de soja apresentou incremento de 0,24% na semana, com cotação média de R$ 1.735,22/t. Já o óleo de soja subiu 0,06%, atingindo R$ 5.836,77/t.

    Segundo o Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), a valorização dos coprodutos no estado está atrelada à elevação das cotações internacionais e ao aumento da demanda interna, reforçando o cenário de firmeza nos preços.