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  • Setembro Amarelo, reconheça os sinais para ajudar quem precisa

    Setembro Amarelo, reconheça os sinais para ajudar quem precisa

    O Setembro Amarelo é uma campanha dedicada à prevenção ao suicídio. E para isso, é preciso quebrar o tabu e falar sobre esse assunto.

    Quem está em sofrimento, precisa compartilhar seus sentimentos com amigos, pessoa de confiança ou com um profissional. É importante falar sobre aquela sensação de dor física ou emocional que não passa, bem como, aquele sentimento de impotência extremas, que cada vez fica mais intenso e provoca tristeza profunda. Assim, o viver, infelizmente se torna um fardo.

    “E quem passa por isso, precisa de ajuda. É preciso que fiquemos atentos aos sinais e as alertas, principalmente, daqueles que não encontram coragem de falar. E para quem fala, o ouvinte não pode encarar isto como um ‘mimimi’. A doença é real e séria. A responsabilidade é de todos”, explica o secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, que se mostra preocupado com os índices do Estado.

    Mato Grosso do Sul, é o 3º Estado com a maior taxa de mortalidade por suicídio no país, com taxa média de mortalidade de 9,5 por 100 mil habitantes (2019), número expressivo se comparado com a taxa nacional que é de 5,7 (2019).

    Dentre a faixa etária mais prevalente para mortalidade, os jovens entre 20 e 39 anos são os que mais tiram a própria vida em relação a população geral do Estado. A população indígena também apresenta prevalência elevada nos jovens com idade entre 15 a 29 anos. Apesar da queda no número de mortes de 2019 para 2020 (o que já se esperava devido à pandemia), a preocupação agora é com o pós pandemia, considerando o aumento da demanda em saúde mental (pessoas com transtornos ansiosos, depressão, uso abusivo de álcool/drogas, luto, sequelas pós covid).

    ÓBITOS SUICÍDIO SEGUNDO A CAUSA- MATO GROSSO DO SUL, 2020 e 2021
    Casos20202021Total
    Total158178336

    FONTE: SIM/CEVE/DGVS/SES

    Quanto as tentativas de suicídio, a população jovem de 15 a 29 anos também é a mais prevalente, sendo as mulheres a mais atingida. Quanto a população indígena, o perfil fica entre 10 a 29 anos, homens são a maioria. O Estado registra queda de 2020 a 2021, porém os números são subnotificados, tendo em vista o acúmulo de funções dos profissionais de saúde em razão da própria pandemia.

    TENTATIVAS DE SUICÍDIO SEGUNDO SEXO MATO GROSSO DO SUL 2020 E 2021
    Ano MasculinoFemininoTotal
    202050311861689
    20213378491186
    Total84020352875

    FONTE: SINAN/CEVE/DGVS/SES

    Ações

    Infelizmente, o suicídio não tem explicações objetivas, mas assusta, estarrece e silencia. Por isso, é preciso ser discutido e tratado como questão de saúde pública. Assim, desde de 2018, a Secretaria de Estado de Saúde desenvolve o projeto de ‘Prevenção do Suicídio’, com ações de vigilância em saúde, prevenção e promoção e gestão do cuidado.

    Aprovado pelo Ministério da Saúde em 2018, inicialmente foi desenvolvido em 15 municípios com maiores taxas de mortalidade. Na relação estão: Amambai, Antônio João, Aquidauana, Aral Moreira, Caarapó, Campo Grande, Coronel Sapucaia, Dourados, Laguna Carapã, Paranaíba, Paranhos, Ponta Porã, Sete Quedas, Tacuru e Três Lagoas.

    Entre os avanços estão: a qualificação da informação para tentativas de suicídio (notificação oportuna); qualificação de profissionais da saúde, saúde indígena, assistência social e educação para prevenção do suicídio de 15 municípios; a criação de 2 Grupos de Trabalho para prevenção do suicídio (1 na Microrregião de Ponta Porã e 1 agrupando os municípios de Caarapó, Dourados e Laguna Carapã); e finalmente, a adesão dos municípios na campanha do Setembro Amarelo.

    Também são desenvolvidas pela SES anualmente seminários, cursos e oficinas de capacitação em saúde mental para todos os municípios do Estado.

    Ajuda

    A qualquer sinal, a ajuda pode vir por vários caminhos. Um deles é o SUS. Em todo o Mato Grosso do Sul, serviços pelo Sistema Único de Saúde, como as unidades básicas de saúde, estão disponíveis para a população que precisa de cuidados. Os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e ambulatórios de saúde mental estão espalhados por 22 cidades do Estado.

    Com atendimento especializado, os CAPS funcionam em Aparecida do Taboado, Aquidauana, Bataguassu, Bela Vista, Bonito, Caarapó, Camapuã, Campo Grande, Cassilândia, Chapadão do Sul, Corumbá, Costa Rica, Coxim, Dourados, Maracaju, Nova Andradina, Naviraí, Paranaíba, Ponta Porã, Rio Verde de Mato Grosso, São Gabriel do Oeste, Água Clara, Três Lagoas e Sidrolândia.

    Quem precisar de apoio nos demais municípios do Estado pode procurar atendimento na unidade básica de saúde – o postinho do bairro. Outra alternativa é Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende gratuitamente pelo telefone 188.

    É fato que o suicídio é um fenômeno complexo, de múltiplas determinações, mas saber reconhecer os sinais de alerta pode ser o primeiro e mais importante passo. Isolamento, mudanças marcantes de hábitos, perda de interesse por atividades de que gostava, descuido com aparência, piora do desempenho na escola ou no trabalho, alterações no sono e no apetite, frases como “preferia estar morto” ou “quero desaparecer” podem indicar necessidade de ajuda.

     

  • Setembro Amarelo: Dia D de Valorização à Vida será neste sábado (11)

    Setembro Amarelo: Dia D de Valorização à Vida será neste sábado (11)

    A Prefeitura de Lucas do Rio Verde convida a população para o Dia D de Valorização à Vida, ação da campanha Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. O evento será neste sábado (11), na rotatória da Igreja Rosa Mística, das 7h às 11h.

    Na oportunidade, será realizada uma roda de conversa sobre saúde mental, educadores físicos vão desenvolver atividades de alongamento e relaxamento, profissionais da saúde estarão em triagem (aferimento de pressão, testes rápidos de ISTs, orientações gerais), dinâmicas e atividades de entretenimento para crianças e adultos.

    Todas as medidas de biossegurança devem ser mantidas: uso de máscara obrigatório, higienização com álcool 70% e distanciamento.

    O Dia D de Valorização à Vida é organizado pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) da Secretaria de Saúde, através do projeto Lucas pela Vida. São parceiras da ação as secretarias de Cultura, de Esporte e Lazer, de Educação e de Assistência Social.

  • Governo Federal chama atenção para prevenção ao suicídio e reforça cuidado à saúde mental

    Governo Federal chama atenção para prevenção ao suicídio e reforça cuidado à saúde mental

    A prevenção ao suicídio e a automutilação, além do cuidado à saúde mental foram destaque durante o evento de lançamento do curso de formação de multiplicadores em urgências e emergências em saúde mental, nesta quarta-feira (1), em Brasília. A iniciativa integra as ações do Setembro Amarelo e contou com as presenças da titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH), Damares Alves, e do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

    A ministra Damares Alves apontou que esse é um tema transversal que merece a atenção de todos e alertou para que não sejam feitas brincadeiras com quem fala em suicídio. “Essa é a minha história. Aos dez anos de idade tentei suicídio e riram muito. Por favor, não debochem de quem fala em suicídio ou de quem tentou se suicidar. Não fui só eu, nossas crianças estão se matando e se cortando. Esse tema não tem cor, não tem raça e nem religião, vejam como é um tema transversal: saúde, educação, cidadania, todos juntos temos que dar atenção a isso”, lembrou a ministra.

    O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reforçou o compromisso do Governo Federal com o atendimento de pessoas com doenças mentais na Atenção Primária. “Trata-se de uma das prioridades do Ministério da Saúde. Vamos trabalhar de maneira dedicada e queremos providências que sejam eficazes e efetivas”, afirmou o gestor.

    Capacitação

    Levando em consideração o cenário da crise sanitária, o Ministério da Saúde (MS) lançou a capacitação de profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) do país, para atender pacientes em sofrimento psíquico.

    O curso vai fortalecer a prática de condutas humanizadas e terapêuticas no âmbito da saúde mental, além de preparar os profissionais para uma assistência cada vez mais adequada a pacientes que utilizam o SAMU e apresentam quadros como ansiedade, depressão, violência autoprovocada, ideias suicidas e transtornos por uso de substâncias psicoativas. Nas três primeiras turmas, serão 108 profissionais capacitados em todas as capitais do país.

    A secretária de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES/MS), Mayra Pinheiro, explicou que o Brasil está entre os 14 países do mundo que têm taxas crescentes de suicídio. “Entre 15 e 29 anos, o suicídio é a terceira maior causa de morte do mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde. Há um consenso científico que aponta que nos últimos 12 meses de vida essas pessoas procuram uma unidade básica de saúde e isso aumenta a nossa responsabilidade”, lembrou.

    Lei “Vovó Rose”

    Sancionada pelo Presidente da República, Jair Bolsonaro, em abril de 2019, a Lei nº. 13.819/2019, conhecida como “Vovó Rose”, instituiu a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio. A norma prevê que a notificação compulsória deverá ter caráter sigiloso e vale para os casos de tentativa de suicídio e automutilação por estabelecimentos de saúde, segurança, escolas e conselhos tutelares. A lei recebeu o nome de Vovó Rose em homenagem à Rosangela Reis, que perdeu uma neta e se tornou militante da causa e da sua aprovação.

    Em fevereiro de 2020, foi criado o Comitê Gestor da Política Nacional de Prevenção a Automutilação e ao Suicídio articular, planejar e propor estratégias de elaboração dessa política. O grupo conta com representantes dos ministérios da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, da Cidadania, da Educação e da Saúde.

    Semana de Valorização da Vida

    Entre os dias 20 e 30 de setembro, o MMFDH vai promover a Semana de Valorização da Vida, por meio de lives transmitidas por meio dos canais @mdhbrasil.

    Setembro Amarelo

    A campanha, que ganha força neste mês, foi criada em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina e pela Associação Brasileira de Psiquiatria. Ao longo dos próximos 30 dias, serão promovidas atividades de conscientização.

    Com informações do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos

     

     

  • Detran alerta para importância de exercícios físicos

    Detran alerta para importância de exercícios físicos

    Neste mês, órgãos e instituições brasileiras desenvolvem uma série de atividades para abordar e falar sobre a prevenção ao suicídio. A campanha é promovida desde 2014 pela Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, com o objetivo de reduzir as altas taxas de suicídio no Brasil e no mundo.

    O Departamento de Trânsito de Mato Grosso (Detran-MT) preparou informativos divulgando a importância da conscientização de doenças psicológicas, orientando os servidores a respeito dos cuidados com o corpo e mente.

    Yoga e Pedal

    Liége Correa de Arruda é servidora do Detran-MT e há 15 anos começou a prática da yoga. Atualmente além de praticar diariamente também é instrutora. Ela também pedala quase todos os dias, hábito que desenvolveu desde criança. Na infância era uma forma de brincadeira com amigos na rua de casa, mas revela os benefícios de manter essa prática até hoje.

    “Como já prático há anos, o corpo já está habituado, tornando essas práticas memórias corporais. O dia que não pratico, meu corpo e minha mente sentem falta e me sinto muito cansada, pesada. A prática desses exercícios já é comum e os tornei parte da minha rotina diária de vida. Quando você vence diariamente a barreira da preguiça e transforma o exercício em compromisso, você recebe todos os benefícios de bem-estar, consciência corporal, leveza, calma, contato com o ambiente externo, tudo de bom que o exercício pode trazer”, conta Liége.

    João Leonardo Alves é educador físico com formação desde 2005. Há sete anos atua como personal trainer. Ele acredita que manter o corpo e mente em movimento pode evitar possíveis complicações para saúde do corpo e mental. Segundo ele, a yoga ajuda no relaxamento, trabalhando de forma positiva tanto o corpo quanto a mente.

    “Qualquer prática de atividade física provoca a liberação do hormônio do prazer, a endorfina. Este hormônio é responsável pelo relaxamento, reduzindo o stress e ansiedade e melhorando consideravelmente o humor. E a Yoga, além de trabalhar o corpo com exercícios específicos de resistência, respiração e alongamentos, a prática também trabalha a mente com mantras e trabalhos de respiração. Sem dúvida alguma é uma ótima prática em tempos de pandemia, onde precisamos de muito controle emocional”, relatou João.

    Na academia

    Dauson José da Silva é servidor do Detran há 10 anos. Já frequentava academia há 5 anos atrás. Recentemente, por algumas complicações de saúde, decorrentes de colesterol em nível alto no sangue, começou a praticar corrida e caminhada com maior frequência.

    “Comecei a frequentar a academia por ver a necessidade de me exercitar e ter uma vida mais saudável. Foi iniciativa própria. Eu sempre gostei do ambiente da academia. Considero o exercício de importância fundamental para o meu bem-estar, principalmente no período de isolamento por causa da pandemia, pois me ajuda a controlar o estresse e a ansiedade”, disse Dauson.

    Silva afirma que nos dias que não consegue praticar os exercícios físicos percebe uma certa indisposição, maior cansaço e até mesmo facilidade de se estressar com coisas do cotidiano.

    “Malhar me ajuda a perder peso, faz bem para os músculos e para os ossos, melhora minha saúde, aumenta a energia, melhora o sono e faz me sentir mais feliz. Penso que no momento da prática dos exercícios há melhora na oxigenação do cérebro, evitando uma série de doenças”, completa Silva.

    Para o educador físico são inúmeros os benefícios gerados a partir de atividades físicas, além de poder evitar doenças. Alves ressaltou a importância da academia, que acredita ter uma função dupla, de convivência social e também de treinamento, sendo uma ótima associação que promove ótimos benefícios para o corpo e a mente do praticamente.

    “Mas neste momento de pandemia o cuidado deve ser um pouco mais exagerado. A grande maioria das academias utilizam ambientes fechados, com ar condicionado. Nestes casos o uso da máscara se torna um fator de auto prevenção. O praticante deve ficar bem atento se a academia conta com esterilização e limpeza dos aparelhos constantemente. Muitas das academias orientam os frequentadores a eles próprios realizarem a limpeza antes e após o uso de cada aparelho. Outra dica é que, quando chegar em casa após o treino, colocar as roupas utilizadas para lavar imediatamente, bem como, tomar um banho completo”, ressaltou Alves.

    Em casa

    Giandra Nara é servidora da Autarquia há 6 (seis) anos. Após quebrar o pé e obrigatoriamente ter que iniciar sessões de hidroterapia para a recuperação da fratura, percebeu uma melhora significativa em seu corpo por completo. Após a recuperação, resolveu manter os exercícios e logo foi liberada para frequentar a academia e pedalar.

    Mudou-se para Tangará da Serra (a 250 Km de Cuiabá) mas manteve as práticas incluindo também o crossfit com acompanhamento de um educador físico. Por causa de uma inflamação nas articulações, teve que parar todas as atividades. Foi nesse momento que percebeu que a ausência de exercício prejudicava seu dia a dia, desenvolvendo crises de ansiedade.

    “Para sarar, decidi mudar meu estilo de vida. Com o apoio de minha endocrinologista aos poucos fui alterando a utilização dos remédios para o uso de florais fitoterápicos para combater a ansiedade, pois com a medicação mais forte os efeitos colaterais eram grandes. Mudei meu jeito de pensar sobre a vida, utilizando tratamentos menos agressivos ao corpo e mudanças diárias. Incluí acompanhamento psicológico, nutricionista e exercícios físicos em casa. Os exercícios em casa incluem andar no elíptico, aulas e treinos de ginástica online. Eu faço as laborais e funcionais. Até minha mãe me acompanha. Nos dias em que não pratico meu corpo sente na hora e reage me deixando cansada e de mau humor. Senti e comprovei que a atividade física influencia completamente meu organismo, meu humor e minha vida de forma completa”, disse a servidora.

    Segundo o educador físico, é importante que os exercícios, mesmo que praticados em casa, tenham orientações de especialistas para que não haja nenhum tipo de complicação.

    “As atividades físicas dentro de casa também são extremamente importantes, pois trazem um conforto diferenciado já que são realizadas em um lugar mais aconchegante como a própria casa. Exercícios assim, em tempos de pandemia, são ótimos devido ao grande stress gerado por ficar em casa com tempo ocioso. Ocupar o tempo vago é necessário, e praticando uma atividade física, se torna perfeito, gerando grandes benefícios e trabalhando a mente”, concluiu João.

    “O primeiro passo é decidir começar. Decidir que quer uma vida mais leve. Testar até encontrar qual exercício funciona melhor para você. Escolher o horário da prática também influencia. Às vezes você quer se exercitar cedo, mas seu corpo rende mais à tarde ou à noite. Aprendi a utilizar meu corpo como meu aliado e não como motivo de dores e limitações. Só há ganhos nessa jornada”, afirma Giandra.

  • Setembro amarelo alerta para risco do suicídio de esportistas

    Setembro amarelo alerta para risco do suicídio de esportistas

    A cada 45 minutos, a duração de um tempo de futebol, uma pessoa tira a própria vida no Brasil. O suicídio atinge principalmente jovens adultos (com idades entre 15 e 29 anos), no ápice da forma física, mas não livres da depressão e das angústias da mente. O tema ainda é um tabu dentro da sociedade e do mundo esportivo, podendo atingir tanto os que ainda lutam por conquistas e os que chegaram, teoricamente, ao lugar mais alto do pódio. Diante deste contexto, o Setembro Amarelo brilha como alerta, e a Organização Mundial de Saúde diz que, em 90% dos casos, os pacientes podem sair vitoriosos.

    “Elas querem acabar com o sofrimento, não com a vida”, diz a psicóloga Sandra Bittencourt, ressaltando que é preciso falar sobre o tema sem julgamento e crítica. “A prevenção é a chave deste problema de saúde pública. Precisamos de coragem para discutir o assunto, seja com profissionais especializados ou em grupos de apoio, minimamente qualificados”.

    Moradora de Jundiaí (SP), Sandra recorda do tempo em que viveu em frente ao Paulista Futebol Clube, quando não existiam celulares e os meninos saíam do alojamento do time para ir até o orelhão (antigo telefone público) para ligar para os parentes. “No fundo, todo mundo espera ser amado e a família é o primeiro grupo ao qual o indivíduo deseja pertencer. A maioria desses meninos é de origem pobre e há uma enorme pressão sobre eles pela ascensão social, para resgatar todos os familiares daquela condição”.

    A psicóloga Camila Carlos, especialista na área esportiva, avalia que esta separação precoce do núcleo familiar precisa ser trabalhada com os adolescentes. “Essa é uma fase de impulsividade e de reestruturação de identidade. O jovem precisa aprender a lidar com a derrota, a frustração e, o principal, entrar no caminho do autoconhecimento. O fato de ele ser, ou desejar se tornar, um atleta de alto rendimento não o tira da condição de ser humano”.

    Diego Tuber viveu o sonho de ser jogador de futebol, mas uma lesão no joelho o fez mudar o caminho, seguindo para a enfermagem do esporte e do paradesporto. “Transformei minha tristeza e disse pra mim que queria estar perto do esporte de algum modo. O funil no futebol é grande. O capitão do penta, o Cafu, passou por 13 peneiras até ser aceito. Depois de entrar, é preciso gerir a carreira e se preparar para ser um ex-atleta”, diz Tuber, que hoje também presta assessoria esportiva.

    O maior campeão olímpico da história, dono de 28 medalhas na natação, Michael Phelps admitiu ter sofrido com depressão e pensado em suicídio quando ainda reinava nas piscinas. “A gente vive ilusões sociais e culturais. No fundo, depois da fama, do dinheiro, aparece aquele buraco existencial”, avalia Sandra, destacando que o nadador revelou ter encontrado um novo propósito a partir da chegada do primeiro filho. Na ocasião, o norte-americano disse ter encontrado o amor verdadeiro. “Cultivar essas raízes profundas é fundamental, escapando do paradigma materialista e consumista. Nós temos a cobrança de aparentar felicidade e um sucesso permanente, basta olhar as redes sociais. A gente tem dificuldade de falar da dor, mas é uma dimensão da vida, e a pandemia veio para nos trazer de volta para dentro de nossas casas”.

    Edição: Fábio Lisboa

  • Mato Grosso registra redução de Suicídio em 2020

    Mato Grosso registra redução de Suicídio em 2020

    Mato Grosso registrou uma redução do número de óbitos autoprovocados em 2020. A informação foi divulgada durante o III Encontro Intersetorial de Prevenção ao Suicídio, transmitido virtualmente nesta quinta-feira (10.09), em consonância com o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, ocasião que promoveu o debate público sobre o tema.

    De março a agosto de 2019, foram notificadas 3,6 mortes para cada 100 mil habitantes do Estado. Considerando o mesmo período de 2020, a média foi de 2,3 notificações – uma queda de 1,3.

    Neste contexto, o Estado aderiu à meta nacional que visa à redução em 10% da mortalidade por suicídio no Brasil até 2020. O país integra o Plano de Ação em Saúde Mental lançado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), que considera o período de 2015 a 2020, cujo objetivo é monitorar as notificações de óbito e desenvolver programas de prevenção ao suicídio.

    O evento e a campanha têm o propósito de articular os setores e instituições envolvidas nesta temática da Promoção da Vida e Prevenção ao Suicídio, de forma a intervir nas taxas de mortalidade por suicídio ou de lesões autoprovocadas. O nosso Estado fez adesão às diretrizes da agenda do Ministério da Saúde, que tem como meta a redução da mortalidade por suicídio no Brasil”, enfatizou o secretário estadual de Saúde, Gilberto Figueiredo, durante a abertura do evento.

    Contudo, a análise da efetividade das ações desta agenda será feita em 2021, visto que a pandemia alterou drasticamente os índices de mortalidade.

    Queda no número de óbitos

    A psicóloga da Coordenadoria de Promoção e Humanização da Saúde, Mestre e Doutora em Psicanálise, Daniela Bezerra, explica que, mesmo com a queda no número de óbitos, as notificações por tentativas de suicídio e mortes ligadas a essa causa ainda são alarmantes.

    “Os dados de mortalidade diminuíram, mas os dados da lesão autoprovocada continuaram aumentando e vem sendo um aumento progressivo. Sabemos que a violência doméstica e o feminicídio aumentaram bastante na pandemia, fator que tem relação com os índices de tentativa de suicídio. As taxas de mortalidade e lesão autoprovocada estão ligadas a muitos fatores, como a qualidade de vida da população”, disse a especialista.

    Sobre o Setembro Amarelo, Daniela também reforçou que “a campanha não está necessariamente em diálogo direto com a pessoa em sofrimento psíquico, mas principalmente com os profissionais da Saúde e com as demais áreas da sociedade para levar o entendimento sobre a temática, que é intersetorial”.

    Dados epidemiológicos

    Em território nacional, cerca de 11 mil pessoas tiram a própria vida anualmente; essa é a quarta maior causa de morte no país. Em Mato Grosso, a média de notificações de óbito está entre 200 e 222 por ano.

    Foram notificados casos de suicídio em quase todo o território mato-grossense, sendo que a maior concentração das ocorrências está na região da Baixada Cuiabana – com 26,6% do total das notificações do Estado.

    A área técnica ainda informou que o Balanço Epidemiológico com todos os dados relacionados às notificações por óbito autoprovocado em Mato Grosso estará disponível em breve.

    O III Encontro Intersetorial de Prevenção ao Suicídio foi realizado pela Coordenadoria de Promoção e Humanização da Saúde da SES. O evento contou com o apoio da Secretaria Adjunta de Comunicação (Secom), Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica (Covepi), Coordenadoria de Ações Programáticas e Estratégicas (Coapre), Escola de Saúde Pública do Estado de Mato Grosso (ESP-MT), Escritórios Regionais de Saúde e Superintendência de Gestão Regional da SES.

    Para conferir a íntegra do evento virtual, acesse: https://www.youtube.com/watch?v=jvv0Ttm_mS8

  • Acolhimento é fundamental para valorização da vida

    Acolhimento é fundamental para valorização da vida

    Desabafar e compartilhar as angústias são atitudes cada vez mais reforçadas pelas campanhas de prevenção à depressão e ao suicídio. Este ano a campanha Setembro Amarelo vai além e tem como mote “Não basta falar, é preciso agir!”. Na Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), uma equipe multiprofissional da Superintendência de Gestão de Pessoas que já prestava atendimento psicossocial passou a fazer também o monitoramento de servidores com casos suspeitos ou confirmados do novo coronavírus (Covid-19).

    Isso fez com que os atendimentos dobrassem no período de janeiro a agosto de 2020, em comparação a todo o ano de 2019. Foram 915, sendo 795 monitoramentos de servidores e 120 atendimentos psicossociais diversos este ano, enquanto no ano passado houve 486 demandas no total. Os encaminhamentos periciais para afastamento por motivo de saúde também aumentaram de 712 no ano anterior para 905 até agosto de 2020.

    As atividades, que antes ocorriam de forma presencial, foram adaptadas para o atendimento por telefone, garantindo as medidas de prevenção. O acompanhamento é feito por uma equipe composta por profissionais de Psicologia e Assistência Social e, neste momento, incluiu também profissional de Enfermagem, por conta dos casos de coronavírus. Também passaram a ser feitos informativos semanais sobre saúde mental e, por meio deles, os profissionais receberam retornos de servidores interessados em obter o apoio psicológico.

    Apoio auxilia prevenção

    O foco da equipe não é a psicoterapia sistemática, mas o encaminhamento pode ser feito, caso seja constatada a necessidade. O trabalho é voltado para o acolhimento, um passo importante para quem precisa ser ouvido e para que, a partir do apoio recebido, possa agir. Os motivos mais frequentes detectados pela equipe neste período de pandemia foram crises de ansiedade, luto, rotina de teletrabalho, entre outros.

    “Como é uma situação nova, houve muito pânico no início, e tinham muitas informações sendo divulgadas que acabaram sendo somatizadas, então repassamos orientações sobre a importância de se informarem apenas o necessário, sem excessos”, explica a coordenadora de Aplicação, Desenvolvimento, Saúde e Segurança da Sesp-MT, Mônica Rodrigues de Sousa.

    A importância do acolhimento tem sido destacada pelos servidores à equipe, especialmente neste período em que é preciso se afastar de familiares e amigos. O monitoramento tanto da saúde física quanto mental, para eles, significa que não estão sozinhos. Estão incluídos neste atendimento os servidores da sede, dos Sistemas Penitenciário e Socioeducativo e da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).

    Cinco meses após o isolamento mais severo, a equipe de monitoramento começou a receber também demandas de ansiedade causadas por sequelas do coronavírus. “Alguns servidores que superaram a doença ainda estão se recuperando, tendo que fazer fisioterapia pulmonar, e é uma situação que gera preocupação, por isso fazemos o acompanhamento e apoio no sentido de motivá-los a continuar o tratamento e acreditar que tudo ficará bem”, acrescenta a coordenadora.

    Números reduziram

    A atenção à saúde mental e o apoio de familiares e amigos podem prevenir a depressão, ou permitir o início de um tratamento eficaz. Além disso, podem ser determinantes em casos mais extremos. Dados da Superintendência do Observatório de Violência da Sesp-MT apontam que os casos de suicídio em Mato Grosso apresentaram redução de 3% este ano, entre janeiro e julho, quando foram registrados 143 casos, com relação ao mesmo período de 2019, quando houve 148.

    Em Várzea Grande a diminuição dos registros chega a 78%, já que em 2020 foram 4 casos, contra 18 no ano passado. Em Cuiabá, a redução atingiu 6%, com 34 casos este ano e 36 no mesmo período de 2019.

    É importante ressaltar que o Centro de Valorização da Vida (CVV) realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo. Os canais são: telefone (Disque 188), e-mail (https://www.cvv.org.br/e-mail/), e chat (https://www.cvv.org.br/chat/), todos os dias, 24 horas.

    Setembro Amarelo

    A Superintendência de Gestão de Pessoas da Sesp-MT preparou uma programação para o Setembro Amarelo, que inclui lives sobre assuntos ligados à prevenção da depressão e suicídio, com participações de representantes do CVV e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT); distribuição de laços amarelos e cartilhas; afixação de cartazes com orientações; e mobilização de servidores para vestirem amarelo neste Dia D da campanha, celebrado nesta quinta-feira (10.09).

    As lives são transmitidas pelo perfil da Superintendência de Gestão de Pessoas no Instagram: @sespgestaodepessoas. Neste canal também será exibido um vídeo sobre o assunto com a participação de um(a) psiquiatra.

  • Suicídio: uma solução definitiva para um problema transitório

    Suicídio: uma solução definitiva para um problema transitório

    Em meio a campanha Setembro Amarelo, é importante falar em suicídio, de vida e da qualidade e importância da vida. A morte por suicídio é um tema instigante que traz à tona diversas reflexões a respeito da vida e da morte. A neuropsicóloga Leninha Wagner propõe a reflexão nas motivações e a tentativa de compreender psicologicamente as razões pelas quais o indivíduo realiza esse ato contra a sua própria vida.

    A palavra suicídio deriva do latim, sui (si mesmo) e caederes (ação de matar). Iniciada em 2015, a campanha Setembro Amarelo escolheu este mês porque, desde 2003, o dia 10 de setembro é considerado o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. A neuropsicóloga Leninha Wagner explica o sentimento de uma pessoa que comete este ato contra a própria vida. “O suicídio é uma manifestação humana, como uma “bala de prata” que a pessoa pensa em utilizar quando as dores da vida tornam essa existência insuportavelmente amarga e dolorida. O ser humano é a única espécie que atenta contra a própria vida, que elege a morte como uma escolha, para cessar a dor da alma. Por possuir racionalidade e fazer uso do intelecto; e de escolhas para si, pensa estar escolhendo o melhor”.

    No entanto, a pessoa acaba fazendo a pior escolha. “O sujeito que escolhe morrer, como saída para um momento ruim, por via de regra está afundando numa corrente emocional negativa, submerso em uma angústia avassaladora. Há de fato momentos empobrecidos na vida, onde nem temos o recurso do amor que ampara, da condição financeira favorável, da situação profissional confortável, etc”, conta Leninha.

    No entanto, ela lembra que a vida é sempre feita de momentos, de fases e de dias, e por isso é importante pensar que : “A vida é sempre maior que esse momento adverso. É um equívoco enorme, escolher morrer na tentativa de dar sentido a uma vida que aparentemente está sem significado. A saída correta deste emaranhado psicológico é buscar apoio, desabafo, amparo, combater a depressão, não sucumbir à tentação de anestesiar tantas emoções negativas, com uso de substâncias entorpecentes, e sim buscar por ações positivas na busca dar valor e sentido a vida. A sua própria vida. Toda vida importa, e a sua deve ser a mais preciosa para você”, aconselha.

    A neuropsicóloga recomenda também que a acolhida é tão fundamental que pode salvar a vida da pessoa: “Se você conhece alguém que está em situação de vulnerabilidade, que esteja dentro de um dos grupos de risco, que possui comportamentos autodestrutivos, incentive-o a buscar ajuda. Caso seja você a perceber esse comportamento em si, não hesite em passar por uma avaliação psicológica/psiquiátrica”. Assim, dar vez e voz àqueles que precisam de amparo pode ser uma atitude simples, mas certamente fará a diferença para a pessoa que esteja em um momento de crise, detalha Leninha: “Dê sentimento de pertença. Pode ser o suficiente para prevenir e impedir esse ato de desespero.”

    E, carinhosamente, ela deixa alguns conselhos: “A vida é grande! A vida é sempre maior que um momento (ruim). O momento passa, mas vida continua! Enquanto há vida, há o que fazer, a quem recorrer, pedir socorro. Busque tratamento!”, finaliza.

     

    Saiba como reconhecer uma pessoa que decide morrer:

    Quem é esse sujeito que decide morrer?

    Os fatores de maior risco de suicídio são transtorno psiquiátricos, entre eles:

    Depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de substâncias, transtornos de personalidade e esquizofrenia.

     

    Outros fatores de vulnerabilidade:

    Idade: jovens entre 15 e 30 anos e idosos;

    Gênero: homens suicidam três vezes mais que mulheres, mas elas tentam três vezes mais do que eles. Também há a presença de conflitos em torno da identidade sexual;

    Doenças clínicas crônicas debilitantes;

    Populações especiais: Imigrantes, indígenas, alguns grupos étnicos;

    Perdas recentes.

    História familiar e genética: Risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio;

    Componentes genéticos e ambientais envolvidos:

    Risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.

    Eventos adversos na infância e na adolescência:

    Maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, etc;

    Entre adolescentes, o suicídio de figuras proeminentes ou de indivíduo que o adolescente conheça pessoalmente.

    Conflitos familiares, incerteza quanto à orientação sexual e falta de apoio social;

    Sentimentos de desesperança, desespero, desamparo e impulsividade:

    Impulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de risco. A combinação de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias pode ser particularmente letal;

    Viver sozinho: divorciados, viúvos ou que nunca se casaram; não ter filhos.

    Desempregados com problemas financeiros ou trabalhadores não qualificados:

    Maior risco nos três primeiros meses da mudança de situação financeira ou de desemprego;

    Aposentados;

    Moradores de rua;

    Indivíduos com fácil acesso a meios letais.

    Algumas expressões que denotam ideação suicida:

    “Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego e que não consigo mais suportar…”

    “Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim…”

    “Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer…”

    “Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel…”

     

    A vida ainda o bem mais precioso que recebemos, viva de maneira saudável e busque pelo seu bem estar.

    A vida sempre vale a pequena!

  • ABP treina profissionais para identificar e tratar tendências suicidas

    ABP treina profissionais para identificar e tratar tendências suicidas

    A Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Ministério da Saúde iniciar nesta semana treinamento de profissionais de saúde de quaisquer áreas médicas, em todo o país, para que possam identificar e encaminhar corretamente para tratamento pessoas com tendências suicidas. A iniciativa marca a passagem do Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio na próxima quinta-feira (10 de setembro).

    O presidente da ABP, Antonio Geraldo da Silva, disse à Agência Brasil que isso deve ser feito “no Brasil inteiro”. O objetivo é que a iniciativa envolva escolas, igrejas de todas as religiões e conselhos tutelares, “para dar o máximo de conhecimento à população”.

    Neste mês em que se concentram esforços para a prevenção ao suicídio, a ABP e o Conselho Federal de Medicina (CFM) estão lançando a campanha nacional Setembro Amarelo 2020: É Preciso Agir, que visa à conscientização e prevenção do suicídio.

    Silva salientou que apenas falar em suicídio não é suficiente – é preciso levar ao povo informação de qualidade e, sobretudo, agir para reduzir o número de casos de suicídios no país. Para ele, os esforços nessa direção têm de ser feitos não só no Setembro Amarelo, mas “durante 365 dias por ano”. Segundo o psiquiatra, é possível evitar que pessoas cometam suicídio se forem bem atendidas. “Ouvidas, levadas a sério e atendidas. Falar apenas não tem solucionado. Os índices de suicídio só têm aumentado. A gente tem que parar de falar tanto e agir.”

    A média anual de suicídios no Brasil é superior a 13 mil, de acordo com apresentação feita no ano passado pelo Ministério da Saúde. Os índices, contudo, são bem maiores, por causa da subnotificação e também porque muitas mortes de suicidas são atribuídas a outras causas, como politraumatismo e atropelamento.
    Emergência médica
    Se uma pessoa pede ajuda, deve-se entender o pedido como emergência médica. Depois do primeiro atendimento médico,ela tem que ser encaminhada a um serviço psiquiátrico e ser assistida pela equipe de saúde mental, que reúne psiquiatra, psicólogo e assistente social, de maneira a ter o melhor resultado possível. As pesquisas mostram que só comete suicídio quem apresenta quadro psiquiátrico que não está tendo tratamento adequado ou não foi bem tratado antes.

    Estudo internacional feito com prontuários de 15.629 pessoas de todo o mundo que tinham se suicidado revela que 96,8% tinham algum quadro psiquiátrico. Dessas, 35,8% tratavam transtornos afetivos ou de humor; 22,23% faziam uso ou abuso de álcool e outras drogas; 11,6% tinham transtornos de personalidade; 10,6% apresentavam quadro de esquizofrenia; 6,1% sofriam transtorno de ansiedade. De acordo com Silva, o estudo estabeleceu ligação entre o comportamento suicida e doenças mentais.

    O suicídio poder atingir pessoas de várias idades, mas sabe-se que os maiores índices são registrados no período da infância e da adolescência. Na faixa de 15 a 34 anos, o suicídio costuma ser a segunda causa de mortes.

    O presidente da ABP ressaltou que, com a pandemia da covid-19, os problemas mentais se agravaram. Em março, em uma publicação cientifica internacional, Silva alertou autoridades sobre uma onda de doenças mentais que viria após os primeiros casos da doença.

    Em maio, especialistas relataram aumento do número de novos pacientes com quadros psiquiátricos ligados à pandemia. Percebeu-se também que pessoas que estavam em tratamento há alguns anos apresentaram recaída e outras que haviam recebido alta tiveram retorno da doença.
    Fuga do padrão
    Pode-se identificar que uma pessoa está doente e com propensão ao suicídio quando ela foge do padrão normal de funcionamento próprio e tem perdas, explicou Silva. “Por ter perdas, ela já está precisando de ajuda. Preguiça, sonolência, agitação que gera perdas. Isso é doença e precisa de ajuda”, disse o psiquiatra.

    Ele destacou que 50% dos que se mataram procuraram um profissional de saúde nos 30 dias anteriores ao evento e não obtiveram ajuda. Daí a importância de treinar todos os profissionais de saúde para que saibam identificar um quadro de tendência suicida e evitar que o ato seja praticado.

    De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada 40 segundos, uma pessoa morre por suicídio no mundo. Em relação às tentativas, uma pessoa atenta contra a própria vida a cada três segundos. A estimativa é que ocorram cerca de 1 milhão de casos de morte por suicídio por ano, em todo o mundo.

    Ao longo deste mês, a ABP promoverá uma série de ações voltadas para o tema. Estão previstos eventos virtuais, palestras, iluminação em amarelo de espaços públicos e monumentos, para fomentar uma ação efetiva para prevenção de doenças mentais e desmistificação do tema do suicídio. “É agindo que se salvam vidas”, afirmou Antonio Geraldo da Silva.

    A ABP e o CFM lançaram duas cartilhas com orientações sobre o tema: Comportamento Suicida: Conhecer para Prevenir, dirigida a profissionais da imprensa; e Suicídio: Informando para Prevenir, voltada aos profissionais da área de saúde e a toda a sociedade.
    Simpósio
    A pandemia da covid-19 e o isolamento social decretado pelas autoridades para impedir a contaminação pelo novo coronavírus afetaram a saúde mental da população, desenvolvendo uma espécie de “epidemia silenciosa”. Para discutir estratégias de acolhimento, intervenção e promoção da saúde mental, o Serviço de Apoio Psicopedagógico (Seap) da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) promove o simpósio especial Setembro Amarelo: Saúde Emocional e Valorização da Vida, no formato online e totalmente gratuito, entre os dias 10 e 12 deste mês.

    Especialistas de todo o país se reunirão para falar sobre saúde emocional, prevenção ao suicídio, cuidado com profissionais da saúde e relações familiares em tempos de pandemia. Pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) mostra que 89,2% dos profissionais da área perceberam o agravamento de quadros psiquiátricos nos pacientes por conta da pandemia. Já a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) alertou sobre a “epidemia silenciosa” gerada por problemas relacionados à saúde mental em tempos de pandemia, na qual Brasil, Estados Unidos e México seriam os países mais impactados.

    A psicopedagoga Ana Lucia Lacerda Michelotto, do Seap da PUCPR, destacou que o tema do suicídio, que é muito complexo, torna-se mais desafiador durante a pandemia. “Fatores como o distanciamento social,a sobrecarga emocional e a crise nos sistemas econômico, de saúde e educacional, têm gerado impacto de forma transversal em nossa sociedade”, disse Ana Lucia. Segundo a psicopedagoga, o simpósio dará visibilidade a um assunto que ainda é tabu e responsável pela morte de milhares de pessoas em todo o mundo.

    De acordo com Ana Lucia, na universidade, o Setembro Amarelo tem sido tratado sob duas perspectivas principais. A primeira é relativa ao reconhecimento de que pessoas sofrem psiquicamente e demandam momentos e espaços de acolhimento e cuidado; e a segunda considera importante tratar o tema com uma “visão positiva de vida, tendo como respaldo aspectos como saúde, espiritualidade, bem-estar físico e emocional”, relatou a psicopedagoga.

    As inscrições estão abertas e podem ser feitas no site do evento. Os participantes terão direito a certificado.

    Edição: Nádia Franco

  • Ação alerta jovens sobre importância do diálogo para prevenção ao suicídio

    Ação alerta jovens sobre importância do diálogo para prevenção ao suicídio

    Para chamar a atenção dos jovens sobre a importância do diálogo e do apoio na prevenção ao suicídio, a Secretaria Nacional da Juventude vai distribuir mais de 200 mil pulseiras amarelas com a hashtag “#dêumlikenavida. A ação ocorrerá ao longo deste mês como parte da mobilização do Setembro Amarelo, que tem ações motivadas pelo Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, em 10 de setembro.

    “Nos unimos para a conscientização das famílias e, principalmente, dos jovens, sobre o perigo do suicídio. Quanto às famílias, queremos despertar sobre seu papel fundamental no carinho, no acolhimento, na atenção, na compreensão das pessoas que estão sofrendo”, disse a secretária nacional da família do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Angela Gandra.

    “Também convidamos os jovens a despertar para o sentido da sua própria vida, para o futuro que eles podem construir”, completou.

    As pulseiras serão distribuídas para organizações não-governamentais, entidades da sociedade civil e interessados em participar da iniciativa. Para solicitar, basta mandar um e-mail para juventude@mdh.gov.br.

    A campanha #dêumlikenavida foi iniciada em 2019 para estimular a interação dos jovens com as pessoas que estão ao seu redor e estimular o diálogo. Também reforça a necessidade de ficar atento aos sintomas da depressão e de buscar ajuda. A iniciativa é do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e do Ministério da Saúde.

    Suicídio no Brasil

    Em 2018, o Brasil registrou 13.463 mortes por suicídio no Sistema de Informações sobre Mortalidade, de acordo com o Ministério da Saúde. De 2009 a 2018, o suicídio foi o responsável por 115.072 mortes no País.

    Entre os fatores de risco estão transtornos mentais, como depressão, alcoolismo e esquizofrenia. Também questões sociodemográficas, como isolamento social, fatores psicológicos, como perdas recentes e condições clínicas incapacitantes, como lesões desfigurantes, dor crônica e neoplasias malignas.

    Entre 2015 e 2018, o Sistema Único de Saúde (SUS) registrou aumento de 52% nos atendimentos ambulatorial e de internação relacionados à depressão. Na faixa etária de 15 a 29 anos, o aumento foi de 115% no mesmo período.

    Atendimento

    A assistência às pessoas com transtornos mentais acontece de forma integral no SUS, conforme a necessidade de cada caso. Entre os serviços de referência para acompanhamento estão as 43 mil Unidades de Saúde da Família, na atenção primária, que atendem 63% da população.

    Já os 2.594 Centros de Atenção Psicossocial (Caps) ofertam acolhimento à pessoa em sofrimento e seus familiares. Nesses serviços o cidadão é atendido e, caso seja necessário, é encaminhado para outro serviço especializado da Rede de Atenção Psicossocial (Raps). O Ministério da Saúde investe cerca de R$ 500 milhões por ano para a expansão da Raps.

    Além disso, existe o Centro de Valorização da Vida (CVV) que é uma associação sem fins lucrativos e presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio para todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo e anonimato. Os contatos podem ser feitos pelo telefone 188 (24 horas e sem custo de ligação), em um posto de atendimento ou pelo site www.cvv.org.br, por chat e e-mail.

    Setembro Amarelo

    A campanha foi criada no Brasil em 2015 pelo Centro de Valorização da Vida, pela Associação Brasileira de Psiquiatria e pelo Conselho Federal de Medicina.

    A Sociedade Brasileira de Psiquiatria alerta que a iniciativa se torna ainda mais importante nesse período de isolamento social provocado pela Covid-19 que leva ao surgimento de doenças mentais e agrava casos já existente. A avaliação é de que o falta de tratamento é um dos principais fatores que leva ao desfecho trágico da doença.