Tag: Recursos Hídricos

  • Situação dos rios na Mata Atlântica é preocupante, aponta pesquisa

    Situação dos rios na Mata Atlântica é preocupante, aponta pesquisa

    Pesquisa da Fundação SOS Mata Atlântica coletou dados em 112 rios durante o ano de 2024, em 14 estados com incidência de Mata Atlântica, e percebeu ligeira piora e estagnação em alguns pontos, e poucos registros de melhora, restritos a projetos pioneiros, além de um aumento pequeno mas sensível de pontos em que a qualidade das águas foi considerada ruim.

    O estudo recebeu apoio de uma rede de voluntários e cobriu 145 pontos de coleta em 67 municípios do Nordeste ao Sul do país, 18 pontos a mais do que o estudo anterior, com dados coletados em 2023.

    Em 7,6% dos pontos (11), as amostras apresentaram qualidade boa, enquanto 13,8% (20) foram classificados como ruins e 3,4% (5) atingiram a pior classificação, péssima.

    A predominância da qualidade regular, em 75,2% dos pontos (109), reforça o alerta sobre a vulnerabilidade dos recursos hídricos na Mata Atlântica, segundo o relatório.

    A melhor classificação, ótima, não foi encontrada em nenhum ponto de medição. São 16 parâmetros analisados, que remetem à Resolução 357/05 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

    O levantamento produziu uma métrica batizada de Índice de Qualidade da Água (IQA), que atesta que os rios com qualidade ótima ou boa contam com condições adequadas para abastecimento, produção de alimentos e vida aquática equilibrada, enquanto aqueles classificados como regulares já apresentam impactos ambientais que podem comprometer seu uso para consumo ou lazer.

    Nos rios com qualidade ruim ou péssima, a poluição atinge níveis críticos, prejudicando tanto a biodiversidade quanto a população que depende desses recursos hídricos, e a saúde pública. É o caso do Rio Pinheiros, em São Paulo, há pelo menos 5 décadas com ocupação intensiva e despejo de esgoto direto.

    No começo dos anos 1960 ainda era possível navegar e pescar nele, assim como em centenas de rios menores, que foram canalizados na cidade, história que a TV Brasil contou em reportagem.

    Soluções

    “Por enquanto, o que a gente tem observado avançando a partir do marco legal do saneamento, de 2020, é o processo de privatização das empresas de saneamento, mas não necessariamente os investimentos estão aparecendo. O rio nos conta tudo, e ele está nos contando que ainda faltam esses investimentos”, explica Gustavo Veronesi, coordenador do programa Observando os Rios na SOS Mata Atlântica.

    “Também [o rio] nos conta que com as soluções tradicionais talvez a gente não chegue em 2033, que o marco preconiza como a data em que a gente tem que ter 99% das pessoas com acesso à água e 90% das pessoas com acesso à coleta e tratamento de esgoto”, alerta.

    Para Veronesi, as soluções convencionais não vão dar conta, em um cenário de emergências climáticas, sendo necessário aplicar soluções alternativas para atingir a universalização do saneamento, viáveis em áreas rurais ou em cenários isolados dentro de grandes cidades.

    “São comunidades isoladas, pequenas comunidades, em que o investimento para se levar a tubulações, quilômetros de tubulações para se coletar esse esgoto, não são viáveis”, diz o pesquisador.

    São Paulo (SP), 20/03/2025 - Parque Municipal da Fonte com nascente na Travessa da Fonte, Vila Pirajussara. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

    Parque Municipal da Fonte com nascente na Travessa da Fonte, Vila Pirajussara, instalou um Tanque de Evapotranspiração – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

    Uma dessas iniciativas para melhorar a qualidade de rios acontece no coração da maior cidade do país, São Paulo, no Butantã. O bairro na zona oeste é cortado por diversos riachos e córregos. Alguns deles correm próximos e afloram  em uma fonte, com construções que nos remetem a antes da ocupação portuguesa.

    O Parque da Fonte Peabiru, em um terreno tombado, tornado de utilidade pública e municipalizado após décadas de luta da comunidade do Morro do Querosene, enfrentou por muitos anos poluição de esgoto doméstico, uma vez que a rede de saneamento da Sabesp não atendia a todas as casas do bairro.

    Em um projeto apoiado pela SOS Mata Atlântica e organizado por moradores, foi construído um sistema para descontaminação do Córrego da Fonte constituído por uma pequena rede coletora desse esgoto que o despeja em um Tanque de Evapotranspiração (Tevap), isolado do lençol freático. É um projeto de permacultura com conceitos de Soluções Baseadas na Natureza, que impede que os efluentes de cerca de 30 pessoas sejam lançados no parque, que ainda não foi oficialmente aberto à população.

    Parte dos moradores se junta todo domingo de manhã para limpeza e melhorias no espaço. Moradora da região há algumas décadas, Cecília Pellegrini considera que esse tipo de esforço, de soluções no micro, são necessárias.

    “Nós do bairro convivíamos com o mau-cheiro e a poluição, mas desde dezembro, quando terminamos o sistema Tevap, o problema acabou. A água está limpa. É o tipo de solução que representa o futuro, que trata aqui, no local, ao invés de jogar esse esgoto para ser tratado longe, com perda e contaminação no caminho”, comemora Cecília Pellegrini.

    Para Cecília, é uma solução que ainda beneficia o bairro com bananeiras, girassóis e uma dezena de plantas que fazem a filtragem e devolvem a umidade ao entorno, que conta com árvores centenárias e o carinho da comunidade.

    São Paulo (SP), 20/03/2025 - Cecília Pellegrini no Parque Municipal da Fonte com nascente na Travessa da Fonte, Vila Pirajussara. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

    Cecília Pellegrini participou do projeto de descontaminação do Córrego da Fonte, no Parque Municipal da Fonte – Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

    O estudo reforça que a insuficiência das estruturas de saneamento básico ainda é o principal elemento a determinar a ausência de melhorias. Cerca de 35 milhões de brasileiros seguem sem acesso à água potável e metade da população do país não têm tratamento de esgoto.

    Foram identificados casos pontuais de melhoria, que “demonstram o potencial de recuperação quando há mobilização e políticas adequadas, mas exige um esforço coordenado entre sociedade, governos e empresas”, segundo a pesquisa.

    Um desses exemplos é o Córrego Trapicheiros, na cidade do Rio de Janeiro, que apresentou uma melhora de qualidade regular para boa, assim como os rios Sergipe e do Sal, em Sergipe. Em São Paulo, o Córrego São José, na capital, saiu da classificação ruim para regular. O relatório apontou a piora no Rio Capibaribe, em Pernambuco, e no Rio Capivari, em Florianópolis, onde houve impacto significativo de despejo irregular de esgoto.

    “A ausência de fiscalização adequada e a expansão urbana desordenada contribuem para esse cenário de degradação progressiva”, denunciam os pesquisadores.

    Para Malu Ribeiro, diretora de Políticas Públicas da SOS Mata Atlântica, o Brasil ainda enfrenta dificuldades para integrar políticas de água, clima, meio ambiente e saneamento, “um desafio essencial para a gestão sustentável dos recursos hídricos”.

    “A sociedade civil precisa estar cada vez mais ativa nos comitês de bacias hidrográficas e na defesa da água limpa, porque o cenário não melhora sozinho. Enquanto a ONU reforça a urgência de políticas integradas até 2030, o Brasil ainda precisa avançar para transformar compromissos em ações concretas. O retrato da qualidade da água dos rios da Mata Atlântica, construído por meio da ciência cidadã, reforça essa necessidade e evidencia o papel crucial da mobilização social para garantir um futuro sustentável para todos”, destaca a diretora.

    Para Veronesi, essa participação também passa pela pressão direta com o poder público municipal, que é o titular do saneamento e responsável pelas políticas públicas e obras, assim como pelas concessões, quando ocorrem.

    “Também as pessoas podem cobrar das empresas das quais elas consomem produtos, porque muitas vezes a gente esquece das empresas nesse processo”, defende Veronesi.

    De acordo com o pesquisador, “se a gente pensar o saneamento como quatro pilares, água potável para as pessoas, coleta e tratamento de esgoto, disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos e o manejo das águas da chuva, nesse quesito dos resíduos, as empresas são fundamentais”.

    Veronesi avalia que a disposição dos resíduos sólidos, como embalagens, é importante na poluição dos rios do bioma, e seu manejo fica muitas vezes sem um responsável definitivo, entre empresas e prefeituras.

    Outro fator importante e pouco considerado na região de Mata Atlântica, segundo Veronesi, é o controle de agrotóxicos e outros agentes químicos, que chama atenção geralmente em situações limite, como acidentes com grande mortandade de peixes, mas normalmente não é feito com a constância necessária.

    Veronesi acredita que além de medidas mais urgentes, há medidas de longo prazo que são importantes para melhorar esse cenário.

    “A gente precisa de nascentes de rios protegidas, a gente precisa das margens dos nossos rios protegidos, com mata ciliar, com parques lineares, parando o desmatamento e restaurando florestas, inclusive em áreas urbanas”, defende Veronesi.

  • São Paulo inicia período de chuvas com reservatórios baixos

    São Paulo inicia período de chuvas com reservatórios baixos

    Após duas semanas com alertas pontuais para temporais e com o avanço de chuvas fortes pelo interior do país, o estado de São Paulo avalia que as medidas de restrição no abastecimento de água devem diminuir. Algumas cidades do interior passaram por restrições, agravadas pela estiagem que durou seis meses em parte do território paulista.

    Cinco municípios decretaram situação de emergência relacionada ao período de estiagem e seca: Artur Nogueira, São Pedro do Turvo, Indiana, Bauru e Barretos. O panorama ainda não inspira tranquilidade, mas a situação começa a melhorar. Segundo o Monitor das Secas, da Agência Nacional de Águas (ANA), a temporada de estiagem teve seu pior momento entre julho e agosto, atingindo 95% do estado.

    Em setembro de 2022 os paulistas viram 100% de seu território atingido pelo fenômeno, sendo 21% classificado pela agência como seca grave; e 3%, na porção norte do estado, como seca extrema.

    Outro indicador importante, o risco de queimadas, também deixou de ser uma preocupação nesta semana, segundo a Defesa Civil estadual. O último dia 19 foi a primeira vez, em 30 dias, que São Paulo deixou de ter áreas com alerta de emergência para queimadas. Hoje (22) há alertas do tipo apenas na região leste do estado, onde estão cidades como São José dos Campos e Aparecida do Norte.

    Segundo Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), grande parte do país passa pela transição da estação seca para a chuvosa.

    “Embora o período mais crítico tenha passado, os rios nas regiões Centro-Oeste e Norte ainda estão em níveis críticos, e a recuperação levará tempo. Lembrando que quanto mais tempo uma seca perdura mais lenta é a recuperação.”

    Ela acrescenta que ainda não é possível prever se o período de chuvas no país estará dentro do normal: “a estação chuvosa na região central do país – que abrange partes do Sul, Sudeste e Centro-Oeste –, continuará se desenvolvendo, ainda com alguma incerteza se será dentro ou abaixo do normal. A seca, que atingiu níveis severos, ainda levará alguns meses para ser completamente superada”.

    Abastecimento

    O abastecimento da maior parte dos 645 municípios em São Paulo (375 em dados atualizados) é atendida pela Sabesp, empresa de saneamento privatizada esse ano. A empresa garante que o abastecimento em sua área de atuação ocorre normalmente.

    Na segunda-feira (21), a empresa informou que o abastecimento na Região Metropolitana de São Paulo – que atende 22 milhões de pessoas –, operava com 44,9% de capacidade. Índices abaixo de 40% são classificados como situação de alerta.

    O site de acompanhamento da companhia está fora do ar desde a segunda-feira, e a Sabesp informou que parte de seus sistemas está com problemas após ataques cibernéticos identificados durante essa semana.

    Segundo nota da empresa, situações pontuais de interrupção de abastecimento ocorrem na metrópole, com redução ou interrupção de fornecimento durante a noite, a chamada gestão de demanda noturna que é mais sentida em imóveis sem caixas-d’água. A diminuição de pressão é aplicada principalmente nas periferias das cidades.

    Rodízio e qualidade da água

    A reportagem da Agência Brasil entrou em contato com algumas prefeituras do estado para saber da situação local e das medidas preventivas.

    Em São José do Rio Preto, o racionamento foi descartado pelo Serviço Municipal Autônomo de Água e Esgoto (Semae), após o retorno das chuvas. O município informou que aumentou a captação de poços, abrindo 30, e criou um Comitê de monitoramento. A quantidade de bombas na Represa Municipal aumentou, e a prefeitura fez obras de interligação de reservatórios e diminuído os índices de desperdício, hoje na casa dos 20%, ante uma média nacional de 39%.

    Pesquisa recente da Unesp de Rio Claro alertou para a dificuldade de reposição das águas subterrâneas na região, o que tem levado ao rebaixamento do nível dos poços.

    Em Americana, a seca impactou na qualidade da água, que piorou com vazão baixa no Rio Piracicaba, o que fez com que o Departamento de Água e Esgoto de Americana (DAE) gastasse mais tempo em processos de tratamento. Segundo a prefeitura, rodízios estão descartados, mesmo com a cidade tendo chuvas 80% abaixo da média.

    Em Marília, a concessionária RIC Ambiental informou que os sistemas de captação não estão conseguindo reabastecer os reservatórios no ritmo necessário para suprir o aumento da demanda nas últimas semanas, quando se registrou calor intenso. A empresa está aumentado a profundidade de um dos poços e deve abrir outro poço profundo. A RIC Ambiental irá atender demandas emergenciais com o uso de caminhões-pipa, que serão direcionados prioritariamente para hospitais, escolas, unidades de pronto atendimento (UPAs) e residências com clientes que tenham necessidades médicas especiais.

    Em Vinhedo há rodízio e o município emitiu decreto de Emergência Hídrica, em maio. O rodízio feito com abastecimento em dias alternados atinge cerca de 74% do município e há multa, de R$ 663, para desperdício. A empresa municipal de saneamento, Sanebavi, mantém boletins semanais de informação, e prevê abertura de novos poços.

    Bauru, a mais populosa das cidades com decreto de emergência reconhecido pelo governo do estado, tem 100 mil moradores (26% de sua população) em áreas com rodízio, por conta da diminuição do volume do Rio Batalha, e está em situação de emergência hídrica desde 9 de maio desse ano.

    O Rio Batalha está com cerca de um metro de profundidade, quando o ideal é 3,20 metros. O restante do município é atendido por poços. Lá o contingenciamento chegou a ser de um dia de abastecimento para dois de interrupção, com três blocos de bairros se revezando, segundo o Departamento de Água e Esgoto de Bauru (DAE). As medidas foram ampliadas essa semana, com o anúncio de períodos de 8 horas diárias sem captação no Batalha, a partir de hoje (23), para “recuperar a vazão do manancial e permitir um melhor funcionamento do rodízio”.

    A cidade também aplica multas em caso de reincidência no desperdício, de 50% sobre o valor registrado com o consumo de água do mês anterior do infrator. Segundo a lei municipal lavar calçadas e molhar ruas com uso contínuo de água, manter torneiras, canos, conexões, válvulas, caixas d’água e reservatórios, tubos ou mangueiras eliminando água continuamente e fazer a lavagem de veículos estacionados em vias públicas com uso contínuo de água são ações que constituem desperdício.

    Medidas de economia

    Tanto a Sabesp quanto algumas das companhias municipais de abastecimento recomendam medidas de economia para os consumidores domésticos: tomar banhos mais curtos, fechar torneiras em ações cotidianas, como escovar os dentes, ensaboar louça ou fazer a barba, evitar usar mangueiras para limpeza de ambientes, lavar roupas e louças quando acumuladas, otimizando a limpeza.

    Os usuários domésticos, no entanto, são responsáveis por menos da metade do consumo de água. Indústrias consomem cerca de 20% a 25% e a agricultura mais de 50% da demanda por água, em média, no país.

  • Mato Grosso abre inscrições para eleição de representantes no Conselho Estadual de Recursos Hídricos

    Mato Grosso abre inscrições para eleição de representantes no Conselho Estadual de Recursos Hídricos

    O Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Cehidro) abriu as inscrições para a eleição em Mato Grosso de representantes das organizações não governamentais e dos setores de usuários para o biênio 2025/2026. A votação será realizada no dia 19 de novembro, em uma sessão híbrida que acontecerá no Auditório da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) e também poderá ser acompanhada online.

    As entidades interessadas em participar da eleição devem entregar a documentação necessária até o dia 31 de outubro, às 17h, na secretaria do Cehidro, localizada na Sema. O edital completo com todos os detalhes sobre o processo eleitoral e a documentação exigida pode ser consultado no site [inserir link do edital].

    Podem participar da eleição os usuários de água, que são pessoas físicas ou jurídicas que utilizam os recursos hídricos e possuem as devidas outorgas. Também podem participar as organizações não governamentais que atuam na área ambiental e de recursos hídricos.

    Setores representados

    Serão eleitos representantes para os seguintes setores:

    • Usuários de água: abastecimento/saneamento, pesca, turismo e lazer, hidrovia, aquicultura, irrigantes, mineração e serviços/uso doméstico.
    • Organizações não governamentais: duas vagas para entidades do terceiro setor que atuam na área ambiental e de recursos hídricos.

    A audiência pública será realizada de forma híbrida, permitindo a participação presencial e online. O link para a participação online será enviado por e-mail aos inscritos nas 24 horas anteriores ao evento. A eleição seguirá uma ordem pré-definida, incluindo a abertura da sessão, habilitação das entidades, votação, apuração dos votos e proclamação dos resultados.

  • Quando começam as chuvas em Mato Grosso?

    Quando começam as chuvas em Mato Grosso?

    Mato Grosso enfrenta uma das piores secas dos últimos anos. A ausência de chuvas significativas por mais de 114 dias tem causado grande preocupação em todo o estado, afetando diretamente a agricultura, a pecuária e os recursos hídricos.

    Perspectivas para Setembro:

    Embora a seca tenha se prolongado por um período incomum, as previsões meteorológicas indicam uma possível mudança no cenário climático para a segunda quinzena de setembro. A expectativa é que as chuvas retornem ao estado, aliviando a situação de estiagem e trazendo esperança para os produtores rurais.

    Um alívio tímido:

    No entanto, é importante ressaltar que o acumulado de chuvas até o final de setembro deve ser pouco quando comparado aos índices históricos para o período. Essa situação pode não ser suficiente para recuperar completamente os prejuízos causados pela seca prolongada e garantir um abastecimento hídrico seguro para os próximos meses.

    A previsão indica que chuvas significativas para a região Centro-Oeste só devem retornar nas últimas semanas de setembro, atrasando consideravelmente o início da temporada de plantio.

    Impactos da estiagem:

    A falta de chuvas tem gerado diversos impactos negativos em Mato Grosso, como:

    • Redução da produção agrícola: A seca compromete o desenvolvimento das culturas, resultando em perdas significativas para os agricultores.
    • Escassez de água: Os reservatórios estão com níveis baixos, afetando o abastecimento de água para as cidades e o uso na irrigação.
    • Aumento dos incêndios florestais: A seca aumenta o risco de incêndios, causando danos ambientais e prejuízos econômicos.
    • Elevação das temperaturas: A ausência de chuvas contribui para o aumento das temperaturas, intensificando os efeitos da seca.

    O que esperar para os próximos meses:

    A previsão para os próximos meses ainda é incerta, e os meteorologistas acompanham de perto a evolução do fenômeno El Niño, que pode influenciar o regime de chuvas na região. É fundamental que as autoridades e a sociedade civil se preparem para um cenário de incertezas e adotem medidas para minimizar os impactos da seca.

    Medidas de adaptação e mitigação:

    Para enfrentar os desafios impostos pela seca, é necessário implementar medidas de adaptação e mitigação, como:

    • Gerenciamento eficiente dos recursos hídricos: Otimizar o uso da água em todos os setores da economia.
    • Incentivo a práticas agrícolas sustentáveis: Promover o uso de tecnologias que reduzam o consumo de água na agricultura.
    • Conscientização da população: Informar a população sobre a importância da economia de água e os impactos da seca.
    • Monitoramento constante das condições climáticas: Acompanhar as previsões meteorológicas e tomar decisões baseadas em dados científicos.

    A seca em Mato Grosso é um desafio que exige uma resposta rápida e eficaz de todos os setores da sociedade. A expectativa é que as chuvas retornem em setembro, mas é fundamental estar preparado para um cenário de incertezas e adotar medidas para minimizar os impactos da estiagem.

    Veja também:

  • Valor econômico da água equivale a 60% do PIB global por ano, diz WWF

    Valor econômico da água equivale a 60% do PIB global por ano, diz WWF

    O meio ambiente fornece, pelo menos, US$ 58 trilhões anualmente apenas em água doce para as pessoas e ao planeta. O valor é uma estimativa, divulgada hoje (16) pela organização não governamental WWF, no relatório O Alto Custo da Água Barata: o Verdadeiro Valor da Água e dos Ecossistemas de Água Doce para as Pessoas e para o Planeta. O documento chama a atenção para os riscos e o alto custo que uma crise hídrica no planeta pode representar.

    De acordo com o documento, os benefícios econômicos diretos, como o fornecimento de água doce para o consumo nas residências, agricultura irrigada e indústrias, chegam a um valor mínimo de US$ 7,5 trilhões por ano. Já os benefícios invisíveis, que incluem a purificação da água, a melhoria do solo, o armazenamento de carbono e a proteção das comunidades contra inundações e secas extremas, são sete vezes maiores, com valor de aproximadamente US$ 50 trilhões por ano.

    No total, os US$ 58 trilhões equivalem a 60% do Produto Interno Bruto (PIB) global, considerando dados de 2021.

    “Embora seja impossível atribuir um valor monetário a todos os benefícios, a contabilização dos diferentes usos da água é importante para uma tomada de decisão eficaz. Este relatório visa quantificar os valores de uso direto e indireto derivados da água doce em todo o mundo para esclarecer os benefícios, que são cronicamente subvalorizados”, diz o texto do documento.

    Segundo o relatório, dos US$ 7,5 trilhões de benefícios diretos, US$ 5,1 trilhões são utilizados pela indústria mundial; residências usam US$ 1,5 trilhão; agricultura (US$ 380 bilhões); transporte terrestre, energia hidrelétrica e recreação (US$ 460 bilhões).

    Já dos US$ 50 trilhões dos benefícios indiretos, US$ 27 bilhões são advindos dos “serviços” feitos pelo meio ambiente, como a melhoria da qualidade da água e da saúde do solo, o fornecimento de sedimentos e nutrientes, e o armazenamento de carbono; a mitigação de eventos extremos, como secas e inundações usam US$ 12 trilhões; e a manutenção da biodiversidade em terra e em ambientes marinhos e de água doce, US$ 11 trilhões.

    “Precisamos lembrar que a água não vem de uma torneira, ela vem da natureza. A água para todos depende de ecossistemas de água doce saudáveis, que também são a base da segurança alimentar, pontos críticos de biodiversidade e o melhor amortecedor e seguro contra a intensificação dos impactos climáticos”, destacou a líder do WWF para Água Doce, Stuart Orr.

    O relatório completo, em inglês, pode ser acessado aqui.

    Edição: Denise Griesinger
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  • Inscrições para vagas de conselheiro de Recursos Hídricos são prorrogadas

    Inscrições para vagas de conselheiro de Recursos Hídricos são prorrogadas

    Foi prorrogado o período de inscrição para a eleição de entidade não-governamental e dos setores de usuários da água para composição do Conselho Estadual de Recursos Hídricos (Cehidro). A candidatura às vagas deve ser feita até o dia 08 de novembro de 2019, às 17h, conforme edital 02/2019/Cehidro.

    A entrega dos documentos para a habilitação das entidades deverá ser feita na Superintendência de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Surh/Sema-MT). As vagas são para atuação no biênio de 2020/2021.

    Em seleção que será realizada no dia 21 de novembro, serão escolhidos entidade não-governamental e representantes de usuários da água que integram os seguimentos: Abastecimento/saneamento, Turismo e Lazer e Hidrovia. As audiências públicas para definição de cada conselheiro serão realizadas entre 14h e 16h conforme cronograma definido no edital.

    Entre os documentos necessários para habilitação estão declaração de interesse em concorrer à vaga específica, além de outorga de direito de uso da água válida emitida em nome da entidade para os aspirantes às vagas de usuários da água e comprovante por meio físico do desenvolvimento de atividades relacionadas com recursos hídricos nos últimos dois anos no caso das entidades não-governamentais.

    O regulamento completo pode ser acessado em: http://www.sema.mt.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=52&Itemid=371

    Sob a supervisão de Juliana Carvalho