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  • CAT Sorriso incentiva o Plantio Direto na Palha como prática sustentável de produção

    CAT Sorriso incentiva o Plantio Direto na Palha como prática sustentável de produção

    O Dia Nacional do Plantio Direto, celebrado em 23 de outubro, é celebrado anualmente no Brasil, por intermédio de exposições, seminários, aulas, palestras e outros eventos ou ações que contribuam para a divulgação dos princípios do plantio direto, que contribuam para a universalização da prática. A data da comemoração em todo o território nacional foi instituída por meio da Lei 14.609, em 20 de junho de 2023.

    Como surgiu o Plantio Direto

    Mas o plantio direto começou a ser praticado no Brasil há muitos anos, ainda no início da década de 1970, como uma alternativa para combater a erosão. O pioneiro do Sistema do Plantio Direto no Brasil foi o agricultor Herbert Bartz, de Rolândia, no Paraná. O produtor teve sua história contada em um livro: “O Brasil possível: a biografia de Herbert Bartz”. Ele, que apresentou seu primeiro experimento no ano de 1972, faleceu em janeiro de 2021, deixando um grande legado para o agronegócio brasileiro.

    A utilização do Sistema do Plantio Direto corresponde hoje a cerca de 90% das áreas ocupadas com lavouras de grãos no País. Segundo a Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP): “Bartz ficou conhecido como o “alemão louco de Rolândia” que plantava no meio do mato (em meio a plantas daninhas) para não perder seu solo para a erosão. Ele conseguiu quebrar todos os paradigmas da época e iniciou uma revolução única no mundo que se iniciou entre agricultores e foi contaminando e unindo pesquisadores, técnicos, profissionais e empresas do setor agrícola”.

    O Plantio Direto foi introduzido no Brasil há mais de 50 anos, como um exemplo de boas práticas na agricultura. Porém, a técnica evoluiu para o Sistema de Plantio Direto, que abrange uma amplitude maior, pelo fato de envolver outros princípios, conforme explica o presidente da Federação Brasileira do Sistema de Plantio Direto, Jônadan Ma:  “O Sistema do Plantio Direto, ele preconiza rotação de culturas diferenciadas dentro do mesmo ciclo de produção. O segundo preceito fundamental do princípio do Sistema de Plantio Direto é uma cobertura permanente do solo, o solo está sempre coberto, seja com plantas vivas e verdes, ou, pelo menos com palhada, que é o resto de cultura. E o terceiro é o mínimo revolvimento do solo, isto é, que o revolvimento do solo esteja localizado apenas no sulco do plantio da semeadeira ou plantadeira, evitar ao máximo o uso de grades, arados, escarificadores e subsoladores”.

    Segundo Jônadan Ma, apesar de o Plantio Direto ser amplamente utilizado em Mato Grosso, por cerca de 90% dos produtores, o Sistema de Plantio Direto em si, ainda é praticado por um percentual pequeno no estado, em cerca de 15% das propriedades. Por isso desde a sua criação, em 2002, a Associação Clube Amigos da Terra (CAT) defende o uso do Sistema do Plantio Direto junto aos produtores associados, sediando encontros e seminários para debater e trazer novidades sobre o tema.

    Técnica do Plantio Direto visa a recuperação do solo

    A técnica do plantio direto, na qual a semeadura é feita com a abertura de sulcos no solo e a inclusão de fertilizantes, sem o revolvimento da terra, elimina a necessidade de aração e gradagem do solo, que eram comuns a cada ciclo, mantendo-se uma cobertura de palhada.

    O Sistema do Plantio Direto visa a redução da erosão do solo, com a melhoria das condições físicas e de fertilidade da terra, o que proporciona o aumento do teor de matéria orgânica no solo, o volume de nutrientes e a agua armazenada, bem como a redução no consumo de combustíveis com a manutenção da produtividade das culturas. Tudo isso contribui para a promoção da sustentabilidade na produção agrícola, com o mínimo de impactos ambientais nas propriedades.  Além disso, proporciona a redução dos custos de produção e maior rentabilidade ao produtor.

    CAT Sorriso defende o Plantio Direto desde sua criação

    O CAT é uma associação sem fins político-partidários, religiosos ou lucrativos, que reúne produtores rurais e defende o desenvolvimento agrícola e tecnológico, em harmonia com o meio ambiente, incentivando práticas sustentáveis e redução dos impactos ambientais. Dentre as boas práticas agrícolas defendidas pelo CAT está o Sistema do Plantio Direto na Palha.

    Implantada no ano de 2002, a Associação Clube Amigos da Terra (CAT Sorriso) traz entre as finalidades no Estatuto Social da entidade, promover entre os associados, a troca de experiências e informações, treinamentos e aprimoramentos técnicos com o objetivo de estimular e orientar sobre o Sistema de Plantio Direto e outras técnicas destinadas à conservação do solo em suas propriedades. Também está entre as finalidades do CAT desenvolver e executar projetos de conscientização sobre a preservação ambiental, defesa e conservação dos recursos naturais como um todo, especialmente o solo, a água e a biodiversidade, bem como a promoção do desenvolvimento sustentável. Em 2004 a entidade foi declarada de Utilidade Pública.

    O presidente de honra e co-fundador da Associação Clube Amigos da Terra, Darcy Getúlio Ferrarin disse que conheceu a prática do Plantio Direto ainda quando fazia parte do Clube da Minhoca na região Sul do País, buscou mais conhecimentos e aperfeiçoamento sobre a técnica e trouxe a ideia para os produtores rurais de Sorriso. A partir daí surgiu a ideia da criação do CAT Sorriso.

    “Tudo começou ainda lá no Sul, com uma entidade que tinha os mesmos objetivos do CAT, era o chamado “Clube da Minhoca”. Aqui em Sorriso, no final de um evento, nos reunimos eu, o Farid, o Alfeo Augusto Trecenti e eu falei desse trabalho lá do Sul, que também tinha esse objetivo que era de implantar o Sistema de Plantio Direto. Notamos que tínhamos que fazer alguma coisa. Aqui era uma região de transição da pecuária para o plantio de grãos. E para evitar o empobrecimento do solo, erosões e outros problemas provocados pelo plantio convencional, com a aragem e gradeamento, que podem provocar um processo de erosão e desertificação do solo. Nós precisávamos conscientizar os produtores sobre os benefícios do plantio feito direto na palhada, que permite a infiltração da água, mantendo a umidade e os nutrientes e melhorando a qualidade do solo. Com esse objetivo juntamos um grupo de produtores e outras pessoas interessadas na produção com sustentabilidade e assim criamos o CAT. ”, lembrou Darcy Ferrarin.

    Outra pessoa que contribuiu para a implantação do CAT Sorriso foi o engenheiro agrônomo, Farid Tenório Santos, que na época da criação da associação, representava a Secretaria Municipal de Agricultura e Meio Ambiente. Farid relembrou como foram primeiras tratativas para a criação do CAT Sorriso. “Nós buscamos primeiramente a realização de um encontro nacional que trouxesse para o produtor informações sobre medidas, orientações sobre conservação e preservação do solo. Fui representar Sorriso em Uberlândia, com a proposta de realizar um encontro técnico nacional que trouxesse essas informações sobre o uso da tecnologia do Plantio Direto no Cerrado ou Plantio Direto na Palha. Ficou determinada a realização desse encontro nacional em Sorriso no ano de 2003. O município então foi um incentivador das entidades ligadas aos produtores, como o CAT e o Sindicato Rural para realizar este evento”.

    Um dos primeiros eventos do CAT logo após a sua implantação, foi o 7º Encontro Nacional de Plantio Direto no Cerrado, realizado em Sorriso – Capital Nacional do Agronegócio em 2003. O evento teve um grande engajamento de entidades e instituições do setor do agronegócio, contando com a participação de 2.800 pessoas inscritas, entre produtores rurais, estudantes, técnicos e engenheiros agrônomos e 72 palestrantes.

    O município de Sorriso também sediou em agosto de 2018 o 16º Encontro Nacional de Plantio Direto na Palha, considerado o maior evento brasileiro de discussão sobre Sistema Plantio Direto, promovido em parceria com a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação, a FEBRAPDP, com o Sindicato Rural de Sorriso e com o Sistema Famato.

    A programação contou com palestras, debates e painéis, além de apresentação de trabalhos científicos, com o objetivo de divulgar resultados de pesquisas realizadas na área do Sistema de Plantio Direto e contribuir para o aprimoramento do conhecimento científico e tecnológico, por meio de debates e informações sobre os avanços tecnológicos, aplicações, novos rumos das pesquisas na área do Sistema Plantio Direto.

    O evento contou com a participação de mais de 1.000 inscritos entre produtores rurais, estudantes, professores, técnicos, consultores, pesquisadores, empresários, agrônomos e outras pessoas interessadas na área do Sistema de Plantio Direto.

    Além disso, o CAT Sorriso também realiza eventos sobre Sistemas Produtivos e Integração Lavoura –Pecuária- Floresta, com o objetivo de divulgar resultados de pesquisas e informações sobre o aprimoramento de tecnologias voltadas para o desenvolvimento de sistemas produtivos sustentáveis, aliado a pecuária e floresta, a fim de aumentar a produtividade das culturas, a oferta de mão-de-obra qualificada e aumento da renda e qualidade de vida do produtor rural.

    Darcy Ferrarin comemora os resultados dessa conscientização do produtor rural de Sorriso e região: “Hoje o município de Sorriso planta cerca de 95% no sistema de Plantio Direto, com cobertura de solo e Integração Lavoura Pecuária Floresta”.

    Alfeo Trecenti, diretor Técnico do CAT Sorriso é um grande defensor do Sistema do Plantio Direto.
    O diretor técnico do CAT e pesquisador do Instituto Matogrossense do Algodão (IMA), Alfeo Trecenti, destacou que o município de Sorriso teve um ganho muito grande com a vinda desses eventos em nível nacional. “Conseguimos reunir na capital Nacional do Agronegócio os melhores pesquisadores do País. Somos referência na produção de grãos, especialmente de soja e milho e pudemos disponibilizar para o agricultor tudo de mais moderno em tecnologia de plantio no sentido de melhorar a produtividade utilizando as boas práticas agrícolas, mostrando que o agricultor produz e ao mesmo tempo preserva o meio ambiente”, disse o diretor.

    Alfeo diz que o CAT a cada ano busca novidades sobre o tema para trazer aos produtores “Estamos desde 2002, e 2003 com a realização do Sétimo Encontro que a gente trouxe sobre o Plantio Direto. Todo ano a gente faz atividades e estamos a cada ano evoluindo nessas ferramentas de redução de custos, melhoria de ambientes para as plantas, melhoria de todo sistema, conservação do solo, aumentando o índice de colheita e produtividade pela área”.

    O CAT Sorriso realiza anualmente eventos como encontros, workshops, dias de campo abordando os temas do Plantio Direto, Integração Lavoura Pecuária Floresta e Encontros de Sistemas Produtivos. Tudo isso para trazer aos produtores, técnicos, estudantes e engenheiros informações atualizadas sobre sistemas de produção sustentáveis, como ressalta o presidente da associação, Junior Ferrarin:

     “Sorriso é uma das maiores regiões produtoras de grãos do País e precisamos buscar o avanço constante na produção, não só para o aumento da produtividade nas lavouras, com a constante atualização e troca de informações, sobre inovações tecnológicas aplicadas ao plantio, controle de doenças e pragas, uso correto e seguro da aplicação de defensivos agrícolas, mas também oportunizar a todos informações sobre as boas práticas,  que visam a redução dos impactos da atividade agrícola, com a preservação dos recursos naturais, que são fundamentais para a manutenção da sustentabilidade da produção no campo”.

  • Plantio Direto e integração lavoura-pecuária aumentam diversidade microbiana do solo e protegem as plantas

    Plantio Direto e integração lavoura-pecuária aumentam diversidade microbiana do solo e protegem as plantas

    Pesquisas da Embrapa realizadas em campo experimental e lavoura comercial avaliaram a microbiota em solo do Cerrado sob Sistema Plantio Direto (SPD) durante cinco anos e em integração lavoura-pecuária (ILP), após 15 anos de implantação do sistema. Os resultados em áreas diferentes apontaram mudanças benéficas na composição de fungos e bactérias do solo, com funções importantes associadas ao controle biológico natural de doenças. Em um estudo conduzido na Fazenda Capivara da Embrapa Arroz e Feijão em Santo Antônio de Goiás (GO), foi observado que a diversidade de fungos aumentou na ILP, quando comparada com o ambiente de referência que foi uma área de floresta nativa vizinha. Isso posiciona mais uma vez a ILP como uma das tecnologias capazes de melhorar a saúde do solo não apenas por ajudar a preservar microrganismos que lá vivem, mas também por incentivar o aumento dessa biodiversidade.

    O estudo ocorreu em uma área subdividida em dez parcelas, seis em sequeiro e quatro quadrantes irrigados por pivô central, abrangendo cerca de 95 hectares. O local, que já estava sob cultivo em plantio direto, foi incorporado à ILP com rotação entre as culturas do arroz, milho, soja e capim; ou ainda em consórcio entre milho e capim no chamado Sistema Santa Fé.

    A equipe de pesquisa coletou, por dois anos seguidos, amostras do solo próximo às raízes, as quais foram submetidas a procedimento de extração de DNA para análise molecular. O foco foi a obtenção do material genético de fungos e de bactérias para se entender a estrutura dessas populações e sua resposta ao manejo da áreas de integração sob sequeiro e sob irrigação por pivô central. Também fez parte do estudo avaliar as populações de fungos que habitam o solo e atacam as raízes; e de nematoides nestas áreas, procurando entender as cadeias alimentares que ajudam a evitar que essas populações saiam do controle e causem perdas às culturas.

    Os resultados dessas análises em laboratório passaram por análise de dados e, após a avaliação de especialistas, mostraram que fungos e bactérias respondem de forma diferente pelo sistema ILP. Foi possível constatar aumento da diversidade de fungos de solo, o que não foi detectado em relação às bactérias. Para o caso de fungos de solo benéficos, de acordo o pesquisador da Embrapa Murillo Lobo Júnior, os dados evidenciam que o manejo ILP, seja sequeiro ou irrigado, aumentou também a diversidade fúngica em comparação com a vegetação nativa.

    “Os resultados revelaram uma maior diversidade de fungos em parcelas de integração lavoura e pecuária em comparação com a floresta nativa adjacente, demonstrando a capacidade de resposta desses microrganismos à rotação de plantas e de cultivos; e à umidade do solo. Em contraste, as bactérias não responderam em termos de diversidade à rotação de culturas anuais com pastagem, com alterações menos discerníveis”, declara Lobo. Segundo o pesquisador, uma hipótese para tal constatação é a de que as bactérias sofrem menos influência da rotação de culturas e da pastagem; e que outros elementos, como a umidade do solo, diferente em sequeiro da sob irrigação, interferem significativamente nesses resultados.

    Lobo acrescentou que as análises constataram ainda muitas diferenças entre espécies de fungos em ambos os ambientes: ILP e vegetação nativa do Cerrado, ou seja, após muitos anos de manejo, as espécie que estavam na vegetação nativa eram bem diferentes das presentes em ILP. Isso aponta que o ambiente agrícola com práticas sustentáveis modifica ao longo do tempo as espécies que compõe os agroecossistemas.

    Presença de fungos benéficos e agricultura regenerativa

    Em outra investigação, foi conduzido um ensaio de cinco anos de duração em Planaltina (DF), para avaliar o efeito de plantas de cobertura implementadas na segunda safra, no outono, sobre a diversidade de microrganismos do solo e sua relação com fungos de solo causadores de doenças. Este ensaio foi conduzido em pesquisa colaborativa com a Associação Brasileira de Consultores de Feijão (ABC Feijão). A partir dos resultados obtidos, cinco anos não aumentaram a diversidade de fungos e de bactérias no solo, porém as plantas de cobertura mudaram os gêneros de microrganismos mais frequentes no solo, vários deles ligados à supressividade de fungos de solo causadores de doenças. Além disso, um outro ponto destacado por Lobo é que as redes de microrganismos formadas ao redor das raízes mudaram, de acordo com as plantas de cobertura cultivadas.

    Esse tipo de pesquisa traz discussões de temas atuais como a agricultura regenerativa, que busca manter a qualidade e a vida no solo para a produção de alimentos. “Nós passamos a entender melhor as funções de alguns microrganismos que são incentivados com o manejo correto, e que deixam um efeito benéfico que se estende ao feijão sob irrigação no inverno até a soja, conduzida na primavera e verão”, comenta Lobo.

    Conforme o pesquisador, estudos como o realizado levantam dados que ainda são escassos sobre sistemas como o plantio direto sobre a palha e a ILP e podem incentivar a disseminação dessas tecnologias. “Entendendo como o Sistema Plantio Direto e suas várias formas de condução incentivam a comunidade microbiana do solo, conseguimos informações que podem aumentar a adoção ou melhoria dos sistemas, com benefícios para a atividade em relação ao manejo tradicional com pouca diversidade das lavouras. O ideal é que esses efeitos benéficos sejam entendidos também em outras áreas, para aperfeiçoar os serviços no agroecossistema que as plantas de cobertura proporcionam”, complementa.