Entre os dias 21 a 25 de outubro, a convite da empresa Agromillora Produção e Comércio de Mudas Vegetais, o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura (Cruz das Almas, BA), Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, Eduardo Augusto Girardi, coordenador da Unidade Mista de Pesquisa e Transferência de Tecnologia (UMIPTT) Cinturão Citrícola, visitou áreas plantas com citros e outras fruteiras no Chile.
A Unidade mantém um projeto com a multinacional espanhola de micropropagação de plantas e com a Agroterenas S/A para avaliação de porta-enxertos ananicantes do Programa de Melhoramento Genético de Citros em plantio adensado no Mato Grosso do Sul.
Na viagem, Girardi visitou os laboratórios e viveiros da Agromillora em Curicó e pomares ultra-adensados de cereja e ameixa-europeia conduzidos em renque ou setos para colheita mecanizada na região de Talca. Além disso, conheceu viveiros e pomares de laranjas Bahia e limão tipo Siciliano para exportação na região de Quillota e ainda a Pontificia Universidade Catolica de Valparaíso e experimentos com fruticultura na Estação experimental La Palma da universidade. “A citricultura do Chile tem cerca de 30 mil hectares, com grande aumento de tangerinas nos últimos anos, mas ainda prevalencendo a combinação de Bahia Fukumoto enxertada em trifoliata Rubidoux, gerando frutos com qualidade excepcional. Chama a atenção a poda intensiva das plantas, especialmente no sistema em V, ou seja, com retirada de uma seção vertical da copa que permite maior insolação interna e acesso mais ágil aos frutos que se formam em maior quantidade dentro da copa”, comenta.
Finalmente, apresentou, no dia 24, na capital Santiago, palestra sobre novos porta-enxertos e a citricultura do futuro na Fruit Trade 2024, maior feira de negócios da fruticultura chilena, edição em que Brasil foi homenageado. “Com menos de 400 mil hectares de fruticultura, o Chile exporta mais de US$ 6 bilhões/ano. É uma grande plataforma de exportação de frutas frescas, altamente especializada, com grande crescimento das cerejas e avelãs. Em citros, são livres de diversas pragas, incluso HLB e seu vetor. Assim, houve muito interesse em conhecer os trabalhos da Embrapa para o desenvolvimento de porta-enxertos híbridos que facilitem o manejo dessa doença e outras”, finaliza Girardi.
A produção da indústria brasileira cresceu 1,1% em setembro deste ano em relação a agosto. Essa é a segunda alta consecutiva porque em agosto a expansão havia sido de 0,2%. A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) foi divulgada nesta sexta-feira (1º), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A indústria também apresentou expansão na comparação com setembro do ano passado (3,4%), a quarta alta consecutiva, e nos acumulados do ano (3,1%) e de 12 meses (2,6%).
As principais altas em setembro – na comparação com agosto – vieram dos setores de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (4,3%), produtos alimentícios (2,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (2,5%), produtos do fumo (36,5%), metalurgia (2,4%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,3%). No total, 12 dos 25 ramos industriais pesquisados apresentaram crescimento.
Queda
Ao mesmo tempo, 12 setores tiveram queda, com destaque para indústrias extrativas (-1,3%), produtos químicos (-2,7%), outros equipamentos de transporte (-7,8%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-3,7%). Produtos de borracha e material plástico apresentaram estabilidade na produção.
Três das quatro grandes categorias econômicas da indústria cresceram de agosto para setembro: bens de capital, isto é, máquinas e equipamentos usados no setor produtivo (4,2%), bens intermediários (insumos industrializados usados no setor produtivo (1,2%) e bens de consumo semi e não duráveis (0,6%). Apenas o segmento de bens de consumo duráveis teve queda (-2,7%).
A Assembleia Legislativa de Mato Grosso aprovou mais um passo do projeto de lei que promete transformar a rotina das escolas estaduais. O uso de celulares em sala de aula será proibido, visando melhorar o rendimento dos alunos e criar um ambiente mais propício para o aprendizado.
A iniciativa, de autoria do governador Mauro Mendes, contou com o apoio da maioria dos pais de alunos, conforme pesquisa realizada pela Secretaria de Estado da Educação. A pesquisa revelou que 86% dos pais entrevistados concordam com a medida, que busca reduzir as distrações durante as aulas e incentivar a concentração dos estudantes.
A proibição do uso de celulares em sala de aula não é absoluta. Alunos com necessidades especiais, que dependem dos aparelhos para auxiliar em suas atividades, poderão utilizá-los mediante autorização. Além disso, a lei prevê medidas pedagógicas para orientar os estudantes sobre o uso responsável dos dispositivos eletrônicos fora do ambiente escolar.
A decisão de proibir os celulares em sala de aula se baseia em estudos que apontam para os impactos negativos do uso excessivo desses aparelhos no processo de aprendizagem. A distração causada pelas notificações, jogos e redes sociais pode prejudicar a atenção e a memorização dos alunos.
Com a nova lei, Mato Grosso se junta a outros estados brasileiros que já adotaram medidas semelhantes, demonstrando o crescente reconhecimento da importância de um ambiente escolar livre de distrações para garantir um ensino de qualidade.
Pesquisadores da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e da Embrapa conduziram um estudo para avaliar a porosidade do solo em diferentes sistemas de manejo agrícola no Bioma Cerrado. O levantamento mostrou que práticas agrícolas sustentáveis podem preservar características do solo, como a porosidade e a agregação, em níveis comparáveis ao de áreas de mata nativa. Segundo o estudo, o manejo adequado do solo favorece a deposição de matéria orgânica, essencial para a saúde do ecossistema e o desenvolvimento de culturas e pastagens.
Érika Pinheiro, pesquisadora da UFRRJ, detalha que a densidade do solo é um fator crucial que influencia diretamente a porosidade, a capacidade de infiltração de água, o crescimento radicular e a emergência das plantas. Segundo ela, esses aspectos são determinantes para a produtividade agrícola, especialmente em solos do Cerrado, que têm características únicas e requerem cuidados específicos. “O estudo avaliou a porosidade do solo sob diferentes sistemas de manejo agrícola em comparação com uma área de mata nativa no bioma Cerrado, no município de João Pinheiro, MG”, explicou Pinheiro.
Para a realização do estudo, os pesquisadores coletaram amostras de solo em diferentes áreas de cultivo e manejo no Cerrado. As amostras foram utilizadas para determinar a densidade do solo e a qualidade da porosidade em três tipos de manejo: plantio convencional de milho, pastagem produtiva com capim mombaça, e uma área de Cerrado denso preservado, utilizado como referência de comparação e como estratégia para o protocolo de MRV (monitoramento, relato e verificação) para o Projeto PRS Cerrados, esclarece Celso Manzatto, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente.
A análise revelou que, no sistema de plantio convencional de milho, a densidade e porosidade do solo eram semelhantes às observadas nas áreas de mata nativa e nas pastagens. De acordo com o pesquisador Celso Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente, essa similaridade se deve ao histórico de uso da área com cultivo de Brachiaria, o que ajudou a enriquecer o solo com matéria orgânica via sistema radicular.
Já Letícia Pimenta, também pesquisadora da UFRRJ, informa que a área destinada ao plantio de milho teve um período de cultivo de abóbora sob plantio direto no ano anterior, o que contribuiu para reduzir a compactação do solo, pois o sistema não envolveu o uso de maquinário pesado para revolvimento. Esse intervalo entre as culturas e a ausência de operações mecanizadas ajudaram a manter a estrutura do solo mais favorável à infiltração de água e ao crescimento das raízes.
Nas áreas de pastagem produtiva, a conservação da porosidade do solo foi explicada por uma série de práticas de manejo voltadas para o controle do impacto da atividade pecuária. Segundo David Campos, pesquisador da Embrapa Solos, o uso controlado da taxa de lotação animal e a rotação entre os piquetes permitem que o capim mombaça tenha períodos de recuperação, o que contribui para a preservação da estrutura do solo e, consequentemente, sua porosidade.
Essa prática, segundo os especialistas, diminui o risco de compactação causado pelo pisoteio excessivo do gado, além de promover o desenvolvimento de um sistema radicular mais robusto, capaz de contribuir para a manutenção e aumento da matéria orgânica no solo.
Importância do manejo adequado para o Bioma Cerrado
A preservação da estrutura do solo no Cerrado é fundamental para a sustentabilidade do bioma e para a manutenção da produtividade agrícola a longo prazo. O Cerrado, uma das regiões mais ricas em biodiversidade do planeta, é também um dos ecossistemas mais suscetíveis a impactos ambientais. O manejo inadequado do solo pode levar à sua compactação, redução da capacidade de infiltração de água e diminuição do suporte às raízes das plantas.
A pesquisa conduzida pela equipe da UFRRJ e da Embrapa reforça a importância das práticas de manejo que mantêm o solo em condições semelhantes às das áreas nativas, mesmo em cenários de produção agrícola e pecuária. Essa abordagem, que inclui o uso de pastagens bem manejadas e práticas de plantio direto, revela-se fundamental para a conservação do solo e da vegetação nativa, ajudando a garantir a resiliência dos solos do Cerrado e a segurança alimentar das próximas gerações. A pastagem produtiva com o capim Massai também foi avaliada no estudo sobre a porosidade.
Os resultados deste estudo oferecem subsídios para que produtores e técnicos do setor agrícola adotem práticas sustentáveis no manejo do solo. A pesquisa confirma que é possível conciliar a produção com a conservação ambiental, especialmente em regiões ecologicamente sensíveis, como o Cerrado.
Esse trabalho foi apresentado na XXI Reunião Brasileira de Manejo e Conservação do Solo e da Água e VIII Simpósio Mineiro de Ciência do Solo, 2024 e os autores são Letícia Pimenta, Vanessa Pereira, Amanda Santos, Maria Eduarda Xistuli, Érika Pinheiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, David de Campos, da Embrapa Solos e Celso Manzatto, da Embrapa Meio Ambiente.
A 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), realizada em Cuiabá entre os dias 22 e 24 de outubro, reuniu 215 projetos científicos de estudantes de Mato Grosso, do ensino fundamental ao doutorado, evidenciando o potencial da pesquisa e inovação do estado. O evento, promovido pela Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Seciteci) e realizado no Centro de Eventos do Pantanal, teve como tema “Biomas do Brasil – Diversidade, Saberes e Tecnologias Sociais”, um incentivo à valorização da biodiversidade brasileira e à ciência como ferramenta social.
Entre os projetos expostos, o “Dog Vision – Um cão guia robótico para auxiliar pessoas com deficiência visual” chamou a atenção do público e do júri. Desenvolvido pela estudante Mariah Clara Dorneles Martins, do ensino fundamental da Escola Municipal São Cristóvão, de Lucas do Rio Verde, o projeto conquistou a premiação na categoria do ensino fundamental. Com um protótipo que custou cerca de R$ 2 mil, arrecadados com o apoio da escola e dos pais, Mariah e sua equipe desenvolveram um dispositivo de assistência para deficientes visuais, unindo tecnologia e acessibilidade.
“É uma alegria imensa estar aqui, representando minha escola e minha cidade. Isso é fruto do esforço do professor, dos alunos, das nossas famílias e do colégio”, afirmou Mariah. A iniciativa destaca o engajamento dos jovens com a robótica e a inovação, e seu potencial para desenvolver soluções práticas para problemas sociais, mesmo nas fases iniciais da educação.
Avaliação e destaques
Além do destaque na categoria ensino fundamental, a SNCT 2024 promoveu a Mostra Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (MECTI), com 110 projetos do ensino básico, e uma categoria para 105 trabalhos de nível superior, concorrendo ao edital 010/2024 da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat). A complexidade e a qualidade dos trabalhos impressionaram os avaliados. “Foi uma surpresa ver o nível de aprofundamento e a criação de protótipos. É garantido a seriedade dos estudantes com a pesquisa”, disse a avaliada Elinez Rocha, que examinou trabalhos de diversos níveis educacionais.
Outro projeto premiado foi a estudante Isadora Martha Nabarrete, do Colégio Master de Cuiabá, que desenvolveu o “Restaura H2o”, um dispositivo para purificação de água em locais com acesso limitado a estações de tratamento de esgoto. Com potencial para atuar em córregos, lagos e outros corpos hídricos, o projeto visa oferecer uma solução prática para a filtragem de água em áreas remotas.
O evento também foi uma vitrine para estudos avançados, como o trabalho de mestrado do biólogo Ivan Luiz, do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que venceu o edital da Fapemat com uma pesquisa sobre biomonitoramento ecotoxicológico na bacia do rio Cuiabá. Seu estudo alerta para o risco de doenças graves devido à presença de protozoários em áreas urbanas poluídas, como o Rio Coxipó.
Para o secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação, Allan Kardec, o evento reflete o impacto dos investimentos públicos na pesquisa científica e no desenvolvimento do estado. “Esses projetos mostram que Mato Grosso é capaz de produzir ciência de qualidade, preservando o meio ambiente e atendendo a questões sociais importantes”, afirmou.
A SNCT premia os vencedores das categorias fundamental, médio e técnico com R$ 96,6 mil em bolsas de iniciação científica para alunos e bolsas de apoio técnico para professores, patrocinadas pela Fapemat e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ). As premiações para os trabalhos de nível superior totalizaram R$ 190 mil e contaram com o patrocínio da Fapemat e apoio do Instituto Farmun. Além disso, o evento incluiu atividades culturais e de inovação, como a competição de foguetes recicláveis e distribuição de mudas, reforçando o papel da ciência e tecnologia na construção de um futuro sustentável.
Uma equipe composta por pesquisadores da Embrapa Acre, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Kaiserslautern-Landau (RPTU), na Alemanha, investiga os impactos de diferentes usos da terra na dinâmica da matéria orgânica do solo na Amazônia Ocidental. A atividade faz parte da segunda fase do projeto Process-based management of Diversity Generates sustainable Yield (Prodigy Biotip), liderado pela universidade alemã, e inclui coletas de solos em diferentes tipos de paisagens. No mês de outubro as coletas aconteceram em áreas de pastagem, pasto consorciado, florestas nativas, áreas de cultivo de seringueira e floresta regenerada do município de Rio Branco.
O pesquisador da Embrapa Acre, Falberni de Souza Costa, explica que investigar essa diversidade de ambientes é fundamental para identificar possíveis tipping points ou pontos de não retorno no processo de recuperação dos estoques de carbono nos solos da região. “O estudo vai mostrar se os estoques de carbono voltam ao estado original, ou pelo menos se aproximam do que eram antes da intervenção humana. Caso não tenham se recuperado, será um alerta para um ponto de não retorno, enquanto a recuperação, devido a determinado tipo de manejo ou à regeneração natural, sem intervenção humana, indicará a capacidade do solo de se recompor”, complementa.
O tipping point ocorre quando as mudanças em um determinado ambiente ocasionadas, por exemplo, por um processo de derruba e queima, se tornam irrecuperáveis devido a transformações no modo de funcionamento do solo, que não permitem o retorno ao estado anterior.
Segundo Costa, os dados gerados pela pesquisa podem ajudar a compreender como o uso de práticas agrícolas sustentáveis afeta os níveis de carbono armazenado no solo. Essas informações podem subsidiar políticas públicas voltadas para o melhor uso do solo, conservação do meio ambiente na região e redução das emissões de carbono. Além disso, podem apontar práticas de uso da terra que não comprometem a saúde dos agroecossistemas locais e contribuem com a melhoria da qualidade de vida das comunidades na região.
Foto: Mauricilia Silva
Análises mais profundas
Estudos realizados em Rondônia, na década de 1980, sobre estoques de carbono em pastagens de diferentes idades, mostraram que, quando comparado à dinâmica da matéria orgânica e da fertilidade do solo na floresta nativa, sem considerar a biomassa retirada, o pasto aumenta o estoque de carbono no solo em relação à área original. Resultados semelhantes também já foram obtidos no Acre, esses dados serão refinados com os novos estudos.
“O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) recomenda avaliações de até um metro de profundidade, mas nossas coletas em algumas localidades chegaram a cinco metros. Essa análise dos estoques de carbono em camadas mais profundas do solo pode revelar novos insights sobre a capacidade dos estoques se recuperarem em diferentes ambientes de uso da terra”, acrescenta Costa.
Deborah Pinheiro Dick, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, reforça que novos achados serão importantes tanto para a compreensão da dinâmica da matéria orgânica em áreas de pastagem, como para o desenvolvimento de práticas de manejo que possibilitem otimizar a captura de carbono e promover a qualidade do solo e a sustentabilidade na região amazônica.
“A parceria com a Embrapa nos permite estudar outras regiões do País e aprofundar os conhecimentos sobre o carbono dos solos do ambiente amazônico, que impacta diretamente nas mudanças climáticas, inclusive o ponto de não retorno, uma questão crucial na atual crise climática que já enfrentamos. Com o refinamento desses dados, esperamos que novas estratégias possam ser implementadas, beneficiando tanto o meio ambiente quanto a produtividade agrícola ”, ressalta.
Para Klaus Schützenmeister, pesquisador da Universidade de Kaiserslautern-Landau, é preciso conhecer a dinâmica de uso da terra para entender melhor as mudanças climáticas. “Precisamos juntar informações para definir qual será o próximo passo da investigação. Há muito desmatamento para a criação de gado, fato que gera a necessidade de conhecer a condição dos solos com atividade pecuária e identificar se esse solo ainda permite o retorno de uma floresta secundária ou se as suas características indicam tipping point. Por isso as coletas foram feitas em áreas de floresta e desmatadas para uso em atividades agropecuárias. Nossa pergunta principal é se no futuro poderemos ter novamente uma floresta em áreas hoje desmatadas e com ocupação econômica”, pondera.
As amostras de solo coletadas serão analisadas por profissionais da Embrapa, da UFRGS e Universidade de Landau. Cada instituição avaliará aspectos específicos da pesquisa e os resultados serão apresentados e discutidos em workshop a ser realizado pelo projeto.
Projeto Prodigy
O Prodigy reúne pesquisadores e comunidades de diferentes localidades do mundo e busca descrever as complexas interações entre a saúde do solo, as práticas econômicas e os aspectos sociais da região amazônica. O objetivo é entender como esses sistemas se interconectam e identificar pontos de inflexão que possam indicar mudanças críticas.
Dick acrescenta que o projeto possibilita intercâmbio, pesquisa e desenvolvimento de programas de pós-graduação, com foco em estudos sobre o comportamento do solo. “Essas colaborações são fundamentais para aumentar a qualidade dos estudos e ampliar o alcance das publicações científicas. A parceria não apenas abre horizontes, mas também promove a troca de saberes científicos entre diferentes regiões do mundo”, reforça.
Alinhado com as metas globais de sustentabilidade e conservação, o Prodigy propõe um modelo que não apenas preserve o meio ambiente, mas também respeite e integre as necessidades sociais e econômicas de comunidades amazônicas. Diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas e da pressão sobre os recursos naturais vivenciados atualmente, esse tipo de iniciativa é fundamental para promover o uso mais consciente e sustentável da terra e investigar como a diversidade em sistemas ambientais, econômicos e sociais pode fortalecer a resiliência na Bacia Amazônica Ocidental.
Apesar de apresentar uma taxa de desemprego de apenas 3,3% no segundo trimestre de 2024, conforme dados do IBGE, posicionando Mato Grosso em um cenário de pleno emprego, o mercado de trabalho mato-grossense enfrenta um desafio crucial: a escassez de profissionais qualificados para atender à demanda das empresas.
Um levantamento da CDL Cuiabá revela que cerca de 46,5% dos empreendimentos na capital têm dificuldade em encontrar candidatos com as competências necessárias para ocupar as vagas disponíveis. As áreas com maior demanda incluem vendas, assistência administrativa, mecânica, consultoria, transporte, eletricidade, além de funções técnicas e especializadas em TI.
A pesquisa também aponta outros desafios, como a falta de interesse de candidatos em determinadas vagas e a alta rotatividade de funcionários. Essa situação impacta diretamente na produtividade das empresas, que precisam investir tempo e recursos em processos de recrutamento, seleção e treinamento.
Segundo Junior Macagnam, presidente da CDL Cuiabá, a retenção de talentos é fundamental para garantir a qualidade dos serviços e reduzir custos operacionais. Para isso, as empresas precisam oferecer pacotes competitivos, com salários atrativos, planos de carreira e benefícios que valorizem os colaboradores.
O perfil do profissional mais buscado pelas empresas mato-grossenses valoriza a experiência prática, habilidades técnicas específicas e o potencial de desenvolvimento. No entanto, a falta de profissionais com as qualificações exigidas tem levado as empresas a ampliarem seus esforços na capacitação interna de seus colaboradores.
Diante desse cenário, diversas instituições têm atuado para qualificar a mão de obra mato-grossense. A Fiemt e o IEL MT, por exemplo, desenvolvem ações e ferramentas para estimular a empregabilidade no estado, e o Senai oferece cursos de capacitação em diversas áreas.
O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (SINTEP) realizou uma pesquisa que busca averiguar as condições de trabalho dos profissionais da educação tanto na rede municipal quanto na estadual de Lucas do Rio Verde. Ericksen Carpes, representante do sindicato e membro da diretoria local, explicou que o objetivo da pesquisa é entender melhor as relações de trabalho nas escolas e, a partir disso, colaborar com as autoridades para melhorias.
“A intenção não é gerar conflito ou denegrir a imagem de ninguém. Queremos apenas dar transparência aos dados e, junto com a Secretaria de Educação do município, o prefeito e a assessoria do Estado, buscar melhorias nas condições de trabalho”, afirmou Carpes.
A pesquisa revelou alguns desafios enfrentados pelos profissionais da educação, como a indisciplina dos alunos, a falta de apoio, deficiências na estrutura pedagógica e, principalmente, a sobrecarga de trabalho devido à burocracia excessiva. Segundo Carpes, essa burocracia acaba reduzindo o tempo que os professores têm para planejar aulas de qualidade.
“Os professores estão sobrecarregados e muitos relatam esgotamento físico e mental. Isso reflete diretamente na qualidade das aulas. Um professor exausto não consegue manter o mesmo nível de desempenho que um profissional bem motivado e clinicamente saudável”, destacou.
Próximos passos: diálogo com o Poder Público
Com os resultados em mãos, o SINTEP protocolou um pedido de audiência com o prefeito Miguel Vaz para discutir as informações obtidas. “Há dados alarmantes, como o esgotamento físico e mental, que afeta mais de 45% dos profissionais entrevistados. Isso é preocupante e precisa ser encaminhado aos órgãos de saúde”, explicou Carpes. O sindicato também planeja levar os resultados à coordenação do núcleo regional, representado pela professora Denise Dalberto, para que as demandas sejam encaminhadas à Secretaria de Estado de Educação (SEDUC).
A pesquisa não apenas visa melhorar as condições de trabalho dos profissionais, mas também reflete diretamente na qualidade da educação oferecida aos alunos. Carpes ressalta que um ambiente de trabalho mais saudável e motivador tem impacto direto nas aulas e no aprendizado. “Se corrigirmos os problemas identificados, conseguiremos proporcionar uma educação de melhor qualidade para os alunos, além de garantir um serviço público mais eficiente e eficaz para a sociedade”, finalizou.
O diálogo entre o SINTEP e as autoridades educacionais é fundamental para a busca de soluções que melhorem o ambiente escolar e garantam um futuro mais promissor para a educação em Lucas do Rio Verde.
O outro lado
Procurada, a assessoria de imprensa da Prefeitura de Lucas do Rio Verde informou que não haveria posicionamento por parte da Secretaria de Educação. Houve questionamento quanto a dados da pesquisa, que ‘não estaria completa’, sem informações, por exemplo, da quantidade de pessoas ouvidas pelo sindicato.
Uma pesquisa realizada pela subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) em Lucas do Rio Verde (334 km de Cuiabá) revelou os principais desafios enfrentados pelos educadores na rede estadual e municipal. Sobrecarga de trabalho, falta de apoio da gestão, burocracia excessiva e indisciplina dos estudantes são os problemas mais citados.
O estudo, intitulado ‘Pesquisa sobre o Clima Organizacional nas Escolas’, entrevistou educadores de ambas as redes – estadual e municipal – para compreender as dificuldades no ambiente escolar. A maioria dos participantes classificou o ambiente de trabalho como ‘regular’, ‘ruim’ ou ‘muito ruim’, com 55% destacando que o clima organizacional é negativo, refletindo tensões internas e problemas de relacionamento.
Embora 80% dos entrevistados considerem boa a relação entre colegas, a percepção sobre a gestão escolar é bem diferente. Cerca de 60% dos profissionais classificaram como ‘regular’, ‘ruim’ ou ‘muito ruim’ a relação com a direção, enquanto 55% deram a mesma classificação para a coordenação pedagógica.
Desafios apresentados pela pesquisa do Sintep/Lucas do Rio Verde
As respostas revelam um desgaste significativo com a gestão escolar. Comentários sobre posturas autoritárias, tratamento diferenciado, humilhações e assédio por parte dos diretores foram recorrentes, minando o clima organizacional. A pesquisa também apontou falta de recursos humanos, crescente demanda pedagógica e excesso de burocracia, que comprometem o desenvolvimento do trabalho. A indisciplina dos estudantes agrava ainda mais essa situação, prejudicando a qualidade do ensino.
Além disso, 50% dos educadores relatam sobrecarga de trabalho, enquanto 45% mencionam experiências de assédio e humilhação. Como resultado, 35% dos participantes relatam casos de Burnout, reflexo do estresse e esgotamento constantes. A desmotivação também é um problema crescente, afetando 50% dos profissionais entrevistados.
Os educadores pediram maior presença do Sintep-MT nas escolas para acompanhar de perto as denúncias de assédio moral e perseguição, além de outros problemas graves na gestão escolar. O presidente do Sintep/Lucas do Rio Verde, Eriksen Carpes, afirmou que a pesquisa evidenciou um ambiente de desrespeito e falta de apoio aos trabalhadores da educação, destacando a necessidade de ações imediatas para melhorar as condições de trabalho nas unidades escolares.”
A busca por crédito no país teve uma pequena queda de -0,82% em agosto de 2024 em comparação com agosto de 2023. Na passagem de julho de 2024 para agosto de 2024, o número também caiu -0,77. É o que mostra o Indicador de Demanda por Crédito da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil).
“A queda na demanda por crédito em agosto reflete um possível enfraquecimento da confiança do consumidor, que pode estar mais cauteloso em relação ao endividamento, influenciado muitas vezes por restrições no CPF, uma vez que a inadimplência no país continua”, destaca o presidente da CNDL, José César da Costa.
Analisando o perfil do consumidor que buscou crédito no Brasil em agosto, nota‐se que o público predominante é o masculino, com participação de 53,55%. Na abertura por faixa etária, o público com participação mais expressiva foi de 40 a 49 anos, que representou 25,06% do total.
O indicador aponta que, do público consultado, 4,23% contrataram algum serviço de crédito. Os dados mostram que desse público, 83,56% contrataram Empréstimo e 15,55% Financiamento, totalizando 99,11%. Lembramos que um mesmo CPF pode contratar mais de um produto.
Observando a abertura por grupos financeiros que realizaram consultas em agosto, o grupo com participação mais expressiva no Brasil foi Intermediação monetária depósitos à vista (31,37%), seguido por Seguros de vida e não vida (29,17%), que totalizam 60,54% das consultas.
No momento da consulta, 31,35% dos consumidores possuíam alguma restrição ativa.
“O aumento no número de pessoas com restrição no CPF limita o acesso ao crédito, o que pode criar um ciclo negativo para a economia. Os números de inadimplentes ainda trazem um cenário de endividamento elevado, onde consumidores enfrentam dificuldades para equilibrar suas finanças. Para tomar crédito de forma consciente, o consumidor deve avaliar sua capacidade de pagamento, comparar taxas, evitar comprometer mais de 30% da renda e priorizar crédito para necessidades essenciais”, alerta o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Abrindo os resultados por região, o Sudeste apresentou a maior participação no número de consultas em agosto, com 46,84%, seguido pelo Nordeste (20,56%), Sul (18,51%), Centro‐Oeste (8,10%) e Norte (5,99%).