Tag: resíduos sólidos

  • Estudo alerta para aumento de até 80% na geração de resíduos sólidos domiciliares em 30 anos

    Estudo alerta para aumento de até 80% na geração de resíduos sólidos domiciliares em 30 anos

    Um relatório recente, o Global Waste Management Outlook 2024 (GWMO 2024), lançado durante a Assembleia das Nações Unidas para o Ambiente, revela projeções preocupantes sobre a geração de resíduos sólidos domiciliares no mundo. Se os padrões atuais de produção, consumo e descarte não forem modificados, estima-se um aumento de 80% na geração de resíduos entre 2020 e 2050, saltando de 2,1 bilhões de toneladas para 3,8 bilhões.

    O cenário proposto para evitar essa escalada alarmante é manter a produção de resíduos em 2 toneladas por ano até 2050, mesmo com o aumento populacional e o avanço do poder aquisitivo global. Esses dados foram divulgados pela International Solid Waste Association (ISWA) e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) durante o evento realizado na capital do Quênia.

    Resíduos sólidos

    Batalhão Ambiental é acionado e encontra área com irregularidades em despejo de resíduos 2020 08 23 15:22:14
    Foto: PMMT

    O presidente da ISWA, Carlos Silva Filho, alertou para a persistente tendência de aumento na produção de resíduos sólidos, sendo que cerca de 40% desses resíduos ainda são inadequadamente descartados, contribuindo para sérias consequências ambientais e de saúde pública.

    O estudo também destaca a situação específica do Brasil, onde, até 2050, a produção de resíduos deve aumentar em mais de 50%, alcançando 120 milhões de toneladas por ano. Apesar disso, o país apresenta índices bastante limitados de aproveitamento dos resíduos, com taxas de reciclagem estagnadas em torno de 3 a 4% há mais de uma década.

    Recomendações

    Uma das recomendações mais importantes do relatório é dissociar o crescimento econômico da geração de resíduos sólidos, apontando para a necessidade de novos modelos de design, produção e descarte, além de uma conscientização renovada sobre a gestão de resíduos. Propõe-se um sistema de responsabilidade estendida dos produtores e a ampliação do mercado de reciclagem como medidas eficazes para mitigar os impactos negativos.

    O cenário promissor delineado pelo estudo sugere que alcançar 60% de reciclagem global e reduzir a geração per capita de resíduos para 600 gramas até 2050 é uma meta alcançável e capaz de evitar destinos inadequados de resíduos até o mesmo ano. Essa abordagem representa um passo significativo na direção de um futuro mais sustentável e livre de resíduos sólidos inadequadamente descartados.

  • Índice de reciclagem no Brasil é de apenas 4%, diz Abrelpe

    Índice de reciclagem no Brasil é de apenas 4%, diz Abrelpe

    No Brasil, 4% dos resíduos sólidos que poderiam ser reciclados são enviados para esse processo, índice muito abaixo de países de mesma faixa de renda e grau de desenvolvimento econômico, como Chile, Argentina, África do Sul e Turquia, que apresentam média de 16% de reciclagem, segundo dados da International Solid Waste Association (ISWA).

    “Nós estamos quatro vezes menos que esses países. Temos que acelerar”, afirmou o presidente da instituição, Carlos Silva Filho, que também é diretor-presidente da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).

    Em relação aos países desenvolvidos, o caminho a percorrer é ainda mais longo. Na Alemanha, por exemplo, o índice de reciclagem alcança 67%. “O Brasil está 20 anos atrasado em relação a esses países”, afirmou Silva Filho.

    Embora o país tenha grande potencial para aumentar a reciclagem, diversos fatores mantêm esses índices estagnados, a começar pela falta de conscientização e de engajamento do consumidor na separação e descarte seletivo de resíduos. Também é preciso destacar a falta de infraestrutura das prefeituras para permitir que esses materiais retornem para o ciclo produtivo, com potencial de recuperação.

    “Faltam unidades para descarte separado, coleta seletiva; faltam unidades de triagem; e, por fim, eu diria que falta uma estrutura fiscal tributária para permitir que esse material reciclável seja atrativo para a indústria”, explicou Silva Filho.

    O Dia Nacional da Reciclagem, lembrado neste domingo (5), visa a conscientizar a população sobre a relevância da coleta seletiva, que faz a separação e destinação de materiais para reciclagem e reaproveitamento, de modo a diminuir os impactos causados ao meio ambiente pelo descarte incorreto de produtos.

    Secos e orgânicos

    Os materiais recicláveis secos representaram 33,6% do total de 82,5 milhões de toneladas anuais de resíduos sólidos urbanos (RSU) produzidos durante o período da pandemia da covid-19, nos anos de 2020 e 2021. De acordo com o Panorama dos Resíduos Sólidos 2021, divulgado pela Abrelpe, o Brasil contabilizou 27,7 milhões de toneladas anuais de resíduos recicláveis.

    Embora os materiais recicláveis secos tenham ampliado sua participação no total de resíduos sólidos urbanos (saindo de 31,7% em 2012 para 33,6% na última pesquisa), a fração orgânica permanece predominando como principal componente, com 45,3%, o que representa pouco mais de 37 milhões toneladas/ano.

    De acordo com a pesquisa, os resíduos recicláveis secos são compostos principalmente pelos plásticos (16,8%, com 13,8 milhões de toneladas por ano), papel e papelão (10,4%, ou 8,57 milhões de toneladas anuais), vidros (2,7%), metais (2,3%) e embalagens multicamadas (1,4%). Os rejeitos, por sua vez, correspondem a 14,1% do total e contemplam, em especial, os materiais sanitários, não recicláveis. Em relação às demais frações, a sondagem mostra que os resíduos têxteis, couros e borrachas detêm 5,6% e outros resíduos, 1,4%.

    A pesquisa da Abrelpe sinaliza que iniciativas de coleta seletiva foram registradas em mais de 74% dos municípios brasileiros, mas ainda de forma incipiente em muitos locais, o que reflete na sobrecarga do sistema de destinação final e na extração de recursos naturais, muitos já próximos do esgotamento. O levantamento mostra que quase 1.500 municípios não contam com nenhuma iniciativa de coleta seletiva.

    Material

    Quantidade

     (t/ano)

    Quantidade

    (t/dia)

    Plásticos

    13.856.173,80

    37.962,12

    Papel e Papelão

    8.577.631,40

    23.500,36

    Vidro

    2.226.885,08

    6.101,06

    Metais

    1.896.976,18

    5.197,20

    Embalagens multicamadas

    1.154.681,15

    3.163,51

    Perdas

    A falta de reciclagem adequada do lixo tem gerado uma perda econômica significativa para o país. Levantamento feito pela Abrelpe em 2019 mostrou que somente os recicláveis que vão para lixões levam a uma perda de R$ 14 bilhões anualmente, que poderiam gerar receita e renda para uma camada de população que trabalha com essa atividade.

    “Além do que deixariam de ir para os lixões e, portanto, não causariam os problemas ambientais que os lixões causam”, destacou Carlos Silva Filho.

    O presidente da Abrelpe afirmou que, nos últimos anos, houve um movimento positivo de regulação do setor por parte do Poder Público. Em abril deste ano, por exemplo, foi publicado decreto federal que criou o Programa Recicla+, de créditos para a reciclagem e de estímulo a esse mercado.

    Ele lembrou ainda da aprovação, em abril passado, do Plano Nacional de Resíduos Sólidos (Planares), que trouxe metas para os próximos 20 anos para a reciclagem de materiais, valorização, aproveitamento de resíduos. “Acho que, agora, a gente tem o arcabouço completo para esse setor avançar. Precisamos, realmente, fazer disso uma realidade, transformar tudo isso que está à disposição do mercado em números que venham refletir a reciclagem”, afirmou Silva Filho.

    O Planares determina o aumento crescente da recuperação de resíduos e estabelece meta de 50% de aproveitamento, em 20 anos. Assim, metade do lixo gerado passará a ser valorizado por meio da reciclagem, compostagem, biodigestão e recuperação energética.

    Já o Certificado de Crédito de Reciclagem (Programa Recicla+) é uma parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e Economia e visa fomentar injeção de investimentos privados na reciclagem de produtos e embalagens descartados pelo consumidor.

    https://www.cenariomt.com.br/mundo/brasil-tem-34-mil-pontos-de-descarte-de-eletronicos-para-reciclagem/

  • Brasil tem 3,4 mil pontos de descarte de eletrônicos para reciclagem

    Brasil tem 3,4 mil pontos de descarte de eletrônicos para reciclagem

    O Brasil tem 3,4 mil pontos de recebimento de produtos eletrônicos para reciclagem. Esses pontos viabilizam a logística reversa e a destinação ambientalmente correta dos equipamentos já sem uso e estão presentes em todos os estados brasileiros, segundo a Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos (Abree). Também já há 21 centrais de logística reversa em capitais, com a cobertura para mais de 1,5 mil municípios.

    A regulamentação para reciclagem e logística reversa do setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos foi publicada há dois anos, com o Decreto 10.240, o que impulsionou o processo no Brasil, segundo o presidente da Abree, Sergio de Carvalho Mauricio.

    De acordo com ele, a logística reversa começa a partir da decisão consciente do consumidor, cujo produto eletroeletrônico ou eletrodoméstico não tem mais serventia, de descartar o equipamento em um local adequado. “É aí que começa o processo da logística reversa, com essa atitude do consumidor final de descartar de maneira responsável, permitindo que esse produto possa seguir o caminho da reciclagem”, disse Mauricio.

    Reinserção na cadeia

    A Abree se encarrega de efetuar a remoção dos equipamentos descartados nos pontos de recebimento, transportando-os até os recicladores ou empresas de manufatura reversa. “São aquelas que vão pegar o eletroeletrônico, proceder à sua desmontagem de maneira responsável, tanto do ponto de vista ambiental como trabalhista, e garantindo que isso não vai oferecer risco para o meio ambiente nem para os trabalhadores”, explica Mauricio.

    “Todos os materiais (metais, plásticos, vidros) que compõem o eletroeletrônico acabam sendo separados, segregados, picados e se tornam matéria-prima para que possam ser reinseridos no processo produtivo”, completa.

    Esse processo, segundo o presidente da Abree, traz grande benefício para a sociedade como um todo. “Primeiro, porque a gente evita que materiais tenham uma destinação que sejam lixões, aterros sanitários ou, pior ainda, que vão parar nas praias, rios, terrenos baldios. Outro benefício trazido pela reciclagem e logística reversa para o meio ambiente é que, quando essas matérias-primas são reaproveitadas em uma cadeia produtiva, os fabricantes deixam de comprar matérias-primas virgens que, muitas vezes, são recursos não renováveis e, de certa forma, acabam comprometendo, ou podem vir a comprometer, o meio ambiente”.

    Na avaliação de Mauricio, essa cadeia da logística reversa tem outro ponto positivo que é a movimentação de pessoas, desde catadores, cooperativas, que fazem a coleta desses materiais, transportadores e, por fim, as pessoas que trabalham nessa logística reversa, gerando empregos e renda.

    A Abree é uma entidade sem fins lucrativos, mantida por 54 empresas fabricantes e importadoras do setor de eletroeletrônicos. Além do esforço de catadores, cooperativas, varejistas e transportadoras, o presidente da Abree observou que é necessário também que haja conscientização do consumidor final sobre a importância do descarte ambientalmente correto.

    Coleta

    Em 2021, primeiro ano de implantação do sistema de logística reversa no setor de eletroeletrônicos e eletrodomésticos, a Abree coletou 1,245 milhão de quilos de equipamentos no país.

    “Todos esses produtos são destinados de maneira ambientalmente correta, com certificados de destinação final por empresas registradas nos órgãos ambientais.”

    Para 2022, a intenção é aumentar esse número e enfrentar um outro desafio: o trabalho de conscientização do cidadão brasileiro.

    A associação tem feito pesquisas em conjunto com universidades para entender o comportamento do consumidor em relação à destinação final de eletroeletrônicos.

    Segundo Mauricio, o brasileiro sabe da existência da reciclagem, mas não atua em favor dela.

    “Se cada um, mídia, associações, fabricantes de produtos, comerciantes, puder levar um pouco mais de informação e conscientização para o consumidor, eu acho que, em conjunto, nós conseguimos acelerar essa mudança de coletar que, com certeza, vai deixar o país muito melhor para as próximas gerações”, destaca Mauricio.

    Fundada em  2011, a Abree tem o intuito de definir e realizar a gestão da logística reversa de produtos eletroeletrônicos e eletrodomésticos pós-consumo no Brasil, garantindo a destinação final adequada. A associação é responsável pela contratação, fiscalização e auditoria dos serviços prestados por terceiros, para a implementação de sistemas coletivos de logística reversa.

    Edição: Lílian Beraldo