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  • Plataforma reúne dados genômicos de bactérias multirresistentes

    Plataforma reúne dados genômicos de bactérias multirresistentes

    Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) desenvolveram a plataforma One Health Brazilian Resistance (OneBR), que reúne dados genômicos, epidemiológicos e fenotípicos de bactérias multirresistentes. O objetivo do banco de dados é contribuir para o monitoramento e o controle da disseminação dessas bactérias, principalmente as classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como de “prioridade crítica”.

    A doutoranda da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF-USP) e integrante do grupo de pesquisa do projeto OneBR, Fernanda Esposito, explicou que a ferramenta pode auxiliar no desenvolvimento de novos medicamentos. Até o momento, o banco conta com dados de aproximadamente 500 cepas bacterianas e outras 200 devem ser adicionados até o final deste ano.

    “A partir dos dados genômicos disponibilizados na plataforma, é possível descobrir genes responsáveis pela produção de novos compostos baseados em: probióticos (micro-organismos vivos cuja ingestão traz benefícios à saúde); bacteriocinas (toxinas produzidas por bactérias para inibir o crescimento de outras cepas bacterianas); e fagoterapia (tipo de vírus que infecta apenas as bactérias)”, disse.

    Acesso gratuito

    Sob coordenação de Nilton Lincopan, professor do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB-USP), a plataforma já está disponível para consulta desde 2019. No entanto, ela conta com atualizações ao longo do tempo, com a incorporação de bancos de novas espécies bacterianas isoladas. O acesso ao material é gratuito e pode ser realizado por profissionais da área da saúde, vigilância sanitária, pesquisadores e pessoas fora da comunidade científica.

    “O site OneBR é bem intuitivo e, além disso, é possível entrar em contato conosco, visualizar os membros da nossa equipe de pesquisa, nossos colaboradores e produção científica”, ressaltou Fernanda. O sequenciamento completo do genoma das bactérias é totalmente realizado pelo grupo de pesquisa do projeto, que trabalha em colaboração com pesquisadores de todo o país, recebendo amostras. Todas as bactérias que são isoladas pelo grupo ou por colaboradores ficam armazenadas em um biorrepositório na USP.

    Segundo a pesquisadora, um dos objetivos futuros é desenvolver uma forma que aumente a autonomia dos profissionais de saúde e pesquisadores, permitindo que eles alimentem o banco de dados com sequenciamento feitos por eles mesmos.

    Expansão

    Fernanda acrescenta que a OneBR é a primeira plataforma de dados genômicos e epidemiológicos do Brasil e que a intenção é expandir o projeto para a América Latina. “Devido ao alto nível de circulação populacional entre os países latino-americanos, o projeto de expansão do monitoramento em nível continental se torna imprescindível”, disse.

    Para isso, o grupo da USP já está em contato com pesquisadores de países, como Argentina, Chile, Equador, Uruguai, a fim de definir qual será a melhor dinâmica de trabalho.

  • Brasil registra recorde no abate de frangos em 2021

    Brasil registra recorde no abate de frangos em 2021

    O abate de cabeças de frango no Brasil atingiu 6,18 bilhões em 2021. O volume significa alta de 2,8% ou 169,87 milhões de cabeças a mais na comparação com o ano anterior. Com esse desempenho, o país registrou recorde da série histórica da Pesquisa Trimestral do Abate, que começou em 1997, e foi divulgada hoje (15) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Em movimento contrário, o abate de bovinos alcançou 27,54 milhões de cabeças em 2021, o que representa um recuo de 7,8% se comparado ao ano anterior, cujo o índice já tinha apresentado queda de 7,9% ante 2019.

    De acordo com a pesquisa, com o avanço de 7,3%, o ano de 2021 marcou recorde no abate de 52,97 milhões de cabeças de suínos, ou mais 3,61 milhões, na comparação com 2020.

    O analista da pesquisa Bernardo Viscardi disse que o resultado de 2021 manteve o cenário que era observado desde o início de 2020. “No caso dos bovinos, permanece a retenção de animais, principalmente das fêmeas, para fins de procriação. A arroba está valorizada, em um ciclo de alta, fazendo com que o produtor evite o abate”, explicou.

    A pesquisa confirma o argumento, uma vez que o total de fêmeas abatidas ao longo de 2021 foi o menor resultado desde 2004, com 9,31 milhões de cabeças.

    Outro fator que influenciou o resultado de bovinos foi a restrição imposta pelo mercado da China, o principal importador de carne bovina brasileira, respondendo por mais de 50% da exportação nacional. Em setembro, depois da constatação de dois casos atípicos da doença da vaca louca, a China embargou a carne proveniente do Brasil, impedimento que durou até dezembro. “Isso impactou a cadeia da carne bovina, já que a exportação vem ao longo dos últimos meses em altos patamares” disse o analista.

    Mesmo com a restrição, as exportações de carne bovina in natura conseguiram o terceiro melhor resultado da série histórica da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia (Secex). Ao todo, foram enviadas ao exterior 1,56 milhão de toneladas. O preço da arroba bovina também sofreu impacto da crise com o país asiático, com desvalorização no mercado. Com isso, o produtor acabou segurando o abate para tentar vender mais caro adiante.

    Consumo interno e exportação

    A alta das exportações da carne de frango in natura contribuiu para o recorde de frangos abatidos em 2021. No entanto, o consumo interno que segue crescendo, também teve a sua parcela no desempenho. Com a alta da carne bovina, a população procurou substitutos.

    Viscardi disse que tanto o frango quanto a carne suína se tornaram opção de proteínas mais em conta. O analista lembrou ainda os impactos da pandemia da covid-19 na economia do país. “O desempenho na exportação auxiliou a cadeia da carne suína, que enfrentou um cenário desafiador com o aumento dos custos de produção”.

    Ovos

    Outro recorde em 2021 foi na produção de ovos de galinha, que atingiu 3,98 bilhões de dúzias, uma variação de apenas 0,2% frente a 2020, ainda assim o suficiente para o registro de novo recorde na série histórica da pesquisa, iniciada em 1987. “Desde 2020, verifica-se um aumento do consumo do produto, após o início da pandemia da covid-19, relacionado à queda no poder aquisitivo da população”, disse, destacando o consumo do ovo como fonte de proteína acessível em tempos de economia desacelerada.

    O leite captado teve queda de 2,2% sobre a quantidade registrada em 2020. Foram 25,08 bilhões de litros no ano passado. Esse foi o primeiro recuo depois de quatro anos de aumentos consecutivos, de 2017 a 2020. Mesmo com a retração, o resultado foi o segundo melhor para um ano, levando em consideração a série histórica da pesquisa, iniciada em 1997. “O ano de 2021 foi marcado pela ocorrência de geadas e por um período seco mais intenso, que contribuíram para prejudicar as pastagens em algumas das principais regiões produtoras”, disse o analista.

    De acordo com Viscardi, houve alta dos custos com aumento dos preços dos insumos como a suplementação para o gado, o custo da energia e dos combustíveis, o que provocou efeitos na cadeia produtiva do leite. “É um setor que tem dificuldade em passar essa alta para o consumidor”, explicou.

    Leite cru

    O IBGE incluiu na divulgação da pesquisa, como estatística experimental, o novo indicador do preço do leite cru pago ao produtor no escopo da Pesquisa Trimestral do Leite. Em 2019, o preço médio por litro, em nível nacional, ficou em R$ 1,36. Em 2020, chegou a R$ 1,70, e fechou 2021 em R$ 2,08.

    “Desde 2019, o questionário da pesquisa passou a ter uma consulta às empresas sobre o preço médio pago, mensalmente, pela matéria-prima adquirida (leite cru in natura, resfriado ou não). Desde então, a variável investigada foi utilizada apenas internamente para subsidiar a coleta e a crítica dos dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM)”, informou o IBGE.

    Couro

    A Pesquisa Trimestral do Couro, que investiga curtumes que curtem pelo menos 5 mil unidades inteiras de couro cru bovino por ano, mostrou que em 2021 ficou em 29,34 milhões de peças inteiras. O resultado representa queda de 4,8% em comparação com 2020, influenciada diretamente pela queda no abate bovino ao longo do período.

    Pesquisa

    A Pesquisa Trimestral do Abate de Animais do IBGE disponibiliza informações sobre o total de cabeças abatidas e o peso total das carcaças para as espécies de bovinos (bois, vacas, novilhos e novilhas), suínos e frangos, tendo como unidade de coleta o estabelecimento que realiza o abate sob fiscalização sanitária federal, estadual ou municipal.

  • Consumo de ultraprocessados aumenta o risco de obesidade em jovens

    Consumo de ultraprocessados aumenta o risco de obesidade em jovens

    O consumo de alimentos ultraprocessados pode aumentar em 45% o risco de obesidade para adolescentes, segundo estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo e publicado no Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics.

    A pesquisa apontou ainda que uma alimentação com alto consumo desse tipo de produto aumenta em 52% o risco de acúmulo de gordura abdominal e em 63% a chance para gordura visceral, entre os órgãos internos.

    O trabalho foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

    Participaram do estudo 3.580 adolescentes com idade entre 12 e 19 anos nos Estados Unidos. As entrevistas e exames foram conduzidos entre 2011 e 2016. Os jovens foram entrevistados de forma qualitativa, em um método que relembra toda a alimentação da pessoa nas últimas 24 horas.

    Daniela Neri, uma das responsáveis pelo estudo, disse que foram feitas duas entrevistas com cada adolescente, em geral, sendo uma em um dia útil e outra no fim de semana. Dessa forma, de acordo com a pesquisadora, é possível ter um panorama da alimentação no cotidiano do jovem. “Um entrevistador treinado pergunta tudo o que ele consumiu nas últimas 24 horas por refeição, como foi preparado, horário consumido. É um dos métodos com menor erro para avaliar consumo”, explicou.

    Os adolescentes passaram também por exames que mediram a massa corporal e o acúmulo de gordura no abdome e nos órgãos internos. Daniela Neri enfatiza que a gordura visceral aumenta o risco para diversas doenças.

    A partir dos dados coletados, os jovens foram distribuídos entre três grupos, dos que menos consumiam os ultraprocessados aos que mais tinham esses alimentos na dieta. “A gente conseguiu observar que a partir do aumento do consumo desse alimentos no peso da dieta, havia maior risco de obesidade”, disse a pesquisadora.

    Gordura e açúcar

    Daniela Neri disse que os alimentos ultraprocessados têm muito pouco conteúdo nutricional, mas são mais atrativos, especialmente para crianças, por terem sabores, cores e texturas feitos para agradar. “São formulações de substâncias obtidas a partir do fracionamento de alimentos frescos”, disse dando como referência produtos como refrigerantes, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, salgadinhos e alimentos congelados.

    Apesar do uso de alimentos frescos na produção, a pesquisadora alerta que o resultado final são produtos muito calóricos e com quantidades altas de sal, gorduras e açúcar. “Muito pouco do alimento fresco fica nessas formulações. Elas incluem açúcar, óleos e gorduras também. São acrescidos de muitas substâncias que são de uso exclusivo industrial, como concentrados de proteína, gordura hidrogenada e amidos modificados”, disse.

    Para os jovens, os efeitos de um alto consumo desse tipo de produto são, segundo a pesquisadora, ainda maiores do que em adultos. “É uma fase de crescimento, desenvolvimento da criança. Então, o impacto é muito grande”.

  • Para 83% dos paulistanos, violência contra mulheres cresceu em 2021

    Para 83% dos paulistanos, violência contra mulheres cresceu em 2021

    A percepção de que o número de casos de assédio sexual e violência contra as mulheres aumentou na cidade de São Paulo cresceu 9 pontos percentuais (p.p.) ao passar de 74% em 2020 para 83% em 2021. Somente entre as mulheres esse aumento foi de 6 p.p., passando de 82% para 88%. Pelo menos dois terços dos paulistanos (64% e 63%) sempre têm medo de ser roubado ou furtado nos espaços públicos e três em cada dez não têm medo de assédio sexual ou estupro (31% e 35%).

    Os dados são da pesquisa da Rede Nossa São Paulo, divulgada hoje (3) e mostram que as mulheres sentem-se mais vulneráveis nos espaços públicos da cidade, já que a maioria delas tem medo de sofrer os mais variados tipos de violência, enquanto os homens se preocupam mais com roubo e furto. Segundo os dados, 72% das mulheres temem ser roubadas, 73% temem ser furtadas.

    Quando se fala de agressão verbal esse percentual é 52%. Outras 46% temem ser agredidas fisicamente e 41% ficam preocupadas em sofrer aglum tipo de preconceito. Segundo a pesquisa, 35% das mulheres afirmaram já terem sofrido algum preconceito ou discriminação no trabalho por ser mulher. Em 2020 esse percentual foi 31%.

    O assédio sexual é temido por 59% das entrevistadas e o estupro por 60%. O transporte público continua sendo o local considerado o de maior risco para sofrer algum tipo de assédio, com 52% das mulheres declarando temerem os trens, ônibus e metrô da cidade. Em seguida aparecem a rua (20%), bares e casas noturnas (7%), pontos de ônibus (5%), ambiente familiar (3%), transporte particular (3%), e o trabalho (2%).

    De acordo com os dados, 61% das paulistanas declararam já terem sofrido algum tipo de assédio: 47%, no transporte coletivo; 36% passaram por abordagens desrespeitosas, 31% dentro do ambiente de trabalho (aumento de 9 p.p. ante 2020); 19% dentro do ambiente familiar; e 12% dentro de transporte particular.

    Divisão dos afazeres domésticos

    O levantamento mostrou que as mulheres são as que mais executam as tarefas domésticas, com exceção de tirar o lixo e a manutenção da casa. Os outros trabalhos como cuidado diário com os filhos é executado na maioria do tempo exclusivamente pela mulher (88%), seguido da preparação das refeições (85%), limpeza da casa (85%), cuidados médicos dos filhos (84%), acompanhar as atividades escolares dos filhos (78%), cuidados médicos com idosos ou outros adultos (75%), lavar louça (69%), levar e buscar os filhos na escola e outros compromissos (69%), fazer as compras (61%), cuidados com os animais domésticos (59%) e organização da casa (53%).

    “Estamos vivendo um momento super difícil no mundo e com uma guerra e as cidades não têm como atuar e ficam subordinadas a decisões geopolíticas e de poder e ficam reativas a isso e nós estamos vendo o que está acontecendo na Ucrânia. Mas uma cidade pode atuar em outras violências, ela tem como agir fortemente e a equidade de gênero é um dos temas que uma cidade tem autonomia para agir”, disse o coordenador geral do Instituto Cidade Sustentável e da Rede Nossa São Paulo, Jorge Abraão.

    Segundo ele, os dados vem para provocar a cidade no sentido de transformações que possam ocorrer. Ele ressaltou que em 2020 ocorreram 1.350 feminicídios no Brasil, o que é um número muito grande é grave. “O que estamos vendo nessa pesquisa mostra a desvalorização da mulher quando temos essa visão da distribuição do trabalho doméstico, é um olhar que conduz a um processo que conduz a outros”.

    Assédio

    Abraão disse que ao ver a questão do risco do assédio olha-se um tipo de agressão às mulheres que também vai se agravando. “Podemos efetivamente atuar em diversos campos para enfrentar isso e criar programas e políticas para avançar. A Organização das Nações Unidas (ONU) tem uma meta muito clara que determina que em 2030 tenhamos equidade de gênero. Essa é a sugestão. Mas existe um farol no tema para conseguirmos avançar”, afirmou.

    De acordo com ele, a representação política é um dos pontos importantes para avançar na equidade de gênero. Atualmente na Câmara Municipal 24% dos vereadores são mulheres e a cidade é composta por 52% da cidade. “Se quisermos ter equidade esse número precisa dobrar de alguma maneira. É o desafio do mundo da política que tem a ver com a sociedade de forma geral. As empresas também tem um desafio, porque as mulheres representam muito pouco dos cargos executivos, chegando a só 20%, além de receberem 21% a menos do que os homens nos mesmos cargos”.

    Abraão reforçou que as cidades podem avançar na questão propondo programas e espaços de proteção e de apoio maiores em uma cidade como São Paulo. “Podemos ter campanhas de comunicação nesses espaços onde temos mais problemas porque sabemos onde estão. Isso não custa muito para a cidade fazer e depende da vontade de enfrentar essas questões para mudarmos um pouco essa visão”.

    Ele destacou ainda que há o desafio de buscar uma cultura de paz na cidade e enfrentar a educação machista e conscientizar as mulheres, mas é possível avançar nessa direção.

  • Estudo desenvolve método para mapear riscos de desastres naturais

    Estudo desenvolve método para mapear riscos de desastres naturais

    Pesquisadores de universidades e centros de estudos brasileiros desenvolveram uma metodologia de mapeamento de riscos de desastres naturais com a participação de moradores, principalmente estudantes, para prevenir os efeitos de inundações, alagamentos, deslizamentos e chuvas intensas.

    O estudo, publicado na revista Disaster Prevention and Management, foi conduzido por pesquisadores do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e da Universidade do Vale do Paraíba (Univap).

    Para elaborar a metodologia de mapeamento, os pesquisadores contaram com a participação de 22 alunos matriculados entre 2019 e 2021 na escola estadual Monsenhor Ignácio Gioia, no município de São Luiz do Paraitinga (SP). A cidade foi parcialmente destruída por uma enchente em 2010, quando o nível do Rio Paraitinga subiu e deixou a maioria da população desalojada.

    O estudo utilizou dados de risco, disponíveis na internet, do Serviço Geológico do Brasil – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia – e imagens obtidas com drones. Com essas informações, em conjunto com os alunos moradores da cidade, elaboraram um mapa de risco e rotas de fuga.

    “Os alunos identificaram no mapa e foram também elaborando rotas de fuga para que as pessoas, dentro dessas áreas inundáveis, quais seriam os lugares seguros que elas poderiam se abrigar temporariamente diante de inundações de cinco metros, de dez metros, e assim por diante. É um exercício de planejamento, um plano de contingência feito em conjunto com as pessoas que moram na região”, destacou o sociólogo Victor Marchezini, pesquisador do Cemaden e orientador do trabalho.

    “Se não há esse tipo de envolvimento com as pessoas do local, as respostas aos desastres acabam sendo improvisadas, as pessoas não estão preparadas. Usamos São Luiz do Paraitinga como um laboratório vivo, pensando em ações de prevenção”, disse o pesquisador.

    Durante a pesquisa, os alunos sugeriram, como forma de melhorar a prevenção dos desastres, a realização de um planejamento territorial para evitar construções em áreas de risco, e a criação de um aplicativo para comunicar rapidamente ações de resposta direcionada aos moradores.

    “É sempre importante que a gente tenha esses planos, faça os treinamentos em conjunto com os moradores. Mas além disso, a gente tem que se preparar para aquilo que é impensável, é justamente quando o evento extremo foge daquilo que a gente estava acostumado”, ressaltou Marchezini.

    A pesquisa, que tem como primeiro autor o pesquisador Miguel Angel Trejo-Rangel, do Inpe, foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

  • Chamada pública destina R$ 50 milhões para melhorias em laboratórios

    Chamada pública destina R$ 50 milhões para melhorias em laboratórios

    Foi lançada hoje (16) uma chamada pública para aperfeiçoamento de laboratórios que tenham necessidade de ambientes controlados em aspectos como pressão e temperatura. Serão destinados R$ 50 milhões para instituições de pesquisa em todo o país, sendo que 30% dos recursos estão reservados para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

    O dinheiro vem do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) e será repassado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Propostas serão recebidas até o próximo dia 19 de maio. O resultado final deve ser publicado em setembro. Cada projeto poderá solicitar de R$ 1 milhão a R$ 4 milhões em recursos.

    O diretor científico e tecnológico da Finep, Marcelo Bortolini, destacou que a abertura da chamada atende a uma demanda das instituições por melhoria das instalações para realização de pesquisas. “Para que nós possamos desenvolver pesquisas na fronteira do conhecimento nós precisamos melhorar a nossa infraestrutura laboratorial”, disse.

    Serão contemplados laboratórios que necessitam de alto grau de controle sobre os ambientes em aspectos como pressão, temperatura, iluminação, ruído, contaminação por partículas ou microrganismos. Assim, serão atendidas diversas áreas do conhecimento.

    O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, também ressaltou a importância de garantir aos pesquisadores brasileiros o acesso a equipamentos de qualidade.

    “A gente precisa melhorar a infraestrutura de pesquisa do Brasil, nas nossas universidades, nos nossos centros de pesquisa. Colocar para os nossos pesquisadores a possibilidade de fazer pesquisa com bons equipamentos”, disse durante o lançamento da chamada.

    Para o ministro, a pandemia de covid-19 mostrou a necessidade de o país aumentar os investimentos em pesquisa de ponta. “A gente não pode passar a pandemia e não aprender nada com ela. A gente tem que deixar o país muito mais preparado para as próximas pandemias”, acrescentou.

    Além da expansão da infraestrutura, Pontes defende mais investimentos na formação de cientistas e pesquisadores. “Aumentar o número de mestres, doutores, pós-docs no setor. Esse é um trabalho que a gente tem feito com o CNPq [Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico] e a Capes [Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior]”, disse.

    Também é importante, na visão do ministro, aumentar o desenvolvimento de pesquisas na iniciativa privada. “Levar mestres e doutores para dentro das empresas para ter mais departamentos de pesquisa e desenvolvimento”.

  • Em 2030, 68% dos brasileiros poderão estar com excesso de peso

    Em 2030, 68% dos brasileiros poderão estar com excesso de peso

    O ano de 2030 parece estar longe, mas uma projeção com dados alarmantes mostram como poderão estar os brasileiros daqui a oito anos: a prevalência de excesso de peso pode chegar a 68%, ou seja, sete em cada 10 pessoas, e a de obesidade a 26%, ou uma a cada quatro.

    Os dados levantados são do estudo A Epidemia de Obesidade e as DCNT – Causas, custos e sobrecarga no SUS, realizado por uma equipe formada por 17 pesquisadores de diversas universidades do Brasil e uma do Chile.

    O estudo, que foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mostra que, no Brasil, a prevalência do excesso de peso aumentou de 42,6% em 2006 para 55,4% em 2019. Já a obesidade saltou de 11,8% para 20,3% no mesmo período.

    Os dados revelam que o risco associado de diversas Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) é o mais preocupante e pode levar a consequências impactantes para o Sistema Único de Saúde (SUS). O acúmulo excessivo de gordura corporal está associado com o aumento no risco de mais de 30 DCNT, em maior ou menor grau.

    As DCNT são causadas por diversos fatores de risco, podem ficar um longo período ocultas e afetam pessoas por muitos anos, podendo resultar em incapacidades funcionais. As doenças cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas, as neoplasias (cânceres) e a diabetes mellitus são exemplos de DCNT.

    Na opinião do coordenador do estudo, professor e pesquisador da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Leandro Rezende, as causas populacionais podem ser o motivo para incentivar  o controle do sobrepeso e da obesidade.

    “O excesso de peso e obesidade vêm aumentando no mundo não por causas individuais, as causas populacionais da obesidade que vêm mudando. A gente define como causa populacional um conjunto de mudanças especialmente no sistema alimentar que foram ocorrendo a partir da década de 1970, 1980 e que notavelmente a partir de mudanças da legislação, mudanças nas leis agrícolas, mudanças na legislação quanto ao marketing e ao processamento dos alimentos. São essas questões que foram mudando e que tornaram o problema do excesso de peso e obesidade em uma epidemia”.

    As causas do excesso de peso e da obesidade devem ser combatidas no âmbito populacional ao invés do âmbito individual, para que sejam pensadas em estratégias de prevenção mais assertivas, ressaltou o professor.

    “Continuar focando no problema do excesso de peso e de obesidade, assim como para outros fatores de risco, como por exemplo, o tabagismo. Olhamos para o tabagismo como fenômenos populacionais e propomos estratégias de prevenção. Conseguimos sair de uma prevalência de 30%, 40% de tabagistas no Brasil para hoje menos de 10% . Notavelmente por conta das políticas públicas que foram feitas para que pudessem combater o cigarro como fenômeno populacional e não como escolha individual [como falta de vontade das pessoas pararem de fumar]”.

    Políticas públicas

    Uma das estratégias sugeridas no estudo são a adoção de  políticas públicas e de ações voltadas à redução do consumo de alimentos ultraprocessados. A tributação desses tipos de alimentos, informação nutricional mais clara e simples no rótulo, restrição para marketing e publicidade desses produtos são exemplos dessas ações de âmbitos social e coletivo.

    Um exemplo é a campanha Tributo Saudável, que tem como causa aumentar o tributo de bebidas açucaradas para desestimular o consumo, ao mesmo tempo que traz impactos positivos para a economia.

    No Plano de Ações Estratégicas para enfrentamento das DCNT no Brasil (2021-2030), o Ministério da Saúde estipulou a meta de deter o crescimento da obesidade em adultos no país até 2030.

    Custo e sobrecarga no SUS

    Estar com sobrepeso e obesidade não custa caro somente para a saúde do indivíduo, também para a saúde coletiva. O custo e a sobrecarga para o SUS também aumentou: somente em 2019 o gasto direto com DCNTs no país atingiu R$ 6,8 bilhões. O grupo de pesquisadores do estudo estimou que 22% desse valor (R$ 1,5 bilhão) podem ser atribuídos ao excesso de peso e à obesidade, com custos um pouco mais elevados em mulheres (R$ 762 milhões) do que nos homens (R$ 730 milhões).

    O levantamento mostrou que, além dos custos, foram 128,71 mil mortes, 495,99 mil hospitalizações e 31,72 milhões procedimentos ambulatoriais realizados pelo SUS, atribuíveis ao excesso de peso e obesidade.

    Guia Alimentar

    Na visão dos pesquisadores, o Guia Alimentar para a População Brasileira também constitui uma das estratégias para implementação da diretriz de promoção da alimentação adequada e saudável que integra a Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN).

    Os guias alimentares contribuem para a melhora dos padrões de alimentação e nutrição e para a promoção da saúde das populações, já que os hábitos alimentares e as condições de saúde se modificam ao longo do tempo.

    Recomendações

    » Base da alimentação: alimentos in natura ou minimamente processados, variados e predominantemente de origem vegetal;
    » Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar;
    » Limitar o consumo de alimentos processados (conservas, compotas, queijos, pães);
    » Evitar o consumo de ultraprocessados;
    » Comer com regularidade e atenção;
    » Fazer compras em feiras e mercados que ofertem variedades de alimentos in natura e minimamente processados;
    » Desenvolver, exercitar e partilhar habilidades culinárias, principalmente, com crianças e jovens;
    » Planejar a alimentação: da compra e organização dos alimentos até a definição do cardápio e a divisão das tarefas domésticas relacionadas ao preparo das refeições;
    » Preferir comer, quando fora de casa, em locais que sirvam refeições frescas (restaurantes de comida caseira ou a quilo);
    » Ser crítico quanto à publicidade de alimentos, que tem como único objetivo o aumento da venda de produtos.

    Edição: Maria Claudia

  • Novo método de avaliação do solo identifica fatores que limitam a produtividade

    Novo método de avaliação do solo identifica fatores que limitam a produtividade

    A Embrapa desenvolveu um método diagnóstico para avaliar o impacto do uso de tecnologias na fertilidade do solo. A ferramenta consegue identificar fatores que limitam a produtividade e afetam a estabilidade de produção. A metodologia proposta foi validada em áreas agrícolas do Paraná, em parceria com a Cocamar Cooperativa Agroindustrial.

    Constatamos que os aspectos essenciais para aumentar a produtividade; garantir estabilidade de produção e reduzir os impactos ambientais decorrentes das atividades agrícolas estão relacionados à melhoria da fertilidade integral do solo (física, química e biológica), à cobertura permanente do solo e à adoção de diferentes práticas conservacionistas, como o terraceamento e o cultivo em nível, por exemplo”, explica o chefe de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Soja, Alvadi Balbinot Júnior.

    O gerente executivo técnico da Cocamar, Renato Watanabe, conta que esse trabalho procura mostrar que ações adequadas de manejo de solo trazem mais segurança aos agricultores e contribuem para melhorar a qualidade do meio ambiente como um todo. “Quando pensamos em uma agricultura tropical, pujante e capaz de alimentar o mundo, sabemos que ela está diretamente ligada à qualidade dos solos, o que promove aumento de produtividade e redução de custos”, destaca Watanabe. “A sustentabilidade de todo o sistema de produção passa pela capacidade de realização de um plantio direto de qualidade, algo que, infelizmente, foi ‘simplificado’ pelos produtores, devido a alguns fatores, perdendo a sua essência”, afirma.

    Os indicadores propostos na metodologia são o índice de qualidade estrutural do solo (IQES), que é determinado por meio do Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) e a taxa de infiltração estável de água no solo. “Uma grande vantagem é que o método pode ser reproduzido por cooperativas, órgãos de assistência técnica e empresas para fazer uma análise ampla da qualidade do solo, identificando gargalos que dificultam o aumento da produtividade, da estabilidade de produção face à ocorrência de adversidades climáticas e da rentabilidade nas diferentes regiões em que atuam”, afirma Balbinot.

    Como foi desenvolvida a metodologia

    Para determinar o método, foram selecionadas 22 áreas agrícolas em 11 municípios do norte e noroeste do Paraná, sob Sistema de Plantio Direto (SPD), com diferentes modelos de produção, diversidade ou não de espécies vegetais e potencial de aporte de palha e raízes.

    O método consegue fazer uma avaliação da propriedade a partir de duas frentes distintas. Em primeiro lugar, diagnosticar a qualidade do manejo e a fertilidade do solo (indicadores físicos e químicos) para identificar fatores relacionados ao solo que limitam a produtividade, a estabilidade de produção e a lucratividade. “Além disso, a metodologia consegue avaliar o impacto de modelos de produção, com maior diversidade de espécies vegetais e aporte de palha e raízes, sobre a fertilidade do solo”, detalha Balbinot

    Para possibilitar as análises e comparações, as áreas foram classificadas em dois modelos de produção, adotado nas três safras que antecederam à amostragem. O modelo padrão caracteriza-se pelas sucessões milho segunda safra/soja e trigo/soja, sem cultivo de espécies vegetais para cobertura do solo. Por outro lado, o modelo aprimorado é aquele com maior diversidade de espécies vegetais ou maior potencial de produção e persistência de palha e raízes. “Vale destacar que a principal espécie de cobertura utilizada no modelo aprimorado foi a braquiária ruziziensis (Urochloa ruziziensis), solteira ou consorciada com o milho segunda safra”, diz Balbinot.

    Dados publicados

    O resultado desse estudo está reunido na publicação Diagnóstico da qualidade do manejo e impacto de modelos de produção aprimorados sobre a fertilidade do solo nas regiões norte e noroeste do Paraná, editada pela Embrapa. As informações serão compartilhadas com o público da Safratec 2022, evento promovido pela Cocamar, nos dias 20 e 21 de janeiro.

    Em busca do máximo potencial genético

    De acordo com o pesquisador da Embapa Júlio Franchini, avaliações sobre a produtividade média da soja e do milho segunda safra, principais culturas agrícolas do Paraná, mostram que não atingem o potencial genético, principalmente, por falta de água para atender as necessidades das plantas. Em 16 safras (1999/2000 a 2014/2015), avaliadas no Paraná, Franchini estima que a ocorrência de secas ocasionou perdas de 20,8 milhões de toneladas de grãos de soja. “Há estudos mostrando que é de aproximadamente 85% a diferença entre a produtividade potencial e a observada na planta, devido à deficiência hídrica”, explica. “Isso significa que, mesmo em safras consideradas “normais” do ponto vista climático, a produtividade das culturas de grãos no Paraná tem sido limitada pela falta de água”, avalia o pesquisador.

    Nesse sentido, Franchini destaca que o aumento da produtividade e a estabilidade de produção estão associados, em grande parte, à adoção de tecnologias que aumentem a disponibilidade de água às plantas. “Isso envolve a construção de um perfil de solo sem impedimentos ao crescimento radicular sejam eles físicos (compactação), químicos (acidez excessiva, com baixos teores de cálcio, fósforo e presença de alumínio tóxico) ou biológicos (fitonematoides e fungos fitopatogênicos), possibilitando assim um maior volume de solo explorado em busca de água, sobretudo nas camadas mais profundas”, explica Franchini.

    Estrutura do solo: o melhor negócio

    A melhoria da estrutura do solo, além de favorecer o crescimento radicular, proporciona maior taxa de infiltração e armazenamento de água disponível às plantas, bem como otimiza os fluxos de água, oxigênio e nutrientes do solo para as raízes, explica o pesquisador Henrique Debiasi. “Tanto o crescimento das raízes quanto os fluxos e o armazenamento de água disponível são beneficiados pela cobertura do solo com palha”, ressalta.

    Em clima tropical, de acordo com o pesquisador, a temperatura máxima das camadas superficiais do solo sem cobertura pode chegar a mais de 50ºC, o que paralisa o crescimento e o funcionamento das raízes. “Há trabalhos relatando que o máximo crescimento radicular e área foliar da soja aos 40 dias após a semeadura ocorreu com temperatura média do solo de 28 ºC. O aumento para 34ºC reduziu em cerca de 40% tanto o crescimento radicular quanto a área foliar das plantas”, relata Debiasi. “A cobertura com palha reduz as perdas de água por evaporação até o fechamento das entrelinhas da cultura, aumentando a disponibilidade hídrica às plantas em até 40% durante esse período”, frisa o cientista.

  • Pesquisadores da UFMT desenvolvem curativo de queimadura com babosa e própolis

    Pesquisadores da UFMT desenvolvem curativo de queimadura com babosa e própolis

    Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) estão desenvolvendo curativo para queimaduras à base de borracha natural, babosa e própolis. O projeto receberá financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat). Ele encontra-se em fase de desenvolvimento experimental, mas tem potencial de melhorar e diminuir os custos do tratamento.

    Queimaduras que precisam de acompanhamento médico são, geralmente, ferimentos com uma extensão e profundidade considerável, o que as torna vulneráveis a infecções e exige uma manutenção mais trabalhosa que um corte, por exemplo, que tem a vantagem de poder ser ponteado para auxiliar na recuperação.

    Assim, o tratamento desses ferimentos deve incluir três funções: controlar o crescimento bacteriano, remover o tecido necrosado e estimular o crescimento do novo tecido. Atualmente isso é feito em etapas separadas, o que, de acordo com uma das responsáveis pelo projeto, a pesquisadora de pós-doutorado Loyane Almeida, limita a eficácia do tratamento.

    “Ao produzir as membranas de borracha natural que estudamos podemos acrescentar diferentes compostos medicinais, como os presentes na babosa e no própolis, que irão tratar dos ferimentos de forma mais ampla, contribuindo para diminuir a frequência na troca de curativos do paciente”, explicou.

    Componentes bem conhecidos

    Pode parecer receita caseira, mas a babosa (também conhecida como aloe vera) e o própolis são panaceias com um forte lastro científico e de saberes populares.

    A pesquisadora explica que na casa de familiares, que fica de frente para um posto de saúde, tem uma babosa bem à vista no jardim. Não são poucos os pacientes que passam e pedem um pedaço para tratar a queimadura de um parente ou vizinho. Isso acontece porque a babosa é um fitoterápico com ação anti-inflamatória, imunomoduladora, que favorece o crescimento de vasos sanguíneos e restauração da pele.

    “A própolis, por sua vez, tem capacidade antioxidante, anti-inflamatória, analgésica, antibacteriana e antifúngica. Além disso, no processo de cicatrização, ela tem se indicado promissora devido à capacidade de aumentar a proliferação, ativação e crescimento das células da pele e estimular a expressão de colágeno”, afirmou, com base em uma pesquisa anterior realizada pelo grupo.

    Além disso, a própria borracha natural é capaz de estimular células e fatores específicos envolvidos na cicatrização, como a angiogênese, processo de formação de novos vasos sanguíneos para nutrição e reparo da região da queimadura.

    Câmpus do Araguaia

    O projeto está em fase de desenvolvimento experimental na UFMT, Câmpus do Araguaia. “A proposta visa unir o melhor dos três, borracha natural, própolis e babosa. Primeiramente integrando conhecimentos físico-químicos e, então, entendendo quais os efeitos imunológicos e fisiopatológicos da membrana desenvolvida”, disse a pesquisadora, e completou: “Mais estudos ainda são necessários para determinar eficácia e segurança, antes da aplicação clínica em humanos  e é por isso que a aprovação e fomento pela FAPEMAT será tão importante”.

    A pesquisa é supervisionada pela professora Paula Cristina Souza Souto, da UFMT Câmpus do Araguaia, que também é responsável pelo projeto.

  • Pesquisa revela tendência do consumidor luverdense no período pós-pandemia

    Pesquisa revela tendência do consumidor luverdense no período pós-pandemia

    Um levantamento feito pela Unilasalle, a pedido da CDL, mostrou a tendência de comportamento do consumidor de Lucas do Rio Verde no chamado período pós-pandemia de covid-19. A pesquisa foi realizada em preparação do evento Oscar do Varejo.

    Mais de 1,3 mil pessoas foram pesquisadas durante parte do mês de outubro. Elas responderam a questionamentos que vão desde o que pretendem gastar em presentes nas festas de fim de ano a como pretendem efetuar estas compras.

    Quase metade dos entrevistados (47,7%) disse que pretende gastar mais de R$ 200 em presentes no período de fim de ano.

    Em relação a forma como pretendem fazer as compras, os luverdenses disseram que pretendem ir às compras pessoalmente, apesar da possibilidade de adquirirem por meio de apps. Mais de 55% dos entrevistados afirmaram que pretendem fazer as compras nas lojas físicas.

    O número mostra a retomada de consumo do luverdense. Antes da pandemia, 59% dos entrevistados faziam compras nas lojas físicas. Durante o período mais crítico da pandemia, quando ocorreu maior ênfase no isolamento e distanciamento social, 46% dos entrevistados disseram fazer compras em lojas físicas.

    Índice de confiabilidade

    A coordenadora da pesquisa, professora Juliana Pereira Bravo, explicou que a metodologia aplicada na pesquisa garante 95% de confiabilidade. A população estimada de Lucas do Rio Verde, de acordo com o IBGE, é de aproximadamente 78 mil habitantes. O índice de confiabilidade é alcançado com levantamento de dados de 395 entrevistados.

    Em entrevista à imprensa, Juliana disse que houve resistência dos luverdenses em responder à pesquisa, parte em razão da covid-19. Isso motivou a coordenação a adotar estratégias para conseguir realizar a pesquisa.

    Em relação ao comportamento do consumidor antes, durante e agora, no período pós-pandemia, é importante para os comerciantes. “Eles sentem mais confiança e credibilidade na loja física. É um bom sinal para o comerciante, ter essa perspectiva, de que os consumidores querem realmente fazer as compras em lojas físicas”, explicou.