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  • Setembro Amarelo: familiares são as pessoas com quem os  brasileiros menos falam sobre as próprias emoções, mostra estudo

    Setembro Amarelo: familiares são as pessoas com quem os brasileiros menos falam sobre as próprias emoções, mostra estudo

    No mês em que todo o país se mobiliza em torno do Setembro Amarelo — campanha nacional em prol da prevenção ao suicídio —, uma pesquisa recente traz um dado importante envolvendo a relação dos brasileiros com as próprias emoções: para 43% das pessoas, a própria família é o último grupo com quem dividiriam detalhes de suas vidas emocionais — atrás, inclusive, de círculos como os professores, terapeutas e até mesmo os colegas de trabalho.

    A conclusão é da Preply, plataforma que, interessada na forma com que a população comunica seus sentimentos, pediu que entrevistados de todas as regiões revelassem como se autoavaliam psicologicamente nos últimos tempos, entre detalhes como a frequência com que compartilham suas angústias e as frases mais reconfortantes quando estão enfrentando um problema pessoal (confira o estudo na íntegra aqui).

    Além de destacarem os grupos sociais com quem mais desabafam no cotidiano, à especialista no ensino de idiomas, os ouvidos dividiram os obstáculos que mais os impedem de se abrir com possíveis ouvintes: o receio em incomodar (38,8%), a dificuldade em encontrar as palavras certas (33%), a falta de confiança nos demais (28,8%) e, ainda, o medo do julgamento (28,8%).

    Brasileiros ouvem mais do que falam das próprias emoções

    Medo de parecer vulnerável, de ser visto como alguém fraco, receio diante dos mal-entendidos… mesmo com tantos benefícios para a saúde emocional, em um certo ponto, ninguém parece discordar: dependendo de onde ou com quem se está, falar sobre os próprios sentimentos pode se tornar uma tarefa bastante complicada — sensação essa, aliás, compartilhada pela maioria dos ouvidos durante o estudo da Preply.

    Para se ter uma ideia, ao serem indagados sobre conversas envolvendo emoções, somente 36% dos entrevistados admitiram se abrir com outras pessoas frequentemente, parte disso devido ao receio em incomodar (38,8%) a dificuldade em não utilizar as palavras adequadas (33%), a falta de confiança nos demais (28,8%) e, ainda, o medo do julgamento (28,8%).

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    Por motivos como esses, quando o papo caminha para o terreno sentimental, a postura mais confortável tende a ser a de mero ouvinte, comportamento comum para 66% dos brasileiros envolvidos na pesquisa.

    Tais desconfortos ao dividir os desabafos, dilemas e outras questões internas, cabe dizer, geralmente se intensificam de acordo com aqueles prestes a escutá-los. Na opinião dos respondentes, por exemplo, não há grupos que os deixem mais desconfortáveis ao falarem de si como seus familiares (43,2%), com quem mais evitam esse tipo de assunto se comparados às “pessoas de fora” — sejam os colegas de trabalho, professores ou profissionais de saúde.

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    Saiba o que dizer a alguém em sofrimento mental

    Se, para muitas pessoas, certas expressões importantes têm perdido seus significados originais devido ao uso excessivo, a pesquisa também deixa claro como alguns dizeres ainda permanecem fundamentais para tornar um período menos difícil, seja ele uma situação de grande estresse, crises de ansiedade ou demais experiências traumáticas.

    Entre as diversas formas de se demonstrar apoio a alguém em sofrimento, a frase que mais reconforta os entrevistados pela Preply é, na verdade, algo simples, mas capaz de traduzir em poucas palavras a ideia de que se está presente para suporte emocional: “estou aqui por você”, considerada a mais acolhedora por 47,4% dos brasileiros.

    Para se sentir melhor, há quem ainda goste de ouvir que “seu bem-estar é uma prioridade” (41,8%) e que está “tudo bem pedir ajuda” (38%), falas que indicariam o quanto é importante dar atenção à saúde mental, independentemente da hora ou lugar. Também não é difícil imaginar porque “leve o tempo que precisar” (39,8%) aparece entre as favoritas dos respondentes: ao reconhecer que cada pessoa tem um ritmo próprio, a mensagem geral, portanto, valida que o tempo para se estar bem é algo muito particular.

    Metodologia

    Para compreender como a população expressa as próprias emoções, nas últimas semanas, foram entrevistados 500 brasileiros residentes em todas as regiões do país. Ao todo, os respondentes tiveram acesso ao total de 10 questões, que exploraram experiências pessoais envolvendo saúde mental, autoconhecimento e os impactos da internet nos debates envolvendo o tema. A organização das respostas possibilitou a criação de diferentes rankings, nos quais você confere o percentual de cada alternativa apontada pelos entrevistados.

    Sobre a Preply

    A Preply é uma plataforma online de aprendizagem de idiomas que conecta professores a centenas de milhares de alunos em 180 países em todo o mundo. Atualmente, mais de 40.000 tutores ensinam mais de 50 idiomas, impulsionados por um algoritmo de aprendizado de máquina que recomenda os melhores professores para cada aluno. Fundada nos Estados Unidos, em 2012, por três ucranianos, Kirill Bigai, Serge Lukyanov e Dmytro Voloshyn, a Preply cresceu de uma equipe de três pessoas para uma empresa com mais de 600 funcionários de 62 nacionalidades diferentes, com escritórios em Barcelona, Nova York e Kiev.

  • Quebrando o silêncio e encorajando: “Se precisar, peça ajuda”

    Quebrando o silêncio e encorajando: “Se precisar, peça ajuda”

    Falar sobre saúde mental é algo desafiador nos tempos que vivemos, mas precisamos quebrar o silêncio e abordar esse assunto. Quantas pessoas estão, neste momento, passando por agonia, sem saber por onde começar? Muitas questões estão acumuladas no subconsciente, transformando a vida em uma aflição, quando, na verdade, a vida é um presente, uma dádiva.

    No Brasil, o mês de setembro passou a ser dedicado a essa discussão a partir de 2015, por diferentes entidades que buscam esclarecer a população sobre o tema, usando a cor amarela. Assim surgiu o “Setembro Amarelo”. No entanto, uma campanha internacional teve início nos Estados Unidos após a trágica morte do jovem norte-americano Mike Emme, que tinha 17 anos. A família e os amigos não perceberam que Mike precisava de ajuda, e ele acabou tirando a própria vida.

    Recentemente, a família do jovem norte-americano concedeu uma entrevista a um veículo de comunicação e compartilhou a dor da perda, que nunca tem fim para a família e os amigos. Contudo, ao olharem para a mobilização gerada pela morte do filho e a compaixão em ajudar outras pessoas a enfrentar problemas semelhantes por meio das campanhas, o sentimento de dor se transformou em uma missão de ajudar o próximo.

    Histórias como essa estão por toda parte. Como mãe, esposa e atualmente servindo à população como primeira-dama do Estado, tenho a responsabilidade de falar sobre o assunto. Quero encorajar as pessoas a olhar mais para o próximo. Não estou falando de cuidar da vida do outro, mas de tentar perceber sinais que podem estar atormentando aqueles ao nosso lado. Da mesma forma, encorajo as pessoas que estão passando por problemas a encontrar um porto seguro e conversar com alguém; esse é o primeiro passo. Os sintomas do suicídio são silenciosos, e o escape se dá com a depressão, e nem sempre conseguimos identificar esses sinais.

    Especialistas alertam que a depressão é uma doença psicológica grave e frequentemente subestimada, que pode levar ao suicídio. Caracterizada por alterações de humor, às vezes uma pessoa que demonstra uma alegria constante pode estar escondendo uma dor; tristeza profunda; baixa autoestima e sensação de falta de perspectiva. A depressão pode ter várias causas, incluindo fatores genéticos, perdas pessoais, desilusão amorosa e abuso de substâncias.

    A doença faz com que a pessoa se sinta envergonhada, rejeitada e solitária, e, devido à sua subestimação social, pode levar a pensamentos suicidas como uma forma de escapar das angústias. É crucial buscar acompanhamento profissional para o tratamento da depressão, o qual pode reduzir significativamente o risco de suicídio.

    Se você está passando por um momento difícil, saiba que não está sozinho(a). Pedir ajuda é um ato de coragem. Converse com alguém de confiança, procure um profissional e, se precisar, ligue para o CVV: 188.

    De acordo com a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), no Brasil, 12,6% dos homens, a cada 100 mil, em comparação com 5,4% das mulheres, a cada 100 mil, morrem devido ao suicídio. A única maneira de ajudar uma pessoa que está com pensamentos suicidas é o apoio de pessoas próximas e profissionais. Se precisar, peça ajuda; esse é o melhor caminho. Nem sempre conseguimos superar nossas fragilidades sozinhos. Além dos familiares e amigos, procure um profissional habilitado. O processo não é fácil, mas, com determinação e fé, a superação é uma questão de tempo.

    Quem acompanha meu trabalho sabe que já passei por inúmeros desafios com minha saúde, momentos delicados. A única coisa que eu pensava era como superar algo que não dependia apenas de mim. Todas as doenças que enfrentei e a minha superação diária vão além da minha força de vontade. No meu caso, a fé em Deus, a minha família e a ajuda profissional foram primordiais, pois há momentos em que o corpo e a mente cansam. É nesse momento que precisamos ser humildes o suficiente para dizer: “Sim, eu preciso de ajuda”.

    A vida é maravilhosa; a vida é um presente diário. “Se precisar, peça ajuda.”

    Virginia Mendes é economista, mãe de três filhos, primeira-dama de MT e voluntária nas ações de Governo na área social por meio da Unidade de Ações Sociais e Atenção à Família (UNAF).

  • Estudo mostra relação entre dependência da internet e ideação suicida

    Estudo mostra relação entre dependência da internet e ideação suicida

    A universitária Milena Dias cursa jornalismo, em Brasília, e diz que todo mundo estranha o fato de ela não ter rede social. A estudante acredita que, em algum momento, isso vai mudar, mas, por enquanto, gosta de não fazer parte do ambiente virtual.

    “Não sinto falta de postar fotos minhas, não sinto falta de ver as postagens dos outros, [porque] é um mundo separado da realidade. É diferente da vida real, é um mundo muito de estereótipos e, mais do que isso, de muita exposição.”

    Já para a estudante de nutrição Maria Eduarda Nestali, que também mora na capital federal, as redes sociais são importantes: “Eu tenho WhatsApp, Instagram, TikTok, mas sou bem criteriosa com os conteúdos que eu assisto”, pondera Maria Eduarda.

    Estudos indicam que o impacto da internet na saúde mental pode ser tanto positivo quanto negativo, dependendo da forma como ela é utilizada. A necessidade de permanecer conectado à rede mundial de computadores preocupa especialistas, que apontam a relação entre o consumo excessivo das plataformas online e transtornos mentais como depressão e ansiedade.

    Foi buscando uma resposta para o que acontecia com estudantes da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) que a professora Irena Penha Duprat resolveu aliar o interesse pelo uso excessivo da internet à pesquisa sobre a chamada ideação suicida. Este ano, ela defendeu, na Universidade de São Paulo (USP), a tese O Papel da Internet na Saúde Mental de Jovens Universitários e sua Relação com Ideação Suicida.

    Irena Duprat observou, em 2017 e 2018, um aumento no número de alunos com problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e algumas tentativas de suicídio, o que, segundo ela, era muito preocupante. “Queria saber se o uso excessivo influenciava no pensamento suicida do estudante”, explica.

    Foram entrevistados 503 alunos de seis cursos da área de saúde. “Eles responderam alguns questionários e, entre eles, um teste sobre dependência de internet e um sobre ideação suicida, além da questão sociodemográfica para conhecer o perfil de cada estudante”, conta Irena.

    Cerca de 51% dos estudantes foram classificados com algum tipo de dependência: leve, quando a pessoa usa muito a internet, mas tem a percepção disso e consegue parar; e moderada e grave, quando já não há essa percepção. Irena explica que, nesses dois últimos casos, a dependência é comparada a qualquer outra, sem limites. “No caso da ideação suicida, no questionário, a gente teve uma prevalência de 12,5% de estudantes com ideação presente”, revela.

    Onze dos entrevistados com sintomas depressivos apresentaram maior frequência de ideação suicida, assim como aqueles com nível de ansiedade alto. Ainda de acordo com a pesquisa, a ideação suicida foi maior entre estudantes que reportaram dependência moderada ou grave da internet.

    “O uso da internet [é] como um mecanismo de fuga para diversas situações da vida deles. Principalmente aqueles que relataram problemas como depressão, ansiedade, estresse. Eles usavam na verdade a internet como um refúgio para fugir dos problemas”, aponta a professora Irena Duprat.

    O impacto negativo também é sentido no caso da exposição em mídias sociais como Instagram e Facebook, sobretudo na saúde mental das mulheres. A professora diz que, para as jovens, é “algo que influenciava na questão do pensamento suicida, principalmente em relação a esses conteúdos que podem gerar sentimentos de inferioridade, baixa autoestima”.

    “Por quê? Porque a gente olha aquelas redes sociais, as influencers, e as pessoas parecem ter uma felicidade. As mulheres apresentam o ideal de beleza que quem está olhando muitas vezes não se sente assim”, ressalta.

    Internet como aliada

    A psicóloga Karen Scavacini, do Instituto Vita Alere, que se dedica ao trabalho de prevenção e de posvenção (apoio nos processos de luto) ao suicídio, também avalia que o uso da tecnologia pode ser positivo ou negativo.

    “É difícil a gente estabelecer o que começa antes, se um uso excessivo da tecnologia que leva a questões de saúde mental ou influencia as questões de saúde mental; ou se as pessoas já estão lidando com questões de saúde mental e acabam fazendo um uso excessivo das redes, por conta disso”, destaca a psicóloga Karen Scavacini.

    Karen acredita que os impactos dependem da vulnerabilidade das pessoas, se elas estão passando por situações delicadas, com algum transtorno mental não tratado ou não diagnosticado. Têm relação também com as horas de uso e como é esse uso – se é mais passivo ou mais ativo.

    Brasília (DF), 13/09/2024 - Setembro Amarelo. Psicóloga Karen Scavacini . Foto: Vita Alere/Divulgação
    Brasília (DF), 13/09/2024 – Setembro Amarelo. Psicóloga Karen Scavacini . Foto: Vita Alere/DivulgaçãoPsicóloga Karen Scavacini diz que internet pode ser ferramenta de prevenção ao suicídio – Vita Alere/Divulgação

    Outro fator que merece atenção é o que a rede tem oferecido para os usuários dependendo dos conteúdos que eles buscam, a partir dos algoritmos. “Se ela vai e procura depressão, o que ela recebe de informação? Se ela procurar autolesão, se ela procurar suicídio, o que que ela encontra? Então, o que as redes oferecem em termos de conteúdo.”

    A psicóloga lembra que, em muitos casos, as pessoas recorrem às redes para buscar grupos de pertencimento, com quem conversar e pedir ajuda. Ela cita pesquisas recentes que mostram que muitos jovens, por exemplo, têm buscado na internet informações sobre saúde mental e como superar o preconceito e o estigma em relação ao assunto.

    O Instituto Vita Alere oferece materiais educativos gratuito de acesso livre. Desde um baralho que pode ser usado em sala de aula por professores para abordar o tema da prevenção do suicídio na internet, até uma cartilha para pais e educadores sobre tempo de uso. No ano passado, o instituto abriu um centro de inovação para estudos em saúde mental, tecnologia e suicidologia.

    O instituto oferece ainda o Mapa da Saúde Mental, um mapeamento nacional dos locais de atendimento em saúde mental gratuitos no país. Os interessados podem acessar o Mapa da Tecnologia, que mostra locais de ajuda específicos para pessoas que estão passando ou passaram por alguma violência online.

    Karen Scavacini destaca que, hoje em dia, a tecnologia pode funcionar como aliada e cita, por exemplo, aplicativos que indicam onde buscar informações e outros tipos de ajuda para pessoas em sofrimento.

    Outro exemplo são as terapias virtuais desenvolvidas para alguns tipos de atendimento específicos, como no caso de pessoas com transtorno de estresse pós-traumático, além do uso de games para ajudar crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. “A tecnologia oferece novos tratamentos também e formas alternativas ou complementares de tratamento para a saúde mental”, aponta.

    A psicóloga orienta os interessados a buscarem fontes confiáveis, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Associação Brasileira de Prevenção ao Suicídio, a Associação Brasileira de Sobreviventes Enlutados por Suicídio e o próprio Instituto Vita Alere.

    Para Irena Duprat, que fez o estudo sobre internet e ideação suicida de universitários, é preciso uma conscientização sobre o uso das redes. Afinal, a tecnologia veio para ficar.

    “É inevitável que a internet faz parte da vida de todo mundo. Ela traz benefício, a gente não pode pensar só no lado negativo. Ela é uma das maiores revoluções tecnológicas dos últimos 20 anos, mas, como tudo em excesso pode trazer algo prejudicial, ela também pode Então, a gente precisa é trabalhar essa conscientização do uso com moderação. É saber até onde esse uso pode realmente trazer benefícios ou malefícios”, defende.

    A dependência da internet pode ser tratada com psicoterapia e, em alguns casos, com medicação, associada a tratamentos para depressão e ansiedade.

    Saúde mental dos estudantes

    Algumas universidades têm iniciativas voltadas para a saúde mental dos estudantes. É o caso da Universidade Federal Fluminense em Campos dos Goytacazes (UFF Campos).

    Bruna Oliveira Silva é estudante do último ano de psicologia. Para ela, a vida universitária não é fácil. “Estar no ambiente acadêmico, em que muitas vezes a gente está submetida a rotinas exaustivas, relacionadas à pressão das disciplinas, com prazos para cumprir. O fato de estar longe do nosso núcleo familiar, como é o caso de muitos alunos do nosso polo. É muito difícil e requer muito esforço mental dos estudantes.”

    Com o aumento de queixas associadas à saúde mental dos estudantes, identificado pela assistência estudantil, a UFF Campos desenvolveu, em 2017, o projeto Cuca Legal, uma parceria da equipe de assistentes sociais e de professores do Departamento de Psicologia.

    No Cuca Legal, o aluno pode falar de suas angústias e dúvidas, além de aprender algumas habilidades necessárias para o ambiente universitário, como destaca a professora do Departamento de Psicologia Ana Lúcia Novais Carvalho. O projeto tem encontros mensais, oficinas semanais e mantém um perfil no Instagram.

    Brasília (DF), 13/09/2024 - Setembro Amarelo. Ana Lúcia Novais Carvalho. Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação
    Professora Ana Lúcia Novais Carvalho diz que, pelo Instagram do Cuca Legal, equipe do projeto identifica demandas dos alunos – Arquivo pessoal/Divulgação

    Nesse caso, segundo Ana Lúcia, a rede social é uma espécie de intervenção psicoeducativa, “onde a gente identifica, quais são os temas mais frequentemente abordados pelos alunos”. “Por exemplo, a questão do sono. A gente, às vezes, pode valorizar muito pouco a necessidade de sono, mas o sono pode impactar de forma importante mesmo a própria saúde mental.”

    Os alunos que precisam têm um cuidado individual da assistência estudantil. Uma psicóloga faz os atendimentos. O encaminhamento é feito dentro da própria instituição, quando necessário, e se for o caso, para a rede estadual de saúde.

    O Sistema Único de Saúde (SUS) possui a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), dedicada a cuidar da saúde mental.

    Setembro Amarelo

    De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 2000 a 2019, o suicídio foi a quarta causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos em todo o mundo.

    Durante todo o mês de setembro, profissionais de saúde intensificam as ações voltadas para a saúde mental e a conscientização relacionada à importância da preservação da vida. É a campanha Setembro Amarelo, de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio.

    A psicóloga Karen Skavacini ressalta a necessidade de as escolas participarem desse processo e destaca a importância de se falar abertamente sobre o assunto. “Quando a gente fala abertamente sobre um assunto, a gente tem a capacidade de mudar as coisas com relação a ele, então eu diria para a gente aproveitar este mês para refletir o nosso papel e para expandir esse conhecimento e esse cuidado para todos os outros meses.”

    Quem estiver passando por um momento difícil pode encontrar ajuda nos centros de Atenção Psicossocial (CAPs) e nas unidades básicas de Saúde, ou no Centro de Valorização da Vida (CVV), que atende pelo telefone 188 ou pela internet.

    Edição: Juliana Andrade

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  • Brasil tem mais de 30 internações ao dia por tentativa de suicídio

    Brasil tem mais de 30 internações ao dia por tentativa de suicídio

    O Sistema Único de Saúde (SUS) registrou, ao longo de 2023, 11.502 internações relacionadas a lesões em que houve intenção deliberada de infligir dano a si mesmo, o que dá uma média diária de 31 casos. O total representa um aumento de mais de 25% em relação aos 9.173 casos registrados quase dez anos antes, em 2014. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (11) pela Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede).

    Em nota, a entidade lembrou que, nesse tipo de circunstância, médicos de emergência são, geralmente, os primeiros a prestar atendimento ao paciente. Para a associação, o aumento de internações por tentativas de suicídio e autolesões reforça a importância de capacitar esses profissionais para atender aos casos com rapidez e eficiência, além de promover acolhimento adequado em situações de grande fragilidade emocional.

    Segundo a Abramede, os números, já altos, podem ser ainda maiores, em função de possíveis subnotificações, registros inconsistentes e limitações no acesso ao atendimento em algumas regiões do país. Os dados mostram que, em 2016, houve uma oscilação nas notificações de internação por tentativas de suicídio, com leve queda em relação aos dois anos anteriores. O índice voltou a subir em 2018, com um total de 9.438 casos, e alcançou o pico em 2023.

    Estados e regiões

    A análise regional das internações por lesões autoprovocadas revela variações entre os estados brasileiros. Para a associação, em alguns deles, foi registrado “um crescimento alarmante”. Alagoas, por exemplo, teve o maior aumento percentual de 2022 para 2023 – um salto de 89% nas internações. Em números absolutos, os casos passaram de 18 para 34 no período.

    A Paraíba e o Rio de Janeiro, de acordo com a entidade, também chamam a atenção, com aumentos de 71% e 43%, respectivamente. Por outro lado, estados como São Paulo e Minas Gerais, apesar de registrarem números absolutos elevados – 3.872 e 1.702 internações, respectivamente, em 2023 –, registraram aumentos percentuais menores, de 5% e 2%, respectivamente.

    Num movimento contrário, alguns estados apresentaram reduções expressivas no número de internações por tentativas de suicídio e autolesões no ano passado. Amapá lidera a lista, com uma queda de 48%, seguido pelo Tocantins (27%) e Acre (26%).

    A Abramede destaca que a Região Sul como um todo enfrenta “tendência preocupante” de aumento desse tipo der internação. Santa Catarina apresentou crescimento de 22% de 2022 para 2023, enquanto o Paraná identificou aumento de 16%. O Rio Grande do Sul ficou no topo da lista, com aumento de 33%.

    Perfil

    De acordo com a associação, o perfil de pacientes internados por lesões autoprovocadas revela uma diferença significativa entre os sexos. Entre 2014 e 2023, o número de internações de mulheres aumentou de 3.390 para 5.854. Já entre os homens, o total de internações caiu, ao passar de 5.783 em 2014 para 5.648 em 2023.

    Em relação à faixa etária, o grupo de 20 a 29 anos foi o mais afetado em 2023, com 2.954 internações, seguido pelo grupo de 15 a 19 anos, que registrou 1.310 casos. “Os números ressaltam a vulnerabilidade dos jovens adultos e adolescentes, que, juntos, representam uma parcela significativa das tentativas de suicídio”, avaliou a entidade.

    Já as internações por lesões autoprovocadas entre pessoas com 60 anos ou mais somaram 963 casos em 2023. Outro dado relevante é o aumento das internações entre crianças e adolescentes de 10 a 14 anos – em 2023, foram 601 registros, quase o dobro do observado em 2011 (315 internações).

    Para a Abramede, embora o atendimento inicial desses casos necessite de “foco técnico”, é importante que a abordagem inclua também a identificação de sinais de vulnerabilidade emocional, com o objetivo de oferecer suporte integrado. A entidade avalia que uma resposta rápida e humanizada pode fazer a diferença no prognóstico desses pacientes, além de ajudar na prevenção de novos episódios.

    Setembro Amarelo

    No Brasil, uma das principais campanhas de combate ao estigma na temática da saúde mental é o Setembro Amarelo que, este ano, tem como lema Se Precisar, Peça Ajuda. Definido por diversas autoridades sanitárias como um problema de saúde pública, o suicídio, no país, responde por cerca de 14 mil registros todos os anos. Isso significa que, a cada dia, em média, 38 pessoas tiram a própria vida.

    Na avaliação do psicólogo e especialista em trauma e urgências subjetivas Héder Bello, transtornos mentais representam fatores de vulnerabilidade em meio à temática do suicídio – mas não são os únicos. Ele cita ainda ser uma pessoa LGBT, estar em situação de precariedade financeira ou social, ser refugiado político ou enfrentar ameaças, abuso ou violência. “Esses e outros fatores contribuem para processos de ideação ou até de tentativa de suicídio.”

    “Políticas públicas que possam, de alguma maneira, falar sobre esse assunto, sem tabu, são importantes. Instrumentos nas áreas de educação e saúde também podem ser amplamente divulgados – justamente pra que a gente possa mostrar que existem possibilidades e recursos amplos para lidar com determinadas situações que são realmente muito estressantes e de muita vulnerabilidade.”

    Cenário global

    Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que, todos os anos, mais de 700 mil pessoas em todo o mundo tiram a própria vida. A entidade alerta para a necessidade de reduzir o estigma e encorajar o diálogo aberto sobre o tema. A proposta é romper com a cultura do silêncio e do estigma, dando lugar à abertura ao diálogo, à compreensão e ao apoio.

    Números da entidade mostram que o suicídio figura, atualmente, como a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. A OMS cita consequências sociais, emocionais e econômicas de longo alcance provocadas pelo suicídio e que afetam profundamente indivíduos e comunidades como um todo.

    Reduzir a taxa global de suicídio em pelo menos um terço até 2030 é uma das metas dos chamados Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, definidos pela Organização das Nações Unidas (ONU). “Os desafios que levam uma pessoa a tirar a própria vida são complexos e associam-se a fatores sociais, econômicos, culturais e psicológicos, incluindo a negação de direitos humanos básicos e acesso a recursos”, destacou a OMS.

    Edição: Juliana Andrade

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  • Setembro amarelo: é possível refletir sobre nossas emoções a partir da literatura?

    Setembro amarelo: é possível refletir sobre nossas emoções a partir da literatura?

    Setembro é o mês de atenção à saúde mental, quando se discute também as importantes temáticas da depressão e da prevenção ao suicídio. É a campanha Setembro Amarelo, que traz implicitamente um debate sobre a qualidade de nossas emoções. E nessa parte a literatura pode ser uma boa aliada.

    As emoções compõem as histórias, assim como as histórias impactam as emoções. Quando Machado de Assis conta a história de “Dom Casmurro”, ele nos permite visualizar as emoções do personagem, tomado pelo ressentimento. Quando Goethe apresenta em cartas “O sofrimento do Jovem Werther”, o leitor se angustia com a história de um amor impossível. Ao criar um personagem e descrever as suas emoções, os escritores franqueiam ao leitor a visualização interior do personagem, com seus sentimentos e reações emocionais. À literatura, importa uma adequada representação dos sentimentos, sensações e emoções para que os leitores vivam a história.

    Sentimos essas emoções mesmo sabendo que as histórias são inventadas. A explicação para isso é a predisposição humana para a empatia. A gente quer sentir o que outro sente, as suas emoções.

    O interessante atualmente é notar o tema emoções se tornando o assunto principal de muitas obras, didáticas e ficcionais. Aí, as emoções se tornam personagens explícitas. Não à toa, na sétima arte, quase todo mundo assistiu algum filme da série Divertida Mente, Divertida Mente 2 levou estrondosos 22 milhões de telespectadores aos cinemas, três vezes mais público que o segundo filme mais assistido.

    Creio que esse movimento de produção e busca por conteúdos emocionais não é acidental. Nesta época, as demandas são mais urgentes, e as mudanças, mais rápidas. Urgência e angústia parecem andar de mãos dadas. Tem ainda a aflição nas comparações trazidas pelas redes sociais. A atenção urgente não desliga nunca. Resultado? Mais turbulência emocional.

    Quando as histórias fazem refletir sobre nossa saúde mental: a literatura como um calmante natural

    Por Rinaldo Segundo
    Por Rinaldo Segundo

    As emoções com uma história acontecem em vários tempos. Antes de escolher um livro, já temos uma expectativa. Até as nossas escolhas de entretenimento são baseadas naquela expectativa. Já durante a experiência de leitura, sentimos as emoções da história através dos personagens, ao mesmo tempo em que as relacionamos com as nossas emoções pessoais: um acontecimento passado realizado ou frustrado, um episódio futuro imaginado.

    Assim, ao lermos uma história ficcional, dialogamos com as nossas próprias experiências e expectativas. Após ler o livro, o efeito é ainda mais enigmático. Podemos lembrar desse livro ou de um personagem marcante mesmo anos após a leitura, quando uma passagem do livro ou um personagem espelha/reflete a realidade. Aí, o livro e o personagem já fazem parte de nós, de nossa vida, de nossa história!

    Policarpo Quaresma, Brás Cubas, Capitu, Emma Bovary, Hamlet… Na televisão, o Brasil torceu para a viúva Porcina terminar a novela com o Sinhozinho Malta. Tô certo ou tô errado?

    Esta tem sido a minha experiência de leitor, que tem me mostrado também não ser incomum surgirem insights durante ou após ler o livro. Às vezes, há até revelações sobre algum aspecto da vida. No conflito do personagem, o reflexo da própria vida. Na emoção de um personagem marcante, como se diante de um espelho, apresentam-se as próprias questões do leitor.

    É claro que isso não acontece sempre: as histórias podem ser triviais ou ruins, e os personagens, inexpressivos. Mas se as histórias mexem conosco, elas serão lembradas muito tempo depois, como parte de nossas reflexões e memórias. Fazemos isso automaticamente, dia após dia, sem racionalizar.

    Amamos histórias que nos emocionam, amamos histórias para nos emocionarmos. Eu, você, a tia do zap…Amamos também histórias que nos impactam, causando reflexão. Assim revemos a nossa própria vida pelos passos de um personagem, assim criamos memórias para pensar o futuro.

    Um livro gera emoções e estimula reflexões, como apresentado acima. Mas na minha experiência de leitor, acontece um plus: noto a leitura me desacelerando desse mundo apressado que vivo, que vivemos, principalmente, às noites e aos finais de semana. É curioso, mas parece que o tempo da leitura é mais lento e menos exigente que o tempo das telas. Com mais ensejo à imaginação e menos oportunidade à atenção, a leitura faz um bem danado, como um calmante natural (o livro não pode ser do Stephen King!). Também por isso, a leitura é uma forma especial de poder.

    *Rinaldo Segundo é promotor de justiça e atua, principalmente, na área de homicídios e crimes sexuais contra crianças e adolescentes, onde sente diariamente as emoções alheias refletidas em si. Formado em Economia e Direito, com mestrado em Desenvolvimento Sustentável (Harvard Law School), também é autor do recém-lançado livro de contos Emoções: A Grandeza Humana” (144 páginas, Editora Labrador). Inspirada em sua vivência profissional, a obra expõe dramas sociais da atualidade e as emoções como ponto comum na experiência humana.

  • Setembro Amarelo e a qualidade de vida nos municípios

    Setembro Amarelo e a qualidade de vida nos municípios

    Apesar do tabu que ainda envolve a saúde mental, o Brasil é um dos países que mais investe em políticas públicas que demandam o trabalho de profissionais da área.

    No entanto, podemos observar que isso não é o bastante para melhorar os índices brasileiros, já que a saúde mental da população está diretamente ligada a boas condições de vida nos municípios, sobretudo nas periferias. Nós, psicólogos, que trabalhamos com políticas públicas na área da saúde, educação e assistência social, lidamos diariamente com os reflexos nefastos das dificuldades e desigualdades sociais.

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    Marisa Helena Alves

    O país hoje lidera o ranking mundial de ansiedade e outras doenças mentais. Temos mais de 18 milhões de indivíduos no Brasil com ansiedade patológica, índice superior a 9,3% da população [conforme a Organização Pan-Americana da Saúde], que infelizmente é acarretado principalmente por questões como desemprego, baixos salários, jornadas de trabalho extenuantes, transporte público ruim, aumento da violência, poucas opções de lazer e por aí vai.

    Não tem como falar em saúde mental sem antes olhar para todas essas questões socioeconômicas. Existem hoje milhares de pessoas que, mesmo vivendo dentro da cidade, estão fora dela, porque não conseguem participar daquilo que a cidade pode oferecer. A elas falta o básico: moradia, alimentação e até roupas.

    Penso que as reflexões da campanha Setembro Amarelo são muito pertinentes em um ano de eleições envolvendo cerca de 5 mil municípios brasileiros. Temos que pensar em como o voto de cada um de nós é fundamental para construir cidades mais humanizadas, acolhedoras, e que não virem as costas para a parcela da população mais pobre, mas, que ao contrário, ofereçam oportunidades de desenvolvimento humano e profissional para todos e todas.

    Cuiabá ainda passa por problemas de ordem climática e ambiental que exigem ações de enfrentamento urgentes. Começamos o mês de setembro com mais de 130 dias sem chuva, ondas de calor que superam 40ºC, baixa umidade relativa do ar e excesso de fumaça advindo das queimadas. Não tem como falar em qualidade de vida, bem-estar e saúde mental em um cenário tão inóspito!

    Outra pauta que venho debatendo compreende a ampliação e o fortalecimento da rede de atenção à saúde mental. Cuiabá, mesmo sendo a capital mato-grossense, possui apenas um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) álcool e drogas, um CAPS infantil e três CAPS para transtornos mentais, número insuficiente para atender os seus 682,9 mil habitantes. No interior, a situação deve ser ainda pior.

    A pergunta que fica é: qual cidade gostaríamos de viver? A minha resposta sem dúvida é o desejo da maioria, estar em uma cidade inclusiva, segura, acolhedora e solidária, onde haja estudo, trabalho e serviços públicos que funcionem. Queremos de volta nossa cidade verde com espaços agradáveis e gratuitos de lazer, como parques, praças e florestas urbanas. Sonhamos com a valorização da cultura, do esporte e do lazer.

    Em resumo, como diz a música do Legião Urbana, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. A gente não quer só comida, a gente quer saída para qualquer parte. A gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé. A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer”.

    Isso significa que queremos muito ser felizes e prósperos na cidade onde escolhemos morar e construir a nossa família. O que vem nos exigir o exercício consciente e inteligente do voto. Chegou a hora de sair de debates vazios para priorizar candidatos que tragam soluções para questões importantes para as nossas cidades. Temos que sair da bolha do individualismo, da competitividade e do imediatismo para poder construir cidades verdadeiramente humanas, colaborativas e saudáveis para nós e as futuras gerações, já que tudo isso também é investir em saúde mental!

    Marisa Helena Alves, psicóloga, mestre em Psicologia pela Universidade Católica Dom Bosco, especialização em Saúde Mental, Psicanálise e Educação na UFMT.

  • Setembro Amarelo reforça a importância dos cuidados com a saúde mental

    Setembro Amarelo reforça a importância dos cuidados com a saúde mental

    A campanha de conscientização pela vida ganha força com a chegada do Setembro Amarelo. Apesar das ações ocorrerem durante todo ano em Lucas do Rio Verde, neste mês, a Secretaria de Saúde destaca a importância da informação para reduzir estigmas e preconceitos relacionados ao tema.

    Todos os anos, a Saúde realiza palestras e ações nas empresas privadas e escolas de todo o Município. Para isso, é montado um cronograma com as atividades que devem ser desenvolvidas pelas equipes de saúde municipal.

    Nas palestras são abordados assuntos sobre a importância do auto cuidado, como identificar e procurar ajuda, além de rodas de conversas com psicólogo, salas de espera dos PSFs, entre outras. O objetivo é identificar os transtornos mentais, quais as técnicas, onde procurar ajuda e como oferecer ajuda.

    Alguns sinais de alerta:

    • Isolamento e distanciamento da família, dos amigos e dos grupos sociais, particularmente importante se a pessoa apresentava uma vida social ativa;

    • Ausência ou abandono de planos para o futuro;

    • Expressão de ideias ou de intenções suicidas;

    • Publicações das redes sociais com conteúdo negativista ou participação em grupos virtuais que incentivem o suicídio ou outros comportamentos associados;

    Identifiquei os sinais, e agora? O que fazer diante de uma pessoa sob risco?

    • Acolher e ter uma escuta atenta;

    • Acionar rede de apoio de pessoas e familiares próximos;

    • Incentivar hábitos saudáveis;

    • Auxiliar na procura de tratamento;

    • Orientar os familiares para ter vigilância no uso correto das medicações.

    Onde buscar ajuda?

    • Em casos eletivos, procurar o PSF de origem e passar por atendimento. Após o acolhimento, cada caso será avaliado e encaminhado posteriormente às unidades especializadas em atendimento de saúde mental, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e o Centro de Atendimento Multiprofissional (CAM);

    • O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) e o Centro de Atendimento Multiprofissional (CAM);

    • O CAPS também atende livre demanda de casos graves e moderados, das 7h às 11h e das 13h às 17h, de segunda a quinta-feira, e das 7h às 11h na sexta-feira;

    • Para uma escuta qualificada, disque 188 (ligação gratuita no Estado), canal de apoio disponibilizado pelo Centro de Valorização da Vida (CVV

  • Setembro Amarelo: Atenção com a saúde mental das crianças e adolescentes!

    Setembro Amarelo: Atenção com a saúde mental das crianças e adolescentes!

    A pandemia impactou diretamente a saúde mental das crianças e adolescentes, que tiveram suas rotinas alteradas. Foram atingidos pela tristeza, ansiedade, depressão, falta de perspectiva, frustrações e outras questões que afetam sua saúde mental. Neste mês da campanha de prevenção ao suicídio, “Setembro Amarelo”, é importante também ter atenção com os sentimentos e o comportamento dos pequenos e jovens.

    De acordo com um novo trabalho, publicado no periódico JAMA Pediatrics, pesquisadores da Universidade de Calgary, no Canadá, avaliaram dados de 29 estudos com crianças e adolescentes em diversos países e chegaram a alguns números alarmantes: um em cada quatro sofre de depressão, enquanto um em cada cinco está lutando contra a ansiedade.

    A psicóloga e coordenadora do curso de Psicologia da Unic, Jaqueline Rocha, explica que a pandemia desencadeou muitas emoções nas crianças e adolescentes, mas duas ficaram evidentes: o medo e a tristeza. “Antes, a morte e o luto não era uma realidade para muitas crianças e adolescentes, cenário que mudou com a Covid-19, em que muitas desenvolveram medo de perder quem mais amava. Por sua vez, o isolamento social potencializou a tristeza”, pontua.  

    Em relação à tristeza, a especialista conta que é uma resposta emocional mais automática para frustração e já se encontra presente nos pequenos. “A pandemia afetou a rotina das crianças, afastando do convívio com outras crianças, familiares, e das brincadeiras. Por conta disso, muitas delas começaram a apresentar então uma certa melancolia e apatia excessiva”, detalha.

    Outro cuidado que deve ser tomado é com o uso excessivo dos recursos tecnológicos, como celular, tablet, computadores, pois podem causar prejuízo à saúde mental. “Há muitos casos de crianças e adolescentes desenvolverem ansiedade, por ficar muito tempo em frente às telas, até mesmo apresentando sinais de irritabilidade. É necessário ter cuidado para não haver uma dependência digital”, alerta.

    Além disso, o desenvolvimento da linguagem, da sociabilidade e da afetividade pode ser afetado. Existem muitos conteúdos tóxicos que podem ser consumidos por essas crianças e adolescentes, segundo a psicóloga. O mundo virtual oferece uma certa incapacidade de controle dos pais. Por isso, é muito importante estar atento ao tempo que crianças e adolescentes passam em frente a essa tela e quais informações estão consumindo, para que não prejudique a saúde mental”, sinaliza.

    Observação familiar 

    Como perceber que uma criança e um adolescente estão com a saúde mental afetada? Quais os sinais? A especialista fala que é importante observar a mudança de comportamento do filho e analisar como está o nível de relacionamento social dessa criança ou adolescente. Os adolescentes que apresentam algum tipo de transtorno costumam ficar mais introspectivos, afastando-se dos seus grupos sociais e apresentando também alteração no apetite, comendo pouco ou mais vezes ao dia.

    Empatia e apoio  

    Para ajudar as crianças e adolescentes que estão com a saúde mental afetada, a especialista destaca alguns pontos como a empatia e o amparo, além de ser importante a criança falar sobre seus sentimentos mesmo que seja por meio da escrita, ou de um desenho.

    Para os adolescentes, que estão em processo de construção da sua própria identidade, é preciso dar espaço para apresentarem os sentimentos e pensamentos que têm a respeito de determinado tema, assunto ou situação. A especialista explica que é importante oferecer um lar harmônico onde haja espaço para o diálogo, tornando-se um grande aliado na conservação da saúde mental dessa criança e desse adolescente.

  • Setembro amarelo: ministra alerta para sinais que antecedem suicídio

    Setembro amarelo: ministra alerta para sinais que antecedem suicídio

    O mês de setembro é marcado por ações de prevenção ao suicídio em todo o país, através da campanha Setembro Amarelo. De acordo com dados apresentados pela campanha, realizada desde 2014, pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), no Brasil são registrados cerca de 14 mil casos por ano, ou seja, uma média de 38 por dia.

    Entre os jovens de 15 a 29 anos, é a quarta principal causa de mortes, atrás apenas de acidentes no trânsito, tuberculose e violência interpessoal.

    Em entrevista à Voz do Brasil, a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Cristiane Britto, lembrou a importância das famílias prestarem atenção a sinais comportamentais, principalmente em crianças e jovens, que podem levar ao suicídio.

    “A gente vem instigando a sociedade a observar os sinais. E, nesse ano, a gente vem querendo envolver a família, para que observe os sinais. Aqueles que estão em depressão querem acolhimento, precisam ser ouvidos. Não ignore sinais, principalmente de crianças e aqueles que estão na adolescência”, disse a ministra.

    Segundo ela, a pandemia de covid-19 agravou a situação. “Infelizmente a pandemia nos trouxe um agravamento na saúde mental de todos os brasileiros e tem atingido crianças a partir de seis anos de idade. A faixa etária dos brasileiros que são afetados por tentativas de suicídio ou suicídio é de 11 a 19 anos. O perfil masculino prevalece. E a gente tem se preocupado muito com isso. A gente precisa falar sobre suicídio e automutilação”, afirmou.

    Entre os sinais que devem chamar a atenção das pessoas, segundo Cristiane Britto, estão isolamento, mudanças na alimentação e no sono, automutilação, autodepreciação, interrupção de planos e abandono de estudo e emprego.

    “A gente sempre orienta que procurem os centros de atenção psicossocial (Caps), os Cras, um hospital. Se houver qualquer sinal de que a pessoa tentou o suicídio, chame o Samu, chame o Corpo de Bombeiros. O Corpo de Bombeiros tem sido nosso grande parceiro”, explicou a ministra.

    Assista ao programa na íntegra:

    Edição: Vitor Abdala

  • Polícia promove Semana de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio em Cuiabá

    Polícia promove Semana de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio em Cuiabá

    Policiais militares participaram da ‘1ª edição da Semana de Saúde Mental e Prevenção ao Suicídio’, evento promovido pela Polícia Militar, por meio da Diretoria de Saúde, entre os dias 13 e 15 de setembro, no auditório do Comando Geral da PM, em Cuiabá. O ciclo de palestras contou com a participação de 38 policiais militares e de especialistas e profissionais de saúde e foi transmitido pelo canal TV PM-MT do Youtube e redes sociais.

    A ação da PM em alusão ao mês da Campanha Nacional setembro Amarelo, foi desenvolvida para conscientizar e orientar os policiais da instituição e seus familiares, sobre a importância de priorizar a saúde mental. O comandante – geral da PMMT, coronel Jonildo José de Assis afirma que a iniciativa tem como objetivo dar suporte para os policiais da instituição e principalmente orientá-los sobre a importância de priorizar e cuidar da saúde. “Muitos aqui convivem muito com o colega de trabalho e essas orientações, ajuda os policiais a identificar os sinais de que a saúde precisa ser priorizada”, destaca coronel Assis.

    Durante as palestras realizadas nos períodos matutino e vespertino, os policiais puderam saber mais sobre assuntos como ansiedade, depressão, saúde mental, estresse no trabalho, hábitos alimentares, comunicação não – violenta, informações sobre fatores de risco. Na ocasião, os palestrantes puderam também desmistificaram alguns tabus e mitos sobre suicídio.

    O coordenador de Assistência Social da PM, tenente-coronel Diego Fabiano Souza Tocantins explica que a iniciativa visa a prevenção. “Foram três dias intensos de muito conhecimento para a nossa tropa, por meio de palestras presenciais e também online com profissionais como psicólogos, assistentes sociais, psicanalistas, dentre outros especialistas que puderam esclarecer temas sensíveis, tirar dúvidas e oferecer ferramentas importantes de prevenção destinadas para os nossos policiais militares entenderem a importância do cuidado com a saúde mental”, ressalta o tenente-coronel.

    Serviço 

    Para mais informações, a Diretoria de Saúde da PM fica localizada no Centro Político Administrativo, nas proximidades do Detran-MT, em Cuiabá. Para mais informações sobre os atendimentos, os interessados podem entrar em contato pelo telefone (65) 3631-2730.

    Outro canal de apoio é o Centro de Valorização da Vida (CVV), que oferece apoio emocional e pode ajudar na prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente e sob total sigilo pelo telefone 188. Também há atendimento por e-mail e chat 24 horas todos os dias.