Tag: protesto

  • Protesto por falta de água mobiliza moradores em município de Mato Grosso

    Protesto por falta de água mobiliza moradores em município de Mato Grosso

    Na noite desta sexta-feira (25), moradores de diversos bairros de Várzea Grande, em Mato Grosso, realizaram um protesto bloqueando a avenida em frente à fábrica da Marajá, na região do Bom Gosto Ouro Branco. O ato teve como objetivo chamar a atenção para a falta de água que afeta várias comunidades há meses. Pneus foram incendiados para interromper o tráfego e pressionar as autoridades municipais.

    A maior parte dos manifestantes é proveniente dos bairros Portal da Amazônia, Ouro Branco e Ouro Verde, que convivem com o problema de abastecimento irregular de água há longo período. Segundo relatos, os moradores pedem a presença da administração local para discutir soluções urgentes. “Sem água, a situação é insustentável”, afirmou um morador que registrou imagens da manifestação.

    O protesto ocorreu com clima tenso, mas até o momento não foram registrados confrontos ou ações policiais. Os moradores afirmam que continuarão os bloqueios até serem atendidos pela prefeitura.

    Resposta da prefeitura e dificuldades no abastecimento

    Até a publicação desta reportagem, a Prefeitura de Várzea Grande não emitiu posicionamento oficial sobre o protesto.

    O Departamento de Água e Esgoto (DAE/VG) informou estar ciente das reclamações de moradores, especialmente nos bairros Parque Del Rey e Residencial Chapada dos Buritis. No Parque Del Rey, o abastecimento foi afetado por cerca de uma semana devido a problemas técnicos e instabilidade elétrica na captação de água.

    No Residencial Chapada dos Buritis, o abastecimento tem sido feito de forma irregular devido à baixa produção da Estação de Tratamento de Água (ETA) Cristo Rei. A redução na capacidade ocorre por dois principais motivos: a alta turbidez da água causada pelas chuvas recentes, que dificulta a filtragem, e problemas técnicos nas membranas de ultrafiltração, que persistem há cerca de um ano.

    Além disso, oscilações na energia elétrica desde a semana passada têm prejudicado o funcionamento da ETA Cristo Rei, agravando a irregularidade no fornecimento para a região da Grande Cristo Rei.

    O DAE/VG afirmou que todas as equipes estão mobilizadas para minimizar os impactos e garantir a retomada gradual do abastecimento. Também disponibiliza canais oficiais para esclarecimentos e solicitações emergenciais de caminhões-pipa para casos prioritários.

  • Entregadores de aplicativos protestam contra precarização do trabalho

    Entregadores de aplicativos protestam contra precarização do trabalho

    Entregadores fazem paralisação nesta segunda-feira (31), em São Paulo, em protesto contra a precarização do trabalho em serviços de entrega dos principais aplicativos do país. Eles realizam atos em alguns pontos da Grande São Paulo.

    A paralisação está prevista para continuar amanhã (1º), como forma de pressionar as plataformas por melhores condições de trabalho. Eles reivindicam reajuste dos valores pagos à categoria.

    Taxa mínima por corrida

    Segundo o Sindicato dos Mensageiros Motociclistas, Ciclistas e Mototaxistas do Estado de São Paulo (SindimotoSP), os entregadores pedem:

    • a definição de uma taxa mínima de R$ 10 por corrida até quatro quilômetros;
    • aumento do valor para R$ 2,50 por km;
    • limitação das entregas por bicicletas a um raio máximo de três quilômetros;
    • o pagamento integral de taxa em cada um dos pedidos, mesmo em entregas agrupadas na mesma rota.

    “O sindicato dos motoboys de São Paulo vem a público manifestar total apoio a essa luta dos trabalhadores diante da exploração desenfreada das empresas de aplicativo, que promovem a pior precarização trabalhista da história do motofrete, explorando os entregadores e tornando-os verdadeiros escravos em pleno século 21”, divulgou, em nota, o SindimotoSP.

  • Acidente que matou mulher em Cuiabá gera protesto por mais segurança na via

    Acidente que matou mulher em Cuiabá gera protesto por mais segurança na via

    Uma mulher de 38 anos, identificada como Nilza Rocha Rodrigues, faleceu em um acidente de trânsito na noite de domingo (7) no Contorno Leste, em Cuiabá. A morte da vítima gerou revolta entre moradores da região, que realizaram um protesto na tarde desta segunda-feira (8) cobrando mais segurança na via.

    Nilza conduzia uma motocicleta quando foi atingida e arrastada por um Toyota Etios no cruzamento da Rua A com a Wilson Santos. O condutor do carro, que estava embriagado, foi agredido por populares após o acidente. A morte da motociclista gerou grande comoção na comunidade local, que já presenciou diversos acidentes no mesmo trecho.

    Inconformados com a falta de medidas para garantir a segurança no local, cerca de 100 moradores bloquearam trechos da pista e incendiaram pneus durante o protesto. O jornalista Cleo Costa, morador da região, relatou ao G1 que os acidentes são frequentes e que, apesar das diversas reclamações à Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), a via ainda não possui iluminação e sinalização adequadas.

    Reivindicações dos manifestantes em Cuiabá

    Os manifestantes exigem medidas urgentes da prefeitura para evitar novas tragédias no Contorno Leste. Entre as principais reivindicações estão:

    • Melhoria da sinalização: instalação de placas, faixas de pedestres e semáforos em pontos estratégicos da via.
    • Implementação de iluminação pública: garantir a visibilidade dos motoristas e pedestres durante a noite.
    • Fiscalização rigorosa: intensificar a fiscalização para coibir o excesso de velocidade e a condução sob influência de álcool.
    • Redução da velocidade: diminuir o limite de velocidade permitido no local.

    Resposta da prefeitura

    Em nota oficial, a Prefeitura de Cuiabá informou que a obra no Contorno Leste ainda está em andamento e que a empresa responsável pela sinalização da via foi notificada para tomar as medidas necessárias. A prefeitura também ressaltou que o motorista do carro que atingiu Nilza estava embriagado e que a embriaguez ao volante é um dos principais fatores que contribuem para acidentes de trânsito.

    Ações em andamento

    A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob) afirma estar realizando estudos para definir as melhores medidas para garantir a segurança no Contorno Leste. Entre as ações previstas estão:

    • Revisão do projeto de sinalização: o projeto original está sendo revisado para atender às necessidades da via e dos usuários.
    • Implementação de radares: radares fixos serão instalados para coibir o excesso de velocidade.
    • Campanhas educativas: serão realizadas campanhas de conscientização sobre os riscos da embriaguez ao volante e da importância do respeito às leis de trânsito.

    A prefeitura pede a colaboração da população para evitar novos acidentes:

    • Respeite as leis de trânsito: dirija com atenção, obedeça aos sinais de trânsito e utilize o cinto de segurança.
    • Evite a embriaguez ao volante: se for beber, não dirija. Utilize transporte alternativo ou peça carona para um amigo ou familiar que esteja sóbrio.
    • Denuncie infrações: se presenciar alguma infração de trânsito, denuncie à Semob.
  • Indígena protesta contra construção da Ferrogrão durante seminário em Santarém (vídeo)

    Indígena protesta contra construção da Ferrogrão durante seminário em Santarém (vídeo)

    Durante o primeiro dia do Seminário Técnico sobre a Ferrogrão, realizado em Santarém, Pará, um indígena da aldeia Solimões protagonizou um protesto contra a construção da ferrovia. O ato, que consistiu em pintar os rostos dos representantes do governo e de instituições com tinta de urucum, foi registrado em vídeo e ganhou repercussão nas redes sociais.

    João Kumaruara, um indígena da região, explicou em um post no Instagram que o gesto representava a oposição à proposta de desenvolvimento que pretende abrir uma área de 900 mil hectares entre Mato Grosso e Pará na Amazônia. Ele ressaltou que o projeto afetará diretamente as aldeias indígenas da região, incluindo os povos Munduruku e Kayapó Paranã, além de causar danos significativos à fauna e flora local.

    A reação de Naldinho Kumaruara, apontado como o responsável pelo protesto, provocou indignação entre alguns convidados do seminário, que se levantaram e deixaram o auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará, Unidade Tapajós, onde o evento estava sendo realizado.

    O seminário técnico, que prossegue nesta quarta-feira, tem como objetivo discutir a viabilidade socioambiental da Ferrogrão em Santarém e conta com a participação de representantes do governo federal, sociedade civil, povos indígenas e representantes de setores como CNA e AMPORT.

    A EF-170, também conhecida como Ferrogrão, é uma ferrovia planejada para ser construída paralelamente à BR-163, entre Sinop (MT) e Itaituba (PA), com 933 km de extensão e capacidade de transporte de até 52 milhões de toneladas por ano. O objetivo é reduzir o custo de transporte de commodities agrícolas de Mato Grosso, principalmente soja e milho.

    O investimento total previsto é de R$ 21.574 bilhões, com 3.6% do valor total destinado a compensações socioambientais, incluindo R$ 13,513 milhões para condicionantes indígenas ao longo de sete anos. O governo planeja compartilhar o risco dos custos socioambientais com a concessionária.

  • Ativistas repudiam absolvição de PMs que mataram e arrastaram mulher

    Ativistas repudiam absolvição de PMs que mataram e arrastaram mulher

    “Estou chocada. Nenhuma responsabilidade [foi] atribuída aos policiais que mataram e arrastaram o corpo de uma mulher negra, mãe e trabalhadora”. Assim reagiu a diretora executiva da organização civil Criola, Lucia Xavier, ao tomar conhecimento, pela Agência Brasil, da absolvição dos policiais militares (PMs) acusados da morte de Claudia Silva Ferreira, arrastada por cerca de 350 metros, por uma viatura, no Rio de Janeiro, no dia 16 de março de 2014. A Polícia Militar fazia operação nessa data, no Morro da Congonha, em Madureira, zona norte da cidade, onde Claudia morava.

    A decisão da Justiça saiu no dia 22 de fevereiro, mas somente agora foi divulgada. “Os acusados agiram em legítima defesa para repelir injusta agressão provocada pelos criminosos, incorrendo em erro na execução, atingindo pessoa diversa da pretendida”, entendeu o juiz Alexandre Abrahão Dias Teixeira, da 3ª Vara Criminal do Rio de Janeiro. A investigação da Polícia Civil, porém, indicou que a bala que atingiu a mulher no pescoço partiu do local onde estavam os militares, que trocavam tiros com traficantes.

    No X (antigo Twitter), a Rede de Observatórios de Segurança postou mensagem lembrando que há 10 anos, Cláudia Ferreira foi morta por policiais e arrastada por uma viatura por cerca de 350 metros. “A auxiliar de serviços gerais era mãe de quatro filhos e cuidava de mais quatro sobrinhos. No momento do crime, ela estava indo comprar o café da manhã das crianças”, lembrou a mensagem. O caso é marcado pela brutalidade da violência policial, disse a Rede.

    “Para nós, fica mais uma vez a sensação de injustiça perante uma vida negra e favelada tirada pela ação violenta e racista de agentes do Estado”, protestou a organização não governamental (ONG) Justiça Global, que questionou: ”Quantos mais têm que morrer para essa guerra acabar?”

    A vereadora Monica Benício (PSOL), viúva de Marielle Franco, afirmou que este é “mais um absurdo” do Judiciário brasileiro. “Mais uma decisão baseada no racismo e elitismo que imperam na nossa sociedade.”

    A Anistia Internacional no Brasil disse que a notícia traz “tristeza e desalento”. A instituição criticou a decisão do juiz e destacou o uso que ele fez da palavra “erro de execução,” ao citar os tiros que teriam atingido Cláudia por engano. Segundo a Anistia, esses erros se “repetem contra as mesmas pessoas e destroem as mesmas vidas, as mesmas famílias”. E que o caso mostra mais uma vez a desumanização da vítima e das pessoas negras.

    Corpo arrastado

    Depois de baleada em tiroteio entre policiais e traficantes, Claudia foi colocada no porta-malas de uma viatura militar para ser levada a uma unidade de saúde mas, no trajeto, a porta se abriu e ela ficou pendurada no veículo, sendo arrastada por cerca de 350 metros. Os policiais não pararam para socorrê-la, mesmo sendo alertados por pessoas que estavam na rua.

    No entender da Justiça, Claudia ficou na linha de frente durante o confronto armado. Como os traficantes se achavam em uma área de mata, o que teria prejudicado a visibilidade dos policiais, o juiz concluiu que estes estavam amparados “pela excludente de ilicitude de legítima defesa”. O juiz determinou também que o traficante que trocou tiros com os agentes no dia da morte de Claudia, Ronald Felipe dos Santos, ora foragido da Justiça, irá a júri popular.

    Edição: Nádia Franco

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  • Mulheres protestam contra feminicídios no Rio de Janeiro

    Mulheres protestam contra feminicídios no Rio de Janeiro

    Um grupo de mulheres protestou nesta sexta-feira (8), nas escadarias da Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, contra os feminicídios no país. Apenas no território fluminense, 210 mulheres foram vítimas desse tipo de crime em 2022 e 2023.

    Em janeiro deste ano, foram mais 12 casos, além de 35 tentativas de feminicídio. No protesto, as manifestantes pediram a valorização da vida feminina e o fim da violência contra a mulher. “As mulheres são assassinadas por todos os motivos. Não têm segurança nas ruas e, principalmente, dentro dos lares”, afirma Adriana Martins, da Articulação de Mulheres Brasileiras.

    No protesto, foram colocadas cruzes nas escadarias da Câmara Municipal e camisas manchadas de sangue, com algumas das frases usadas para justificar a violência contra as mulheres, entre elas “foi só uma vez” e “ele pediu desculpas depois de me bater”.

    Rio de Janeiro (RJ), 08/03/2023 - Ato denúncia em frente à Câmara Municipal, organizado pelo campanha Levante Feminista contra o Feminicídio, colocarão 210 cruzes nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, simbolizando cada uma das 111 mulheres assassinadas no estado em 2022 e as 99 mulheres assassinadas em 2023. Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilRio de Janeiro (RJ), 08/03/2023 – Ato denúncia em frente à Câmara Municipal, organizado pelo campanha Levante Feminista contra o Feminicídio, colocarão 210 cruzes nas escadarias do Palácio Pedro Ernesto, simbolizando cada uma das 111 mulheres assassinadas no estado em 2022 e as 99 mulheres assassinadas em 2023. Foto: Tânia Rêgo/Agência BrasilRio – Mulheres fazem protesto contra o feminicídio, nas escadarias da Câmara Municipal – Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil

    “Temos várias coisas para comemorar, mas sobretudo temos que resistir, nos revoltar, expressar nossa dor”, afirmou a pedagoga Maria Aparecida Schumaher, coautora dos livros Mulheres Negras do Brasil e Mulheres no Poder – Trajetórias na Política a Partir da Luta das Sufragistas no Brasil.

    Além de pedir o fim da violência contra as mulheres, que inclui também agressões, ameaças e humilhações, as manifestantes pediram a colocação, em prática, de leis aprovadas na Câmara Municipal e na Assembleia Legislativa do Estado.

    Entre as demandas estão a implantação do Observatório do Feminicídio no Rio de Janeiro, da Lei que institui o Programa Estadual de Enfrentamento ao Feminicídio no Estado do Rio de Janeiro, do Fundo Estadual de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres e do Programa Municipal de Enfrentamento ao Feminicídio.

    “Tem muito discurso, muito blábláblá, fala-se que a mulher no Rio de Janeiro é prioridade nas políticas públicas, mas o concreto é que nenhuma política pública de proteção às nossas vidas foi implementada”, ressalta a ativista Rogéria Peixinho.

    A Agência Brasil entrou em contato com as secretarias municipal e estadual de Políticas para as Mulheres do Rio de Janeiro, mas ainda não obteve resposta.

    Edição: Graça Adjuto

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  • Protesto em BH contesta possível habeas corpus a ex-presidente da Vale

    Protesto em BH contesta possível habeas corpus a ex-presidente da Vale

    Familiares que perderam parentes no rompimento da barragem da mineradora Vale em Brumadinho (MG) e diversas organizações sociais protestaram, nesta segunda-feira (4), contra a possível concessão de um habeas corpus ao ex-presidente da mineradora, Fabio Schvartsman. O ato ocorreu em frente à sede do Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6), em Belo Horizonte.

    A tragédia completou cinco anos em 2023. No dia 25 de janeiro de 2019, o rompimento de uma barragem da Vale liberou uma avalanche de rejeitos que soterrou 270 vidas e gerou ainda devastação ambiental e poluição na bacia do Rio Paraopeba. As famílias das vítimas contabilizam 272 mortes, levando em conta que duas mulheres estavam grávidas.

    No processo criminal, 16 pessoas respondem por homicídio doloso qualificado e por diferentes crimes ambientais. São 11 nomes ligados à Vale e cinco vinculados à empresa alemã Tüv Süd, que assinou o laudo de estabilidade da barragem que se rompeu.

    Schvartsman é um dos réus. Através de um pedido de habeas corpus, sua defesa busca trancar a ação penal, sustentando não haver justa causa para o recebimento da denúncia e não ser possível imputar nenhum ato ou omissão do ex-presidente da Vale que tenha levado ao rompimento da barragem.

    No dia 13 de dezembro do ano passado, o desembargador Boson Gambogi, relator do caso, deu um voto favorável à concessão do benefício, despertando o temor de impunidade entre os atingidos.

    Atualmente, o julgamento está interrompido devido a um pedido de vistas apresentado pelo desembargador federal Pedro Felipe Santos. A análise do caso será retomada nesta quarta-feira (6), em sessão virtual, que pode durar até o dia 12 de março.

    “Viemos até aqui para fazer o nosso clamor por justiça”, afirmou Andresa Rodrigues, presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum). Ela é mãe de Bruno Rodrigues, que morreu na tragédia aos 26 anos.

    A Avabrum critica o voto de Gambogi e pede que ele reconsidere sua posição. Ela avalia que o trancamento de uma ação penal por meio de um habeas corpus deve ocorrer apenas em situações excepcionais, quando a acusação é frágil ou quando não há descrição da conduta individual do réu. A entidade considera que não é o caso e que, dessa forma, caberia a Schvartsman tentar provar sua inocência no curso de julgamento.

    “Segundo investigações oficiais, Fabio Schvartsman sabia do risco de rompimento da barragem em Brumadinho e nada fez”, registra nota divulgada pela Avabrum. A entidade cita o inquérito da Polícia Federal (PF) e considera ter havido, no mínimo, negligência.

    Em janeiro, o delegado da PF Cristiano Campidelli disse à Agência Brasil ser possível afirmar com segurança que Schvartsman estava presente em um painel onde houve uma discussão sobre a estrutura que colapsou. “Ele sabia que aquela barragem estava em risco”, garantiu. A defesa de Fábio Schvartsman tem optado por não se manifestar sobre a questão, alegando respeito ao tribunal que já iniciou o julgamento.

    Edição: Denise Griesinger

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  • Indígenas protestam contra construção da Ferrogrão

    Indígenas protestam contra construção da Ferrogrão

    Indígenas dos povos Munduruku, Kayapó, Panará, Xavante, do Tapajós, ribeirinhos e agricultores familiares realizaram nesta segunda-feira (4), em Santarém, no Pará, um protesto contra a construção da Ferrogrão. Com 933 quilômetros (km) de extensão, a ferrovia ligará Sinop, em Mato Grosso, ao porto paraense de Miritituba. O projeto prevê passagens por áreas de preservação permanente e terras indígenas, onde vivem aproximadamente 2,6 mil pessoas.

    “Os parentes denunciaram a ausência de Consulta Prévia Livre e Informada, a fragilidade dos estudos de impacto e os riscos socioambientais da ferrovia”, postou a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira na rede social X. “Em frente ao Porto da Cargill, em Santarém (PA), os povos fortaleceram sua posição de resistência aos projetos de logística que atingem territórios e ameaçam a vida. Trilho de destruição: Ferrogrão NÃO!, protesta a organização.

    Ainda nesta segunda-feira, os manifestantes realizarão um julgamento simbólico da Ferrogrão, voltada para exportação de grãos do agronegócio. A obra é defendida como uma alternativa à Rodovia BR-163, principal via de escoamento do agro no Centro-Oeste e será construída paralelamente à estrada. O julgamento será no auditório da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa).

    A Ferrogrão tem custo estimado de R$ 24 bilhões e prazo de concessão de uso de 69 anos. Em 2017, o governo do ex-presidente Michel Temer editou uma medida provisória, depois convertida em lei, que alterava limites de quatro unidades de Conservação do Pará para a construção da ferrovia.

    O PSOL entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 6.553) junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) com o argumento de que uma medida provisória não poderia ser o instrumento jurídico para alterar o limite de unidades de conservação.

    Em setembro do ano passado, o ministro do STF Alexandre Moraes suspendeu por 6 meses a ação que julgava a constitucionalidade da construção da ferrovia e também determinou a realização de estudos de impacto ambiental e consulta aos povos impactados pela obra.

    Na sequência, o Ministério dos Transportes criou, em outubro, um grupo de trabalho, com representantes do governo federal, da sociedade civil, de comunidades indígenas e de representantes dos autores da ADI. O objetivo é acompanhar os processos e os estudos relacionados ao projeto, além de discutir aspectos socioambientais e econômicos do empreendimento e facilitar o diálogo entre as partes interessadas.

    A expectativa é que Alexandre de Moraes decida sobre o tema ainda este mês.

    Edição: Fernando Fraga

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  • Povos indígenas marcham em Brasília contra marco temporal

    Povos indígenas marcham em Brasília contra marco temporal

    Povos indígenas de diversas regiõesdo paísestão mobilizados nesta quarta-feira (20), em Brasília, contra a tese do marco temporal de seus territórios, que volta a ser julgada pelo Supremo Tribunal Federal (STF),econtra oProjeto de Lei(PL) 2.903/2023 que trata do mesmo tema.Os povos reivindicam tambémademarcação imediata de suas terras. O PL 2.903/2023estabelece que os povos indígenas só têmdireito às áreasque já eram ocupadas por eles no dia dapromulgação da Constituição Federal de 1988 (5 de outubro do mesmo ano).

    Aprovado na Câmara dos Deputados, o projeto recebeu parecer favorável do relator, senador Marcos Rogério (PL-RO), e esteve em análise na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ)doSenado hoje demanhã.

    Os atos de protesto começaramem frente à Biblioteca Nacional, no centro da capital, com cerca de mil indígenas, organizados pelaArticulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib)e pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

    Os indígenas fizeram rodas separadas de homens e mulherespara dançar e entoar cantos de seus povos. Nos corpospintados com líquidos extraídos das frutas amazônicasjenipapo e urucum, eles exibiramadornos típicoscom miçangase penas.

    Nas mãos, ferramentas como bordunas, arcos e flechas.Idosos, jovens e crianças indigenas também seguraram cartazes e faixas com reivindicações de direitos.

    Em entrevista coletiva, as lideranças indígenas se posicionaram contra o marco temporal em seus territórios. O caciqueKretã Kaingang, um dos coordenadores da Apib, questionou ovoto do ministro do STFAlexandre de Moraes na parte que trata da indenização aos fazendeiros que ocupam atualmente as terras.

    “O que nos preocupa muito é a questão da indenização sobre a terra nua, a indenização prévia. Nós não somos contra o pagamento de indenização de pequenos agricultores, mas issonão pode estar incluído no voto do marco temporal. Tem que ficar fora”.

    Para o líder indígena, os ocupantes das terrasdevem recorrer à Justiça para cobrar as indenizações dos governos estatuais e federal. “Não jogue mais uma responsabilidade para nós, povos indígenas do Brasil, para não entrarmos em conflito. Porque no caso de permanecer a tese do ministro Alexandre de Moraes, muitos conflitos ainda irão acontecer.”

    Em seguida, por volta das12h30, os indígenas saíram em marcha pacífica pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes, onde acompanharão o julgamentodo STF nesta tarde.

    (Em atualização)

    Edição: Graça Adjuto
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  • Movimento negro protesta em todo o país contra violência policial

    Movimento negro protesta em todo o país contra violência policial

    No rastro de uma série de operações policiais que resultaram em dezenas de mortes ao longo das últimas semanas, com destaque para o caso do Guarujá (SP) e também episódios na Bahia e no Rio de Janeiro, entidades do movimento negro realizaram atos unificados em todo o país nesta quinta-feira (24). A data também marca os 141 anos da morte do advogado e abolicionista Luiz Gama, referência na luta por igualdade racial no Brasil.

    “Esta marcha é em memória de todas as vítimas das cachinas policiais, lembrar as vítimas de uma política genocida e uma necropolítica que acontece todos os dias com os corpos negros”, afirmou a ativista Dani Sanchez, integrante da Coalizão Negra por Direitos e do movimento Pelas Vidas Negras no Distrito Federal.

    Em Brasília, o ato reuniu algumas dezenas de pessoas, que caminharam do Museu Nacional da República pela Esplanada dos Ministérios até a Praça dos Três Poderes, fechando duas faixas da pista. Atos foram convocados em mais de 30 cidades em ao menos 25 estados.

    Uma das homenageadas foi a Yalorixá Maria Bernadete Pacífico, conhecida como Mãe Bernadete. Líder do Quilombo Pitanga de Palmares, localizado no município de Simões Filho, na região metropolitana de Salvador, ela foi brutalmente assassinada na noite da última quinta-feira (17), dentro de casa e diante dos netos.

    Mãe Bernadete era integrante da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq) e ex-secretária de Promoção da Igualdade Racial de Simões Filho. O caso está em investigação e pode ter relação com a disputa pelo território quilombola, até hoje não regularizado. onde vivia a ativista.

    No Distrito Federal, as entidades também homenagearam o adolescente Gustavo Henrique Soares Gomes, morto a tiros em janeiro do ano passado, aos 17 anos, na cidade de Samambaia, periferia da capital federal, após não obedecer ordem de parada em uma blitz policial.

    Chacinas

    No ato no Rio de Janeiro, os manifestantes chamaram a atenção para o alto número de mortes de pessoas negras no estado.

    “O estado do Rio de Janeiro é onde mais se mata preto, pobre, favelado. Temos as maiores chacinas do país. Quando a polícia erra, o cidadão é morto duas vezes, quanto mata a sua dignidade e a sua inocência. A gente precisa se manifestar. Quanto mais a gente se cala, a situação piora. E não se trata mais de adultos, agora são crianças e adolescentes mortos. O direito da maternidade das mulheres pretas está sendo excluído”, disse a coordenadora no Rio de Janeiro da União de Negras e Negros Pela Igualdade, Cláudia Menezes Vitalino.

    Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) sobre o índice de mortes violentas intencionais mostram que a população negra é o alvo principal. Em 2022, houve 47.508 casos e 76,5% das vítimas eram negras, segundo a última edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Um outro levantamento – divulgado no ano passado pela Rede de Observatórios da Segurança (ROS) – mostrou que a polícia mata uma pessoa negra a cada quatro horas em ao menos seis estados: Bahia, Ceará, Piauí, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

    Em termos de violência policial, os dados não são menos eloquentes, envolvendo um número impressionante de vítimas crianças e adolescentes. Estatísticas também compiladas pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que, entre 2017 e 2019, por exemplo, as forças de segurança mataram 2.215 crianças e adolescentes negros de até 19 anos de idade em todo o país.

    É o caso de Thiago Menezes Flausino, de 13 anos de idade, morto a tiros em uma operação na Cidade de Deus, no estado do Rio, no início de agosto.

    Presente no ato, Priscila Menezes de Sousa, mãe do adolescente, cobrou justiça pela morte do filho, vítima da violência policial.

    “Meu filho não foi abordado, ele foi executado. Os policiais acharam que ele poderia ser bandido e atiraram contra o meu filho, uma criança de 13 anos que tinha o sonho de ser jogador de futebol, gostava de ir para a escola. Ele era a alegria da minha casa. Estamos aqui para que eles parem de entrar na favela atirando e que sejam responsabilizados. Os policiais foram afastados, mas isso é pouco, que eles sejam presos e punidos”, afirmou Priscila.

    A Polícia Militar do Rio de Janeiro  afastou da atuação nas ruas, em caráter provisório, agentes do Batalhão de Choque que atuaram na noite da segunda-feira, dia 7 de agosto, na Cidade de Deus, resultando na morte do Thiago. Os policiais ficarão afastados até o fim das investigações e cumprirão funções administrativas.

    Ana Paula Oliveira é mãe de Johnatan de Oliveira Lima, morto aos 19 anos na Favela de Manguinhos, na zona norte do Rio. Ele foi morto pela polícia no dia 14 de maio de 2014 com um tiro nas costas. Segundo Ana Paula, o policial acusado do assassinato vai a júri popular em março do ano que vem, quase dez anos após a morte.

    “Se dependesse da minha luta e de outras mães, mulheres pretas e moradoras de favela, que têm lutado contra a impunidade, nossos filhos teriam sido os últimos casos. Mas depende de políticas públicas em que haja uma política de segurança pública que realmente zele pela vida dos jovens e das crianças pretas moradoras de favelas e da periferia. Não é uma realidade para nós. O Brasil é um país racista que mata, encarcera e desaparece com os corpos negros. Nossa luta é pela vida”, disse Ana Paula.

    Em nota, a Secretaria de Estado de Polícia Militar informou que além da colaboração integral com as investigações da Polícia Civil, o comando da corporação determinou que os seis agentes do Batalhão de Choque que atuaram na noite em que o adolescente foi morto na Cidade de Deus, fossem transferidos de unidade e afastados do serviço das ruas provisoriamente até o fim das investigações e cumprem funções administrativas. “Paralelamente ao trabalho da Polícia Civil, o comando da corporação instaurou um procedimento apuratório, por meio de sua Corregedoria Geral, para averiguar todas as circunstâncias do caso ocorrido, no último dia 7 de agosto”, diz a nota.

    Execução sumária

    Em São Paulo, a manifestação foi realizada em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp) e também pediu o fim das recentes operações policiais nos estados de São Paulo, do Rio de Janeiro e Bahia.

    “As chacinas têm sido recorrentes em territórios negros no Brasil, como as operações [da polícia] Escudo em São Paulo; a chacina do Cruzeiro, no Rio de Janeiro; e a média de duas chacinas por mês, na Bahia. O movimento negro hoje pede medidas emergenciais que o Poder Público precisa tomar para redução de homicídios e para acabarem essas chacinas”, destacou Simone Nascimento, uma das organizadoras do ato.

    A manifestação foi convocada por duas frentes de entidades: a Coalizão Negra por Direitos e a Convergência Negra, que aglutinam grupos como Uneafro Brasil, Movimento Negro Unificado (MNU), Coletivo de Entidades Negras (CONEN), Unegro, e Geledés.

    “O Brasil não tem pena de morte, mas o que a polícia está impondo ao povo negro, pobre e periférico não é a pena de morte, porque na pena de morte você tem julgamento. E aí você decide se o julgamento foi justo ou não. Mas o que eles estão fazendo é execução sumária”, disse a coordenadora estadual do Movimento Negro Unificado (MNU), Regina Lúcia de Santos.

    Ela acrescentou que o ato é um pedido desesperado pelo direito de viver dos negros.

    “Nós estamos aqui defendendo o direito de viver: das crianças, dos jovens negros, das mulheres. Inclusive, a morte de mãe Bernadete, que não foi uma morte provocada pelo aparato policial, ainda assim é uma violência do Estado. Porque ela vinha sendo ameaçada, ela tinha pedido proteção e o Estado foi omisso”, disse.

    A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que as operações da polícia paulista ocorrem dentro da lei e que eventuais ilegalidades serão apuradas.

    Medidas urgentes

    O movimento negro pretende engrossar o coro para que o Congresso Nacional avance na aprovação de uma lei federal que obrigue o uso de câmeras em uniformes de agentes da polícia em todo o país. Em batalhões da Polícia Militar de São Paulo que adotaram o sistema, segundo dados oficiais, os números de mortes em confronto com a polícia chegaram a cair 76%.

    As entidades também cobram a federalização de casos em que incursões policiais em comunidades resultem em massacres, chacinas ou mortes em série.

    Outra reivindicação já histórica é uma mudança na política de drogas, baseada na redução de danos e na descriminalização do uso individual. No ano passado, o Brasil atingiu proporção recorde de negros no sistema carcerário: 442.033 pessoas. A parcela equivale a 68,2%. Na maior parte dos casos, são jovens presos portando pequena quantidade de substâncias ilegais. O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou hoje o julgamento sobre descriminalização do porte de drogas para consumo pessoal. O julgamento foi suspenso, com cinco votos a favor da descriminalização para porte de maconha.

    Para Dani Sanchez, representante no Distrito Federal, a população negra do país, apesar de ser maioria, é historicamente desprovida de acesso a políticas públicas de inclusão, o que também contribui para a perpetuação desse ciclo de violência da qual segue sendo a maior vítima. “A ausência de políticas públicas também gera a morte social dessas pessoas, colocadas em subempregos, em situações de extrema vulnerabilidade e empurradas para as violências, para o crime organizado”, finalizou.

    Edição: Kleber Sampaio e Carolina Pimentel