Tag: Piscicultura

  • Exportações da piscicultura brasileira batem novos recordes

    Exportações da piscicultura brasileira batem novos recordes

    As exportações brasileiras de peixe no primeiro trimestre de 2025 foram as maiores dos últimos anos. O volume exportado foi de mais de 3.900 toneladas, aumento de 89% com relação ao mesmo período do ano passado. Em faturamento, houve crescimento ainda maior: de 112%, chegando a mais de US$ 18,5 milhões. Esses são alguns dos dados do Informativo Comércio Exterior da Piscicultura, publicado a cada três meses pela Embrapa Pesca e Aquicultura em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR).

    Como era de se esperar, a tilápia permanece a principal espécie exportada. Entre janeiro e março, foram praticamente US$ 17 milhões de faturamento, que significaram 92% do total. Na sequência, mas bem abaixo, estiveram curimatá e tambaqui (com 3% cada) e pacu (com 2% do faturamento total no período). Também como vem sendo nas últimas análises trimestrais, os Estados Unidos foram o principal importador da piscicultura nacional, responsáveis por mais de US$ 16,3 milhões ou 88% do total no primeiro trimestre deste ano. Com 7%, o Peru foi o segundo colocado.

    São cinco as categorias de produtos de tilápia exportados: o filé, tanto congelado como fresco ou refrigerado; o peixe inteiro, também tanto congelado como fresco ou refrigerado; e subprodutos impróprios para alimentação humana. À exceção da tilápia congelada, as demais categorias apresentaram queda de preço médio comparando-se os primeiros trimestres do ano passado com este ano. A principal categoria exportada pelo país, que é o filé de tilápia fresco ou refrigerado, teve 7% de queda, passando de US$ 7,57 para US$ 7,07 o kg.

    “É possível que essa queda nos preços dos produtos de tilápia no primeiro trimestre de 2025 seja reflexo de uma acomodação do mercado norte-americano, após sucessivas altas nos preços ao longo de 2024. Esse aumento dos preços no ano passado pode ter tido um impacto na redução na demanda junto aos consumidores, o que pode ter levado a essa queda nos preços”, explica Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura na área de economia.

    Crescimento consistente

    As exportações brasileiras da piscicultura têm crescido de maneira consistente nos últimos anos. Fazendo o recorte apenas para a tilápia, os Estados Unidos, no primeiro trimestre de 2025, foram o principal destino, com 95% da movimentação, num total de mais de US$ 16,2 milhões. E, analisando-se as importações de tilápia pelos Estados Unidos, percebe-se que o Brasil foi o terceiro maior fornecedor nos dois primeiros meses deste ano; em janeiro e fevereiro de 2024, o país era o quinto maior fornecedor. Foram mais de 2.400 toneladas, ficando atrás apenas de Taiwan, com mais de 2.800 toneladas, e da China, com mais de 32.500 toneladas exportadas para os Estados Unidos em janeiro e fevereiro deste ano.

    Manoel contextualiza esse mercado: “o crescimento das exportações de tilápia brasileira para os Estados Unidos tem relação direta com o aumento da produção desta espécie no Brasil e a busca por novos mercados. O Brasil exportou apenas 3% das 662 mil toneladas de tilápia produzidas no país em 2024. Com o aumento da produção, o mercado local passou a apresentar sinais de saturação na demanda de tilápia, resultando numa queda nos preços no mercado interno em 2024, tornando a exportação mais atrativa”. Ele acrescenta que “o setor privado é o grande responsável pelo aumento das exportações de tilápia do Brasil, porém algumas instituições, como a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Ministério da Agricultura e Pecuária e a Embrapa, têm colaborado com diversas ações de apoio”.

    A expectativa é de continuidade no crescimento das exportações brasileiras da piscicultura, sobretudo de tilápia. De acordo com o pesquisador da Embrapa, “o aumento das tarifas de importação que os Estados Unidos impuseram à tilápia vinda da China pode oferecer uma oportunidade para os exportadores brasileiros, porém ainda existem incertezas quanto à manutenção dessas tarifas no longo prazo e também é importante destacar que outros países exportadores (em particular da Ásia) são fortes concorrentes nesse mercado”. Manoel finaliza afirmando que “os produtores brasileiros têm buscado novos mercados além dos Estados Unidos (por exemplo, o Canadá e países da América do Sul) e também têm tentado diversificar as espécies a partir do embarque de peixes nativos, como tambaqui e curimatá”.

  • Cientistas dão passos importantes para a reprodução artificial do pirarucu

    Cientistas dão passos importantes para a reprodução artificial do pirarucu

    Pesquisadores da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) deram um passo importante na reprodução artificial do pirarucu ( Arapaima giga s), espécie amazônica ameaçada de extinção e altamente valorizada na gastronomia e até pela indústria da moda. Pela primeira vez, foi possível analisar e descrever as células espermáticas do peixe e comprovar a previsão de coleta de esperma, avanço considerado essencial para garantir a oferta de alevinos e atender à crescente demanda do setor produtivo por uma reprodução artificial (fora do corpo do animal), como ocorre com outras espécies de peixes criados em cativeiro.

    Frutos de quase uma década de estudos, os resultados foram publicados na revista científica Fishes e se deram no âmbito do projeto internacional Aquavitae, o maior consórcio científico mundial voltado para aquicultura, e que abrange o Atlântico e regiões banhadas por esse oceano ( veja quadro no fim da matéria ). “Esse é mais um marco em uma pesquisa que já dura nove anos e agora foca na criopreservação de material genético para a conservação e reprodução artificial da espécie”, relata Lucas Torati , pesquisador que lidera o estudo.

    Diferentemente da tilápia ( Oreochromis niloticu s), por exemplo, cuja reprodução em cativeiro já está consolidada há anos, a domesticação do pirarucu é um dos maiores desafios da ciência. Ainda hoje boa parte do setor produtivo realiza a sua reprodução de forma natural. Estima-se que, num universo de 10 a 15 casais formados numa propriedade, apenas três ou quatro irão se reproduzir a cada ano.

    Olhando nesse cenário, os cientistas pretendem consolidar um protocolo para a reprodução artificial da espécie, de modo que a oferta de alevinos seja constante ao longo do ano, uma antiga demanda do setor produtivo. O primeiro desafio foi encontrar um método para identificar machos e fêmeas. Torati explica que a dificuldade de diferenciar os sexos da espécie faz com que os criadores povoem os viveiros aleatoriamente na tentativa de formar casais. Quando um casal se formava, era colocado em um viveiro menor, mais fácil de se manter o controle dos peixes.

    Como resposta ao problema da sexagem, os pesquisadores desenvolveram um método de canulação ( foto e vídeo abaixo ). Um tubo estreito é inserido no “oviduto” do animal permitindo distinguir o sexo e ainda verificar o grau de maturidade das fêmeas. “Um piscicultor que trabalhou conosco nessa pesquisa obteve margens muito superiores de sucesso na reprodução do pirarucu, só pelo fato de ele usar a canulação”, conta Torati.

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    Peixe sendo canulado (Foto: Acervo pessoal de Moisés Zorzeto)

    Salto de duas para sete reproduções anuais

    O piscicultor em questão é Moisés Zorzeto Neto, dono da Piscicultura Raça, em Canabrava do Norte (MT). Depois que ele aprendeu a técnica de canulação, sua produção de alevinos aumentou consideravelmente. “Antes, conseguíamos uma ou duas reproduções por casal por ano. Com a técnica, esse número subiu para até sete”, relata Zorzeto, que há 18 anos produz alevinos de cinco espécies de peixes. A inovação o ajuda a organizar matrizes reprodutoras e aumenta a eficiência do manejo em cativeiro.

    Reprodução de peixes nativos: um desafio científico

    Embora tecnologias para a reprodução de espécies como tilápia e salmão sejam bem condicionais, o mesmo não ocorre com peixes nativos brasileiros. Espécies como o tambaqui, por exemplo, dependem de terapia hormonal para ovular em cativeiro.

    No caso do pirarucu, até 2010 poucos métodos conseguiam distinguir machos e fêmeas, pois não havia uma ferramenta segura e disponível para confirmar o sexo dos peixes. “Àquela época, nem se fala em reprodução artificial do pirarucu. Mesmo porque procedimentos corriqueiros em outras espécies, como a coleta de gametas, era algo considerado impossível para o pirarucu”, conta Torati.

    Um dos grandes empecilhos para a reprodução causada pelo pirarucu estava na falta de tecnologias para a realização de uma biópsia ovariana na espécie, algo fundamental para se avançar com as terapias hormonais desejadas. Para resolver o problema, foram feitos estudos de anatomia do peixe com a utilização de um ureterorrenoscópio, endoscópio utilizado para a remoção de desenho renal em seres humanos.

    Durante os estudos, os cientistas perceberam que a anatomia do pirarucu é diferente de outros peixes, os quais possuem um oviduto propriamente dito aqui. “Em certo momento, depois de entender a anatomia do peixe, consegui substituir o ureterorrenoscópio por uma cânula duracida com um arame dentro dela. Com essa cânula duradoura conseguiu acessar uma cavidade celomática do animal, onde fica o ovário. Isso possibilitou que conseguíssemos distinguir machos e fêmeas com um acerto entre 80% a 100% e viabilizou identificar quais fêmeas são maduras e aptas para receber o hormonal e induzir sua reprodução”, detalha o pesquisador da Embrapa.

    O desafio da coleta do sêmen do pirarucu

    250204 ReproducaoPirarucu Moises Zorzeto ovocitos de pirarucu menor

    No início do projeto Aquavitae, em 2019, o maior desafio foi coletar o sêmen do pirarucu. “Nas primeiras coletas, começamos a encontrar problemas de contaminação com urina. Ao coletar esperma de qualquer espécie, não pode ter água ou urina junto, pois o espermatozóide é ativado. Por isso, estávamos desenvolvendo uma técnica para bloquear o canal urinário a fim de fazer uma coleta adequada”, pontua Luciana Ganeco-Kirschnik , pesquisadora da Embrapa, que participou do trabalho.

    Após vários testes, a equipe conseguiu publicar o trabalho Possibilidade de coleta de sêmen do pirarucu e descrição das células espermáticas , no qual são descritas, pela primeira vez, a anatomia do espermatozóide – que possui dois flagelos –, rico em mitocôndrias; o tempo de motilidade e a técnica de coleta do sêmen sem contaminação com urina.

    “Esse foi o principal resultado do projeto Aquavitae. O próximo passo é conseguir pegar o momento da ovulação das fêmeas, para conseguir coletar ovócitos ( foto à esquerda ) e realizar uma fertilização artificial com a nova técnica de extração de sêmen do macho”, revela Torati. “Futuramente, abriremos uma nova linha de pesquisa: a criopreservação do sêmen do pirarucu, tal como é feito com outras espécies”, acrescenta Ganeco.

    250402 reproducaoPirarucu Siglia Souza
    Foto: Siglia Souza

    Sobre o Aquavitae

    Orçado em oito milhões de euros oriundos majoritariamente do programa  Horizonte 2020 , da União Europeia, o  Aquavitae  reuniu 29 instituições de 16 países americanos, africanos e europeus com o objetivo de aumentar a produção aquicola por meio de pesquisas no prazo de quatro anos.

    Segundo o pesquisador  Eric Arthur Routledge , da Gerência Geral de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa, o consórcio internacional é uma conquista valiosa. “Ele é fruto de dez anos de esforços que envolveram o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com a participação da Embrapa e algumas universidades brasileiras de referência em aquicultura”, conta.

    Routledge relata que esses músculos geraram os subsídios para que o governo brasileiro e a Comunidade Europeia formalizassem, em julho de 2017, o acordo de cooperação em pesquisa e inovação do Atlântico, a “Declaração de Belém”, assinada pelo Brasil, África do Sul e União Europeia. Isso viabilizou pela primeira vez a participação do Brasil no consórcio internacional que aprovou, no final de 2018, o projeto Aquavitae, cuja primeira reunião ocorreu em junho daquele ano, na Noruega.

    As pesquisas sobre protocolos para a reprodução do pirarucu foram realizadas em parceria com a Universidade Estadual Paulista ( Unesp ) e o Instituto Norueguês de Pesquisa Alimentar ( Nofima ), que coordena o Aquavitae.

    Uma das principais características do Aquavitae foi a expressiva participação do setor produtivo em todos os países em que o projeto foi executado. No Brasil, houve sete parceiros da indústria, como a Primar Aquacultura, e a Associação Brasileira de Piscicultura (Peixe BR), representadas no projeto pela Piscicultura Fazenda São Paulo, em Brejinho de Nazaré (TO). “Essa proximidade permitiu que as pesquisas fossem realizadas em sintonia com as demandas do setor produtivo”, ressalta Torati.

  • Piscicultura brasileira apresenta aumento recorde nas exportações

    Piscicultura brasileira apresenta aumento recorde nas exportações

    As exportações da piscicultura brasileira tiveram um crescimento recorde de valor em 2024: aumento de 138%, em relação a 2023, chegando a 59 milhões de dólares. Em volume, o crescimento foi de 102%, passando de 6.815 toneladas para 13.792 toneladas. É o maior aumento no volume exportado desde 2021. O aumento dos embarques de arquivos frescos foi o principal fator responsável pelo incremento das exportações em 2024, atingindo US$ 36 milhões. Os peixes inteiros congelados foram a segunda categoria mais exportados com US$ 17 milhões. Essas e outras informações constam na mais nova edição do Informativo Comércio Exterior da Piscicultura , produzido pela Embrapa Pesca e Aquicultura, em parceria com a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).

    De acordo com Manoel Pedroza, pesquisador da Embrapa Pesca e Aquicultura, o motivo do aumento de 138% no valor exportado deve-se à redução no preço da tilápia no mercado interno. “Houve uma importante queda no preço da tilápia paga ao produtor ao longo de 2024. Se,  no final de 2023,  o preço da tilápia paga ao produtor chega a uma média de R$ 9,73 o quilo, ao término de 2024 esse o valor caiu para R$ 7,85, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – Cepea . Isso estimulou que algumas empresas passassem a mirar o mercado externo”, explicou.

    O aumento da cotação do dólar frente ao real também é outro fator que justifica o aumento das exportações, além do aumento da produção da tilápia. “Houve um aumento de produção da espécie, e o mercado interno não absorveu a maior oferta. Com isso, as empresas procuraram outros países para vender o pescado”, explica Pedroza.

    Tilápia responde por 94% das exportações

    A tilápia representa 94% das exportações na piscicultura nacional, totalizando US$ 55,6 milhões – crescimento de 138% em relação ao ano anterior. Em volume, houve um crescimento de 92%, atingindo 12.463 toneladas de tilápia vendidas a outros países. Os curimatás ocuparam a segunda posição, com US$ 1,2 milhão e crescimento de 437% em valor.

    Os Estados Unidos foram o país que mais importou o peixe brasileiro, sendo responsáveis ​​por 89% das exportações nacionais da piscicultura em 2024, totalizando US$ 52,3 milhões. A principal espécie vendida aos norte-americanos foi a tilápia. Já os peixes nativos foram a preferência do Peru, que importou US$ 1,1 milhão de curimatá, US$ 746 mil de pacu e US$ 571 mil do nosso tambaqui.

    Apesar do crescimento recorde nas exportações em 2024, a balança comercial de produtos da piscicultura fechou com déficit de US$ 992 milhões, devido ao aumento das despesas que atingiram US$ 1 bilhão. O salmão é a principal espécie importada na piscicultura pelo Brasil, seguida pelo pangasius. “Houve um aumento de 9% em valor da importação do salmão e de 5% em volume, atingindo a marca de 909 milhões de dólares. Isso corresponde a 87% do volume total importado pelo país”, afirma Pedroza.

  • Exportações da piscicultura nacional foram 174% maiores no terceiro trimestre

    Exportações da piscicultura nacional foram 174% maiores no terceiro trimestre

    Crescimentos de 174% no valor financeiro e de 158% na quantidade de produtos exportados. Os números se referem à piscicultura brasileira no terceiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2023 e atestam o crescimento do setor no país. Foram U$ 18,5 milhões e 4 mil toneladas exportadas entre julho e setembro para diferentes países. Esses e outros dados estão disponíveis no mais recente informativo Comércio Exterior da Piscicultura.

    Já é a 19ª edição do boletim, que a cada trimestre divulga e analisa os dados referentes às exportações e importações da piscicultura brasileira. Elaborada pela Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO), a publicação tem acesso gratuito e conta com a parceria da Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR).

    A tilápia permanece como, além do peixe mais produzido, o mais exportado pelo Brasil. Entre julho e setembro, foram mais de U$ 18 milhões envolvidos, crescimento de 173% em relação ao terceiro trimestre do ano passado. Para se ter uma ideia da relevância da tilápia, a segunda espécie mais exportada, o curimatá, envolveu U$ 146 mil. E o tambaqui, espécie nativa brasileira mais produzida, ficou em terceiro lugar nas exportações no período analisado pelo boletim, movimentando U$ 108 mil.

    Outra constância nas análises é em relação ao destino das exportações da piscicultura brasileira, com os Estados Unidos na liderança. No terceiro trimestre de 2024, foram para o país 92% (em valores financeiros, U$ 17 milhões) do que o Brasil exportou no setor. Muito distantes, ficaram Canadá, Japão e China, com 2% cada. Como previsível, para todos esses países a espécie mais exportada foi a tilápia. Para o Canadá e o Japão, foi a única espécie exportada no período.

    O produto de tilápia mais exportado foi o filé fresco ou refrigerado, responsável por U$ 12 milhões das exportações da piscicultura brasileira entre julho e setembro deste ano. São 174% a mais do que o movimentado por essa categoria no mesmo período de 2023. Já há dois anos, as exportações desse produto têm continuamente crescido e se destacado, sobretudo pela entrada no mercado dos Estados Unidos.

    Em termos de valor por kg, é o produto de tilápia mais valorizado, alcançando U$ 7,89 no terceiro trimestre de 2024; no ano passado, no mesmo período, o valor era de U$ 6,99. Portanto, é a categoria com maior valor agregado e, em termos de volume financeiro, a mais exportada pelo Brasil. Essa junção ajuda a explicar o mais recente crescimento das exportações da piscicultura brasileira.

    Paraná e São Paulo foram responsáveis, juntos, por 95% das exportações do setor no terceiro trimestre de 2024. O primeiro, com U$ 10,7 milhões ou 59% do total movimentado, e o segundo, com U$ 6,5 milhões ou 36% do total movimentado. Em ambos os estados, o produto mais exportado foi o filé de tilápia fresco ou refrigerado.

  • Com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva do peixe, Cuiabá recebe Encontro dos Piscicultores

    Com o objetivo de fortalecer a cadeia produtiva do peixe, Cuiabá recebe Encontro dos Piscicultores

    Nesta quinta-feira (15), será realizado no Centro de Eventos do Pantanal em Cuiabá, o Encontro dos Piscicultores que reunirá toda a cadeia produtiva do peixe mato-grossense, e tem como objetivo fomentar o setor, discutir o cenário atual de desafios da piscicultura e promover a interação entre os produtores de peixes e os demais segmentos que compõem a área.

    O evento com inscrição gratuita, tem a realização do SEBRAE-MT em parceria com a Associação dos Aquicultores de Mato Grosso (Aquamat), a programação do Encontro dos Piscicultores, contará com palestras técnicas sendo a principal delas ministrada pelo engenheiro agrônomo, Fernando Kubitza, um dos principais especialistas em produção de peixes do país, e abordará o tema “Off-flavor” – Como combater cianofíceas”, situação que provoca alteração no odor e sabor da carne do pescado e traz impactos econômicos para o piscicultor.

    “Serão discutidas as estratégias e a importância do controle do “off-flavor”, que passa pelo monitoramento e controle da população de cianobactérias (algas cianofíceas ou algas azuis esverdeadas) na água dos viveiros e açudes das pisciculturas. O desenvolvimento dessas algas é favorecido pelos nutrientes aportados especialmente pelas rações durante a produção e excretados na água através das fezes e excreção branquial (amônia e gás carbônico) dos peixes. O “off-flavor” causa severo impacto econômico, devido à necessidade de atraso nas colheitas até que os peixes voltem a apresentar sabor normal e possam ser comercializados aos frigoríficos e mercados. Daí a importância de compreender a origem do “off-flavor” e as estratégias para a sua prevenção e controle ”, comentou Kubitza.

    O presidente da Aquamat, Darci Fornari, explica que o Encontro dos Piscicultores será um importante momento para o setor, não só para a absorção de conhecimentos com as palestras técnicas, mas também de troca de informações e experiências entre os produtores e assim fomentar a produção de peixes no estado. “A associação tem como filosofia dentro de seu estatuto promover eventos deste nível, com palestrantes importantes do setor trazendo capacitação em várias áreas da cadeia produtiva do peixe, e aproveitamos neste encontro para nos reunirmos com os piscicultores oferecendo informações sobre o cenário atualizado da piscicultura estadual e nacional. E o nosso intuito principal é promover esta reunião dos piscicultores em um ambiente que estimule a interação entre eles, e também uma atualização de informação sobre o assunto de produção de peixes nativos”, disse.

    O Encontro dos Piscicultores conta com a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), agroindústrias, Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea-MT) e Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SEAF).

    O evento ocorre nesta quinta-feira (15/08), no Piso do Sol do Auditório Pássaros, Centro de Eventos do Pantanal, a partir das 8h30. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link: sympla.com.br/evento/encontro-dos-piscicultores/2558750

    Programação do Evento

    8h30: Abertura – Boas vindas pelo mestre de cerimônia do evento.

    8h40: Apresentação da Diretoria e ações da Aquamat;

    8h50: Associativismo e Cooperativismo – José Carlos- COPPARR;

    9h30: Off flavor – como combater cianofíceas – Fernando Kubitza;

    10h10: Manejo Nutricional para melhor conversão alimentar – Fabio Bittencourt;

    11h: Biologia e Controle da Perulernaea gamitanae – Embrapa – Patrícia Maciel;

    11h40: Intervalo – Almoço

    13h: Recomendações técnicas para reduzir ou eliminar o perigo Salmonella spp em peixes nativos. Fabiola Fogaça (Embrapa) e Yuri Duarte (UFMT);

    13h50: Sistema de automação João Bordignon/ Trevisan;

    14h: Aquamat – reunião entre associados e diretoria – Demandas.

  • Previsão do tempo para evitar perdas na piscicultura

    Previsão do tempo para evitar perdas na piscicultura

    Tal como a agricultura brasileira, a maior parte da pecuária nacional também é conduzida a céu aberto. Essas atividades ficam sujeitas às condições climáticas e, embora muitas vezes se assuma o Clima tropical/subtropical como altamente favorável, ele é o principal responsável por perdas no processo de produção, trazendo grande risco a essas atividades.

    Em algumas explorações pecuárias nem sempre visualizamos de imediato como essa atividade poderia ser vulnerável ao clima. É o caso da piscicultura. Afinal, poderíamos pensar que a criação estaria protegida por uma massa de água. Ocorre que nas condições de campo, em ambiente aberto, os diversos fatores e elementos irão alterar as características desse corpo d’água e, portanto, as condições ambientais a que os peixes estão submetidos. As chuvas, por exemplo, podem influenciar diretamente no nível de tanques e reservatórios, de modo a alterar a concentração de partículas e nutrientes e afetar significativamente os parâmetros de qualidade da água. Chuvas escassas podem prejudicar o abastecimento dos tanques, ao passo que chuvas muito intensas podem causar danos pelo rompimento de diques ou extravasamento do corpo hídrico.

    Temperatura

    A temperatura também pode atuar sobre os parâmetros de qualidade da água, principalmente no que se refere ao oxigênio dissolvido, que se reduz sob altas temperaturas e pode levar à mortandade de peixes. Todavia, o maior efeito da temperatura se dá sobre o metabolismo dos peixes, já que a temperatura corporal desses organismos é diretamente dependente da temperatura do meio. Temperaturas fora da zona de conforto são extremamente prejudiciais. A exposição prolongada dos peixes às temperaturas baixas os torna mais susceptíveis aos parasitas e doenças e podem até causar morte súbita, especialmente quando consideradas espécies de clima quente.

    Amplitude térmica

    A amplitude térmica é um ponto de especial preocupação, uma vez que os peixes são pouco tolerantes às variações abruptas, podendo se estressar facilmente e ficar mais vulneráveis e desenvolver problemas sanitários. Os animais em geral têm um nível considerável de tolerância às mudanças ambientais. Entretanto, há complicações quando essas mudanças tendem a ser abruptas e inesperadas. Com a chegada do outono ocorrem mudanças significativas nas condições ambientais. Contudo, o agravante é o comportamento irregular do clima registrado nos últimos anos.

    Ações de manejo e mitigação

    A previsão neste Outono é da continuidade do fenômeno La Niña. Embora as previsões possam mudar no transcorrer dos meses, devemos mencionar que as previsões climáticas (longo prazo) têm tido um elevado nível de acerto. O mesmo já não ocorre com as previsões do tempo (curto prazo) que têm sido bastante afetadas pela condição de La Niña. Assim, os cuidados com a produção, que já deveriam ser tomados com a chegada do outono, deverão ser redobrados, especialmente pela indicação de um período com frio mais intenso.

    Embora já existam iniciativas para o cultivo protegido de peixes, a realidade brasileira ainda é a criação em ambiente externo (outdoor). Portanto, uma estratégia para reduzir as perdas na piscicultura seria garantir a chegada dos peixes ao período mais crítico de temperatura em boa condição sanitária e adotar densidades populacionais menores. O monitoramento e controle da qualidade da água é um ponto chave nessa estratégia.

    Controle físico-químico da água

    Sabe-se que por uma questão religiosa há um grande consumo de peixes na época de Páscoa. Então, pode-se considerar a possibilidade de um abate intensificado nesse período para reduzir a população dos tanques, mesmo que os peixes estejam em tamanho inferior ao desejado. Reduzindo o número de animais, também se reduz a demanda por água, que é mais escassa nesse período. A despeito da menor oferta, é fundamental manter a renovação e controle dos parâmetros físico-químicos da água. Contudo, deve-se atentar para essa operação não reduzir ainda mais a temperatura da água nos períodos frios.

    Caso o pH estiver abaixo de 6,5, a alcalinidade e a dureza abaixo de 20 mg/L fazer uma calagem (seguindo acompanhamento e recomendações de um técnico), preferencialmente com calcário agrícola, para favorecer o efeito tampão, ou seja, os peixes não suportam grandes oscilações diárias de pH. Assim, bons níveis de alcalinidade e dureza ajudam nesse processo. Mas é preciso ter cautela, pois o aumento de pH está relacionado com a toxicidade da amônia. Além do efeito tampão, os bons níveis permitem tratamentos da água do viveiro, para controlar patógenos, caso necessário.

    Cuidados com a alimentação: fornecimento de ração completa e balanceada, com cuidados redobrados para não haver sobras. Se possível, fazer uso de rações com aditivos que aumentem a imunidade, tais como probióticos, suplementação em vitamina C, entre outros.

    Aumento do volume de água do tanque para evitar as variações bruscas na qualidade de água, principalmente, a temperatura. Assim, em caso da construção de novos viveiros e na reforma dos atuais, é recomendado considerar a possibilidade de priorizar tanques mais profundos (2 a 2,5 m) para permitir um volume de água que mantenha os peixes mais confortáveis;

    Uso de aeradores para manter os níveis de oxigênio dissolvido e auxiliar na desestratificação da água. Em períodos muito quentes pode haver a separação em camadas térmicas da água e a proliferação de fitoplâncton. Já no inverno, deve ser verificada a pertinência do uso dos aeradores à noite, já que favorece a diminuição da temperatura da água. Assim, a decisão deve ser tomada para não ter efeitos indesejáveis.

    Uma vez instaladas as doenças no lote como um todo, os tratamentos são complexos e sem garantia de eficiência total, além de algumas vezes serem caros e com dependência de medicamentos importados. Assim, dependendo do nível, os danos podem ser irreversíveis.

    Como monitorar uma safra e sua fazenda?

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  • Conheça medidas para assegurar a qualidade na produção de peixes

    Conheça medidas para assegurar a qualidade na produção de peixes

    Na piscicultura (produção de peixes), medidas de biossegurança e boas práticas de manejo são essenciais para assegurar a qualidade dos peixes e a melhoria das condições sanitárias. Pensando nisto, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) preparou algumas orientações sanitárias para a prevenção de doenças que provocam mortalidade dos peixes e redução na qualidade do pescado.

    Produção de peixes

    As orientações foram reunidas em um episódio do programa Prosa Rural, por meio do qual, em cada episódio, a Embrapa mantém diálogo direto com o produtor e agricultor. A primeira dica é verificar se o local e a qualidade da água são adequados para o cultivo da espécie escolhida. O produtor pode consultar, com a assistência técnica do município ou da localidade, o tipo de peixe indicado para a região (e se há água limpa e de qualidade para a produção). Essa medida evita estresse e mortalidade dos peixes.

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    Também é importante comprar ração de qualidade e armazenar em local adequado para evitar fungos. Isso evita doenças nutricionais e melhora o desempenho dos peixes cultivados. Além disso, o produtor deve evitar a superpopulação nos viveiros. O controle populacional ajuda a garantir a qualidade da água e diminui a dispersão dos agentes causadores de doenças, principalmente bactérias e parasitas.

    As orientações são resultado de estudo sobre a situação das pisciculturas do Estado do Amapá, mas podem ser seguidas em todo o país, segundo o pesquisador da Embrapa Amapá, Marcos Tavares. “Durante dois anos acompanhamos dez pisciculturas de Macapá (AP) que produziam tambaqui, tambacu, tambatinga e pirarucu. Acompanhamos o manejo sanitário, orientando produtores e analisando as espécies e os parasitas na água”, relata Tavares.

    Com informações da Embrapa

  • Incentivo que beneficia cadeia de peixes é aprovado em Mato Grosso

    Incentivo que beneficia cadeia de peixes é aprovado em Mato Grosso

    Os empreendedores mato-grossenses da piscicultura receberão 62,5% de crédito outorgado nas operações de saída do peixe para vendas em outros estados. Esse incentivo foi aprovado para os produtores que se inscreverem no Programa de Desenvolvimento Rural de Mato Grosso (Proder), que tem como um dos objetivos contribuir para a expansão do negócio do pequeno, médio e grande produtor rural.

    A decisão aprovada pelos membros do Conselho Deliberativo dos Programas de Desenvolvimento de Mato Grosso (Condeprodemat) tem o objetivo de viabilizar a atividade neste contexto de custos de produções com alta nos preços dos insumos.

    “O governo de Mato Grosso entende a importância de fomentar a economia nesse momento difícil que estamos passando. Não é só o produtor que é beneficiado, é toda uma cadeia que trabalha direta e indiretamente com peixe, bem como todos os consumidores, enfim toda a sociedade mato-grossense”, explicou César Miranda, secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico e presidente do Condeprodemat.

    Para Patricia D´Oliveira Marques, diretora administrativa da Associação dos Aquicultores do Estado de Mato Grosso (Aquamat), esse percentual do incentivo é válido, estimula o setor a continuar investindo, produzindo e até aumentando a produção, já que há demanda pelo produto e abre o leque de negociação de peixes para outros mercados para além de Mato Grosso.

    “Vejo como uma conquista para o setor neste momento a aprovação desse incentivo. Pretendemos promover um trabalho mais em conjunto com a classe produtora e o governo para levarmos mais informações aos criadores de peixe sobre a legislação vigente e também para fomentarmos a criação de leis mais especificas para o setor que tem muitos desafios, mas também grandes possibilidades de crescimento”, afirmou Patricia Marques.

    O superintendente de Programas de Incentivos da Sedec, Anderson Lombardi, explica que essa mudança faz parte da inclusão de novas cadeias de produtos agropecuários, bem como da política do Governo de Mato Grosso com foco na desconcentração da produção no estado. “Os contribuintes inscritos nesse âmbito do Proder contribuem também com o Fundo de Desenvolvimento Econômico de Mato Grosso, o Fundes”, ressaltou.

    Piscicultura

    É um dos principais setores do agronegócio de Mato Grosso que é o 5º maior estado produtor do Brasil. Segundo o IBGE, no ano de 2019 foram produzidos no estado mais de 34 mil toneladas de peixes. O clima favorável, a ocorrência natural de espécies aquáticas, a disponibilidade hídrica, a produção de grãos são fatores importantes que favorecem a psicultura em Mato Grosso. O setor é considerado um dos promotores do desenvolvimento regional, que gera emprego, renda e fomenta a economia local.

    De acordo com dados do Observatório de Desenvolvimento da Sedec, os peixes mais cultivados no estado são: os redendos, formados pelas espécies pacu, tambaqui, tambacu e tambatinga; os bagres de couro, formados pelo pintado e surubim. Tambacu e tambatinga correspondem a 62% da produção do estado; pintado, cachara e surubim 15% e tambaqui representa 13% do que é produzido em Mato Grosso.