Tag: Rios

  • Chuvas em Mato Grosso promovem recuperação gradual dos rios após seca

    Chuvas em Mato Grosso promovem recuperação gradual dos rios após seca

    As recentes chuvas em Mato Grosso têm trazido alívio para uma região que enfrenta os impactos de uma seca prolongada nos últimos anos. Segundo o 46º Boletim de Monitoramento Hidrológico de 2024, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), os níveis dos rios da Bacia do Rio Paraguai estão em recuperação, com elevações significativas registradas em diversas cidades do estado.

    Essa melhora é essencial para a biodiversidade, atividades econômicas e qualidade de vida da população local, principalmente na região do Pantanal, uma das mais afetadas pela estiagem.

    Apesar das boas notícias, os níveis dos rios ainda estão abaixo das médias históricas, indicando que o processo de recuperação será lento e dependerá das condições climáticas futuras.

    Isso também é interessante: Defesa Civil alerta para risco de chuvas intensas em Mato Grosso

    O impacto dessas chuvas, aliado ao monitoramento constante dos órgãos competentes, reforça a importância de políticas hídricas sustentáveis para a preservação ambiental e o equilíbrio ecológico da região.

    Importância das chuvas em Mato Grosso para o Pantanal

    Bacia do Rio Paraguai inicia recuperação após mínimas históricas no Pantanal em Mato Grosso
    Bacia do Rio Paraguai inicia recuperação após mínimas históricas no Pantanal em Mato Grosso

    A recuperação dos níveis dos rios é especialmente crucial para o Pantanal, que sofreu intensamente com a seca prolongada, afetando a biodiversidade e as atividades econômicas locais.

    A restauração das condições hídricas beneficia diretamente a fauna, a flora e as comunidades humanas que dependem dos recursos naturais da região.

    Além disso, a recuperação contribui para mitigar crises hídricas que impactam a agricultura, a pecuária e o turismo. Essas atividades são pilares econômicos de Mato Grosso, e a disponibilidade de recursos hídricos em quantidade e qualidade é essencial para sua sustentabilidade a longo prazo.

    Avanços no monitoramento hidrológico

    Cáceres
    Vista aérea do município de Cáceres (MT) – Foto por: Lucas Diego – Assessoria SEAF

    Cidades como Barra do Bugres, Cáceres, Porto Conceição e Cuiabá registraram elevações importantes nos níveis dos rios, um indicativo positivo após meses de estiagem. Em Barra do Bugres, o nível do rio subiu 21 centímetros nos últimos sete dias, mas ainda está 18 centímetros abaixo da média histórica. Já em Cáceres, o aumento foi mais expressivo, com elevação de 32 centímetros, embora ainda esteja 62 centímetros abaixo da média esperada para o período.

    Marcus Suassuna, pesquisador do SGB, comentou sobre o processo de recuperação.

    “O rio está subindo em média 6 centímetros por dia, mas a estabilização dos níveis pode ocorrer caso não haja novas chuvas. A previsão para a próxima semana é otimista, indicando que mais chuvas poderão contribuir para elevações adicionais”, explicou o especialista.

    Previsão climática e desafios futuros

    A previsão de mais chuvas na próxima semana mantém um cenário otimista, mas os especialistas alertam que a recuperação completa dos rios exige tempo e monitoramento contínuo.

    O Serviço Geológico do Brasil segue acompanhando a situação de perto, emitindo boletins regulares sobre o nível dos rios e as condições climáticas.

    Enquanto as chuvas recentes trazem esperança, é fundamental que as autoridades e a sociedade se engajem em práticas sustentáveis para garantir a preservação dos recursos hídricos. O equilíbrio ambiental da região depende de ações conjuntas que assegurem a resiliência frente às mudanças climáticas e outros desafios.

  • Rios de Mato Grosso estão sob grave ameaça por atividades de mineração

    Rios de Mato Grosso estão sob grave ameaça por atividades de mineração

    Um estudo da Operação Amazônia Nativa (OPAN) revela um panorama alarmante: a intensificação da mineração na bacia do rio Juruena, em Mato Grosso, coloca em risco a sociobiodiversidade da região e a própria existência de povos indígenas. Mais de um terço (34,61%) dos rios da bacia podem ser impactados pela atividade, segundo o Boletim de Monitoramento de Pressões e Ameaças às Terras Indígenas na Bacia do Rio Juruena.

    A análise da OPAN, baseada em dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), aponta que 954 dos 2.756 cursos d’água da bacia estão sob a mira da mineração. Entre os rios mais afetados estão o Juruena, Sangue, Arinos, Papagaio, dos Peixes, Cravari e São João da Barra.

    A área impactada pelos processos minerários já alcança 2,6 milhões de hectares, superando inclusive a extensão total do estado de Sergipe (2,2 milhões de hectares). Entre 2018 e 2024, o número de processos minerários na bacia do Juruena, a maior de Mato Grosso, saltou de 782 para 1.261, um aumento de 61,25%.

    O estudo da OPAN também identificou a sobreposição de 19 processos minerários com os limites de seis Terras Indígenas em Mato Grosso: Escondido (Rikbaktsa), Kapôt Nhinore (Kayapó e isolados Capot/Nhinore), Kayabi (Apiaká, Kayabi e Munduruku), Paukalirajausu (Nambikwara), Portal do Encantado (Chiquitano) e Uirapuru (Paresi). Juntas, as áreas impactadas pelos processos minerários nessas terras indígenas somam 7.382 hectares.

    A sub-bacia do rio São João da Barra se destaca como a mais impactada, com mais de três quartos (75,64%) de sua área sobrepostos por pedidos de processos minerários, principalmente relacionados à exploração de cobre, além de ouro.

    O boletim da OPAN revela uma alta concentração de processos minerários voltados à exploração de ouro e cobre no médio e baixo cursos da bacia do Juruena. O ouro responde por cerca de 40% da área total dos processos minerários, enquanto o cobre representa 32%. Essa distribuição segue o padrão do estado, onde os pedidos de processos minerários para ouro e cobre correspondem a 52% e 23% do total, respectivamente.

    Vale salientar que o estudo da OPAN considera apenas processos minerários legais, não incluindo o garimpo ilegal. Essa realidade, somada aos impactos já evidenciados, aponta para um cenário ainda mais grave e preocupante para a sociobiodiversidade da bacia do Juruena e para os povos indígenas que ali residem.

  • Rios do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registram níveis abaixo da média

    Rios do Pantanal de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registram níveis abaixo da média

    Os rios da Bacia do Rio Paraguai, no Pantanal, registram níveis abaixo da média esperada para o mês de fevereiro; época de cheias na região que engloba Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. É o que indica o Boletim de Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (SGB), divulgado nesta quinta-feira (08/02).

    Devido ao déficit de chuvas, em algumas estações foram observadas cotas similares a anos de secas extremas. O cenário acende sinal de alerta para os próximos meses e evidencia a necessidade de ações para mitigar os impactos.

    “Os níveis estão abaixo da média em todos os principais afluentes – Alto Paraguai, Cuiabá, Taquari, Miranda, Palmeiras, Aquidauana. É um mês de fevereiro que está entre os piores do histórico em alguns locais importantes da calha principal do Rio Paraguai, inclusive em Cáceres (MT) e Porto Murtinho (MS). Os rios Cuiabá, Miranda e Aquidauana também encontram-se com níveis abaixo da faixa de normalidade. Não há previsão de reversão do quadro no curto ou longo prazos”, explica o pesquisador em geociências do SGB Marcus Suassuna.

    Em Cáceres (MT), o nível chegou a 1,6 m na quinta-feira (08/02) e, nesta sexta (09/02), marcou 1,72 m. A mediana para o período é de 4,2 m. Desde 1965 é realizado o monitoramento da estação. No ano passado, nesta mesma data, estava na marca de 4 m. Em 2021, ano da mínima histórica em setembro, o rio estava na cota de 2,32 m em 8 de fevereiro.

    Na estação de Porto Murtinho (MS), o rio alcançou a marca de 1,67 m na quinta (08/02) e, na sexta (09/02), chegou a 1,7 m. O nível está muito abaixo da cota mediana, de 3,3 m. Essa marca é similar à observada em 1971, quando ocorreu a mínima histórica (0,73 m em setembro) da série que é monitorada desde 1939. Naquele ano, o rio alcançou 1,65 m, em 8 de fevereiro. No ano da mínima mais recente, em 2021, Porto Murtinho registrou 2,93 m na mesma data.

    Esse cenário é resultado das chuvas abaixo da média na Bacia do Rio Paraguai. Entre outubro de 2023 e janeiro deste ano, choveu 350 mm, segundo dados do Sistema Global de Previsão em Conjunto – GEFS/NOAA, criado pelos Centros Nacionais de Previsão Ambiental. O esperado para o período é de 570 mm.

    De acordo com o modelo de previsões, para as próximas semanas são previstos acumulados de chuva da ordem de 42 mm. Diante disso, há perspectiva de subidas graduais em Ladário (MS), Forte Coimbra (MS) e Porto Murtinho (MS). São previstas descidas em Cáceres (MT) e Barra do Bugres (MT). Em Cuiabá (MT), os modelos indicam oscilação de nível nas próximas semanas, com previsão de inicial subida e posterior descida de nível.

    Por: Serviço Geológico do Brasil (SGB)

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  • Santa Catarina tem 132 cidades atingidas por fortes chuvas

    Santa Catarina tem 132 cidades atingidas por fortes chuvas

    Santa Catarina tem 132 municípios com diversas ocorrências em virtude das fortes chuvas que atingem o estado desde a última semana. De acordo com boletim da Defesa Civil, divulgado nesta segunda-feira (9), 67 municípios já decretaram situação de emergência. Duas mortes foram confirmadas em Rio do Oeste e Palmeira.

    Na madrugada de hoje, o rio na localidade do Alto Vale do Itajaí atingiu a marca histórica de 12,11 metros acima do nível e a região alagada está em alerta.

    A cidade de Taió, que enfrentava inundações graves, foi atingida mais fortemente pela enchente do rio, no fim do domingo. Já o rio Itajaí-Açu, em Blumenau, alcançou o pico de 10,18 metros na madrugada desta segunda-feira, e está baixando gradativamente.

    Na última medição feita pela Defesa Civil, nesta manhã, registrava 9,90 m de altura. E o rio Uruguai atingiu a profundidade de 11,62 metros e está em baixa.

    A situação de Taió piorou nas primeiras horas desta segunda-feira, com o aumento da vazão gerada pelas chuvas intensas na bacia do Rio Itajaí-Açu, entre a tarde e a noite do domingo.

    Por isso, os bombeiros militares reforçaram o trabalho na cidade, com novas equipes. Neste momento, as equipes atuam, principalmente, na retirada de famílias das áreas de risco, disse o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina, coronel Fabiano de Souza.

    “Na noite de ontem, deslocamos efetivo de reforço, oriundos de Lages e do oeste de Santa Catarina. Nesta manhã, encaminhamos uma segunda aeronave que ficou posicionada em Taió, para fazer, inicialmente, o resgate de pessoas que estavam ilhadas, em especial, daquelas que foram surpreendidas durante a madrugada”, revelou.

    Socorro

    Desde a última terça-feira (3), o Corpo de Bombeiros Militar de Santa Catarina atendeu 701 ocorrências relacionadas com as chuvas em 115 municípios do estado. Para realizar o socorro, houve a atuação de 776 bombeiros e foram empregadas 107 viaturas.

    Somente entre domingo (8) e esta segunda-feira (9), foram empenhados 296 bombeiros e 107 viaturas para prestar assistência em 311 ocorrências em 57 cidades. Somente no Alto Vale, os bombeiros houve mais de duzentas ocorrências no domingo.

    Na manhã desta segunda-feira, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que, devido às cheias no estado, dois pontos das rodovias federais de Santa Catarina estão interditados. São eles: a BR-470 km 150, em Agronômica, com trânsito totalmente interrompido por causa da água sobre a via; e a BR-101 km 403, em Araranguá, que tem o fluxo direção Norte desviado para a pista sentido sul, uma faixa em cada sentido. Há água sobre a pista no sentido norte. As demais rodovias federais de Santa Catarina seguem sem interdição total.

    Sobre as rodovias estaduais afetadas pelas chuvas, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Mobilidade informou a situação das estradas:

    • BR-101, km 112,3, em Itajaí, na Marginal, interditada;
    • BR-101, km 403 em Araranguá: trânsito em meia-pista;
    • SC-390, na Serra do Rio do Rastro: interditada;
    • SC-110, km 401 e 405, em Urubici: interditada;
    • SC-114, km 276, em São Joaquim: trânsito em meia-pista;
    • SC-114, km 297.7 e Ponte das Goiabeiras, em São Joaquim: interditada;
    • SC-108, km 379.7, em Criciúma: interditada;
    • SC 120, km 236. em Curitibanos: interditada.

    Nestas localidades, houve registros, entre outros, de perda de asfalto, rachaduras no meio das pistas, água empossada e queda de barreiras. A recomendação é evitar a estrada e procurar um local seguro.

    A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) informou que o abastecimento de água está comprometido no município de Concórdia, em razão do mau tempo que impede a captação normal de água no rio Suruvi. Ela alertou que as áreas mais altas e distantes do município poderão ficar sem água nesta segunda-feira. E recomendou aos moradores o uso racional de água até a normalização completa do sistema.

    Mais riscos

    Hoje, a Defesa Civil do estado alertou que o risco ainda é alto para ocorrências como deslizamentos em todas as regiões de Santa Catarina, em decorrência dos volumes de chuvas registrados nos dias anteriores, porque o solo permanece encharcado.

    O geólogo da Defesa Civil, Mattheus Klein Flach, disse que já houve ocorrência de deslizamentos desde o Oeste até o planalto Norte, Vale do Itajaí e no litoral sul. E que foram emitidos alertas – válidos para as próximas 24 horas – na região do Planalto Sul, Alto Vale Itajaí e Médio Vale Itajaí, planalto Norte, municípios da Grande Florianópolis e do litoral Sul.

    O geólogo recomendou à comunidade que observe sinais de deslizamentos para se manter em segurança. “Fique de olho nos sinais de deslizamentos como fraturas nas paredes das casas, fratura no solo, água suja vertendo pela encosta e, em caso de observar esses sinais, que procure um local seguro”, detalhou. Em caso de emergência, deve-se ligar para os números da Defesa Civil – 199; do Corpo de Bombeiros – 193; ou da Polícia Militar catarinense – 190 para pedir ajuda.

    Meteorologia

    A semana em Santa Catarina começa com melhora no tempo. Ao longo da manhã, a nebulosidade diminuiu em áreas do Grande Oeste, onde o sol predominará durante a tarde. No litoral e em áreas próximas (centro/leste do estado), a umidade do oceano para o continente vai aumentar a cobertura de nuvens, com possibilidade de chuvas fracas a qualquer hora.

    Apesar da melhora no tempo nesta segunda-feira, a meteorologia da Defesa Civil indica que a chuva volumosa deve retornar ao estado nas próximas quarta (11) e quinta-feiras (12).

    O coordenador de monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Santa Catarina, Frederico Rudorff, disse que o volume de chuva pode ser entre 60 e 80 milímetros, em 24 horas, com algumas localidades superando os 100 milímetros/dia.

    “É um volume considerável de chuva, considerando já as condições das bacias que estão bastante saturadas. [Deve-se ter] bastante atenção nos próximos dias. Recomendamos, principalmente na região do Vale do Itajaí, que se mantenham as mobilizações dos abrigos, enfim, para que a gente possa operar com bastante tranquilidade nos próximos dias”, destacou.

    Assistência e reconstrução

    O governo de Santa Catarina distribuiu 39.553 itens de assistência humanitária e todas as equipes de Segurança e Defesa Civil do Estado seguem de prontidão para atendimento às ocorrências e orientação da população. Até o momento, foram abertos 121 abrigos em 52 municípios.

    O diretor de Gestão de Desastres da Defesa Civil de Santa Catarina, coronel Cesar de Assunção Nunes, disse que o governo estadual está mobilizado para reduzir consideravelmente os impactos das fortes chuvas.

    Ele adiantou que já está conversando com o governo federal para reparação dos danos dos últimos dias. “O estado tem de voltar à normalidade. Então, entramos em uma outra etapa, que é a reconstrução. Nós estamos em conversa com o governo federal para saber quais as medidas que precisam ser tomadas. Até porque, algumas medidas legais estão em andamento”, finalizou.

    Edição: Kleber Sampaio
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  • Mata Atlântica tem água de boa qualidade em 6,9% dos rios

    Mata Atlântica tem água de boa qualidade em 6,9% dos rios

    Levantamento da Fundação SOS Mata Atlântica mostra que apenas 11 pontos (6,9%) dos rios do bioma em monitoramento pela entidade têm água de boa qualidade. A edição deste ano do relatório O Retrato da Qualidade da Água nas Bacias Hidrográficas da Mata Atlântica considera que a maioria (75%) dos pontos dos rios tem água de qualidade regular, enquanto 16,2% apresentam qualidade ruim e 1,9% é classificada como péssima. A pesquisa foi financiada pela marca Ypê, de produtos de limpeza e higiene.

    Para elaborar o documento, a fundação adotou como parâmetro o Índice de Qualidade da Água (IQA) e contou com a colaboração de 2,7 mil voluntários que integram o programa Observando os Rios, em atividade desde 2015. A equipe de voluntários foi a campo para realizar coletas mensalmente, no período de janeiro a dezembro de 2022, atingindo o total de 990 análises em 160 pontos de 120 rios e corpos d’água. Em relação à abrangência geográfica, ressalta-se, no relatório, que, ao todo, o trabalho abrange 74 municípios de 16 estados que integram o bioma Mata Atlântica.

    Em 2021, houve redução no número de coletas, por causa da pandemia de covid-19. No total, 106 pontos foram analisados.

    Ao comparar os resultados, observou-se que a qualidade média da água permaneceu a mesma, “com indicativo de pequena melhora”. Segundo a pesquisa, os pontos com qualidade boa passaram de 7 para 8; os de qualidade regular, de 75 para 80; e os de qualidade ruim caíram de 21 para 15. Assim como no ano anterior, houve três pontos com qualidade péssima: todos, mais uma vez, no Rio Pinheiros, em São Paulo.

    Segundo a diretora de Políticas Públicas da fundação, Malu Ribeiro, os números refletem a influência da presença humana. “São áreas bastante antropizadas [alteradas pela ação humana]. Para que a gente tenha qualidade de água boa, seria importante que esses pontos, quando são nascentes, mananciais, rios de classe 1 e 2, estivessem realmente protegidos, sem receber influência de poluição de carga difusa. A amostragem apresenta exatamente a fragilidade dos nossos recursos hídricos. Próximo de grandes centros urbanos ou de áreas com grandes atividades agrícolas e industriais, esses mananciais não estão protegidos e se situam, em média, na classe 3, isto é, com qualidade praticamente regular. Isso é um alerta”, diz Malu.

    Para o diretor do Instituto Nacional da Mata Atlântica, Sérgio Lucena, os dados apresentados pela fundação são “chocantes, mas não surpreendentes”. Ele lembra que os números não têm mudado de modo significativo ao longo dos anos, como deveria ocorrer. “Infelizmente, porque precisam mudar para melhor. Os parâmetros são muito ruins, e isso é, com certeza, uma consequência não só do adensamento populacional, mas do mau uso da água e do solo, da terra. Na zona rural, o mau uso está provocando contaminação e, na área urbana, sobretudo, a falta de saneamento básico”.

    Metodologia

    Em relação à metodologia, Malu explica que ela se baseia em normas nacionais e internacionais de qualidade da água. “Nós seguimos a Resolução Conama n° 357, que estabelece os parâmetros químicos, físicos biológicos e de percepção que devem ser minimamente aferidos para se obter o IQA. O nosso kit proporciona a mesma análise laboratorial que é feita pelos gestores do poder público no Brasil e em diversos países”, afirma. “Esses parâmetros, consolidados, são somados, e a qualidade da água, então, é classificada em faixas, que variam de boa a péssima. O nosso kit só não faz a medição de metais pesados.”

    Sérgio Lucena comenta que, embora os dados do estudo tenham sua importância, devem ser lidos com reserva, já que não abrangem a totalidade de impactos, como a de rejeitos químicos e de agrotóxicos. “Essa metodologia captura os parâmetros mais importantes da qualidade de água para o uso doméstico, industrial, agrícola, mas não é uma análise que faça um diagnóstico do uso de agrotóxico. Isso é importante lembrar. Ela trata das questões de turbidez, contaminação biológica, quantidade de nitratos etc, que refletem bem a poluição por esgoto, por lixiviação [retirada de nutrientes de forma natural] do solo”, ressalta.

    “Não que não seja boa, é uma metodologia adequada, porque, inclusive, é um processo de participação comunitária”, afirma o diretor, acrescentando que, atualmente, grande parte dos estudos que têm recortes a partir dos efeitos das indústrias na água contam com recursos de agências de fomento à pesquisa.

    Financiamento

    O estudo foi financiado pela marca Ypê, que já foi responsável por despejar grande volume de resíduos químicos no Córrego do Ajudante, afluente do Rio Tietê, em meados de março de 2019. Com a contaminação da água, ocorreu a morte de centenas de peixes.

    A Agência Brasil pediu um posicionamento da marca Ypê sobre os recursos destinados à pesquisa, perguntando se não haveria conflito de interesse, mas a empresa não deu retorno até a publicação desta matéria.

    Edição: Graça Adjuto