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  • Clima pode favorecer rendimentos no trigo

    Clima pode favorecer rendimentos no trigo

    A safra de trigo está começando na Região Sul do Brasil, onde está concentrada mais de 80% da produção nacional. A expectativa é de redução da área, mas com previsão de neutralidade climática, condição favorável aos cultivos de inverno que poderá resultar em rendimentos acima dos 50 sacos de trigo por hectare.

    A estimativa nos levantamentos iniciais é de redução de área nos dois principais estados produtores de trigo no Brasil. No Paraná, a área coberta com trigo em 2025 será 20% menor em relação à safra passada, contabilizando 912 mil hectares. É a menor área de trigo no estado desde 2012. Segundo o Deral/PR os motivos para a queda gradual estão nas frustrações com o clima, o preço do seguro agrícola e a melhor rentabilidade do milho segunda safra, que divide espaço com o trigo, especialmente nas regiões Oeste e Norte do Paraná. Contudo, a produtividade esperada pode ser 36% maior, próxima a 50 sacos por hectare (sc/ha), uma vez que o trigo sofreu com a seca que comprometeu o rendimento das lavouras em 2024.

    No Rio Grande do Sul, a estimativa da CONAB indica redução de 10,9% na área de trigo, chegando aos 1,2 milhão de hectares. A previsão é de produtividade 8% maior, passando dos 50 sc/ha. A aposta na melhora da produtividade das lavouras está na previsão de neutralidade no clima que começa a se desenhar, o que pode favorecer o manejo das lavouras da implantação à colheita.

    De acordo com o agrometeorologista Gilberto Cunha, da Embrapa Trigo, o fenômeno El Niño, responsável pelos prejuízos na safra de inverno 2023, não deverá estar presente em 2025, afastando o risco de excesso de chuva, especialmente na primavera. “A previsão é de que La Niña encerre o seu ciclo ainda no outono/inverno, e que a primavera seja marcada por uma condição neutra do fenômeno El Niño Oscilação Sul. Ainda que o cenário não seja o mais favorável, como em períodos de La Niña, também não é o mais adverso, como nos anos de El Niño. Um ano neutro, apesar de trazer incertezas, não costuma trazer problemas fitossanitários e de qualidade tecnológica para o trigo”, explica Cunha.

    Geadas

    Nesta safra, a ocorrência de geadas deverá seguir o padrão climático regional, com os primeiros registros ainda durante o outono nas regiões de maior altitude, com as geadas se intensificando ao longo do inverno até reduzir a frequência na primavera.

    “As geadas, em alguns aspectos, são vistas como aliadas para as culturas de inverno, pois atuam no controle de plantas daninhas remanescentes do verão e reduzem o metabolismo e o ciclo de surgimento de pragas. Todavia, quando as geadas ocorrem no espigamento do trigo, os danos podem ser irreversíveis”, avalia Cunha.

    O potencial de dano varia conforme a época de semeadura do trigo, com maior impacto quando coincide a geada com o momento do espigamento do trigo. A formação de geada pode causar danos no final de julho no trigo do norte do PR, no mês de agosto nas lavouras da região Noroeste do RS, ou a partir de meados de setembro no Planalto do RS.

    As estratégias para reduzir perdas com as geadas são o escalonamento do plantio, o uso de cultivares de diferentes ciclos de maturação e seguir o zoneamento agrícola que orienta a melhor época de implantação das lavouras nas diferentes regiões do sul do País.

    Acerto nas previsões

    A média de acerto das previsões meteorológicas atualmente está acima de 90% nas previsões de curto prazo – até cinco dias. As informações sobre chuva e temperatura são importantes para a tomada de decisão no campo, determinando o melhor momento para a aplicação de fertilizantes em cobertura ou dos produtos de proteção de plantas.

    “Não basta abrir a janela para ver o tempo, é preciso buscar informação nos institutos que trabalham com meteorologia, como o INMET e o CPTEC INPE no Brasil, e tomar as decisões embasadas em orientações da assistência técnica. As previsões de tempo e clima são aliadas que estão a serviço dos agricultores”, finaliza Gilberto Cunha.

  • Mato Grosso mantém liderança na produção de etanol de milho e atinge novo recorde na safra 2024/25

    Mato Grosso mantém liderança na produção de etanol de milho e atinge novo recorde na safra 2024/25

    Mato Grosso reafirmou seu protagonismo no cenário nacional da bioenergia ao alcançar a marca de 6,70 bilhões de litros de etanol produzidos na safra 2024/25. O número considera o volume proveniente tanto da cana-de-açúcar quanto do milho, mas o grande destaque vai para este último.

    Segundo dados mais recentes, 5,62 bilhões de litros foram gerados pelas indústrias que utilizam cereais como matéria-prima, especialmente o milho, representando um salto de 23,77% na comparação com a safra anterior. O crescimento expressivo consolida Mato Grosso como o maior produtor de etanol de milho do Brasil, respondendo sozinho por 68,21% da produção nacional nessa categoria.

    O avanço reflete o fortalecimento do setor de biocombustíveis no estado, impulsionado por investimentos em tecnologia e pela capacidade de aproveitamento da safra recorde de grãos. A diversificação da matriz energética e a valorização do milho como insumo industrial vêm transformando a paisagem produtiva de Mato Grosso e ampliando seu peso estratégico nas discussões sobre sustentabilidade e segurança energética do país.

  • Cientistas recomendam medidas de adaptação para a castanha-da-amazônia

    Cientistas recomendam medidas de adaptação para a castanha-da-amazônia

    A produção de castanha-da-amazônia, também conhecida como castanha-do-brasil e castanha-do-pará, enfrenta uma forte redução na safra 2024/2025, afetando a economia regional. O evento extremo está relacionado à seca severa e ao aumento das temperaturas, agravados pelo fenômeno El Niño. Especialistas, no entanto, preveem uma recuperação na safra seguinte, mas alertam para a implementação de medidas de adaptação.

    Queda na produção e seus motivos

    A Amazônia enfrentou um dos períodos de seca mais intensos dos últimos 40 anos, com destaque para o prolongado fenômeno El Niño que ocorreu entre agosto de 2023 e maio de 2024. A combinação de baixa nebulosidade, radiação solar intensa e queimadas prolongadas elevou as temperaturas e reduziu significativamente a umidade do solo. Como consequência, a floração e a formação dos frutos da castanheira foram comprometidas, resultando na quebra da safra atual.

    “O ciclo reprodutivo da castanheira-da-amazônia é longo e sensível às variações climáticas. A floração ocorre anualmente, durando de quatro a seis meses, geralmente no fim da estação seca e início da chuvosa. Já a maturação dos frutos leva de nove a treze meses,” afirma Carolina Volkmer de Castilho, pesquisadora da Embrapa Roraima.

    Conforme Lucieta Guerreiro Martorano, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental (PA), esse cenário lembra a crise de 2017, quando o El Niño de 2015/2016 elevou a temperaturas 2°C acima da média e gerou um verão amazônico excepcionalmente seco. “A falta de chuvas naquele período prejudicou a floração e formação dos frutos, além de reduzir a atividade de polinizadores como as abelhas, resultando em uma queda expressiva na produção de castanhas no ano seguinte”, lembra a cientista. “Foi a primeira vez na história em que se registrou redução significativa da produção de castanha em toda a bacia Amazônica”, frisa o pesquisador da Embrapa Raimundo Cosme de Oliveira Junior, que atua na mesma unidade de pesquisa de Martorano, em Belém do Pará.

    Perspectivas para Recuperação

    Apesar do atual declínio, pesquisadores da Embrapa preveem uma possível superprodução na safra 2025/2026, um fenômeno já observado após a crise de 2017. “Esse aumento na produção ocorre porque as castanheiras tendem a compensar os períodos de baixa produtividade com maior frutificação nos anos seguintes, aliado aos efeitos climáticos do fenômeno La Niña”, esclarece Patrícia da Costa, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente.

    No entanto, ela alerta que essa oscilação pode causar forte instabilidade nos preços do mercado. Costa conta que, em 2017, a lata de castanha (20 litros) atingiu R$ 180,00 devido à alta demanda e à escassez do produto. No ano seguinte, a combinação da superprodução com a diminuição demanda industrial, devido aos altos preços, resultou em um grande excedente, provocou uma queda acentuada nos preços, com a lata chegando a valer apenas R$ 25,00 ou menos.

    Esse fenômeno, conhecido como “efeito ressaca”, gera perdas financeiras significativas, impactando negativamente os extrativistas e toda a cadeia produtiva. À época, a recuperação dos preços para um patamar mais estável, cerca de R$ 60,00 a lata, levou cinco anos.

    Para evitar ciclos de prejuízos como esse, é essencial a implementação de medidas de regulação e suporte ao setor. Atualmente, em março de 2025, a castanha está escassa novamente, e os preços já atingem aproximadamente R$ 220,00 a lata.

    Soluções e medidas necessárias

    O manejo e a renovação dos castanhais apresentam-se como medidas urgentes, uma vez que as castanheiras mais velhas estão morrendo, enquanto as mais jovens apresentam maior resiliência frente aos eventos climáticos extremos.

    Pesquisas têm demonstrado que algumas medidas adotadas pelas comunidades extrativistas podem ajudar no aumento da produção de castanha. O corte de cipós, por exemplo, pode aumentar em até 30% a produção de castanheiras que estejam infestadas. Além disso, essa prática melhora as condições fisiológicas das árvores, contribuindo para garantir sua resiliência diante de eventos climáticos extremos. “Os extrativistas mais experientes já adotavam essa técnica, e conseguimos comprovar a partir de um estudo realizado ao longo de dez anos os seus benefícios tanto para a estrutura das árvores quanto para o aumento da produção”, afirma Lúcia Wadt, pesquisadora da Embrapa Rondônia.

    O manejo dos castanhais, aliado às atividades agroextrativistas praticadas pelos castanheiros, pode favorecer a regeneração natural da espécie, que tem dificuldade de se estabelecer em áreas excessivamente sombreadas dentro da floresta. Uma das práticas positivas é a técnica de produção de mudas em miniestufas. O método, tema de um curso de educação à distância, é de baixo custo e pode ser aplicado em pequena escala. “A técnica permite que os produtores aproveitem melhor o potencial de suas áreas de plantio, enriquecendo florestas degradadas ou em Sistemas Agroflorestais”, frisa Wadt.

    Outras pesquisas realizadas na Resex Cajari (AP) confirmam o sucesso do modelo de manejo chamado de “Castanha na Roça”, que concilia a agricultura com produção florestal. Os experimentos mostraram maior densidade de regenerantes de castanheiras nas áreas de capoeiras e roças da agricultura itinerante do que na floresta madura.

    “O Castanha na Roça é um tipo de consórcio agroflorestal que faz parte da realidade local e é desenvolvida em duas vertentes: na capoeira abandonada e na roça. Esse sistema aproveita a regeneração natural das castanheiras em áreas de agricultura itinerante fora da floresta, promovendo a formação de novos castanhais. Essa estratégia, combinada ao plantio de árvores jovens mais resilientes às mudanças climáticas, pode garantir tanto a perpetuação da espécie quanto a produção sustentável de castanhas a longo prazo”, informa o pesquisador Marcelino Carneiro-Guedes, da Embrapa Amapá.

    Com a previsão de aumento da produção na próxima safra (2025/2026), a adoção de medidas que garantam a qualidade do produto é importante, especialmente quando os extrativistas precisam armazenar a amêndoa, que assim como a etapa de secagem são essenciais para atender aos padrões exigidos pelo mercado. Um dos maiores desafios é evitar a contaminação por aflatoxinas, toxinas produzidas por fungos que se desenvolvem em condições inadequadas de armazenamento e são potencialmente cancerígenas quando ingeridas.

    Medidas como secagem rápida e uniforme das amêndoas após a retirada do ouriço, o armazenamento em local seco e arejado, protegido da chuva e o transporte adequado ajudam a evitar a umidade no produto. “As boas práticas de coleta não apenas preservam a qualidade do produto, mas também fortalecem a comercialização da castanha, garantindo segurança alimentar e valor agregado para os produtores”, afirma Cleisa Brasil, pesquisadora da Embrapa Acre.

    Outra ação importante é feita pela Embrapa que, por meio de seu Programa de Melhoramento Genético da Castanheira, tem selecionado matrizes com maior resistência às variações climáticas e maior potencial produtivo.

    Seguro extrativismo

    A criação de um seguro-extrativismo também tem sido discutida pelos pesquisadores e membros da cadeia produtiva. Esse mecanismo garantiria compensação financeira aos extrativistas em anos de baixa produção devido a eventos climáticos extremos. Integrantes do Observatório da Castanha da Amazônia (OCA), rede de extrativistas e organizações comunitárias que realiza o monitoramento participativo de preços e troca informações sobre a cadeia de valor, pretendem apresentar a proposta aos parlamentares.

    Napoleão Ferreira de Oliveira, diretor-presidente da Associação Apavio, na Resex Médio Purus, no Amazonas, enfatiza que a crise climática tem impactos sociais profundos. “Nossa economia depende do extrativismo, mas a falta de chuvas vem reduzindo drasticamente a produção de castanha e açaí. Precisamos construir mecanismos de segurança financeira para garantir a estabilidade das comunidades”, defende. Oliveira sugere a criação de um abono para os extrativistas, semelhante aos auxílios concedidos a outras atividades do setor primário. “Sem essa segurança, muitos serão forçados a abandonar a floresta e migrar para centros urbanos, impactando ainda mais a conservação da Amazônia”, conclui.

    A castanha-da-amazônia é o produto florestal não-madeireiro mais estável em termos de geração de renda. O seguro-extrativismo ajudaria a evitar a migração dos extrativistas para atividades produtivas que, frequentemente, estão associadas ao desmatamento e à degradação da floresta. Além disso, essa medida contribuiria para a conservação da biodiversidade amazônica, incentivaria práticas sustentáveis e protegeria os ecossistemas naturais onde a castanheira é encontrada, ao mesmo tempo em que promoveria a segurança alimentar de povos e comunidades tradicionais, assegurando sua subsistência e preservação cultural.

    Rede de pesquisa atua há 20 anos com comunidades da Amazônia

    A Rede Kamukaia é uma rede de pesquisa coordenada pela Embrapa, que reúne pesquisadores de todas as unidades de pesquisa da empresa da Amazônia. Há quase 20 anos, atua em parceria com comunidades agroextrativistas da região, ONGs e universidades, conduzindo estudos para compreender os aspectos ecológicos e socioeconômicos das principais espécies vegetais utilizadas como produtos florestais não madeireiros. Além disso, a rede desenvolve tecnologias sociais voltadas para essas comunidades e gera evidências para subsidiar a formulação de políticas públicas.

    Atualmente, um dos projetos da rede Kamukaia é o NewCast – que tem foco no fortalecimento da cadeia produtiva da castanha-da-amazônia, “O objetivo é contribuir para superar os desafios na produção, melhorar a qualidade do produto, expandir a base produtiva, valorizar a castanha no mercado e fortalecer as comunidades extrativistas”, destaca Patricia da Costa, líder do projeto.

    Participam do Projeto NewCast sete Unidades da Embrapa na Amazônia (Acre, Amapá, Roraima, Rondônia, Agrossilvipastoril, Amazônia Ocidental e Amazônia Oriental) e três no Sudeste (Pecuária Sudeste, Instrumentação e Meio Ambiente). Como comunidades parceiras e beneficiárias diretas, participam associações representativas de duas Reservas Extrativistas (Resex): Rio Cajari (Amapá) e Baixo Rio Branco-Jauaperi (Roraima/Amazonas); e duas Terras Indígenas: Rio Branco (Rondônia) e WaiWái (Roraima). O projeto NewCast iniciou em 2024 e terá duração de três anos. Conta com financiamento da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).

    Consequências para a economia e sustentabilidade

    A escassez de castanhas pode impactar a renda de comunidades extrativistas, que dependem deste produto. Elziane Ribeiro de Souza, produtora da Reserva Extrativista (Resex) Cajari, no Amapá, destaca que a seca afetou drasticamente a produção de castanha em sua região. “Perdemos quase 100% da produção. Um dos castanhais que costumava produzir 180 barricas, este ano não chegou a 10”.

    Em Rondolândia, Mato Grosso, Paulo César Nunes, da Cooperativa do Povo Indígena Zoro (Cooperapiz), explica que a quebra na produção comprometeu o fornecimento para a indústria. “Temos dificuldade para cumprir contratos e isso impacta diretamente a renda das famílias extrativistas e o número de vagas de emprego na região”, afirma. Para enfrentar a crise, a cooperativa recebeu apoio da Cooperação Internacional, através do Programa REM MT, que criou um Fundo Rotativo para facilitar a aquisição de castanha. No entanto, Nunes reforça que é essencial fortalecer as indústrias de base comunitária. “Sem elas, o extrativismo pode entrar em colapso, pois os preços pagos aos coletores já são historicamente baixos. Durante uma crise, isso pode levar ao abandono da atividade”, adverte.

    Ítalo Tonetto, Diretor da Castanhas Ouro Verde, em Jaru (RO), destaca a necessidade de previsibilidade e comunicação transparente com os clientes. “Avisamos desde o início sobre os riscos, mas é um tema delicado, pois nem todos acreditam na gravidade da situação”, diz. Tonetto reforça que, apesar da quebra na safra atual, espera-se normalização na próxima safra.

  • Caixa destina R$ 50 milhões para florestas produtivas na Amazônia

    Caixa destina R$ 50 milhões para florestas produtivas na Amazônia

    Um acordo de cooperação técnica firmado nesta terça-feira (1º) pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) com a Caixa Econômica Federal vai disponibilizar R$ 50 milhões para o Programa Nacional de Florestas Produtivas. O recurso será destinado à abertura de uma chamada pública para assistência técnica e extensão rural às famílias que atuarão na cadeia produtiva agroalimentar sustentável.

    Segundo o ministro Paulo Teixeira, do MDA, a ideia é capacitar as famílias produtoras de alimentos na Amazônia para recuperar a floresta com espécies produtivas e garantir sustentabilidade ambiental e econômica. “Se você plantar açaí, cacau, dendê, cupuaçu, maracajá tem um resultado dez vezes melhor que o da soja. Se puder fazer florestas e reflorestar, a árvore de pé terá papel muito mais vantajoso economicamente do que a árvore cortada”, explicou.

    De acordo com o ministro, também serão firmados acordos com universidades públicas para que mais agricultores e agricultoras familiares de assentamentos da reforma agrária e de territórios de povos e comunidades tradicionais possam já estar em processo de recuperação da cobertura verde de seus territórios até novembro deste ano, quando o Brasil vai receber a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30).

    “Nós não queremos chegar à COP30 e fazer uma promessa para o futuro, nós queremos fazer uma entrega”, reforçou.

    O acordo faz parte da segunda série de editais do Programa Florestas Produtivas, lançado em julho de 2024 junto com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A iniciativa é uma das frentes do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), que traça a rota estratégica para a recuperação de 12 milhões de hectares de vegetação nativa até 2030.

    Os recursos têm origem no Fundo Socioambiental Caixa (FSA CAIXA), criado em 2010 para apoiar projetos e investimentos de caráter social e ambiental vinculados ao desenvolvimento sustentável.

    Alianças

    Durante a cerimônia de assinatura do acordo, a Caixa Econômica firmou protocolo de intenções com o MMA para estruturar programas, projetos, ações e outras iniciativas de promoção de políticas ambientais e climáticas.

    “As mudanças climáticas afetarão a toda a população, todas as políticas públicas todos os setores, por isso é preciso que nos unamos todos, setores econômicos, agentes financeiros, academia, sociedade para enfrentarmos esse desafio”, alertou a secretária executiva adjunta do MMA, Anna Flávia Franco.

    *Matéria alterada às 14h25 para exclusão de informação equivocada da Caixa.

  • Margem bruta de esmagamento da soja em Mato Grosso cai 16,28% em março

    Margem bruta de esmagamento da soja em Mato Grosso cai 16,28% em março

    A margem bruta de esmagamento das indústrias processadoras de soja em Mato Grosso registrou uma queda expressiva de 16,28% em março de 2025 em comparação com fevereiro, atingindo uma média de R$ 621,23 por tonelada. Esse recuo reflete um cenário de mercado desafiador, influenciado por múltiplos fatores econômicos e logísticos.

    O principal motivo para essa retração foi a valorização de 4,03% nas cotações do grão, impulsionada pelo aumento da demanda externa, especialmente por parte de mercados asiáticos, e pela redução da oferta local. A menor disponibilidade de soja no mercado interno decorre tanto de questões climáticas, que impactaram a colheita, quanto do maior volume de exportações registrado no período, que limitou a oferta para as indústrias esmagadoras.

    Além disso, a desvalorização do óleo de soja agravou a queda na margem de esmagamento, uma vez que o produto registrou a menor média mensal desde outubro de 2024. Esse movimento foi resultado da redução na demanda por óleos vegetais no mercado global, além do impacto da concorrência com outras commodities, como o óleo de palma. O enfraquecimento da procura por biocombustíveis em alguns mercados também contribuiu para a desvalorização do derivado da soja.

    Diante desse cenário, a indústria processadora de soja em Mato Grosso enfrenta desafios para manter a rentabilidade, monitorando atentamente as oscilações do mercado internacional e a dinâmica da oferta e demanda no Brasil. As estratégias de comercialização e gestão de estoques ganham ainda mais relevância nesse contexto, buscando mitigar os impactos da volatilidade nos preços e garantir a competitividade do setor.

  • Produção de carne de frango em MT cresce 12,88% em 2024, impulsionada por demanda elevada

    Produção de carne de frango em MT cresce 12,88% em 2024, impulsionada por demanda elevada

    A produção de carne de frango no Brasil atingiu um marco histórico em 2024, alcançando 13,48 milhões de toneladas, o maior volume já registrado pela Pesquisa Trimestral do Abate de Animais (PTA-IBGE) desde o início da série histórica em 1997. O crescimento de 2,87% em relação a 2023 reflete o aumento da demanda e a consolidação do setor avícola nacional como um dos mais expressivos do agronegócio.

    Em Mato Grosso, a expansão foi ainda mais significativa, com um crescimento de 12,88% na produção, totalizando 442,75 mil toneladas no ano passado. O avanço expressivo do estado foi impulsionado pelo aumento da procura pela carne de frango mato-grossense, especialmente em virtude do surto da doença de Newcastle registrado no Rio Grande do Sul no período. A situação sanitária no estado gaúcho fez com que parte da demanda fosse redirecionada para outras regiões, beneficiando produtores de Mato Grosso.

    A avicultura mato-grossense tem se fortalecido com investimentos em tecnologia, biossegurança e ampliação da capacidade produtiva, fatores que contribuem para a competitividade do setor no cenário nacional e internacional. A tendência de crescimento deve se manter, impulsionada tanto pela demanda interna quanto pelas exportações, que seguem em alta.

  • Programa do Imac atinge 1,3 mil hectares recuperados em propriedades rurais em MT

    Programa do Imac atinge 1,3 mil hectares recuperados em propriedades rurais em MT

    O Programa de Reinserção e Monitoramento (Prem) do Instituto Mato-grossense da Carne (Imac) alcançou, em três anos, 1,3 mil hectares recuperados em propriedades rurais de Mato Grosso que têm como principal atividade a pecuária. O programa auxilia os produtores a recuperar áreas embargadas que geram a proibição da venda da carne para a indústria frigorífica.

    Primeiro, é realizado um diagnóstico da fazenda, para depois ser efetivada a assinatura do termo de compromisso com o Imac, no qual o produtor se compromete a isolar e não utilizar as áreas com desmatamento ilegal. Por fim, são realizadas autovistorias durante cinco anos para constatar as ações feitas para a recuperação, assim como os resultados apresentados.

    Atualmente, são monitorados 472,6 hectares de áreas degradadas em propriedades que possuem um total de 255,8 mil hectares. Na fase inicial é realizada a análise de elegibilidade, quando é verificado se o produtor atende aos requisitos para ser enquadrado no programa.

    “O Prem é uma ferramenta fundamental não apenas para os produtores, mas também para todo o estado. O programa permite a regularização comercial de produtores que estão bloqueados junto às indústrias frigoríficas, promovendo inclusão e transparência na cadeia produtiva da pecuária”, explica o consultor técnico do Imac, Tássio Bizelli.

    A adesão do Prem para mais produtores rurais será um dos temas que o Imac levará para a Show Safra, entre os dias 24 e 28 de março, em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte de Cuiabá). Os pecuaristas poderão tirar dúvidas sobre o programa, assim como iniciar os protocolos para a inserção no Prem.

    “O Prem apoia os produtores na busca pela regularização ambiental junto à Secretaria de Estado de Meio Ambiente. O impacto é bastante positivo e permite aos pecuaristas retomar a venda diretamente às indústrias frigoríficas, obtendo melhores valores na venda, além da garantia de recebimento”, enfatiza Tássio.

    WMC

    Além dos benefícios do Prem, na participação na Show Safra também será divulgado o World Meat Congress (Congresso Mundial da Carne, em português), maior evento do setor agropecuário do mundo, que, pela primeira vez, será realizado no Brasil, com sede em Cuiabá.

    O congresso ocorrerá entre os dias 27 e 30 de outubro, e Mato Grosso foi escolhido pelo destaque não só na produção interna, mas nas exportações, que colocam o estado como um dos 10 maiores exportadores do mundo.

  • Paraná amplia produção de cebolas em 44% e safra será a melhor dos últimos 10 anos

    Paraná amplia produção de cebolas em 44% e safra será a melhor dos últimos 10 anos

    Depois de queda na produção de cebolas devido às condições climáticas, o que levou a um aumento na importação em 2024, o Paraná voltou a ter boa produção na safra 2024/25, com 127,6 mil toneladas, um crescimento de 44% em relação ao ciclo anterior. Isso se deve principalmente ao uso da tecnificação em lavouras da região de Guarapuava, no Centro-Sul.

    A cultura da cebola também foi discutida nesta sexta-feira (21) e no sábado (22) no XXVI Seminario de Cebolla del Mercosur, que acontece em Viedma, na Província de Rio Negro; e em Hilário Ascasubi, na Província de Buenos Aires, ambos na Argentina. O engenheiro agrônomo Paulo Andrade, analista da cultura no Deral, participou do evento como palestrante.

    O Paraná colheu 88,6 mil toneladas de cebolas em 2024, uma diferença de 21,1% em relação ao ano anterior, quando foram retiradas 112,4 mil toneladas. No entanto, na atual safra o volume subiu para 127,6 mil toneladas, com a melhor produtividade dos últimos 10 anos – 38,9 mil quilos por hectare. Nesse período, a maior produção foi de 2016, com 130,8 mil toneladas.

    “O ano passado foi muito influenciado no Brasil inteiro devido às condições de clima, mas o que se observa agora é que a região de Guarapuava está se tecnificando muito rápido, produzindo 50 toneladas por hectare, enquanto outras estão com 20 toneladas”, disse Andrade.

    A expectativa é que também haja ampliação na área com plantio de cebola no Estado. Nos últimos anos houve decréscimo gradual, saindo de 5.859 hectares, em 2016, para chegar em 2.701 hectares na safra 2023/24. No último ciclo já subiu para 3.277 hectares.

    Em decorrência da baixa produção brasileira, o País importou 257,4 mil toneladas em 2024, com dispêndio de US$ 84,4 milhões. Isso representou 92% de aumento sobre as 134,1 mil toneladas compradas em 2023, e de 174% sobre o montante de recursos. Naquele ano o País investiu US$ 30,8 milhões.

    O Paraná importou no ano passado 32,5 mil toneladas de cebola a um custo de US$ 8,6 milhões. Em 2023 o Estado havia comprado 9,8 mil toneladas, com investimento de US$ 1,9 milhão. Em 2014 o Paraná trouxe cebola de cinco países, com destaque para a Argentina, com 27,9 mil toneladas. Os outros são Chile, Uruguai, Espanha e Países Baixos (Holanda).

  • Portaria sobre ovos de consumo representa avanço e segurança para o setor produtivo

    Portaria sobre ovos de consumo representa avanço e segurança para o setor produtivo

    A Portaria SDA/MAPA nº 1.179/24, que trata dos requisitos de instalações, equipamentos e procedimentos de funcionamento de granjas avícolas e unidades de beneficiamento de ovos e derivados, uniformiza a nomenclatura de ovos in natura e de produtos de ovos não submetidos a tratamento térmico. Ela entra em vigor no dia 4 de março e foi atualizada pela Portaria SDA/MAPA nº 1.244/25, que concedeu novo prazo para adequações das condições.

    A produção de ovos no Brasil vem crescendo ano a ano, e o papel do MAPA é importante nesse processo, pois, através da eficiência da Defesa Agropecuária e do trabalho dos nossos produtores, os plantéis de poedeiras se mantêm sadios e produzindo cada vez mais.

    Sendo um dos únicos países do mundo livre de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em granjas comerciais, o Brasil é o maior exportador de frango do mundo e um grande produtor de ovos.

    Os ovos representam um importante alimento na mesa dos brasileiros. No Brasil, os estabelecimentos que produzem ovos são classificados em “granjas avícolas” e “unidades de beneficiamento de ovos e derivados”. São esses estabelecimentos os responsáveis pela produção, classificação, embalagem, rotulagem e expedição dos ovos que chegam aos consumidores.

    Construída em parceria com o setor, a Portaria SDA/MAPA nº 1.179/24 moderniza as regras para garantir a qualidade dos alimentos ofertados ao consumidor. Sua atualização reescreve, de modo ainda mais claro, a dispensa da identificação individual para os ovos comercializados em embalagens rotuladas.

    Todo produto de origem animal comestível produzido no Brasil deve estar rotulado, e os ovos não fogem a essa regra. A inovação trazida pela Portaria SDA/MAPA nº 1.179/24 e sua atualização trata da identificação individual dos ovos em sua casca apenas quando vendidos a granel.

    Essa medida não traz alterações para qualquer estabelecimento produtor de ovos, já que a regra de rotulagem não foi modificada. Apenas se incluiu a identificação individual, que visa à segurança e à transparência para o consumidor, além de servir como elemento de combate à fraude, protegendo o produtor.

    As granjas continuam podendo comercializar sua produção em embalagens rotuladas, como ocorre atualmente, não havendo nenhuma obrigatoriedade generalizada de identificação individual na casca. Essa exigência é feita somente para ovos vendidos a granel.

    A modernização legislativa é uma marca do MAPA e da Defesa Agropecuária, que prezam pela discussão com a sociedade civil e com o setor privado na construção de normativas. Assim ocorreu na elaboração da Portaria SDA/MAPA nº 1.179/24, para a qual foram realizadas consulta e audiência públicas.

    A competitividade do agronegócio brasileiro depende dessas atualizações legislativas para se manter competitivo e acompanhar os avanços científicos, a fim de oferecer cada vez mais inocuidade e transparência para os consumidores, além de segurança, qualidade e competitividade ao produtor.

    Nesse sentido, para Fávaro, a medida leva em conta o cenário global de alta demanda pelo produto e não precariza a qualidade do alimento vendido aos consumidores.

    “O Brasil só é o que é na produção de ovos, de frangos e de alimentos porque tem uma grande sanidade. O aperfeiçoamento das legislações tem que ser constante, tem que evoluir com a regra sempre muito alta nesse sentido. Tanto que esta portaria foi construída junto com o setor, aqui no Ministério da Agricultura e Pecuária, para fazer a nova classificação de ovos, tão desejada pelo setor, até para agregar valor e ganhar competitividade”, comentou o ministro.

  • Baixa qualidade da laranja reduz rendimento industrial e pressiona preços

    Baixa qualidade da laranja reduz rendimento industrial e pressiona preços

    A qualidade inferior da laranja colhida atualmente tem impactado diretamente o setor industrial, resultando em um baixo rendimento na produção de suco. Segundo colaboradores do Cepea, algumas processadoras têm limitado a compra de parte das frutas, pois o ratio, indicador da qualidade do suco, está muito abaixo do ideal para um produto bem aceito no mercado.

    A preocupação das indústrias se deve ao fato de que sucos de qualidade inferior encontram pouca demanda, especialmente diante dos preços elevados da commodity no mercado internacional. Esse fator tem levado a uma desvalorização da fruta no mercado interno, com produtores enfrentando dificuldades para manter margens de lucro.

    De acordo com levantamento do Cepea, o aumento da oferta da laranja e a menor qualidade têm resultado em um movimento de pressão sobre os preços ao longo de fevereiro. Para a indústria, a caixa de 40 kg da fruta foi negociada, em média, a R$ 82,88 nesta semana, o que representa uma retração de 3,63% em relação à semana anterior.

    O cenário indica que, se as condições climáticas e a qualidade da safra não melhorarem, a indústria pode seguir reduzindo suas compras, o que pode afetar ainda mais os preços no curto prazo.