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  • Empurrado pelo pré-sal, petróleo assume topo da pauta de exportações

    Empurrado pelo pré-sal, petróleo assume topo da pauta de exportações

    O petróleo fechou o ano de 2024 como o principal produto da pauta de exportações brasileiras, tomando o lugar da soja. As vendas de óleo bruto de petróleo ou de minerais alcançaram US$ 44,8 bilhões, segundo dados divulgados na semana passada pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

    O ano de 2024 terminou com o petróleo bruto representando 13,3% das exportações do Brasil, tomando a liderança da soja que, de 2023 para 2024, viu a participação cair de 15,7% para 12,7%. Em 2024, a soja rendeu aos exportadores US$ 42,9 bilhões, ante US$ 53,2 bilhões de 2023.

    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 -O gerente de plataforma, Antonio Jorge Farias Sabá, caminha no navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência
    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 – Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência – Tânia Rêgo/Agência Brasil

    O óleo do pré-sal é o motor que permitiu o petróleo alcançar o topo da pauta exportadora. De acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de janeiro a novembro – último dado disponível, o país produziu 36,9 milhões de barris de petróleo por dia (Mbbl/d), sendo 71,5% originários do pré-sal. Observando apenas dados do segundo semestre, esse percentual salta para 80,3%.

    Histórico do pré-sal

    Descoberto em 2006, o pré-sal contribuiu para a soberania energética do país, possibilitando que o país se mantivesse sem a necessidade de importar óleo. Além da alta produtividade, os poços armazenam um óleo leve, considerado de excelente qualidade e com alto valor comercial.

    O início da produção ocorreu no campo de Jubarte, localizado na Bacia de Campos, litoral do sudeste, em 2008. Ao lado da Bacia de Santos, é onde se encontram os reservatórios, perfurados há uma profundidade de 5 mil a 7 mil quilômetros. Para se ter uma ideia, 7 mil quilômetros é aproximadamente o ponto mais alto da Cordilheira dos Andes.

    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Vista aérea do navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 – Vista aérea do navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Atualmente os campos de Tupi, Búzios e Mero representam 69% da origem do pré-sal, segundo a ANP. Os três ficam na Bacia de Santos. O primeiro a produzir o pré-sal de Santos foi Tupi, maior ativo em produção no país, chegando a 1,1 milhão de barris por dia no terceiro trimestre de 2024.

    A história da exploração e produção de pré-sal se confunde com os anos recentes da Petrobras, estatal que respondeu por 98% da produção de pré-sal em novembro de 2024, incluindo poços operados em consórcio. De toda a produção da companhia, cerca de 80% tem origem no pré-sal.

    Dentre as principais empresas petrolíferas que operam em consórcio com a Petrobras figuram, entre outras, as multinacionais Shell (anglo-holandesa), TotalEnergies (francesa) e CNDOC (chinesa).

    Segundo a companhia, o pré-sal, que deve atingir o pico de produção na década de 2030, tem papel estratégico na transição energética. Segundo a estatal, tecnologias desenvolvidas pela Petrobras fazem com que o óleo extraído do pré-sal tenha emissão de dióxido de carbono (CO²) – um dos causadores do efeito estufa e do aquecimento global – 70% menor que a média mundial.

    Geologia

    De acordo com a Petrobras, o pré-sal são rochas sedimentares formadas há mais de 100 milhões de anos com a separação dos atuais Continentes Sul-Americano e Africano. Com essa separação, surgiram grandes depressões que deram origem a diversos lagos, que mais tarde foram conectados aos oceanos.

    “Nas regiões mais profundas desses lagos começaram a acumular grandes quantidades de matéria orgânica de algas microscópicas. Esta matéria orgânica, misturada a sedimentos, formou o que são as rochas que geram o óleo e o gás do pré-sal”, explica o site da companhia.

    Por causa do clima árido daquele tempo, a evaporação intensa da água marinha provocou a acumulação de sais, o que criou a camada do pré-sal, uma espécie de proteção que impedia que o petróleo escapasse e chegasse à superfície”, completa.

    Tecnologia

    A distância dos reservatórios de pré-sal para a costa e a profundidade foram desafios para a Petrobras encontrar, retirar e transportar o óleo para o continente, fazendo com que a empresa desenvolvesse tecnologias para romper as dificuldades logísticas e exploratórias. Um exemplo é a técnica de processamento que ajudou a mostrar claramente a posição da rocha do pré-sal.

    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 – Navio-plataforma P-71, no pré-sal da Bacia de Santos. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Na jornada de exploração e produção no pré-sal, o conjunto de tecnologias desenvolvidas pela Petrobras rendeu à estatal prêmios da Offshore Technology Conference (OTC), espécie de centro de pesquisa de elite mundial para exploração no mar, nos anos de 2015, 2019, 2021 e 2023.

    Uma tecnologia usada no campo de Búzios é a aquisição sísmica 4D sistemática. “Por meio da emissão de ondas ultrassônicas que refletem no reservatório e retornam com dados, conseguimos definir altura, comprimento e profundidade, construindo uma imagem do reservatório”, explica a companhia.

    “A partir de levantamentos sísmicos sistemáticos e de estudos para esquadrinhar a configuração do reservatório, conseguimos decidir os próximos passos, como onde perfurar determinado tipo de poço, alavancando a produção e reduzindo custos”, completa.

    Entre as tecnologias de destaque atualmente estão as que reinjetam o C0² resultante da produção no próprio reservatório. É uma forma de evitar a liberação de poluente na atmosfera e diminui a “pegada de carbono” da companhia.

    Receitas

    A descoberta do pré-sal foi tão significativa para o potencial de produção de petróleo brasileiro que levou o governo a mudar o regime que autorizava as empresas a explorarem a riqueza submersa.

    Dessa forma, nas áreas de pré-sal vigora o regime de partilha. Nesse modelo, a produção de óleo excedente (saldo após pagamento dos custos) é dividida entre a empresa e a União. Quando é realizado o leilão que autoriza a exploração, vence o direito de explorar a companhia que oferece a maior parcela de lucro à União.

    É diferente do modelo de concessão (válido no pós-sal), quando o risco de investir e encontrar – ou não – petróleo é da concessionária, que se torna dona de todo o óleo e gás que venham a ser descoberto. Em contrapartida, além do bônus de assinatura ao arrematar o leilão, a petrolífera paga royalties e participação especial (no caso de campos de grande produção).

    Junto com o modelo de partilha, foi criada uma estatal, Pré-Sal Petróleo (PPSA), vinculada ao Ministério de Minas e Energia, que representa a União no recebimento das receitas.

    Só em 2024, a PPSA recebeu R$ 10,32 bilhões com a comercialização das parcelas de petróleo e gás natural da União em cinco contratos de partilha de produção e em um acordo de produção no campo de Tupi. O valor é cerca de 71% maior do que o arrecadado em 2023 (R$ 6,02 bilhões).

    De acordo com a estatal, até 2034, as projeções indicam uma arrecadação acumulada de R$ 506 bilhões para a União.

    Novas fronteiras

    Com a previsão de o pré-sal alcançar o pico na década de 2030, a indústria nacional de petróleo, capitaneada pela Petrobras, volta a atenção para novas fronteiras petrolíferas onde, acredita-se, pode haver grande potencial de produção.

    Rio de Janeiro (RJ), 28/09/2023 - Navio-plataforma P-71, instalado no campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos, a 200 km da costa do Rio de Janeiro. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil
    Rio de Janeiro (RJ) Campo de Itapu, no pré-sal da Bacia de Santos. Foto:Tânia Rêgo/Agência Brasil – Tânia Rêgo/Agência Brasil

    Uma delas é a chamada margem equatorial, no litoral norte brasileiro, que está à espera de uma decisão favorável do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).

    Outra região é a Bacia de Pelotas, no litoral da Região Sul. Um fator que explica o interesse da na região são descobertas de poços de petróleo no Uruguai e na costa da África – Namíbia e África do Sul. As condições geológicas das regiões, apontam especialistas, são semelhantes, pois os continentes eram unidos há dezenas de milhares de anos.

    De acordo com a Petrobras, até 2029 a empresa investirá US$ 79 bilhões na exploração de novas fronteiras de óleo e gás, sendo 40% para a exploração da margem Sul e Sudeste, 38% na margem equatorial e o restante em outros países.

  • Pré-Sal Petróleo arrecada R$ 10,32 bilhões em 2024

    Pré-Sal Petróleo arrecada R$ 10,32 bilhões em 2024

    A Pré-Sal Petróleo (PPSA), empresa vinculada ao Ministério de Minas e Energia,  arrecadou R$ 10,32 bilhões em 2024 com a comercialização das parcelas de petróleo e gás natural da União em cinco contratos de partilha de produção e no acordo de individualização de produção do Campo de Tupi. Segundo a companhia, o valor é cerca de 71% maior do que o arrecadado em 2023 (R$ 6,02 bilhões) e reflete o aumento da produção nos contratos, além do sucesso obtido nos processos competitivos para a comercialização das parcelas de petróleo e gás da União realizados pela PPSA desde 2021. Todos os recursos arrecadados são direcionados ao Tesouro Nacional.

    No ano de 2024, foram embarcadas 56 cargas de petróleo da União, totalizando 27,39 milhões de barris, sendo 43 cargas do campo de Mero, seis de Búzios, três de Sépia, duas do Entorno de Sapinhoá, uma de Tupi e uma de Atapu. À exceção das cargas de Sépia e Atapu, que foram comercializadas por meio de processos de venda direta, as demais são referentes a contratos de longo prazo, frutos de leilão realizado pela PPSA na bolsa B3 em 2021, que teve como vencedora a Petrobras. Em 2024, foi também comercializado, para a Petrobras, um volume total de 53,8 milhões de metros cúbicos de gás natural.

    Em dezembro de 2024, a empresa também alcançou um novo recorde, arrecadando R$ 2 bilhões para União com a comercialização. Até então, o recorde era o resultado obtido em agosto de 2024, com R$ 1,4 bilhão.

    Segundo o diretor de Administração, Finanças e Comercialização da PPSA, Samir Awad, este resultado representa o início de uma nova curva de desempenho da empresa, que terá arrecadações crescentes nos próximos anos. “Em 2030, quando os nove contratos de partilha comerciais que temos hoje alcançarem o pico de produção, a parcela da União será de 543 mil barris por dia, com arrecadação estimada de R$ 69 bilhões. Até 2034, as projeções indicam uma arrecadação acumulada de R$ 506 bilhões para a União”, disse.

  • Petrobras e empresa nacional fecham acordo para escoar gás natural da Bacia de Campos

    Petrobras e empresa nacional fecham acordo para escoar gás natural da Bacia de Campos

    A Petrobras firmou acordo com a PRIO que permite à operadora acessar o Sistema Integrado de Escoamento de gás natural da Bacia de Campos (SIE-BC) e a Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB). Com a celebração dos contratos, a PRIO poderá utilizar a malha de gasodutos para escoar e processar o gás natural proveniente dos campos de Frade, onde a empresa detém 100% de participação, e Albacora Leste, com 90% de participação, localizados na Bacia de Campos. Os contratos entraram em operação comercial no dia 1º de janeiro de 2025.

    Com essa medida, a Petrobras cumpre com as disposições da Lei do Gás, possibilitando o acesso negociado às infraestruturas de escoamento e processamento. “A companhia tem a preocupação de contribuir com o fortalecimento de um mercado de gás natural aberto, sustentável e competitivo, com diversidade de agentes em todos os elos da cadeia”, afirma o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Mauricio Tolmasquim.

    Além da PRIO, a companhia já possui contratos para compartilhamento de infraestruturas de escoamento e processamento com outras nove produtoras nas Bacia de Santos (SP e RJ), Bacia de Campos (RJ), Polo Catu (BA) e Polo Cacimbas (ES).

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  • Petróleo deve fechar o ano como principal produto da pauta exportadora

    Petróleo deve fechar o ano como principal produto da pauta exportadora

    O Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP) informou nesta segunda-feira (16) que o petróleo caminha para fechar o ano como principal produto da pauta exportadora brasileira pela primeira vez na série histórica iniciada em 1997.

    O Brasil exportou US$ 42,8 bilhões de petróleo até novembro, à frente da soja e do minério de ferro. Segundo estimativa do IBP, até o final do ano, o petróleo deve somar US$ 47 bilhões em exportações. Desde 2016, a balança comercial do setor tem apresentado saldo líquido positivo.

    De acordo com o IBP, a projeção de produção para 2025 é de 3,6 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). Atualmente, essa produção é de 3,4 milhões de barris.

    “Esse aumento de produção é a maturação de investimentos do pré-sal, a entrada de algumas FPSOs (unidade flutuante de produção, armazenamento e transferência, da sigla em inglês) do pré-sal”, disse o presidente do IBP, Roberto Ardenguy.

    Estima-se também quase R$ 600 bilhões em royalties, participações especiais e comercialização do óleo da União com o setor nos próximos quatro anos.

    O Brasil é o oitavo produtor de petróleo do mundo e o nono maior em parque de refino. O setor de óleo e gás representa 17% do Produto Interno industrial brasileiro e fornece 45% da oferta interna de energia.

    O país é o segundo produtor mundial de biocombustíveis, o oitavo mercado consumidor do mundo com geração de 1,6 milhão de empregos diretos e indiretos.

    A geopolítica terá um papel central mais uma vez em 2025 na discussão dos fluxos energéticos.

    “As guerras e conflitos que têm acontecido, Ucrânia, Rússia, os conflitos no Oriente Médio, eles influenciam diretamente esses fluxos energéticos, a importação e exportação, todas essas dinâmicas”, disse a gerente de análises técnicas do IBP, Isabela Costa.

    No campo macroeconômico, ela destaca o acompanhamento da evolução dos indicadores dos Estados Unidos e da China, principais consumidores de petróleo.

    Pelotas e Margem Equatorial

    O IBP destacou entre as novas áreas de exploração a Bacia de Pelotas. A parte emersa da bacia ocupa aproximadamente 40,9 mil quilômetros quadrados (km²) dos estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Em território brasileiro, a bacia se estende desde o Alto de Florianópolis, ao norte, limite geológico com a Bacia de Santos, até a fronteira geográfica com o Uruguai, ao sul.

    A Petrobras, em parceria com a Shell, assinou 26 contratos de concessão com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para exploração da bacia. O consórcio terá como operadora a Petrobras com 70% de participação e a Shell com 30%, com investimento previsto de R$ 1,5 bilhão.

    Já a Margem Equatorial, que comporta cinco bacias sedimentares: Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e Potiguar, além da Foz do Amazonas, tem potencial para adicionar 1,106 milhão de barris de petróleo por dia na produção nacional a partir de 2029.

  • Petrobras vai monitorar Margem Equatorial com tecnologia da Nasa

    Petrobras vai monitorar Margem Equatorial com tecnologia da Nasa

    A Petrobras terá mais um meio para garantir mais segurança em explorações de petróleo na Margem Equatorial, no trecho dos estados do Amapá, Pará e Maranhão. A empresa foi aceita no Programa de Primeiros Usuários (Early Adopters) da missão Nasa-ISRO Synthetic Aperture Radar (Nisar). O sistema é inédito em coleta de imagens de Radar de Abertura Sintética (SAR), por satélite, para observação da Terra.

    O engenheiro Fernando Pellon, consultor sênior da Gerência de Geoquímica do Centro de Pesquisas, Desenvolvimento e Inovação da Petrobras (Cenpes), explicou que em regiões inundáveis, os manguezais são ecossistemas muito sensíveis a derrame de óleo, por isso serão muito importantes as informações dos mapas de sensibilidade a derrames de óleo.

    “Esse mapeamento da região onde os manguezais estão inundados ou não, e quando estão inundados, são informações importantes para fazer um estudo de sensibilidade de derrame de óleo e para mapear a biota que está vivendo naquele local. São duas aplicações práticas da missão e dos objetivos da Petrobras”, informou em entrevista à Agência Brasil.

    O projeto será desenvolvido pela agência espacial americana e pela Organização Indiana de Pesquisa Espacial, com início previsto para 2025, quando também a petroleira brasileira passará a utilizar as imagens no seu projeto Observatório Geoquímico Ambiental da Margem Equatorial Brasileira (ObMEQ).

    A Petrobras vai representar um dos 100 projetos da missão. Por parte da empresa, a intenção é monitorar o ambiente marinho e costeiro no trecho dos três estados na Margem Equatorial, além de atualizar o mapeamento desse litoral.

    “Essa é uma tecnologia que permite informações sobre determinado alvo sem contato físico com ele. Por exemplo, pode medir remotamente a temperatura da superfície do mar, pode verificar remotamente se uma planta está verde ou com deficiência hídrica, pode identificar a constituição química e mineralógica de uma rocha. Isso tudo é possível recebendo do alto da Terra uma radiação eletromagnética”, explicou.

    Mudanças climáticas

    Para o engenheiro, o monitoramento vai permitir acompanhar também as mudanças climáticas. “O satélite orbita a 747 quilômetros da Terra e vai obter imagens a cada seis dias de um determinado ponto da superfície da Terra. Vai ter uma cobertura quase contínua de todas as áreas imersas e cobertas de gelo. É uma massa de dados muito interessante. Vai ter informações de biomassa, de desastres naturais, elevação do nível do mar, água subterrânea e vai ter dois sensores. Um da Nasa na chamada banda L e o dos indianos de um comprimento de onda menor na banda S”, disse.

    “Um dos pontos relevantes da missão, justamente, é fornecer subsídios em torno das mudanças climáticas e seus impactos, tanto dos meios físicos como a subida do nível do mar e derretimento da cobertura de gelo, como o impacto nos vegetais e na dinâmica urbana. Em tudo isso ele vai fornecer informações muito valiosas para este tipo de trabalho”, pontuou.

    Segundo Pellon, atualmente, é comum fazer avaliações com base em fotografias aéreas, imagens óticas que aparecem, por exemplo, no google maps. O engenheiro acrescentou que essas imagens são adquiridas na margem do visível, ou seja, recebem energia por comprimento de ondas que permitem aos olhos humanos enxergarem. Entretanto, existem outras faixas do espectro eletromagnético em que também existe radiação e não são percebidas. Com esse programa vai ser possível obter imagens para análises, mesmo que o céu esteja coberto por nuvens, o que não ocorre com outros sistemas.

    “Uma delas é a infravermelho que se tem informação sobre a construção mineralógica e química das rochas. A gente não vê, mas esta informação está disponível e os sensores em aviões ou satélites são capazes de captá-las. No entanto, para essa faixa de espectro nas nuvens elas constituem barreiras, porque esses sensores medem a energia refletida pelo sol. Se a nuvem está no caminho ela é uma barreira e o sensor só consegue pegar a energia refletida pela nuvem. A imagem é cheia de nuvens”, observou.

    O consultor do Cenpes adiantou mais uma aplicação significativa do sistema. “Uma outra vantagem do sistema de radar é que como dispõe da sua própria energia, se pode adquirir imagens à noite, porque não depende da luz solar. É como se fosse um flash. Se consegue fazer a imagem no escuro fazendo uma comparação”.

    Rio Grande do Sul

    Como o satélite terá condição de fazer uma cobertura contínua em toda a área imersa do globo terrestre, o engenheiro disse que pode ajudar também na avaliação dos impactos que o Rio Grande do Sul enfrentou após os desastres ambientais de maio deste ano.

    “Vai ter dados também dessa região, por isso é uma missão tão importante”, disse, destacando que a importância das informações aumenta na medida em que são compartilhadas.

    “O grande barato hoje é compartilhar, você cresce muito mais compartilhando do que excluindo. De fato, essa questão das mudanças climáticas é um assunto de interesse global, e toda informação de qualquer lugar do mundo é importante”, disse.

    O projeto ObMEQ é um dos 13 realizados pelo Cenpes na área de sustentabilidade e meio ambiente para a Margem Equatorial. De acordo com a Petrobras, eles são desenvolvidos em rede por diversas instituições, com a participação de universidades e de outros grupos da região, como costuma ocorrer nas parcerias de pesquisa da empresa.

    Transparência

    Na visão da empresa, o projeto terá transparência uma vez que fornecerá a configuração sempre atualizada do litoral da Margem Equatorial, disponível para utilização não só de diversas áreas da Petrobras, como de órgãos ambientais e da sociedade, conforme as necessidades de cada um.

    “Uma utilização adicional dos dados da Missão Nisar diz respeito à detecção de manchas de óleo na superfície do mar, tanto de origem natural [exsudações] como antrópica [derrames]”, explicou.

    O projeto ObMEQ, segundo a empresa, resulta da parceria entre o Cenpes e um ecossistema de universidades e instituições do Norte-Nordeste, liderados pela Universidade Federal do Pará (UFPA).

    “A participação do Cenpes no Early Adopters Program da Missão Nisar é um selo de qualidade científica para o Projeto ObMEQ, uma prova de que a Petrobras e seus parceiros acadêmicos no Brasil estão articulados com o que há de mais avançado na comunidade científica internacional. A colaboração entre os cientistas brasileiros e da Nasa será uma importante contribuição à aquisição do conhecimento científico necessário para o monitoramento ambiental sistemático da zona costeira de manguezais ao longo da Margem Equatorial”, disse.

  • Reflorestamento em áreas privadas ajuda a preservar Mata Atlântica

    Reflorestamento em áreas privadas ajuda a preservar Mata Atlântica

    Em 2020, o sítio de Mário Honorio Teixeira Filho em Cachoeiras de Macacu, Rio de Janeiro, ficou sem água. A propriedade já havia sido usada para plantação de mandioca e inhame. Quando adquiriu as terras, Honório quis realizar o sonho de criar gado, transformando o local em pasto. Localizada em uma área originalmente de Mata Atlântica, sem a vegetação nativa, e com cada vez menos árvores, a fonte não resistiu e secou.

    Esse foi o alerta necessário para que Honório cedesse à pressão do filho, Mário Bruno Teixeira, de reflorestar ao menos parte do terreno. Em menos de um ano, com a nova vegetação, a água voltou.

    “A gente não está plantando árvore. A gente está plantando água, na verdade. É disso que a gente precisa”, diz Leonardo de Mattos, que mora no sítio. Leonardo e Bruno produzem juntos, na propriedade, a Pi Kombucha Tropical, bebida fermentada feita a partir de chá, vendida na cidade do Rio de Janeiro e em São Paulo. “Esses dias avistamos um tamanduá. Nunca imaginamos que fossemos ver um animal desses por aqui”, conta.

    Cachoeiras de Macacu (RJ) 26/11/2024 – Leonardo de Mattos, produtor da bebiba Pi Kombucha Tropical, que é beneficiado pelo reflorestamento do Projeto Guapiaçu, restaurador da Mata Atlântica em terras antes degradadas, contribuindo para a manutenção dos recursos hídricos. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Cachoeiras de Macacu (RJ) 26/11/2024 – Leonardo de Mattos, produtor da bebiba Pi Kombucha Tropical, que é beneficiado pelo reflorestamento do Projeto Guapiaçu, restaurador da Mata Atlântica em terras antes degradadas, contribuindo para a manutenção dos recursos hídricos. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

    Após a morte do pai, o sítio passou a ser administrado por Bruno, que expandiu a área de reflorestamento. Com 1 hectare, o equivalente a um campo de futebol oficial, em um ano, a água já voltou a brotar do solo. Agora, o reflorestamento está chegando a mais 3,8 hectares. “O ar está mais puro, os animais estão voltando, a gente está vendo muito pássaro voltando, o que a gente não tinha dez anos atrás. É uma alegria muito grande”, diz Leonardo.

    O reflorestamento do sítio foi feito como parte do projeto Guapiaçu, realizado pelo Ação Socioambiental (Asa) em parceria da Petrobras. O desafio do projeto é reflorestar propriedades privadas, como a de Bruno, mostrando aos produtores e proprietários que ter uma área de floresta, melhora tanto a qualidade da produção quanto a qualidade de vida local e de todo o entorno.

    Propriedades privadas e a Mata Atlântica

    A Mata Atlântica é o bioma brasileiro com maior número de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção no país. O bioma está distribuído em 17 estados (Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe).

    Cerca de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica. Mas, isso pode passar desapercebido porque segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), 71,6% foi desmatada. Segundo a Fundação SOS Mata Atlântica, quase 80% das áreas remanescentes do bioma estão em propriedades privadas.

    “O nosso trabalho de mobilização de áreas é feito com dos proprietários da região. Nós visitamos, insistimos, conversamos. Temos muito tempo de cadeira, tomando cafezinho com os proprietários”, diz a presidente do Ação Socioambiental e Coordenadora executiva do Projeto Guapiaçu, Gabriela Viana.

    Segundo Viana, os benefícios são muitos. “A gente tá aqui, na sombra, ali do lado tem sol, ninguém quer ficar no sol. A gente está usufruindo dessa sombra porque é um serviço do ecossistema. É o primeiro que a gente sente. Quando a gente entra na floresta, fora a quantidade e a qualidade da água e a biodiversidade. É um valor que nem todo mundo percebe ou consegue tangibilizar o que a gente tem de biodiversidade principalmente na Mata Atlântica”.

    Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A presidente da Ação Socioambiental (ASA), Gabriela Viana, fala sobre o Projeto Guapiaçu, que trabalha reflorestamento de áreas degradadas para restauração da Mata Atlântica, monitoramento de espécies e educação ambiental. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A presidente da Ação Socioambiental (ASA), Gabriela Viana, fala sobre o Projeto Guapiaçu, que trabalha reflorestamento de áreas degradadas para restauração da Mata Atlântica, monitoramento de espécies e educação ambiental. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

    De acordo com Viana, nos últimos seis anos, o projeto visitou mais de um mil propriedades em Cachoeiras de Macacu, onde atua. A equipe foi recebida em apenas 200 delas e 16 de fato aceitaram a parceria. Ao todo, até o momento, foram plantadas mais de 500 mil mudas em 300 hectares.

    Os proprietários cedem o terreno e o projeto se encarrega de todo o plantio, selecionando espécies nativas da Mata Atlântica – atendendo também aos pedidos dos produtores, caso desejem alguma espécie específica, desde que estejam na lista da flora local. Também realiza a manutenção, cuidando para que as árvores consigam se estabelecer, e a floresta seja capaz de se manter por conta própria. O custo é R$ 60 mil a R$ 90 mil por hectare, que ficam a cargo do projeto Guapiaçu.

    Corredores de floresta

    As ações em Cachoeiras de Macacu têm uma especificidade, lá está o Parque Estadual dos Três Picos, o maior parque estadual e também local de preservação da Mata Atlântica – que se estende também por Nova Friburgo, Teresópolis, Guapimirim e Silva Jardim. É na porção de Cachoeiras de Macacu que estão dois terços das florestas e 60% das águas do parque.

    O município é conhecido pelo potencial hídrico. Próximo dali, na Serra dos Órgãos, a cerca de 1,7 mil metros de altitude, nasce o rio Macacu, que é o principal rio que desagua na Baía de Guanabara, no estado do Rio de Janeiro. A bacia hidrográfica do rio Guapi-Macacu – formada pela união do rio Macacu com o rio Guapimirim – é responsável pelo abastecimento de água de cerca de 2 milhões de pessoas nos munícipios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói.

    Segundo o Projeto Guapiaçu, reflorestar propriedades que estão às margens do parque, como a de Bruno, aumenta a área de floresta. Ao invés de se criar ilhas de reflorestamento em áreas afastadas umas das outras, cria-se um corredor de floresta, unindo áreas de preservação e áreas de reflorestamento, permitindo que os animais e também as plantas tenham mais espaço para se estabelecer. O mesmo ocorre quando diversas propriedades vizinhas optam pelo reflorestamento.

    “Quando você faz justamente essas conexões entre os fragmentos [de floresta] você permite que esses animais circulem, permite o fluxo gênico, permite que a genética ali aconteça em uma variabilidade maior. Você tem um maior número de animais que estão se reproduzido entre si, não são ilhas isoladas, né? Por isso que ter diversas propriedades que façam essa adequação ambiental é muito interessante, porque ganha todo mundo”, explica a coordenadora operacional do Projeto Guapiaçu, Tatiana Horta.

    Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 - A bióloga Tatiana Horta com a comunicadora Vitória Lima, do Projeto Guapiaçu, na área de reflorestamento da Fazenda Vital Brazil, para restauração da Mata Atlântica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A bióloga Tatiana Horta com a comunicadora Vitória Lima, do Projeto Guapiaçu, na área de reflorestamento da Fazenda Vital Brazil, para restauração da Mata Atlântica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

    De acordo com Gabriela Viana, em Cachoeiras de Macacu, 99% das propriedades são pequenas propriedades e apenas cerca de dez fazendas são consideradas grandes, com mais de um mil hectares. Mesmo pequenas áreas, como a de Bruno, podem fazer a diferença. Um hectare replantado, foi suficiente, por exemplo, para que a fonte voltasse a jorrar. O projeto acompanha o reflorestamento por três anos, tempo geralmente suficiente para a floresta se estabelecer. Em 20 anos, já é possível ter uma floresta com uma animais, com fauna e flora recompostas.

    “Eu acho que plantar uma árvore é um ato muito generoso”, diz Viana. “Eu plantei um jequitibá com as cinzas do meu avô e eu, muito provavelmente, não vou sentar embaixo desse jequitibá para usufruir da sombra, mas eu vou deixar o jequitibá para os meus filhos e meus netos”.

    Diante da crise climática, perguntado se acredita que ainda dá tempo de salvar os seres humanos, e as florestas, Viana afirma: “Eu acredito que dá tempo”.

    *A equipe viajou a convite da Petrobras

  • Educação ambiental busca aproximar a população da Mata Atlântica

    Educação ambiental busca aproximar a população da Mata Atlântica

    Com uma garrafa, a educadora ambiental Ríllary Lemos coleta um pouco de água de um dos córregos do Parque Estadual dos Três Picos, na região serrana do estado do Rio de Janeiro. Para grupos de estudantes de escolas pública e para os demais visitantes, ela faz alguns testes para verificar a qualidade da água.

    “Aqui a gente tem três dos experimentos que nós fazemos. Tem o detergente que é para analisar se tem a presença de algum tipo de sabão na água, tem o oxigênio dissolvido para ver os níveis de oxigenação daquela água e tem o PH [que mede o nível de acidez] que é o mais simples que a gente faz e só precisa de um reagente”, explica.

    Mas mais importante do que qualquer resultado, é que as pessoas tomem consciência do ambiente que as cerca e conheçam mais da natureza, da qual os seres humanos também fazem parte.

    “A maior preocupação é sensibilizar eles a olharem para os rios porque aqui a gente tem muito costume de ignorar, porque é algo comum para a gente. Então, a gente faz com que eles parem na beira do rio e comecem a analisar aquele rio. Se ali está sem a mata ciliar [vegetação às margens dos rios] ou não. Isso é importante de se perceber. A gente teve um episódio de chuvas aqui no início do ano e teve uma enchente. A gente percebeu que muito lugar não tinha mata ciliar e ficou muito degradado. Eles conseguiram entender o porquê de ficar degradado”, diz a educadora ambiental.

    Ríllary faz parte do projeto Guapiaçu, realizado pelo Ação Socioambiental (Asa) em parceria da Petrobras. Além de trabalhar com o reflorestamento da Mata Atlântica em propriedades privadas, o projeto é voltado para educação ambiental, a fim de conscientizar a população.

    Observar os recursos hídricos tem uma especial importância em Cachoeiras de Macacu. No Rio de Janeiro, onde o projeto é desenvolvido. O município é conhecido pelo potencial hídrico. Próximo dali, na Serra dos Órgãos, a cerca de 1,7 mil metros de altitude, nasce o rio Macacu, que é o principal rio que desagua na Baía de Guanabara. A bacia hidrográfica do rio Guapi-Macacu – formada pela união do rio Macacu com o rio Guapimirim – é responsável pelo abastecimento de água de cerca de dois milhões de pessoas nos munícipios de Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, Itaboraí, São Gonçalo e Niterói.

    Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A educadora ambiental do Projeto Guapiaçu Ríllary Lemos demonstra a análise de água no Parque Estadual dos Três Picos, parte do trabalho de monitoramento da Mata Atlântica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – A educadora ambiental do Projeto Guapiaçu Ríllary Lemos demonstra a análise de água no Parque Estadual dos Três Picos, parte do trabalho de monitoramento da Mata Atlântica. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

    “A gente quer trazer a consciência para as pessoas para que elas se sintam parte do ambiente e assim, elas possam cuidar dele, né? A gente acredita em um pertencimento como forma de fazer com que as pessoas entendam, não apenas as crianças, a educação ambiental vai além delas”, diz a gestora do Parque Três Picos, Maria Alice Domingos Picoli, parceiros do projeto Guapiaçu.

    O Parque Estadual dos Três Picos é o maior parque estadual do Rio de Janeiro – ele se estende também por Nova Friburgo, Teresópolis, Guapimirim e Silva Jardim. É na porção de Cachoeiras de Macacu que estão dois terços das florestas e 60% das águas do parque.

    Um dos principais objetivos do parque, criado em 2002, é assegurar a preservação dos remanescentes de Mata Atlântica, que é o bioma brasileiro com maior número de espécies de plantas e animais ameaçados de extinção no país. Cerca de 70% da população brasileira vive em áreas de Mata Atlântica. Mas, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ao longo da história do Brasil, 71,6% do bioma foi desmatado.

    “A gente conta muito com essas pessoas que vivem nos limites do parque né? A gente precisa fazer essa rede, fazer essa parceria com todo mundo pra gente conseguir preservar. Porque nós não somos ilhas, né? A gente não consegue fazer isso de forma fragmentada, a gente precisa se unir”, diz Picoli.

    Nas escolas e na paisagem

    Em todo o país, a partir de 2025, a educação ambiental deverá fazer parte do dia a dia de todas as escolas. A Lei 14.926, sancionada em 2024, modifica a Política Nacional de Educação Ambiental de 1999, acrescentando o estudo desses assuntos entre os objetivos da educação ambiental nacional.

    As escolas deverão estimular estudantes a participar de ações de prevenção e diminuição das mudanças climáticas. O objetivo é garantir que os projetos pedagógicos, na educação básica e no ensino superior, contem com atividades relacionadas aos riscos e emergências socioambientais e a outros aspectos relacionados à questão ambiental e climática.

    Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – Centro de visitantes do Parque Estadual dos Três Picos, que recebe monitoramento do Projeto Guapiaçu, para restauração da Mata Atlântica e educação ambiental. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil Cachoeiras de Macacu (RJ) 25/11/2024 – Centro de visitantes do Parque Estadual dos Três Picos, que recebe monitoramento do Projeto Guapiaçu, para restauração da Mata Atlântica e educação ambiental. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil – Fernando Frazão/Agência Brasil

    Em Cachoeiras de Macacu, além de ser feita em espaços como o Parque dos Três Picos, a educação ambiental está também presente em áreas de lazer como na Prainha do rio Guapiaçu. O reflorestamento feito pelo projeto Guapiaçu em uma propriedade que margeia o rio, mudou a paisagem do local onde as pessoas vão para se divertir e nadar. Ao invés de um pasto, agora há diversas árvores.

    A profissional do lar, Angelita Ferraz, de 55 anos, visitou a Prainha esta semana, depois de 26 anos sem ir ao local. “Tá muito lindo, tá bem arborizado, com muita sombra. Para cá, onde eram as árvores, era uma grande praia, por isso era chamado de prainha. Era uma grande praia de areia. O rio era mais largo e ali nós chamávamos de Poço da Lua. Nós vínhamos para cá, ficávamos acampados aqui, comendo camarão, tocando viola”, conta.

    Ela deu um mergulho com a nova vista. “Não tem palavras. Se eu for falar, eu vou ficar chorando. É uma sensação muito gostosa, é gratificante olhar, ver tudo isso aqui”, diz.

    *A equipe viajou a convite da Petrobras

  • Petrobras prevê investimento de US$ 111 bilhões entre 2025 e 2029

    Petrobras prevê investimento de US$ 111 bilhões entre 2025 e 2029

    O Conselho de Administração da Petrobras aprovou nessa quinta-feira (21) o Plano de Negócios 2025-2029 (PN 2025-29). A previsão é que haja investimentos de US$ 111 bilhões no período, sendo US$ 98 bilhões na Carteira de Projetos em Implantação e US$ 13 bilhões na Carteira de Projetos em Avaliação.

    Do valor total de US$ 111 bilhões, a previsão é de que US$ 77 bilhões sejam investidos em exploração e produção, US$ 20 bilhões em refino, transporte e comercialização, US$ 11 bilhões em gás e energias de baixo carbono e US$ 3 bilhões na parte corporativa.

    Segundo a companhia, este ano o plano foi dividido em duas partes: o PE 2050, que propõe refletir sobre o futuro do planeta e como a empresa quer ser reconhecida em 2050 e o PN 2025-29, com metas de curto e médio prazo.

    O planejamento da Petrobras estima que o fornecimento de energia nesse período passe de 4,3 exajoules (EJ) em 2022 para 6,8 EJ em 2050, o que manteria a companhia como responsável por 31% da oferta primária de energia do Brasil. A Petrobras também tem o objetivo de neutralizar suas emissões operacionais até 2050.

    A estatal declara que “concentrará esforços no aproveitamento dessas oportunidades do mercado de óleo e gás, com foco em reposição de reservas, na produção crescente com menor pegada de carbono e na ampliação da oferta de produtos mais sustentáveis e de maior qualidade no seu portfólio”.

    Segmentação

    No segmento de Exploração e Produção (E&P), cerca de 60% devem ser destinados aos ativos do pré-sal. Segundo a companhia, há projetos grandes de revitalização (REVITs) para aumentar os fatores de recuperação em campos maduros, especialmente na Bacia de Campos.

    No segmento de Refino, Transporte, Comercialização, Petroquímica e Fertilizantes (RTC), a nova previsão de investimentos corresponde a um aumento de 17% em relação ao plano anterior. O objetivo é aumentar a capacidade do parque da Petrobras, ampliar a oferta de produtos de alta qualidade, como Diesel S10 e lubrificantes, e de combustíveis de baixo carbono. Estima-se um aumento na capacidade de destilação de 1.813 mil barris por dia (bpd) para 2.105 mil bpd.

    Os projetos de Gás Natural e Energia (G&E) preveem o desenvolvimento de duas usinas termelétricas (UTEs) no Complexo de Energia Boaventura em Itaboraí (RJ), sendo a implementação desses projetos condicionada ao sucesso em leilões futuros de reserva de capacidade de energia.

    Há indicativo de investimentos de US$ 16,3 bilhões em transição energética, que levam em conta as iniciativas de baixo carbono. Elas englobam projetos em Energias de Baixo Carbono, para descarbonização das operações e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) que permeia todos os segmentos. Esse volume corresponde a um aumento de 42% em relação ao plano anterior.

  • Petrobras aprova pagamento de R$ 20 bilhões aos acionistas

    Petrobras aprova pagamento de R$ 20 bilhões aos acionistas

    O Conselho de Administração da Petrobras aprovou nesta quinta-feira (21) o pagamento de R$ 20 bilhões de dividendos extraordinários aos acionistas. O valor equivale a R$ 1,55174293 por ação ordinária e preferencial em circulação. Serão R$ 15,6 bilhões como dividendos intermediários, com base na reserva de remuneração do capital, e R$ 4,4 bilhões como dividendos intercalares.

    A estatal informa que a distribuição está alinhada à Política de Remuneração aos Acionistas vigente, que prevê que a distribuição de remuneração extraordinária, desde que a sustentabilidade financeira da Petrobras seja preservada.

    Para quem tem ações de emissão da Petrobras negociadas na B3, o pagamento da parcela única será feito em 23 de dezembro de 2024. Os detentores de ADRs (American Depositary Receipt – certificado, emitido por bancos norte-americanos, que representa ações de uma empresa fora dos Estados Unidos) receberão o pagamento a partir de 03 de janeiro de 2025.

    A data de corte, segundo a Petrobras, é 11 de dezembro de 2024 para os detentores de ações de emissão da Petrobras negociadas na B3; e 13 de dezembro de 2024 para os detentores de ADRs negociados na New York Stock Exchange (NYSE). As ações da Petrobras serão negociadas ex-direitos na B3 a partir de 12 de dezembro de 2024.

    Também foi informado que o pagamento será contemplado na proposta de remuneração aos acionistas do exercício de 2024 a ser aprovada na Assembleia Geral Ordinária de 2025, e terá o valor reajustado pela taxa Selic desde a data do pagamento até o encerramento do exercício social corrente, para fins de cálculo do montante a ser descontado.

  • Petrobras e Gerdau firmam parceria no mercado livre de gás

    Petrobras e Gerdau firmam parceria no mercado livre de gás

    A Petrobras e o grupo produtor de aço Gerdau assinaram, nesta segunda-feira (11), contratos para fornecimento de gás natural no mercado livre de comercialização, atendendo a unidade de produção de aços especiais no Rio Grande do Sul.

    O acordo marca a primeira migração de um cliente do mercado industrial cativo para o mercado livre no estado gaúcho. Assim, a companhia se torna pioneira na mudança para esse modelo de comercialização no estado, cujas regras foram recentemente aprovadas pela agência reguladora estadual e pelo governo gaúcho.

    “A ampliação da parceria entre Petrobras e Gerdau no mercado livre de gás demonstra que o portfólio de venda de gás natural da Petrobras está, a cada dia, mais competitivo e atrativo. Estamos investindo mais de US$ 7 bilhões em novas infraestruturas de oferta de gás natural, além de oferecer diversas opções de contratos flexíveis, adequados às necessidades dos clientes, com diferentes modalidades de prazo e indexadores, contribuindo para a descarbonização e aumento da competitividade da indústria nacional”, afirmou o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras, Maurício Tolmasquim.

    “A Gerdau teve início há mais de 123 anos no Rio Grande do Sul e tem o estado como uma de suas bases para crescimento no longo prazo. Este acordo fortalece a competitividade de suas operações. A nova parceria com a Petrobras representa movimento pioneiro e inovador na busca pelo desenvolvimento do mercado livre do gás natural no Rio Grande do Sul, um insumo que acreditamos ser fundamental para a produção e descarbonização do aço nos próximos anos”, informou a diretora global de Energia e Suprimentos da Gerdau, Flávia Souza.

    A Petrobras, a Gerdau e a Sulgás consolidam o pioneirismo no mercado livre de gás natural, apostando no desenvolvimento de soluções para a criação de um ambiente de comercialização, competitivo, transparente, sustentável e cada vez mais avançado no país.

    “O mercado livre é positivo para todos os agentes do mercado. Os consumidores passam a ter maior liberdade de escolha, os supridores atuam em um mercado mais aberto e competitivo, e a distribuidora segue focada em expandir e operar a rede com segurança e excelência, conectando mais consumidores ao sistema. O propósito da Sulgás é promover o desenvolvimento do Rio Grande do Sul. Apoiar e integrar o mercado livre do gás faz parte dessa jornada”, disse o diretor executivo da Sulgás, Marcelo Leite.