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  • Quatro escolas de samba abrem, hoje, desfiles do Grupo Especial do Rio

    Quatro escolas de samba abrem, hoje, desfiles do Grupo Especial do Rio

    Quatro escolas de samba inauguram neste domingo (2) os desfiles do Grupo Especial do carnaval carioca, na Marquês de Sapucaí, o Sambódromo. Neste ano, pela primeira vez na história da Passarela do Samba, as apresentações das 12 agremiações da elite serão divididas em três dias (domingo, segunda e terça-feira), porque – desde sua inauguração, em 1984 – os desfiles eram feitos em duas noites (domingo e segunda-feira).

    Quem abre o Grupo Especial neste novo formato é a Unidos de Padre Miguel, escola do bairro da zona oeste do Rio que retorna à elite do samba depois de 53 anos, uma vez que sua última participação na primeira divisão (quando ainda se chamava Grupo 1) foi em 1972.

    A agremiação vermelha e branca entra na Sapucaí às 22h, com o enredo Egbé Iyá Nassô, uma homenagem a Iyá Nassô, uma das fundadoras do Candomblé da Barroquinha, na Bahia, que deu origem ao Terreiro Casa Branca do Engenho Velho, o templo de religião de matriz africana mais antigo do país de que se tem notícia.

    A escola seguinte a entrar na Passarela do Samba é a Imperatriz Leopoldinense, de Ramos, na zona norte da cidade, que tem nove títulos do grupo de elite, sendo o último em 2023.

    O enredo da escola de cores verde, branco e dourado (Ómi Tútu ao Olúfon – Água fresca para o senhor de Ifón) trata da cerimônia das águas de Oxalá, baseada em uma mitológica viagem do orixá, rei de Ifón, ao reino do amigo Xangô, durante a qual sofreu por ações vingativas cometidas por Exu.

    Viradouro

    Entrando na Sapucaí na madrugada de segunda-feira (3), a atual campeã, Unidos do Viradouro, escola vermelha e branca de Niterói, no Grande Rio, buscará seu quarto título com o enredo Malunguinho: O Mensageiro de Três Mundos.

    O enredo homenageia o líder quilombola do Catucá, em Pernambuco, João Batista, conhecido como Malunguinho, perseguido e morto por autoridades imperiais, em 1835. Na religião Jurema, Malunguinho, evocado no início das cerimônias, é a única entidade que pode ser chamada de Mestre, Caboclo e Exu.

    Encerrando a primeira noite de desfiles, a Estação Primeira de Mangueira – a verde e rosa do morro da Mangueira -, na zona norte do Rio, dona de 20 títulos, quer levantar a taça novamente, depois de seis anos.

    O enredo À Flor da Terra – No Rio da Negritude Entre Dores e Paixões fala da persistência, no Rio de Janeiro, da cultura bantu, comum a diversos povos da África subsaariana, como habitantes do Congo, Angola e Moçambique. A ideia do enredo é exaltar essa cultura, que costuma ser relegada, apesar de grande parte dos escravos que aportaram no Brasil serem bantus.

    Os desfiles seguem na noite de segunda-feira (com Unidos da Tijuca, Beija-Flor de Nilópolis, Acadêmicos do Salgueiro e Unidos de Vila Isabel) e se encerram na noite de terça-feira (com Mocidade Independente de Padre Miguel, Paraíso do Tuiuti, Acadêmicos do Grande Rio e Portela).

    Avaliação

    Cada escola terá de 70 a 80 minutos para concluir seu desfile e será avaliada em nove quesitos: bateria; samba-enredo; harmonia; evolução; enredo; alegorias e adereços; fantasias; comissão de frente; e mestre-sala e porta-bandeira.

    Serão quatro julgadores para cada quesito, que ficarão espalhados em quatro cabines de julgamento, ao longo da Marquês de Sapucaí. Eles poderão conceder notas de 9 a 10, sendo permitidas notas com fracos decimais (como 9,7 ou 9,4, por exemplo).

    A menor entre as quatro notas é descartada da nota final. A abertura dos envelopes com as notas concedidas por cada julgador será feita na tarde de quarta-feira (5).

    A campeã e as outras seis mais bem colocadas se apresentam novamente no Sambódromo, no desfile das campeãs, na noite de sábado (8). A última colocada é rebaixada para o grupo de acesso (Série Ouro), em 2026.

  • Oito escolas fecham Série Ouro no Sambódromo do Rio

    Oito escolas fecham Série Ouro no Sambódromo do Rio

    Oito agremiações fecharam os desfiles das escolas de samba da Série Ouro, a segunda divisão do carnaval do Rio de Janeiro, entre a noite de sábado (1º) e a manhã deste domingo (2), no Sambódromo. Duas escolas – Império Serrano e Unidos de Bangu – desfilaram, mas sem concorrer ao título de 2025.

    Ambas agremiações e também a Unidos da Ponte, que desfilou na noite de sexta-feira (28), foram afetadas pelo incêndio em uma confecção de roupas, semanas antes do carnaval. As chamas destruíram grande parte das fantasias que estavam prontas.

    Por isso, nenhuma das três poderá ser rebaixada para a Série Prata este ano, assim como elas não poderão subir ao Grupo Especial.

    O título de campeã, portanto, está sendo disputado por 13 escolas – seis desfilaram na última noite. A primeira escola a entrar na avenida foi a Tradição, que, desde 2014, quando foi rebaixada para a terceira divisão, não desfilava na Marquês de Sapucaí.

    A escola de Madureira levou para o Sambódromo um enredo sobre reza e a fé popular.

    Em seguida, foi a vez da União do Parque Acari, que, em seu segundo ano na Série Ouro, abordou a história do violão e seu papel na cultura brasileira.

    Vagalume é homenageado

    A Acadêmicos de Vigário Geral foi a terceira escola da noite. Ela homenageou o jornalista Francisco Guimarães, o Vagalume, um cronista da cultura popular carioca.

    Sem chances de título, a Unidos de Bangu levou para a Sapucaí um enredo sobre a Aldeia Marakanã, uma ocupação indígena nos arredores do principal estádio carioca. Ela teve que lutar contra as autoridades para permanecer no local durante a preparação para a Copa do Mundo de 2014, realizada no Brasil.

    Quinta escola a entrar na avenida, a Unidos do Porto da Pedra, de São Gonçalo, tentou se recuperar do rebaixamento do Grupo Especial no ano passado, ao abordar a história do ciclo da borracha na Amazônia.

    São Clemente

    Outra escola que já frequentou o Grupo Especial em várias edições, a São Clemente, de Botafogo, fez um desfile para a chamar a atenção para a adoção de animais e a defesa de seu bem-estar.

    Escola recente, fundada em 2018, a Acadêmicos de Niterói foi a sétima a entrar na Passarela do Samba, com um enredo sobre as quadrilhas de festas juninas.

    E, encerrando a noite, a Império Serrano entrou na Sapucaí sem a preocupação de agradar aos jurados e buscou fazer de sua participação uma grande festa. Com um enredo sobre o compositor Beto Sem Braço, o desfile durou 95 minutos, muito além dos 55 previstos e arrastou os foliões pela Marquês de Sapucaí.

    A campeã da Série Ouro deste ano ganhará direito a disputar o Grupo Especial em 2026.

  • Desfiles no Sambódromo começam nesta sexta-feira

    Desfiles no Sambódromo começam nesta sexta-feira

    O carnaval no Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, começa oficialmente nesta sexta-feira (28), com os desfiles das escolas de samba da Série Ouro. A partir de domingo (2), desfilam as escolas do Grupo Especial, que neste ano se apresentam em 3 dias, até a terça-feira (3). No dia 7 de março, desfilam as escolas mirins e, no dia 8, encerrando a programação, as escolas campeãs do Carnaval 2025.

    A programação começa com os desfiles das escolas:

    • Botafogo
    • Arranco
    • Inocentes
    • Unidos da Ponte
    • Estácio de Sá
    • União de Maricá
    • Em cima da hora
    • União da Ilha

    No sábado (1º), desfilam :

    • Tradição
    • Acari
    • Vigário
    • Unidos de Bangu
    • Porto da Pedra
    • São Clemente
    • Niterói
    • Império Serrano

    Os desfiles começam às 21h.

    As 16 agremiações da Série Ouro, principal grupo de acesso do carnaval carioca, competem por uma vaga no grupo de elite no carnaval de 2026, para desfilar entre as escolas do Grupo Especial.

    Neste ano, a série não terá escolas de samba rebaixadas. A decisão foi tomada após o incêndio em uma confecção que produzia fantasias para diversas agremiações.

    As agremiações Império Serrano, Unidos da Ponte e Unidos de Bangu foram as principais prejudicadas pelo incêndio.

    Grupo Especial

    A partir de domingo, o Sambódromo é tomado pelos desfiles das escolas de samba do Grupo Especial, a partir das 22h.

    No domingo, desfilam :

    Na segunda-feira (3), segundo dia de desfile, a ordem de apresentação das escolas é a seguinte:

    Na terça-feira (4), último dia, vão se apresentar:

    Neste ano, a maior parte das escolas levará para a avenida temas ligados à negritude e personalidades negras.

    Mirins e desfile das campeãs

    Na próxima sexta-feira (7), é a vez das Escolas de Samba Mirins, agremiações recreativas e culturais voltadas para as crianças, ocuparem a avenida. A entrada é gratuita.

    No sábado (8), encerrando a programação do Sambódromo, ocorre o desfile das campeãs. Embora apenas uma escola seja de fato a campeã do carnaval 2025, as seis escolas de samba melhor posicionadas voltam à avenida, sem a pressão da competição. Os resultados são anunciados na Quarta-Feira de Cinzas (5).

    A estimativa é que o Sambódromo receba 120 mil pessoas por dia ao longo dos dias de desfiles.

    Quem for à Sapucaí deve estar atento às regras:

    • crianças e adolescentes até 16 anos devem estar acompanhados de um responsável
    • é proibido levar isopores, garrafas de vidro, sacolas, armas, objetos cortantes, sinalizadores e fogos de artifício
    • é permitido levar até dois vasilhames plásticos de 500 ml com bebida (água, suco, refrigerante ou cerveja)
    • e até dois itens de alimentação (fruta, salgado ou sanduíche)
  • Polícia prende homem com 452 cartões no Sambódromo em São Paulo

    Polícia prende homem com 452 cartões no Sambódromo em São Paulo

    A polícia de São Paulo prendeu um homem de 38 anos de idade que aplicava o golpe da maquininha e estava em posse de 452 cartões bancários no Sambódromo do Anhembi, na capital paulista. O homem tentou fugir no momento em que foi abordado pelos policiais, na noite deste sábado (10).

    Por volta das 23h, os policiais avistaram dois homens em atitude suspeita em meio aos populares no Sambódromo. De acordo com a SSP, assim que os suspeitos perceberam a aproximação dos agentes, correram em direção à multidão, mas os investigadores conseguiram abordar um deles, que tentou se desfazer de uma bolsa que carregava. No interior havia 452 cartões bancários de diferentes instituições, além de uma máquina de cartão.

    “Entre os cartões apreendidos, os policiais localizaram dois que tinham boletim de ocorrência anterior, um por roubo em junho do ano passado, e o outro por furto, em setembro. O restante do material foi apreendido e encaminhado à perícia para dar prosseguimento à pesquisa”, informou a SSP, em nota.

    O golpe da maquininha ocorre quando as vítimas dão o cartão bancário ao criminoso para efetuar uma compra, e digitam a senha no equipamento. O aparelho, com um software malicioso, memoriza a senha. O falso comerciante, então, devolve à vítima um cartão trocado e fica com o original. Dessa forma, o criminoso obtém o cartão e a senha.

    A polícia prendeu também sete pessoas que estavam praticando crimes nos blocos de rua, na tarde de sábado (10). Em um dos casos, os policiais identificaram uma mulher que estava escondendo celulares furtados em uma bolsa. Foram localizados 22 aparelhos com a suspeita.

    Ao todo, os agentes conseguiram recuperar 55 aparelhos furtados, até o início da noite deste sábado. As ocorrências foram registradas nas delegacias das regiões onde os blocos estavam concentrados.

    Aplicativo

    O governo federal, em parceria com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apresentou em dezembro o aplicativo Celular Seguro para impedir o acesso dos criminosos a aplicativos financeiros e dados pessoais em caso de roubo ou furto de celulares.

    O aplicativo e o site Celular Seguro permitem bloquear o aparelho, a linha telefônica e os aplicativos bancários em poucos cliques.

    Após baixar o aplicativo ou acessar o site, é preciso fazer o login por meio da conta Gov.br. O usuário deverá cadastrar seu aparelho informando o número, marca e modelo. Pode ser registrado mais de um dispositivo, mas a linha deve estar cadastrada no CPF do usuário.

    O sistema permite o cadastro de uma ou mais pessoas de confiança, que poderão auxiliar criando ocorrências em nome do usuário. Em caso de perda ou roubo, o usuário ou a pessoa de confiança poderá registrar uma ocorrência por meio do site ou do aplicativo.

    Edição: Fernando Fraga

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  • Escolas vão levar lendas e encantarias ao Sambódromo em 2024

    Escolas vão levar lendas e encantarias ao Sambódromo em 2024

    A Imperatriz Leopoldinense está confiante no bicampeonato. Para conquistar novamente o título aposta no enredo baseado no livreto O testamento da cigana Esmeralda, do poeta pernambucano de cordel Leandro Gomes de Barros.

    Apaixonado pela produção artística da cultura brasileira, o carnavalesco Leandro Vieira disse que a escolha surgiu de uma pesquisa que fez quando estava debruçado no ano passado na literatura de cordel para falar de Lampião no enredo O Aperreio do Cabra Que o Excomungado Tratou com Má-querença e o Santíssimo Não Deu Guarida, campeão de 2023.


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    Enredo da Imperatriz Leopoldinense – Foto Divulgação

    Agora, para 2024, o tema é Com a sorte virada pra lua, segundo o testamento da cigana Esmeralda. Leandro Gomes de Barros é autor de cordéis que inspiraram o escritor, filósofo e dramaturgo paraibano Ariano Suassuna a escrever o Auto da Compadecida.

    No meio da produção literária do Leandro Gomes de Barros, chamado pelo carnavalesco de “um paraibano incrível”, encontrou o livreto Testamento da Cigana Esmeralda, que é ficcional e, para ele, traz um olhar do autor para a mística do universo cigano e, a partir disso, expressa a forma como vê a cultura popular.

    “A ideia de adivinhações, da leitura das mãos, da sina de uma pessoa guardada na palma da mão, a influência dos astros e do zodíaco, ou seja, é cultura popular brasileira na veia, e tudo que tem cultura popular na veia, me encanta. Achei que esse era um mote muito bom para a produção de uma nova apresentação, sobretudo para mim, que desde da saída da Mangueira [em 2022] para a Imperatriz tenho investido nessa ideia de carnaval ficcional. O carnaval mais voltado para o delírio”, disse o carnavalesco em entrevista à Agência Brasil.

    Na visão de Leandro Vieira, a comunidade da escola recebeu o enredo de 2024 ainda sob o impacto do anterior e do campeonato. “Esse enredo, que de alguma forma é uma continuidade da Imperatriz Leopoldinense no campo do delírio, é recebido com muito calor, porque cria-se uma expectativa de que a Imperatriz pode se dar bem com isso. A comunidade avalia muito bem essas possibilidades de se dar bem, de se mostrar poderosa, pujante e viva”, avaliou.

    Leandro Vieira, que gosta de manter em sigilo a divisão dos setores, “para preservar determinadas coisas para o dia [do desfile]”, revelou que o enredo é livremente inspirado no Testamento da Cigana Esmeralda, e um dos momentos do desfile estará dedicado a ideia de decifrar o mundo de sonhos, que, para ele, é uma das páginas mais interessantes da obra do Leandro Gomes de Barros.

    “Se você sonhar com isso é porque vai acontecer isso, se sonhar com aquilo é porque vai acontecer determinada situação, [sonhar] com um sultão é um sonho que traz mal presságio, se sonhar com cisne é candura, com a rosa encarnada vai encontrar um amor. Acho essa uma passagem tão bonita, sobretudo, para o universo do meu trabalho e também da escola que eu represento, que é o subúrbio”, disse.

    A quiromancia, a leitura da mão, totalmente identificada com a cultura cigana, também estará no desfile, como ainda a influência dos astros. Todo esse universo místico, todo esse conjunto de saberes ancestrais e super populares, estão envolvidos no desenvolvimento do enredo”, completou.

    A Imperatriz continua este ano pela segunda vez consecutiva com a disputa de samba enredo aberta a todos os compositores interessados, mesmo que sejam de outras escolas ou ainda filiados a entidades musicais. O esquema de tira dúvidas, adotado pelas escolas para esclarecer aspectos do enredo com o carnavalesco, ocorreu em junho. As entregas das composições na quadra serão em agosto e a seleção começa em setembro.

    A equipe de carnaval está no meio do processo de desmonte das alegorias do ano passado e Leandro está desenhando os figurinos. “A nossa expectativa é começar o processo de ferragens [para a montagem dos carros alegóricos] na segunda quinzena de julho”, informou.

    Unidos da Tijuca


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    Carnavalesco da Unidos da Tijuca, Alexandre Louzada – Foto Divulgação

    Quem gosta de fábulas, mistérios e lendas populares, certamente vai se envolver com o desfile da Unidos da Tijuca no próximo carnaval. A azul pavão e amarelo-ouro da zona norte do Rio de Janeiro conta com o enredo O Conto de Fados para encantar a Sapucaí e garantir o título, que não conquista desde 2014.

    O tema propõe uma viagem a Portugal para mostrar diversos aspectos da história do país. Começa que o nome do país, seguindo a mitologia grega, era Ofiussa, a Terra de Serpentes. “A gente vai contar a história de Portugal, antes mesmo de [o nome] Portugal existir, mas baseada na tradução literal de Fado, que além de ser um gênero musical lusitano, significa destino. Então, vamos contar o destino de Portugal através de sua mitologia, das suas lendas e histórias que ainda não foram contadas. Não é o Portugal que as pessoas possam imaginar com o que já foi falado e mostrado. É mais baseado nas lendas”, explicou o carnavalesco Alexandre Louzada à Agência Brasil.

    Conforme a lenda, segundo Louzada, uma rainha que era metade mulher, metade serpente, morava em Ofiussa, península mitológica que Ulisses queria desbravar antes de voltar da Odisseia. Ainda na lenda, a rainha se apaixonou pelo herói grego e ergueu uma cidade em homenagem a ele, que inicialmente se chamou Olissippo, depois Olisipo. Com o passar do tempo em uma corruptela da palavra se tornou Lisboa, atualmente a capital de Portugal.

    “Na lenda, as sete colinas que circundam a cidade de Lisboa foram formadas pela ira dela desse amor que sentiu pelo guerreiro e não foi correspondida, porque ele abandona ela e vai embora”, disse o carnavalesco, acrescentando que tudo isso é contado no enredo por meio da mitologia.

    Mais adiante no tempo, com os movimentos de migração de celtas e vikings começaram a surgir vários povoados e, de acordo com o carnavalesco, o território passou a ser cheio de magia. O enredo vai mostrar as influências do domínio romano e na sequência dos mouros na cultura, nas artes, na ciência e na arquitetura local.

    Uma das influências da época, os azulejos são até hoje uma das características do país. Conhecido anteriormente por Condado Portucalense, após a reconquista cristã da Península Ibérica, passou a ter a denominação de Reino de Portugal.

    Fazia tempo que o enredo já estava na cabeça do carnavalesco por achar que a história era bem o estilo da Tijuca, caso um dia fosse responsável pelo carnaval da escola. “Não é uma visão romântica de Portugal. Na verdade é uma grande história que se está contando através das lendas e dos mitos. Para tudo em Portugal existe uma história, até mesmo os doces portugueses. Pouca gente sabe que os doces eram chamados de conventuais porque nasceram dentro dos conventos. As freiras utilizavam a clara de ovo para engomar o hábito e com as gemas passaram a produzir doces”, explicou.

    As revelações não param. Segundo Louzada, a flor que simboliza Portugal é a alfazema, mas depois o cravo vermelho passou a ser emblemático com a revolução do dia 25 de abril de 1974. Os grandes escritores como José Saramago e Fernando Pessoa e a cantora Amália Rodrigues também serão lembrados. “Todas aquelas pessoas que mostraram a alma portuguesa para o mundo”.

    Para demonstrar a devoção dos portugueses, a ligação do país com o catolicismo será representada pelos santos como Nossa Senhora de Fátima, que arrasta milhões de peregrinos do mundo inteiro para a sua basílica, onde teria ocorrido a sua aparição. “Implicitamente ela representa o amor de mãe e a gente pede a proteção dela à Tijuca que está homenageando a terra onde apareceu”, relatou, acrescentando que galo de Barcelos, um dos símbolos do país, também tem origem católica, por ser baseado em um milagre que teria ocorrido para provar a inocência de um peregrino apontado de um crime.

    Será na parte das grandes navegações que a Tijuca terá um momento crítico, quando são exaltadas e questionadas por poemas de Camões, apontando que elas trariam a degradação de uma terra e a escravidão de um povo, toda a dor que isso causaria por ganância. “A gente quando aborda as grandes navegações não é enaltecendo simplesmente Portugal. É mostrando os dois lados da moeda. Essa história precisa ser reescrita e reinventada, por toda a devastação que uma invasão proporciona à terra”, disse.

    Recepção

    A forma como foi recebido na escola, leva Louzada, que estava na Beija-Flor, a ter muita expectativa para o carnaval. “Eu quero sinceramente devolver a alegria à comunidade do Borel [morro onde originalmente havia a sede da escola], resgatar a minha satisfação como carnavalesco com aquilo que posso fazer e com o apoio que estou tendo aqui. Não me foi cobrado o campeonato, mas lógico que isso não sai da minha cabeça. Estou com carnaval para isso. Só espero acontecer”, afirmou.

    Quanto ao samba, Louzada prefere esperar a fase de apresentações dos concorrentes na quadra, que começa em 3 de agosto, para avaliar. “Isso acontece em várias escolas e a Tijuca não é diferente, os sambas se modificam muito quando vão para a quadra, mas grandes parcerias estão na Tijuca e espero que o samba vencedor vá se mostrando aos poucos na preferência da comunidade”.

    Viradouro


    Desfile das Campeãs do carnaval 2019 do <a href=

    Desfile da Viradouro – Foto : Tomaz Silva/Agência Brasil

    Em 2024, a Unidos do Viradouro vai levar para o Sambódromo o enredo Arroboboi, Dangbé. “Um facho sinuoso desliza sobre o chão, chacoalha as folhas, estremece a terra e borbulha as águas. É Dangbé, o vodum da proteção, do equilíbrio e do movimento. Nele, nada principia nem finda, tudo avança, tudo retorna. É o constante rodopio do universo, o círculo fechado, sentido materializado pela imagem da cobra engolindo a própria cauda”, destaca o texto.

    Em outro trecho informa que “A manutenção das crenças dos povos da região da Costa da Mina vive na perseverança das sacerdotisas voduns, mulheres escolhidas e iniciadas em ritos de louvor à serpente sagrada, cujas trajetórias místicas se entrelaçam em combates épicos, camuflagens táticas e resiliência vital”.

    O carnavalesco Tarcísio Zanon, autor do enredo, disse que a ideia surgiu enquanto fazia ainda as pesquisas para Rosa Maria Egipcíaca, o tema do carnaval de 2023. Contou que durante o processo do ano passado, conheceu o escritor mineiro Moacir Maia, que lançou um livro sobre as sacerdotisas voduns. “A partir daí comecei a pesquisar mais sobre o vodum e Dangbé, essa divindade ofídica, a figura da serpente que foi divinizada no reino de Uidá e que até hoje tem um templo em devoção a ela. Durante a pesquisa fui descobrindo mais coisas de como essa divindade e esse culto chegaram ao Brasil”, disse à Agência Brasil.

    “É o primeiro enredo que faço completamente afro. Boa parte dele passa-se em África, na região onde era o Reino de Daomé. Tem toda uma veia mística, religiosa, de um culto pouco difundido. Todos esses mistérios eu gosto muito de trazer à tona para o grande público. Tem essa veia mística que eu gosto e a Viradouro se identifica muito”, disse.

    Zanon destacou ainda que o enredo tem um protagonismo feminino uma vez que a energia perpassa por corpos femininos e chega ao Brasil por meio de Ludovina Pessoa, que veio ao Brasil com a missão de perpetuar os cultos voduns no país. O texto que apresenta o enredo diz que Ludovina “tornou-se o pilar de terreiros consagrados aos voduns, entre eles o Seja Hundé, na cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano, e o Terreiro de Bogum, erguido no coração de Salvador”.

    “Até hoje existem as sacerdotisas voduns que protegem e são protegidas pela energia de Dangbé”, disse Zanon.

    Para o carnavalesco, uma das motivações de desenvolver este enredo é desmistificar o tema. “Uma vez que a gente tem uma demonização das religiões afro, e principalmente o vodum, que foi tão mal divulgado ao longo do tempo, e as pessoas têm uma ideia de que o vodum é dos bonequinhos espetados, na verdade não é nada disso. Na verdade, a palavra vodum significa na língua originária ‘vovodum, tudo de bom para você’, então, é um conjunto de magias utilizado para fazer o bem às pessoas, para a cura, para adivinhações, de projeções de futuro e um culto de respeito à natureza. A ideia de trazer este enredo, também é de desmistificar e dialogar sobre o racismo religioso que ainda existe tão forte ainda no Brasil e trazer um culto tão pouco difundido no Brasil”, explicou.

    O carnavalesco lembrou que a comunidade estava ansiosa por ter um enredo afro na sequência da Rosa Maria Egipcíaca que foi muito elogiado pela maneira como se desenvolveu na avenida. “Já era um desejo da comunidade de ter um enredo afro, e mais que isso, a Viradouro tem tido enredos que trazem informações, conceitos e histórias novos. Isso tem levado a comunidade a gostar desse tipo de enredo e estudar mais. Tenho sentido que estão bem felizes com essa temática”.

    Ele citou a mensagem de um componente da escola com o lançamento do enredo. “Tarcísio me fazendo ler mais do que na época que eu estudava. Achei isso ótimo. Essa é nossa missão também, de trazer leitura, conhecimento, cultura”.

    Samba

    De acordo com Zanon, os compositores que estão criando os sambas para participarem da seleção entenderam bem a mensagem do enredo. “É um enredo que nasce de uma forma intuitiva, mas que fala de uma divindade que é divinizada a partir de uma vitória na guerra. Todo tempo a gente tem esse espírito aguerrido da serpente sagrada, como o espírito dessas mulheres para proteger o culto delas. A gente sente que virá um samba forte, místico, com essa força africana”, disse, acrescentando que 80% do projeto do carnaval 2024 estão prontos no papel, as alegorias de 2023 já foram desmontadas e começou a montagem das ferragens das alegorias para o próximo desfile.

    Edição: Fernando Fraga

  • Primeiro dia de desfiles no Sambódromo tem acidente e atrasos

    Primeiro dia de desfiles no Sambódromo tem acidente e atrasos

    Depois de mais de dois anos, a Marquês de Sapucaí voltou a receber os desfiles das escolas de samba cariocas. Entre a noite de ontem (20) e a madrugada de hoje (21), sete agremiações da Série Ouro, a segunda divisão do carnaval do Rio de Janeiro, passaram pelo local.

    A reabertura do Sambódromo ficou por conta da Em Cima da Hora, escola do bairro de Cavalcanti, no subúrbio carioca, que já entrou na avenida com um atraso de mais de 40 minutos. Com cerca de 1.800 componentes, divididos em 23 alas, reeditou seu enredo de 1984 sobre o trem 33, que saía de Japeri rumo à Central do Brasil.

    segunda escola a entrar na avenida foi a Acadêmicos do Cubango. A agremiação de Niterói, que homenageou a atriz Chica Xavier, com seus cerca de 2.200 componentes, divididos em 19 alas. Tanto a Cubango quanto a Em Cima da Hora buscam uma participação inédita na divisão de elite do samba carioca.

    Acidente

    A Cubango já estava dispersando quando uma criança ficou gravemente ferida em um acidente envolvendo um carro alegórico de outra escola, a Em Cima da Hora, na área de dispersão do Sambódromo.

    A alegoria da Em Cima da Hora já estava fora do Sambódromo, na rua Frei Caneca, manobrando para retornar ao barracão quando houve o acidente. A menina foi encaminhada para o Hospital Souza Aguiar, onde passou por cirurgia nas pernas.

    O incidente provocou um atraso de uma hora no início do desfile da Unidos da Ponte, já que a Polícia Civil teve que isolar a área de dispersão para fazer a perícia no local.

    Retomada

    A Ponte apostou em uma homenagem à irmã Dulce, freira baiana que morreu em 1992 e se tornou Santa Dulce dos Pobres ao ser canonizada em 2019. A agremiação já desfilou no Grupo Especial por dez anos, sendo a última vez em 1996. Para retornar à divisão de elite depois de 26 anos, a escola de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, levou à avenida 20 alas com 1,7 mil componentes.

    A escola aproveitou para homenagear o ator Paulo Gustavo, morto em maio do ano passado, vítima da covid-19. Uma das alegorias traz irmã Dulce e o artista, ao lado de um “portão do céu”. A Ponte acabou passando um minuto do tempo de desfile máximo do desfile, de 55 minutos, o que pode ocasionar a perda de pontos.

    A Unidos do Porto da Pedra, de São Gonçalo, é outra escola que tenta retornar ao Grupo Especial, onde desfilou por 15 anos entre 1996 e 2012 e onde chegou a conquistar uma quinta posição (em 1997). A agremiação levou cerca de 2 mil componentes, em 23 alas, para homenagear mãe Stella de Oxóssi, escritora que defendeu o respeito ao candomblé, e terminou o desfile bem próximo ao tempo limite.

    A União da Ilha, tradicional escola da Ilha do Governador, na zona norte carioca, foi a quinta escola a entrar na avenida, com sede de Grupo Especial depois do rebaixamento de 2020.

    A escola perdeu seu carnavalesco, Severo Luzardo, um mês e meio antes do desfile, mas superou o desafio com a animação de suas 20 alas e 1,8mil integrantes, para falar sobre a devoção a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

    A atriz Cacau Protásio interpretou a santa na comissão de frente. A Ilha cruzou a reta final do desfile também bem próximo ao limite de tempo.

    Unidos de Bangu, escola do bairro homônimo localizado na zona oeste carioca, entrou na avenida com o sol já começando a raiar buscando um retorno ao Grupo Especial depois de seis décadas, com 1.500 componentes, divididos em 17 alas, e uma controversa homenagem a Castor de Andrade, contraventor carioca com grande atuação no carnaval.

    A escola fechou o desfile com 58 minutos, três além do máximo permitido, já com o dia claro.

    Encerrando o primeiro dia de desfiles da Série Ouro, a Acadêmicos do Sossego, entrou na avenida por volta das 6h30, levando para a avenida profecias indígenas sobre o colapso ambiental do planeta. Com 17 alas e 2 mil integrantes, a agremiação niteroiense, que busca acesso inédito ao Grupo Especial em 2023, terminou dentro do tempo permitido.