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  • Pesquisa mostra prevalência de paratuberculose em 55% dos rebanhos ovinos do planeta

    Pesquisa mostra prevalência de paratuberculose em 55% dos rebanhos ovinos do planeta

    Um estudo desenvolvido por equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e Embrapa mostra uma prevalência de paratuberculose em 55,51%% dos rebanhos ovinos no planeta, sendo a América do Sul o subcontinente onde a prevalência foi mais alta (82,64% dos rebanhos). Os resultados estão descritos no artigo “ Prevalência global de Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis em ovelhas: revisão sistemática e meta-análise ”, publicado em janeiro deste ano na revista científica Small Ruminant Research e evidenciam desafios em escala global para diagnóstico e controle da doença, que causam perdas produtivas para os rebanhos.

    O trabalho de levantamento de dados foi conduzido pela médica-veterinária Nathália Magalhães, como parte de sua pesquisa para o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Ciência e Saúde Animal pela UFCG, sob orientação do professor Clebert Alves e co-orientação do pesquisador Selmo Alves, da Embrapa Caprinos e Ovinos. A partir da revisão de artigos sobre a doença em bases de dados internacionais, foi possível obter estatísticas sobre a paratuberculose no mundo, para compreender melhor a sua distribuição e suas implicações para a saúde animal e a produção peculiar a nível mundial.

    Causada por infecção pelo microrganismo Mycobacterium avium subespécie paratuberculosis (MAP), a doença pode ocasionar, em nossos ovinos, a redução do ganho de peso e da produção de lã e leite, além de aumentar a mortalidade precoce e provocar comprometimentos reprodutivos, como maior ocorrência de abortos. Nos sistemas de produção, a paratuberculose também eleva os custos operacionais e provoca prejuízos econômicos.

    Por conta desses fatores, os pesquisadores reforçam o alerta para medidas integradas de manejo sanitário, como o isolamento e o descarte de animais infectados, para interromper a disseminação do agente causador. “A higienização das instalações, com limpeza frequente e eliminação adequada de fezes, é essencial para minimizar a contaminação ambiental. Além disso, a proteção dos neonatos, por meio do fornecimento de colostro e leite de animais livres de MAP e da prevenção do contato com fezes contaminadas e produtos de aborto, é crucial”, reforça Nathália, acrescentando que a aquisição de animais novos deve observar se os rebanhos de origem estão certificados como livres da paratuberculose.

    Outro fator de alerta, segundo a pesquisa, é a possibilidade de uma associação entre a paratuberculose e a doença de Crohn, uma inflamação intestinal crônica em seres humanos. A Organização Internacional de Saúde Animal não considera a paratuberculose uma zoonose (doença transmissível do animal ao ser humano), mas o agente causador tem sido encontrado ocasionalmente pessoas acometidas com a doença de Crohn, que causa dores abdominais, diarreia, vômitos e perda de peso. Estudos sugerem que a transmissão do agente causador para humanos pode acontecer por meio do contato com animais ou do consumo de leite contaminado, configurando risco potencial para a saúde pública.

    “Entre as principais estratégias para minimizar o risco de transmissão para humanos, destaca-se a garantia do consumo de alimentos seguros e com certificados de qualidade, garantindo a pasteurização do leite e evitando a ingestão de produtos de origem animal crus ou mal processados. Além da educação sanitária pública, que desempenha um papel fundamental, promovendo a conscientização de técnicos, produtores e consumidores sobre os riscos associados ao consumo de alimentos contaminados”, afirma Nathália.

    Desafios para o controle

    Presente em todos os continentes e considerada uma doença transmissível com importância socioeconômica pela Organização Mundial da Saúde Animal, a paratuberculose se mostra, na pesquisa, mais presente nos rebanhos da América do Sul (prevalência de 82,64%) e da Ásia (de 58,57%). De acordo com o artigo, essa maior prevalência pode ser explicada por fatores de manejo, comercialização e carência de programas de controle mais eficazes.

    “A elevada prevalência nessas regiões pode ser atribuída ao sistema de manejo semi-intensivo, caracterizado por altas densidades populacionais de animais e pela ausência de programas eficazes de controle e manejo da doença. Além disso, o comércio de animais sem regulamentação adequada favorece a propagação da infecção entre os rebanhos”, alerta Nathália. A pesquisa também menciona questões de risco a introdução de novos animais em rebanhos sem implementação de quarentena e as deficiências nas condições de higiene e saneamento, que permitem a sobrevivência prolongada da MAP em solo, água e alimentos contaminados, aumentando a exposição de animais a riscos de infecção.

    Outro desafio apontado pelos pesquisadores é a dificuldade de identificação da doença, especialmente pela possibilidade de alguns animais infectados ficarem assintomáticos, o que reforça a necessidade de realização periódica de testes de diagnósticos e de atenção no manejo para observar indicadores que possam sugerir a presença da PAM.

    “A identificação de portadores assintomáticos representa um desafio significativo no controle do MAP, exigindo a adoção de estratégias específicas para sua detecção. A escrituração zootécnica auxilia no rastreamento de padrões produtivos, incluindo quedas na produtividade, ocorrência de abortos e outras alterações, pode servir como um indicador precoce para investigações mais recentes”, observa Nathália.

    O artigo também ressalta a importância da adoção de protocolos padronizados de diagnósticos em escala global, inclusive para se ter indicadores mais precisos da doença ao redor do planeta. Uma ideia apontada pelos pesquisadores é de se combinar métodos de diagnóstico, como os de ELISA e de PCR. Enquanto a primeira detecção da presença de anticorpos, sendo mais útil em estágios avançados da infecção, a PCR identifica o DNA do patógeno, possibilitando a detecção de animais infectados em fases iniciais. A combinação tem o potencial de fornecer um panorama mais abrangente da infecção no rebanho”.

    A equipe responsável pelo artigo contou também com os pesquisadores Clécio Limeira, Rafael Costa, Roseane Portela e Sérgio Azevedo, todos eles vinculados à Universidade Federal de Campina Grande.

  • Pesquisa encontra, em gramínea nativa, mecanismos de defesa contra a cigarrinha-das-pastagens

    Pesquisa encontra, em gramínea nativa, mecanismos de defesa contra a cigarrinha-das-pastagens

    Cientistas brasileiros observaram que uma planta forrageira nativa do Brasil, a Paspalum regnellii, apresenta um mecanismo de defesa natural contra a cigarrinha-das-pastagens ( Manarva spectabilis ). Diante dos severos danos causados ​​por essa praga aos pastos tropicais, com prejuízos de bilhões de dólares ao agronegócio brasileiro, eles resolveram aprofundar os estudos para entender o que está por trás dessa resistência e descobriram que existem dois genótipos da planta (BGP 248 e BGP 344) capazes de ativar diferentes formas de enfrentar essa ameaça. Essa descoberta abre caminho para novos estudos de melhoramento genético voltados para a sustentabilidade agrícola.

    A pesquisa utilizou experimentos de sobrevivência de ninfas de cigarrinha-das-pastagens, da análise do transcriptoma das raízes de plantas infestadas com o inseto e da anatomia radicular para entender as estratégias de defesa da planta envolvidas contra o inseto. Os resultados estão no artigo ” Elucidando Respostas Moleculares ao Ataque da Cigarrinha em Paspalum regnelli “, publicado na revista internacional Plant Molecular Biology Reporter .

    Segundo uma das autoras, a pesquisadora Bianca Vigna , da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), existem plantas resistentes a cigarrinhas-das-pastagens tradicionais, que geralmente pertencem aos gêneros Deois e Notozulia, mas as cigarrinhas do gênero Mahanarva infestam vários tipos de gramíneas de grande porte, como milho e cana-de-açúcar, e a Mahanarva spectabilis tornou-se praga das pastagens nos últimos anos. Assim, há grande interesse em encontrar alternativas para reduzir os danos causados ​​por essa cigarro, especificamente.

    “A cigarrinha é um dos principais desafios para a produção de pastagens, e compreender como as plantas reagem a esse tipo de ataque podem ser a chave para o desenvolvimento de cultivares mais resistentes”, explica Vigna.

    Descoberta abre caminho para novas estratégias de melhoramento genético

    Os resultados mostram que o genótipo BGP 344, em particular, tem uma resposta mais rápida, com maior taxa de mortalidade das ninfas da cigarrinha nos primeiros 21 dias de ataque. Este genótipo apresentou maior lignificação das raízes, criando barreiras físicas que dificultam a alimentação dos insetos, além de ativar vias metabólicas ligadas à produção de compostos defensivos. O BGP 248, embora também resistente, apresentou uma resposta mais lenta, indicando diferentes estratégias de defesa entre os dois materiais.

    O Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina do mundo e, por esse motivo, a melhoria das pastagens é fundamental para garantir a sustentabilidade do setor. As descobertas deste estudo abrem caminho para novas estratégias de melhoramento genético que podem trazer benefícios ao agronegócio e ao meio ambiente.

    O controle químico desses insetos é inviável, pelos pontos de vista ecológico e econômico, devido à grande extensão da área das pastagens no país. Assim, um dos métodos mais eficazes de manejo é o desenvolvimento de plantas mais adaptadas às adversidades.

    Benefícios das espécies nativas

    Espécies nativas, como o Paspalum regnellii, de acordo com o pesquisador Marcos Gusmão , são mais resistentes às cigarrinhas-das-pastagens do que outras forrageiras. Além disso, é uma planta com boa produção de biomassa e alto potencial forrageiro. A Embrapa Pecuária Sudeste mantém um Banco de Germoplasma de Paspalum, que é base para o desenvolvimento de um programa de melhoramento genético.

    No geral, as espécies de Paspalum são mais resistentes à infestação dessas pragas, mas não é uma cultura expressiva nas áreas tropicais onde ocorrem as cigarrinhas-das-pastagens. De acordo com Vigna, a P. regnellii tem sido utilizada como genitora em cruzamentos para obtenção de híbridos. “A ideia não é lançar esse material, mas sim inseri-lo como genitor em cruzamentos com outros materiais de interesse para obter plantas mais produtivas, de melhor qualidade nutricional, e resistentes à cigarrinha Mahanarva”, observa.

    Ainda de acordo com a pesquisadora, a escolha da espécie para o estudo se deu pelo seu importante papel no melhoramento genético de Paspalum para forragem e sua resistência natural, permitindo a compreensão dos mecanismos envolvidos na defesa contra essa praga. A pesquisa visa ainda buscar possíveis genes que sejam chaves nessa resistência para poder trabalhar com ferramentas de biotecnologia no melhoramento, como edição gênica, tanto de Paspalum, como de outras gramíneas forrageiras.

    Atualmente, o grupo de pesquisa está aprofundando o entendimento desses mecanismos com o estudo dos micro RNAs envolvidos no processo de resistência do BGP 344, consolidando uma parceria com a Universidade Estadual de Campinas ( Unicamp ) nessa linha de pesquisa, no âmbito do Centro de Melhoramento Molecular de Plantas .

    O estudo

    O estudo foi desenvolvido durante o mestrado de Isabela Begnami e financiado pela Embrapa, Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ( Capes ), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq ), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo ( Fapesp ) e Associação para o Fomento à Pesquisa de Melhoramento de Forrageiras ( Unipasto ). Ele fornece subsídios para o melhoramento genético de forrageiras, demonstrando que características moleculares e anatômicas são usadas como marcadores para selecionar plantas com maior resistência à cigarrinha, especialmente no desenvolvimento de cultivares de Paspalum, bem como desenvolver alvos para edição gênica em espécies suscetíveis que não apresentam material resistente, como as braquiárias.

    Participaram Bianca Vigna, Marcos Gusmão, Frederico Matta , Wilson Malagó Júnior , da Embrapa Pecuária Sudeste; Isabela Begnami, Alexandre Aono, Diego Graciano, Sandra Carmello-Guerreiro, Anete de Souza e Rebeca Ferreira, da Unicamp.

  • Popularidade de Lula despenca no Nordeste aponta pesquisa

    Popularidade de Lula despenca no Nordeste aponta pesquisa

    Levantamento aponta aumento na rejeição ao governo, especialmente entre eleitores nordestinos e de baixa renda.Uma nova pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), divulgada nesta terça-feira (25), mostra que a popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está em queda, especialmente no Nordeste e entre as classes mais baixas. O levantamento confirma uma tendência observada em pesquisas anteriores, como as do Datafolha e Quaest.

    Rejeição ao governo cresce no Nordeste

    O Nordeste, historicamente um reduto petista, registrou uma significativa queda na aprovação de Lula. Em janeiro de 2024, 61% dos entrevistados avaliavam o governo como bom ou ótimo. No entanto, em fevereiro de 2025, esse número caiu para 40%, enquanto a avaliação negativa (ruim ou péssimo) subiu de 14% para 30%.

    A região é considerada essencial para o PT, sendo onde o partido conseguiu eleger governadores nos estados do Piauí, Bahia, Ceará e Rio Grande do Norte. Essa mudança pode impactar a base de apoio do governo federal.

    Queda na aprovação geral e avanço da rejeição

    A pesquisa também aponta uma deterioração na imagem do governo em nível nacional. A aprovação da gestão caiu de 35% para 29% entre novembro de 2024 e fevereiro de 2025, enquanto a rejeição cresceu de 31% para 44%. Esses números reforçam a percepção de insatisfação crescente com a administração atual.

    Insatisfação entre os mais pobres

    Outro dado relevante é o aumento da rejeição entre os eleitores de menor renda. Em novembro de 2024, apenas 24% dos que ganham até dois salários mínimos avaliavam o governo como ruim ou péssimo. Agora, esse percentual subiu para 35%. Entre aqueles que ganham de dois a cinco salários mínimos, a reprovação saltou de 33% para 49% no mesmo período.

    Esse grupo é um dos mais beneficiados pelos programas sociais do governo, como o Bolsa Família. O aumento da insatisfação pode indicar dificuldades econômicas e perda de poder de compra.

    Impactos políticos e próximos desafios

    Com as eleições municipais de 2025 se aproximando, a queda na popularidade de Lula pode impactar a estratégia do Partido dos Trabalhadores nas disputas locais. Especialistas apontam que o governo precisará fortalecer sua comunicação e apresentar medidas concretas para conter a insatisfação popular.

    A tendência de queda na aprovação do governo reforça a necessidade de ajustes na política econômica e social para recuperar a confiança do eleitorado.

     

     

  • Inflação dos alimentos desacelera para 0,61%, diz pesquisa do IBGE

    Inflação dos alimentos desacelera para 0,61%, diz pesquisa do IBGE

    A prévia da inflação de fevereiro mostra desaceleração nos preços dos alimentos, ou seja, subiram menos do que em janeiro. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) indica que, neste mês, houve alta de 0,61%, a menor desde setembro de 2024 (0,05%).

    A informação foi divulgada nesta terça-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    O IPCA-15 funciona como prévia da inflação oficial e o IPCA é a inflação oficial.

    Ambos os índices levam em consideração uma cesta de produtos e serviços para famílias com rendimentos entre um e 40 salários mínimos.

    A diferença é que os preços são pesquisados antes mesmo de acabar o mês de referência, justamente para servir como prévia. Em relação a divulgação atual, o período de coleta foi de 15 de janeiro a 12 de fevereiro.

    Veja como se comportou o preço dos alimentos nos últimos seis meses, de acordo com o IPCA-15:

    • Fevereiro 2025: 0,61%
    • Janeiro 2025: 1,06%
    • Dezembro 2024: 1,47%
    • Novembro 2024: 1,34%
    • Outubro 2024: 0,87%
    • Setembro 2024: 0,05%

    Preocupação

    A inflação dos alimentos tem sido uma das principais preocupações do governo. Entre os fatores que têm elevado o custo figuram questões climáticas.

    O IPCA-15 de fevereiro mostrou que os alimentos tiveram impacto de 0,14 ponto percentual (p.p.) no índice geral. O IBGE mostrou que a alimentação no domicílio subiu 0,63%, abaixo do registrado em janeiro, 1,10%.

    Os principais aumentos foram da cenoura (17,62%) e café moído (11,63%). Entre as quedas, destacam-se a batata-inglesa (-8,17%), arroz (-1,49%) e frutas (-1,18%).

    A alimentação fora do domicílio desacelerou de 0,93% para 0,56% em fevereiro. Dentro deste subgrupo, a refeição (0,43%) e o lanche (0,77%) tiveram variações inferiores às observadas no mês anterior (0,96% e 0,98%, respectivamente).

    Doze meses

    Apesar da desaceleração dentro do IPCA-15 de fevereiro, a inflação dos alimentos no acumulado de 12 meses está acima da inflação geral.

    Enquanto o IPCA-15 soma 4,96%, o grupo alimentos e bebidas registra 7,12%. Em janeiro, o acumulado dos alimentos era de 7,49%. Em dezembro, chegou a 8%.

    Veja as principais influências de itens alimentícios no IPCA-15 de fevereiro:

    Altas

    • Café moído: 11,63%
    • Refeição: 0,43%

    Baixas

    • Batata-inglesa: -8,17%
    • Arroz: -1,49%
    • Banana-d’água: -4,98%
    • Óleo de soja: -1,96%
    • Limão: -17,35%
    • Leite longa vida: -0,67%
  • Governo lança estratégia para monitorar contaminação ambiental por agrotóxicos e PFOS

    Governo lança estratégia para monitorar contaminação ambiental por agrotóxicos e PFOS

    O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) lançaram, na quinta-feira (20), em Brasília, a “Estratégia de Monitoramento Ambiental de PFOS e Agrotóxicos”, com o apoio do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ​​(Ibama). O projeto pretende mapear a contaminação ambiental por agrotóxicos e PFOS – substâncias derivadas da degradação de agrotóxicos no meio ambiente – ao longo de três anos, monitorando 53 ingredientes ativos utilizados na agricultura brasileira.

    A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, ressaltou a relevância do projeto para a formulação de políticas públicas e a proteção ambiental. “Nosso papel é fazer o melhor uso da tecnologia e do conhecimento para proteger o meio ambiente e a saúde da população, melhorando também a qualidade dos nossos negócios e investimentos”, afirmou.

    O diretor de Governança Corporativa e Informação da Embrapa, Alderi Araújo, destacou que a iniciativa representa um avanço na segurança ambiental e na sustentabilidade do setor agropecuário. Já o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, apontou que, pela primeira vez, será possível monitorar de forma sistemática substâncias que há décadas são registradas para uso no país.

    Pesquisa ampliará controle e segurança ambiental

    O estudo é financiado pelo MMA e será conduzido pela Embrapa Meio Ambiente, que ficará responsável pela execução técnica e gestão dos recursos. A ação amplia um projeto anterior desenvolvido em parceria com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), fortalecendo a coleta e análise de dados sobre os impactos ambientais dos defensivos agrícolas.

    Segundo Robson Barizon, chefe-adjunto de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação da Embrapa Meio Ambiente, o monitoramento contínuo dessas substâncias ajudará o Brasil a minimizar riscos à saúde humana e ao meio ambiente, além de atender exigências internacionais para a produção agrícola. “Essas inclusões de pesticidas reforçam a relevância do estudo para a gestão ambiental e o cumprimento de compromissos internacionais assumidos pelo Brasil”, afirmou Barizon.

    O evento de lançamento contou com a presença de autoridades como a secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República, Kelli Mafor, os secretários nacionais de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade Ambiental, Adalberto Maluf, e de Povos e Comunidades Tradicionais e Desenvolvimento Rural Sustentável, Edel Moraes, além do presidente do Instituto Brasil Orgânico, Rogério Dias.

  • Onça-pintada tenta invadir a toca de um tatu-canastra no pantanal

    Onça-pintada tenta invadir a toca de um tatu-canastra no pantanal

    Em uma cena fascinante capturada pelas câmeras do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), uma onça-pintada foi flagrada tentando invadir a toca de um tatu-canastra no coração do Pantanal sul-mato-grossense.

    O registro inédito destaca não apenas o comportamento curioso e predatório do maior felino das Américas, mas também a importância ecológica das tocas construídas pelo tatu-canastra. Isso é o Mundo Animal mostrando suas riquezas!

    O abrigo perfeito? registro mostra onça-pintada investigando a casa do tatu-canastra

    Um confronto de estratégias na natureza

    Embora não se saiba ao certo se a onça estava em busca de uma presa ou apenas de abrigo temporário, o fato é que as tocas do tatu-canastra desempenham um papel essencial no ecossistema. Essas estruturas subterrâneas servem como verdadeiras “casas coletivas” para diversos animais, proporcionando proteção contra predadores e temperaturas extremas no bioma pantaneiro.

    Cantor Leonardo se encanta com onça-pintada no Pantanal

    O tatu-canastra: engenheiro da natureza

    Conhecido como um “engenheiro ecológico”, o tatu-canastra constrói complexas redes de tocas que beneficiam muitas outras espécies. Além de servir como abrigo para pequenos mamíferos, répteis e aves, essas estruturas ajudam a manter a umidade do solo e a regular a temperatura ambiente, garantindo maior equilíbrio ao ecossistema.

    Você não vai acreditar no que o tatu-canastra faz pelo Pantanal!
    Você não vai acreditar no que o tatu-canastra faz pelo Pantanal!
    FOTO: Projeto Tatu-canastra / Icas

    O registro da interação entre onça e tatu reforça a dinâmica selvagem do Pantanal e a necessidade de preservação desse bioma único, onde cada espécie desempenha um papel fundamental na manutenção da biodiversidade.

  • Pesquisa destaca melhorias genéticas de raízes para conservação do solo e da água

    Pesquisa destaca melhorias genéticas de raízes para conservação do solo e da água

    O investimento em melhoramento genético de raízes foi apontado como uma solução estratégica pelo Grupo de Trabalho em Conservação e Manejo do Solo e da Água no Brasil. A iniciativa, ligada à Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DEPD) da Embrapa, visa garantir a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais. O grupo, composto por especialistas de diversas unidades da Embrapa, apresentou os resultados da análise em 13 de fevereiro, abordando tanto aspectos jurídicos quanto agronômicos da questão.

    Segundo o estudo, a adoção de soluções genéticas pode ampliar a densidade e a profundidade das raízes de gramíneas usadas em consórcios com culturas de interesse econômico. “São as raízes que estabilizam a atividade biológica e a estrutura do solo, assegurando fluxos essenciais de energia e matéria”, explica José Denardin, pesquisador da Embrapa Trigo e coordenador do GT. O estudo destaca que as raízes profundas contribuem para a formação de poros no solo, permitindo maior infiltração de água e melhor acesso das plantas aos nutrientes.

    Impactos na agricultura sustentável

    O fortalecimento do Sistema Plantio Direto (SPD) foi um dos principais avanços para a conservação do solo no Brasil. Essa técnica, que minimiza o revolvimento do solo e incentiva a rotação de culturas, tem sido amplamente adotada devido aos seus benefícios na prevenção da erosão e na melhoria da eficiência hídrica. Atualmente, estima-se que entre 33 e 39 milhões de hectares sejam cultivados sob esse sistema.

    Outra estratégia que ganha força é a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), que promove a recuperação de pastagens degradadas e contribui para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A área total da ILPF no Brasil já alcança aproximadamente 15 milhões de hectares, e a expectativa é de expansão nas próximas décadas.

    Tecnologia e políticas públicas

    A Embrapa também aposta na digitalização e no monitoramento remoto para otimizar a gestão do solo e da água. De acordo com Clenio Pillon, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento, a empresa desenvolve indicadores de boas práticas agrícolas baseados em sensoriamento por satélite. Esses indicadores podem ser utilizados por financiadores, empresas de rastreabilidade e seguradoras, gerando incentivos financeiros para produtores que adotam métodos sustentáveis.

    Pela perspectiva jurídica, a criação do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas (PNCPD) em 2023 representa um avanço significativo na promoção de políticas públicas voltadas à sustentabilidade agropecuária. Já as leis nº 9.279 (Propriedade Industrial) e nº 9.456 (Proteção de Cultivares) incentivam a pesquisa agropecuária e a inovação no setor.

    O futuro da conservação do solo e da água

    A conservação do solo e da água no Brasil continua sendo uma prioridade estratégica, exigindo investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Para Clenio Pillon, as soluções devem contemplar desafios como resiliência climática, sustentabilidade, rastreabilidade e segurança alimentar. “A agricultura multifuncional abre novas oportunidades para a Embrapa demonstrar seu valor público à sociedade”, conclui o diretor.

  • Calor extremo no Rio aumenta mortalidade, diz pesquisa da Fiocruz

    Calor extremo no Rio aumenta mortalidade, diz pesquisa da Fiocruz

    Uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) indica que as altas temperaturas no Rio de Janeiro estão relacionadas com o aumento da mortalidade na capital fluminense. O calor extremo representa maior risco para idosos e pessoas com diabetes, hipertensão, Alzheimer, insuficiência renal e infecções do trato urinário.

    Os números foram analisados separadamente conforme a classificação de Níveis de Calor (NC) do protocolo da Prefeitura do Rio de Janeiro, lançado no ano passado. Os NC variam de 1 a 5 e indicam riscos e ações que devem ser tomadas em cada um deles.

    O registro de Nível de Calor 4, quando a temperatura é maior que 40°C durante 4 horas ou mais, está relacionado com um aumento de 50% na mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal entre idosos.

    “Em Nível 5, de 2 horas com Índice de Calor igual ou acima de 44°C, esse mesmo aumento é observado e é agravado conforme o número de horas aumenta. Portanto, o estudo confirma que, nesses níveis extremos definidos no protocolo, o risco à saúde é real”, explica João Henrique de Araujo Morais, autor do estudo.

    Os resultados do estudo alertam para as consequências da emergência climática e para a necessidade de que as cidades criem planos de adaptação ao calor.

    “Populações específicas estão em alto risco, como trabalhadores diretamente postos ao sol, populações de rua, grupos mais vulneráveis (crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas), e populações que vivem nas chamadas Ilhas de Calor Urbano”, diz João Henrique.

    “Espera-se que ações tomadas no Protocolo de Calor do Município do Rio, como disponibilização de pontos de hidratação e resfriamento, adaptação de atividades de trabalho, comunicação constante com a população e suspensão de atividades de risco em níveis mais críticos sejam difundidas e adotadas também em outros municípios, com o objetivo de proteger a saúde da população, sobretudo dos mais vulneráveis”, complementa.

    Métrica inovadora

    A pesquisa criou uma métrica para a exposição ao calor e os riscos relacionados à Área de Exposição ao Calor (AEC). Ela considera o tempo que uma pessoa fica exposta ao calor, algo que outras medidas, como temperatura média ou sensação térmica média, não levam em conta.

    De acordo com o estudo, o tempo de exposição ao calor intenso tem uma ligação importante com a mortalidade, especialmente entre as pessoas mais vulneráveis. Para os idosos, por exemplo, a exposição a uma AEC de 64ºCh (graus-hora) aumenta em 50% o risco de morte por causas naturais. Com uma AEC de 91,2°Ch, o risco dobra.

    O estudo compara duas datas para mostrar como a AEC funciona. Em 12 de janeiro de 2020, o índice de calor foi de 32,69°C. Em 7 de outubro de 2023, foi de 32,51°C. Apesar de quase iguais, o calor durou mais tempo no segundo dia, resultando em uma AEC de 55,3°Ch. No primeiro dia, a AEC foi de 2,7°Ch, 20 vezes menor.

    “Ao considerar apenas medidas-resumo (médias ou máximas) podemos subestimar dias anormalmente quentes. A métrica, por sua vez, consegue identificar isso e pode ser utilizada para definição de protocolos similares ao desenvolvido aqui no Rio”, explica o autor da pesquisa.

  • Vendas no comércio fecham 2024 com alta de 4,7%, a maior desde 2012

    Vendas no comércio fecham 2024 com alta de 4,7%, a maior desde 2012

    As vendas no comércio cresceram 4,7% em 2024 na comparação com o ano anterior. Além de ser o oitavo ano seguido de expansão, é também a maior alta desde 2012, quando aumentou 8,4%.

    Os dados fazem parte da Pesquisa Mensal do Comércio, divulgada nesta quinta-feira (13) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    “É um número bastante expressivo”, apontou o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.

    A alta anual se consolidou mesmo com o resultado de dezembro, que ficou 0,1% abaixo de novembro, movimento considerado pelo IBGE como estabilidade, ou seja, não é um recuo expressivo. Em comparação com dezembro de 2023, houve expansão de 2%.

    Comércio
    Comércio – Imagem: CenárioMT

    A média móvel trimestral, isto é, o comportamento dos três últimos meses do ano, foi também de estabilidade (0%). O IBGE destacou que o resultado de dezembro coloca o comércio brasileiro 0,3% abaixo do ponto mais alto registrado em outubro de 2024.

    “É uma estabilidade na alta”, avalia Santos sobre o comportamento do comércio no fim do ano.

    O analista do IBGE explica que entre os fatores que impulsionaram o comércio em 2024 estão a expansão da massa de rendimento dos trabalhadores, o número de pessoas ocupadas e o crédito estável.

    A taxa de desemprego de 2024, de 6,6%, foi a menor da série histórica do IBGE.

    Santos aponta que fatores que impediram um aumento maior das vendas são a inflação e a alta do dólar, que encarecem os produtos, notadamente os de informática e comunicação.

    Em 2024, o país fechou com inflação de 4,83%, acima da meta do governo, de 4,5%. Já o dólar subiu 27% no ano passado.

    Balanço 2024

    Ao longo de 2024, oito das 11 atividades pesquisadas pelo IBGE apresentaram expansão, com destaque para artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, grupo que subiu 14,2%. É a única que, assim como o conjunto do setor de comércio, acumula 8 anos seguidos de alta. Os subsetores de produtos farmacêuticos em si e o de perfumaria e cosméticos também cresceram.

    Cristiano Santos destaca ainda que, desde 2004, quando começou a série histórica do setor farmacêutico, só houve queda nas vendas em 2016, ano em que todo comércio brasileiro fechou com taxa negativa.

    As demais atividades com alta em 2024 foram veículos e motos, partes e peças (11,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (7,1%), material de construção (4,7%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (4,6%), móveis e eletrodomésticos (4,2%), tecidos, vestuário e calçados (2,8%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (0,7%).

    As três atividades que tiveram diminuição nas vendas foram combustíveis e lubrificantes (1,5%), atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (7,1%) e livros, jornais, revistas e papelaria (7,7%).

    O segmento de livros, jornais, revistas e papelaria já vem acumulando quedas há alguns anos, com uma única alta, em 2022, nos últimos 11 anos. “Isso está relacionado ao crescente processo de digitalização de parte de seus produtos. O que vem sustentando essa atividade é o livro didático”, explica o analista do IBGE.

    A pesquisa do IBGE buscou dados de 6.770 empresas formais do setor de comércio, com ao menos 20 pessoas ocupadas, de todos os estados e do Distrito Federal.

  • “Super enzima” de bactéria pode transformar resíduos em biocombustível

    “Super enzima” de bactéria pode transformar resíduos em biocombustível

    Pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) divulgam nesta quinta-feira (13), na revista Nature, o processo e potencial de um biocatalisador isolado a partir de bactérias do solo brasileiro, chamado de CelOCE (do inglês, Cellulose Oxidative Cleaving Enzyme).

    As amostras são de áreas normalmente cobertas por bagaço de cana-de-açúcar, e as bactérias analisadas não tiveram uma “fase de laboratório” de seleção e criação. A pesquisa foi desde a bioprospeção, quando se encontraram os microorganismos com potencial, até a produção da enzima em escala industrial, na planta-piloto do CNPEM. A enzima já teve seu pedido de registro de patente depositado e está em licenciamento para uso industrial. O uso no setor produtivo pode começar entre um e quatro anos após o licenciamento, dependendo da tecnologia aplicada em seu desenvolvimento.

    Encontrar as bactérias não foi um acidente, mas parte dos resultados do programa de mapeamento genético da vida microbiana da biodiversidade brasileira, realizado pelo CNPEM com parceiros nacionais e internacionais, como o que isolou compostos com potencial para uso médico em bactérias de uma unidade de conservação na Amazônia. Essa descoberta teve parcerias com o Instituto Nacional de Pesquisa para Agricultura, Alimentos e Meio Ambiente da França (INRAE, da Universidade Aix Marseille), e com a Universidade Técnica da Dinamarca (DTU).

    O “caminho” para chegar a ela também pode ser testado em outras condições e indicar compostos com potencial para a reciclagem em petroquímicos e plásticos. É quase como espionar as bactérias e copiar suas soluções.

    Pequenas enzimas

    A CelOCE é uma enzima muito pequena, composta por 115 aminoácidos, o que a torna mais simples de alterar em laboratório do que o tipo de enzima usada atualmente. Essa “flexibilidade” é um dos motivos que a faz ser tratada pela equipe do CNPEM como um avanço, com potencial de mudar a cadeia de produção baseada em biomassa, e pode ser usada em combustíveis em produtos obtidos por petroquímicos, como plásticos, ácidos orgânicos e outras moléculas. Dados sob condições industriais mostraram que, ao ser usada junto com enzimas já utilizadas na indústria, a CelOCE aumentou em até 21% a quantidade de glicose liberada a partir de resíduos vegetais.

    Ela funciona acelerando a quebra da celulose por desconstrução, etapa necessária para produzir energia no processo de construção de bioquímicos. “Essa descoberta muda o paradigma da degradação da celulose na natureza e tem o potencial de revolucionar as biorrefinarias”, explicou o pesquisador do CNPEM Mario Murakami, responsável por liderar os estudos. Fsuperenzima

    “A pesquisa foi motivada para elucidar a matéria escura metagenômica, que são os genes de função desconhecida de microrganismos inéditos e não cultiváveis em laboratório. Mais de 90% da vida microbiana ainda são desconhecidos e podem conter informações capazes de mudar nosso entendimento sobre muitos processos na natureza, assim como a degradação da celulose, que foi a descoberta nesse trabalho.

    O entendimento da ação da enzima sobre a celulose foi possível graças a todo o parque de equipamentos e ao elenco de pesquisadores do CNPEM, permitindo a elucidação da estrutura tridimensional e o mecanismo de reconhecimento das fibras de celulose. Seu mecanismo único, baseado na bioquímica redox, leva a ganhos superiores ao que se conhece no estado-da-arte”, finaliza Murakami.