Tag: pesquisa

  • Brasil desenvolve cultivares de algodão com fibra longa e resistência a doenças

    Brasil desenvolve cultivares de algodão com fibra longa e resistência a doenças

    Duas novas cultivares de algodão com tecnologias genéticas avançadas acabam de ser disponibilizadas aos produtores brasileiros. Desenvolvidas pela Embrapa, em parceria com a IST Brasil – Lyntera, as variedades BRS 700FL B3RF e BRS 800 B3RF prometem atender demandas distintas do mercado: uma com fibra de alta qualidade voltada ao segmento de roupas premium e outra com forte resistência a doenças que desafiam a sustentabilidade da cotonicultura no País.

    A primeira, BRS 700FL B3RF, é indicada para quem busca agregar valor com uma fibra longa a extralonga, de espessura fina e resistência elevada. Seu desempenho se aproxima do algodão importado dos tipos egípcio e pima, tradicionalmente utilizados para a produção de tecidos finos e de alto valor agregado. Já a BRS 800 B3RF tem foco em sanidade e produtividade, sendo indicada para regiões onde a presença de doenças como a ramulária e pragas como o nematoide de galhas comprometem a viabilidade do cultivo.

    Ambas as cultivares são transgênicas e possuem a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, que protege contra as principais lagartas do algodoeiro e permite o uso de herbicida glifosato. Segundo os pesquisadores responsáveis, essas características reduzem o número de aplicações de defensivos e os custos operacionais, além de contribuir para práticas mais sustentáveis.

    Fibra de excelência para mercados exigentes

    A cultivar BRS 700FL B3RF foi desenvolvida com foco na qualidade da fibra, alcançando comprimento médio de 33,5 milímetros e chegando a ultrapassar os 34 milímetros em mais da metade dos locais onde foi testada. O pesquisador Camilo Morello, coordenador do Programa de Melhoramento Genético do Algodoeiro na Embrapa Algodão (PB), afirma que esse desempenho é inédito no País. “Essa cultivar visa suprir uma demanda por fibras de alta qualidade, com maior valor agregado, já que o Brasil importa fibras de classificação extralonga, de algodoeiros dos tipos egípcio ou pima. Com a BRS 700FL B3RF, chegamos a uma qualidade de fibra bastante próxima, porém em algodoeiro herbáceo (Upland), preservando produtividade e sanidade”, declara Morello.

    Além do comprimento, a fibra apresenta resistência de 32,8 gf/tex e micronaire de 3,7, o que garante boas condições para fiação e acabamento. A produtividade média da cultivar é de 4.524 quilos por hectare, com rendimento de fibra de 38%, porte alto e ciclo longo. Esses números representam um avanço em relação à primeira cultivar transgênica de fibra longa lançada pela Embrapa, a BRS 433FL B2RF, cuja fibra alcançava em torno de 32,5 milímetros.

    A BRS 700FL B3RF é recomendada para cultivos nos biomas Cerrado e Caatinga, com destaque para os estados da Bahia, Tocantins, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Minas Gerais, Paraná, São Paulo, Paraíba e Ceará.

    250507 NovosAlgodoes1 NelsonSuassuna
    Foto: Nelson Suassuna

    Redução de perdas e economia com defensivos

    A outra cultivar lançada, a BRS 800 B3RF, se destaca pela resistência a múltiplas doenças, incluindo a mancha de ramulária, a doença azul e a bacteriose (mancha angular). Além disso, apresenta resistência ao nematoide de galhas (Meloidogyne incognita), uma das pragas mais problemáticas do algodão, capaz de inviabilizar lavouras inteiras.

    De acordo com o pesquisador da Embrapa Nelson Suassuna, a ramulária é a doença que exige o maior número de aplicações de fungicidas no Brasil, até oito durante o ciclo em variedades suscetíveis.

    Ele conta que outro importante problema dos sistemas de produção com o algodoeiro é o nematoide de galhas, que causa drástica redução na produção das lavouras, muitas vezes inviabilizando a produção. “A nova cultivar oferece ao produtor uma forma de reduzir esses custos e ainda manter a produção em áreas afetadas, como no Mato Grosso e na Bahia, onde o nematoide está presente em cerca de 25% e 37% das áreas, respectivamente”, destaca Suassuna.

    Com ciclo precoce, a BRS 800 B3RF é ideal para a segunda safra – prática comum no Mato Grosso – e para cultivos tardios sob pivô, como ocorre na Bahia. A produtividade média alcança 5 mil quilos por hectare, com rendimento de fibra de 42% e comprimento de 29,5 milímetros.

    A cultivar é indicada para cultivos em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Piauí, Rondônia, Tocantins, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.

    Tecnologia genética e adaptação regional

    Ambas as cultivares utilizam a tecnologia Bollgard 3 RRFlex, da Bayer, amplamente adotada por oferecer proteção contra as principais lagartas do algodão, como a Heliothis e a Spodoptera. Essa tecnologia transgênica também confere tolerância ao herbicida glifosato, facilitando o manejo de plantas daninhas.

    Outro ponto forte é a adaptação regional das cultivares. A BRS 700FL B3RF, com ciclo mais longo e exigência alta de regulador de crescimento, é indicada para áreas de maior controle técnico e ambiental. Já a BRS 800 B3RF, de ciclo curto e menor exigência de manejo, se adapta bem às áreas de segunda safra, ampliando as opções para os produtores em diferentes estados e climas.

    Mercado de algodão em transformação

    A disponibilização dessas cultivares ocorre em um momento estratégico. O Brasil é um dos maiores exportadores de algodão do mundo, mas ainda importa fibras especiais para atender indústrias têxteis voltadas ao segmento de luxo. Com a BRS 700FL B3RF, há a expectativa de que parte dessa demanda possa ser suprida internamente, agregando valor ao produto nacional e reduzindo a dependência de importações.

    Ao mesmo tempo, a BRS 800 B3RF representa um reforço importante para a sustentabilidade da cadeia produtiva, especialmente em regiões onde doenças e pragas vinham comprometendo a rentabilidade das lavouras. As novas cultivares estarão disponíveis aos produtores por meio da IST Brasil – Lyntera, empresa licenciada para a multiplicação e comercialização das sementes.

    Conheça os novos algodões

    250507 NovosAlgodoes3 CamiloMorello CAPA
    Foto: Camilo Morello

    A cultivar de algodão BRS 700FL B3RF *
    Ciclo: tardio

    Exigência regulador: alta

    Exigência em fertilidade: média-alta

    Aderência da fibra: média-forte

    Rendimento de fibra (%): 38

    Peso do capulho (g): 5,7

    Micronaire: 3,7

    Comprimento da fibra (UHML – mm): 33,5

    Resistência da fibra (gf/tex): 32,8

    Índice de fibras curtas (%): 5,1

    Produtividade média: 4.524 kg/ha

    250507 NovosAlgodoes2 CamiloMorello
    Foto: Camilo Morello

    A cultivar de algodão BRS 800 B3RF *:
    Ciclo: precoce

    Exigência regulador: média-baixa

    Exigência em fertilidade: média-alta

    Aderência da fibra: forte

    Rendimento de fibra (%): 42

    Peso do capulho (g): 5,5

    Micronaire: 4,7

    Comprimento da fibra (UHML – mm): 29,5

    Resistência da fibra (gf/tex): 29,0

    Produtividade média: 5.005 Kg/ha

  • Embalagem inteligente muda de cor para avisar que o peixe estragou

    Embalagem inteligente muda de cor para avisar que o peixe estragou

    Uma nova tecnologia desenvolvida por cientistas brasileiros promete revolucionar a forma como identificamos alimentos impróprios para consumo: uma embalagem que muda de cor conforme o alimento se deteriora. O sistema, que utiliza pigmentos naturais extraídos do repolho roxo, foi criado por pesquisadores da Embrapa Instrumentação (SP), em parceria com a Embrapa Agroindústria de Alimentos (RJ) e a Universidade de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos (UIC).

    A inovação da ciência brasileira foi empregar atécnica de fiação por sopro em solução para produzir mantas de nanofibras inteligentes usando pigmentos vegetais naturais. As mantas, utilizadas como embalagens, são capazes de monitorar a qualidade de alimentos em tempo real pela alteração da cor. A alteração da embalagem édesencadeada pela interação química entre os compostos liberados durante a deterioração e o material da embalagem.Em testes em laboratórios, a mantaapresentou ótimos resultados, mudou de roxo para azuldurante omonitoramento do frescor do filé de merluza.

    250507 EmbalagemInteligente Matheus Falanga cor roxa alimento apropriado
    Foto: Matheus Falanga

    A cor roxa indicou que o alimento estava apropriado ao consumo. Mas, depois de 24 horas, a cor tornou-se menos intensa e, após 48 horas, surgiram tons azul-acinzentados. Passadas 72 horas, a coloração azul sinalizou a deterioração do filé de peixe armazenado, sem a necessidade de abrir a embalagem.

    Para os pesquisadores da Embrapa, os resultados mostram que mantas compostas de nanofibras se comportam como materiais inteligentes, exibindo mudanças visíveis na cor durante o processo de deterioração de filés de peixe. Porém, embora essa característica aponte uso potencial das mantas no monitoramento do frescor de peixes e frutos do mar, os cientistas dizem que há necessidade de ampliar os estudos para validar sua aplicação em diferentes espécies.

    SBS é alternativa à técnica convencional

    250507 EmbalagemInteligente Matheus Falanga bobina manta
    Foto: Matheus Falanga

    A técnica de fiação por sopro em solução (SBS, do inglês Solution Blow Spinning), desenvolvida em 2009 por pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), da Embrapa Instrumentação, em parceria com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), é capaz de produzir micro e nanoestruturas poliméricas, e apresenta diversas vantagens. Entre elas, a rapidez no desenvolvimento das nanofibras, que leva apenas duas horas.

    A técnica ainda apresenta escalabilidade, versatilidade, fácil manejo, além de ser de baixo custo e utilizar forças aerodinâmicas para a produção das nanofibras, o que reduz muito o consumo de energia. A técnica foi descrita pelos autores em artigo no Journal of Applied Polymer Science.

    As nanofibrassão estruturas em escala nanométrica que podem formar não tecidos. Um nanômetro é equivalente a um bilionésimo de um metro. “Os estudos anteriores sobre nanofibras inteligentes contendo antocianinas extraídas de alimentos haviam sido conduzidos exclusivamente usando a técnica de eletrofiação”, conta Josemar Gonçalves de Oliveira Filho, que desenvolveu o processo em seu pós-doutorado.A eletrofiação, tradicionalmente utilizada com nanofibras, apresenta várias limitações, como baixa escalabilidade, altos custos, baixo rendimento, necessidade de 24 horas para produção e uso de altas voltagens.

    250507 EmbalagemInteligente Matheus Falanga pigmentacao
    Foto: Matheus Falanga

    Manta é reforçada com pigmentos naturais

    O estudo de Oliveira Filho foi supervisionado pelo pesquisador da Embrapa Luiz Henrique Capparelli Mattoso, no Laboratório Nacional de Nanotecnologia para o Agronegócio (LNNA). Parte da pesquisa foi realizada no Departamento de Engenharia Mecânica e Industrial da Universidade de Illinois, em Chicago (EUA).

    No estudo, os pesquisadores utilizaram antocianinas e o polímero biocompatível e biodegradável, conhecido como policaprolactona. As antocianinas são pigmentos naturais encontrados em algumas plantas, frutas, flores e vegetais, que exibem uma ampla gama de cores como vermelho, rosa, azul, roxo, cinza, verde e amarelo.

    Elas mudam de cor conforme o pH (grau de acidez ou alcalinidade) do meio em que se encontram. Na pesquisa, as antocianinas foram extraídas de resíduos de repolho roxo. Como o repolho roxo é rico em antocianinas, pode ser utilizado como indicador de pH. O estudo testou mais de dez pigmentos, a maioria de vegetais. “As nanofibras demonstraram capacidade de monitorar a deterioração de filés de peixe em tempo real, revelando potencial como materiais de embalagem inteligentes para alimentos”, avalia Oliveira Filho.

    250507 EmbalagemInteligente Matheus Falanga pos dotorando Oliveira Filho
    Pós-doutorando apresenta a embalagem inteligente (Foto: Matheus Falanga)

    O pós-doutorando esclarece que, embora, as pesquisas sobre o uso de antocianinas de resíduos alimentares na produção de outros materiais inteligentes estejam documentadas na literatura, as informações são escassas sobre a aplicação desses extratos na produção de nanofibras inteligentes.

    Já Mattoso explica que a policaprolactona, polímero biodegradável usado na embalagem, possui boa flexibilidade e resistência mecânica, o que é vantajoso para a proteção de alimentos. Além disso, tem potencial para uso em uma ampla gama de solventes e baixa temperatura de fusão, o que facilita o processamento com menor consumo de energia.

    “Por isso, é considerada uma alternativa para o desenvolvimento de nanofibras para diversas aplicações. Quando combinadas com antocianinas, as nanofibras apresentam uma capacidade notável de monitorar mudanças de pH, detectar a produção de amônia e aminas voláteis, além de identificar o crescimento de bactérias. Esses indicadores são essenciais para sinalizar a deterioração em produtos como peixe e frutos do mar”, detalha o especialista em nanotecnologia.

    Uso de resíduos ajuda a reduzir perdas de alimentos

    250507 EmbalagemInteligente Matheus Falanga alimentos equipamento
    Foto: Matheus Falanga

    Oliveira Filho diz que a produção da manta de nanofibras e inicia com uma solução polimérica, obtida pela mistura e agitação da policaprolactona, extrato de repolho e do ácido acético. Em seguida, essa solução é introduzida no equipamento de SBS, que é composto por uma fonte de gás comprimido, um regulador de pressão para controlar o fluxo de gás, uma bomba de injeção que direciona a solução para a matriz de fiação com bico, e um coletor com velocidade de rotação ajustável, onde as nanofibras são depositadas para formar a manta. O processo final resulta em fibras em escala nanométrica, similares a fibras de algodão.

    Mattoso lembra que usar resíduos do setor varejista para extrair antocianinas e aplicá-las como indicadores colorimétricos pode agregar valor a esses alimentos descartados, ao mesmo tempo em que reduz o impacto ambiental negativo do descarte.Além disso, pode trazer segurança aos alimentos armazenados ao detectar rapidamente a sua deterioração.

    250507 EmbalagemInteligente Matheus Falanga peixe na embalagem
    Foto: Matheus Falanga

    Os dados da pesquisa foram publicados no artigo “Fast and sustainable production of smart nanofiber mats by solution blow spinning for food quality monitoring: Potential of polycaprolactone and agri-food residue-derived anthocyanins” na revista Food Chemistry.

    A pesquisa foi apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) por meio do INCT Circularidade em Materiais Poliméricos, liderado pela Embrapa Instrumentação.

  • 15,5 milhões de consumidores sofreram golpes financeiros nos últimos 12 meses, aponta CNDL / SPC Brasil 

    15,5 milhões de consumidores sofreram golpes financeiros nos últimos 12 meses, aponta CNDL / SPC Brasil 

    A cada dia surgem novos golpes financeiros que exigem do consumidor atenção e cuidado constantes. Uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise Pesquisas, mostra que 41% dos entrevistados sofreram alguma fraude ou alguma tentativa de fraude em instituições financeiras nos últimos 12 meses, representando aproximadamente 15,5 milhões de consumidores.

    O principal tipo de golpe foi o pagamento adiantado de um benefício ou bem, que nunca recebeu (5%), transferência de dinheiro para compra de produtos em anúncios falsos postados em redes sociais clonadas de amigos e/ou conhecidos (4%), cartão de crédito e/ou débito clonado (3%), transferência bancária ou PIX para alguém se passando por um contato conhecido (3%), e transação financeira (saques, pagamentos ou transferências) na conta bancária sem autorização (3%).

    “Os golpes financeiros estão cada vez mais sofisticados, exigindo do consumidor muita atenção e cautela na hora de cada transação. Um exemplo é o uso da inteligência artificial que muitas vezes recria a voz e até mesmo a imagem de uma pessoa conhecida para convencer as pessoas a fazerem uma compra falsa. É importante o consumidor sempre verificar e confirmar se aquela compra é real antes de fazer qualquer pagamento ou transferência”, alerta o presidente da CNDL, José César da Costa.

    Depois do ocorrido, 28% negociaram com a empresa, instituição financeira ou pessoa para reaver valores, 28% procuraram a administradora do cartão de crédito, 18% que fizeram boletim de ocorrência e 15% procuraram um órgão de proteção ao consumidor.

    38% afirmam não ter conseguido recuperar o dinheiro perdido com a fraude

    De acordo com o estudo, a maioria (61%) conseguiu recuperar o dinheiro, sendo que 30% recuperaram o valor total perdido no golpe e 21% somente parte do valor do golpe. No entanto, 38% não recuperaram o dinheiro.

    Além das perdas financeiras, um dos danos sofridos foi a restrição ao crédito: 27% dos que sofreram alguma fraude ficaram com o nome negativado. E 27% relataram que foi preciso acionar a Justiça para resolver o problema.

    A contratação de um advogado ou uma empresa foi mencionada por 42% dos que sofreram algum tipo de fraude.

    De acordo com os entrevistados, para evitar cair em fraudes, 64% evitam compartilhar informações pessoais desnecessárias, 55% desconfiam da possibilidade de ganhar dinheiro fácil, sempre checando informações oficiais, 53% desconfiam de contatos desconhecidos, ligações de números de outros estados, ou mensagens de pessoas não reconhecidas e 51% desconfiam de ofertas de produtos e serviços com preços muito abaixo do mercado.

    “Para evitar golpes, os consumidores devem seguir alguns cuidados como garantir que documentos, celular e cartões estejam seguros e com senhas fortes para acesso aos aplicativos, desconfiar de ofertas com preços muito abaixo do mercado, ficar atento com links e arquivos enviados por mensagens, não fornecer senhas e verificar se é realmente a pessoa antes de fazer qualquer transferência. É importante também monitorar o seu CPF com frequência para garantir que não foi vítima de alguma compra ou empréstimo indevido”, destaca Costa.

  • Brasil sobe cinco posições no ranking do IDH e está na 84ª colocação

    Brasil sobe cinco posições no ranking do IDH e está na 84ª colocação

    O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (Pnud ou UNDP, na sigla em inglês) divulgou, nesta terça-feira (6), no Rio de Janeiro, a edição deste ano do relatório de Desenvolvimento Humano. O documento atualiza o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 193 países, com base em informações de 2023, sobre indicadores de expectativa de vida, escolaridade e Produto Interno Bruto (PIB) per capita – por  indivíduo.

    O Brasil aparece na 84ª colocação com um IDH de 0,786 (em uma escala de 0,000 a 1,000), um índice considerado de desenvolvimento alto. Em relação a 2022, o IDH do país cresceu 0,77% porque o índice era de 0,780 (ajustado este ano).

    Em 2022, o Brasil estava na 89ª posição, o que significa que o país subiu cinco colocações. No IDH de 2022 ajustado este ano, no entanto, o país estava na 86ª posição e, portanto, subiu duas colocações no ranking (ultrapassando a Moldávia e empatando com Palau).

    O relatório também mostra a evolução do país nos períodos de 2010 a 2023 (um aumento médio anual de 0,38%) e de 1990 a 2023 (um crescimento médio de 0,62%).

    Segundo o Pnud, os países são divididos em quatro grupos, de acordo com o IDH. Aqueles com pontuação a partir de 0,800 são considerados de alto desenvolvimento humano. Setenta e 74 países estão nessa situação. O Chile é o país na melhor posição entre as nações da América Latina e Caribe (45ª posição, com 0,878 ponto).

    Outros nove latino-americanos e caribenhos estão neste grupo (Argentina, Uruguai, Antígua e Barbuda; São Cristóvão e Névis; Panamá; Costa Rica; Bahamas; Barbados; e Trinidad e Tobago). Na média, o IDH da região subiu 0,778 em 2022 para 0,783 em 2023 (alta de 0,64%).

    Pontuação

    Além do Brasil, outros 49 países são considerados de desenvolvimento alto (com pontuação de 0,700 a 0,799). As nações de desenvolvimento médio (de 0,550 a 0,699) somam 43, enquanto aqueles com desenvolvimento baixo (abaixo de 0,550) são 26.

    A Islândia ultrapassou a Suíça e a Noruega e agora é o país com maior IDH do mundo (0,972). As seis primeiras colocações, aliás, são de países europeus (Dinamarca, Alemanha e Suécia, além dos três mencionados).

    Já o Sudão do Sul, nação mais jovem do mundo, criada em 2011, tem o pior indicador (0,388). As nove últimas posições são ocupadas por países africanos. O Iêmen, palco de uma guerra civil que dura anos no Oriente Médio, tem o décimo menor IDH.

    O IDH médio mundial chegou a 0,756 em 2023, um aumento de 0,53% em relação ao ano passado (0,752). Segundo o coordenador do relatório, Pedro Conceição, esse é o maior patamar de desenvolvimento humano desde o início do levantamento.

    “Mas há dois aspectos preocupantes nessa conquista. Primeiro é o fato de que estamos progredindo de forma mais lenta. Na verdade, é o progresso mais lento na história, se não considerarmos o período de declínio do IDH [devido à pandemia de covid-19]. Se continuássemos a ter o progresso que tínhamos antes de 2020, estaríamos vivendo em um índice de desenvolvimento muito alto em 2030. Mas a tendência agora é que [o progresso] achatou um pouco e esta marca de viver num Índice de Desenvolvimento Humano muito elevado foi adiada por décadas”, disse Pedro Conceição.

    Para ele, o segundo aspecto é que países com IDH baixo estão ficando para trás. “[Isso aconteceu] pelo quarto ano consecutivo. E isso representa uma ruptura com uma tendência que já vinha ocorrendo há décadas, na qual víamos uma convergência no Índice de Desenvolvimento Humano entre os países”.

    De acordo com a pesquisa, a média dos países de IDH muito alto é de 0,914 ponto, enquanto aqueles com IDH baixo têm uma média de 0,515.

    Outros dados

    O relatório da ONU também apresenta um ajuste do IDH levando em consideração o aspecto da desigualdade social. Nesse caso, o IDH do Brasil é ajustado para 0,594, o que faz com o país fique apenas na 105ª posição global e caindo para categoria de IDH médio. No caso da primeira colocada, Islândia, por exemplo, o IDH tem pouco ajuste, ficando em 0,923. O IDH mundial ajustado fica em 0,590.

    No caso da comparação entre gêneros, o IDH das mulheres (0,785) é um pouco melhor do que o dos homens (0,783) no país. As mulheres brasileiras têm indicadores melhores de expectativa de vida e de escolaridade, mas perdem no PIB per capita.

    Já em relação ao IDH ajustado pela pegada de carbono de cada país, o Brasil apresenta IDH de 0,702, mas se posiciona melhor no ranking mundial, na 77ª posição.

    Inteligência artificial

    O tema deste ano do relatório é a inteligência artificial. O administrador do Pnud, Achim Steiner, afirmou que é importante não ser governado por uma tecnologia, mas sim usá-la para o progresso do desenvolvimento humano.

    “Nossa capacidade de explorar no sentido positivo essa nova fronteira, mas também de nos proteger, exige, por definição, cooperação internacional, inclusive por parte de países mais ricos, ajudando os países mais pobres a, antes de tudo, se tornarem parte dessa economia de desenvolvimento emergente do futuro”, explicou Steiner.

    Para ele, é importante garantir que a Inteligência Artificial ​​“seja realmente algo que nos dará, como seres humanos, a oportunidade de aumentar nossa engenhosidade, nossa diversidade, nossa imaginação, nosso empreendedorismo e, acima de tudo, uma confiança de que, no século XXI, podemos nos desenvolver e prosperar juntos, ao mesmo tempo em que enfrentamos os riscos para o nosso futuro juntos” finalizou.

  • Novos acessos de grão-de-bico reforçam Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa

    Novos acessos de grão-de-bico reforçam Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa

    Desde março último, o Banco Ativo de Germoplasma (BAG) de grão-de-bico da Embrapa Hortaliças passou a contar com um expressivo reforço representado pela chegada de 500 acessos da leguminosa, provenientes do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – Serviço de Pesquisa Agrícola (USDA-ARS), envolvendo a Rede de Informações sobre Recursos de Germoplasma (Germplasm Resources Information Network-GRIN).

    As tratativas iniciadas em 2019 e que resultaram na recente entrega dos acessos estão em consonância com o projeto aprovado no Sistema Embrapa de Gestão (SEG) que trata de Bancos Ativos de Germoplasma de Oleaginosas, Fibrosas e Leguminosas. Assina o projeto o pesquisador Warley Nascimento, coordenador dos trabalhos de melhoramento genético de pulses na Embrapa Hortaliças, que têm no grão-de-bico um dos principais ativos, a partir do acervo de recursos genéticos com valor agregado da leguminosa.

    De acordo com Nascimento, o reforço proporcionado pelos novos acessos de grão-de-bico deverá se refletir na ampliação e organização dos acervos de recursos genéticos da leguminosa. A ideia, segundo ele, é reunir informações sobre a procedência, introdução, multiplicação, identificação, caracterização e disponibilização desses acessos, após o devido registro na Plataforma Alelo.

    “Para atender às demandas atuais e futuras fazem-se necessários repositórios de germoplasma com ampla variabilidade genética com valor agregado, de genes e de produtos de sua expressão para serem disponibilizados para a pesquisa científica e tecnológica”, observa Nascimento.

    Processo

    grao de bico

    A caracterização e a avaliação da coleção serão realizadas a partir de descritores morfológicos e agronômicos, ou seja, com a identificação das características botânicas – produtividade, tamanho e coloração do grão, precocidade e porte, entre outras – possibilitando a identificação de grupos de acesso com características de interesse científico e tecnológico. “Esse trabalho tem como objetivo geral enriquecer, conservar, caracterizar, documentar, divulgar e disponibilizar os acessos a essa leguminosa com vistas a valorizar e utilizar os recursos genéticos e sua disponibilidade estratégica para o Brasil”, resume o pesquisador.

    O processo de intercâmbio de recursos genéticos foi conduzido pela analista Danielle Biscaia, que atua na área de pesquisa e de transferência de tecnologia da Embrapa Hortaliças. Segundo ela, diversas equipes da Embrapa foram envolvidas em diferentes etapas: “Além da Embrapa Hortaliças, tivemos a participação da Coordenação Técnica do Sistema de Curadorias de Germoplasma (CTSC), do Núcleo de Intercâmbio de Germoplasma (NIG), do Núcleo de Gestão da Estação Quarentenária de Germoplasma Vegetal (NEQGV) e da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX)”.

    Bag-Vegetal

    Unidade conservadora de material genético para uso imediato ou com potencial de uso futuro, o Banco Ativo de Germoplasma Vegetal é definido como um conjunto de acessos conservado em campo, telados, na forma de sementes em câmaras frias, por técnicas de cultura de tecidos de onde se originam os materiais para intercâmbio e pesquisa.

  • Comércio deve movimentar R$ 37,75 bilhões no Dia das Mães, apesar de queda em relação a 2024

    Comércio deve movimentar R$ 37,75 bilhões no Dia das Mães, apesar de queda em relação a 2024

    Considerada a principal data comemorativa do primeiro semestre para o varejo, o Dia das Mães deve movimentar R$ 37,75 bilhões nos segmentos de comércio e serviços em 2025, segundo levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do SPC Brasil, em parceria com a Offerwise. A data deve levar cerca de 126,9 milhões de consumidores às compras, o que representa 78% da população economicamente ativa, ainda que o volume financeiro previsto seja R$ 2,46 bilhões menor que o registrado no ano anterior.

    A pesquisa revela que as mães (77%) continuam sendo as principais presenteadas, seguidas por sogras (18%) e esposas (17%). O valor médio das compras será de R$ 298, com homens (R$ 334) e consumidores das classes A/B (R$ 351) liderando os maiores gastos. A maior parte pretende adquirir dois presentes, sendo perfumes (47%), roupas, calçados ou acessórios (41%) e cosméticos (26%) os itens mais procurados.

    Produtos mais caros

    Mesmo com a intenção de presentear em alta, 69% dos consumidores afirmam que os produtos estão mais caros este ano. Ainda assim, 39% disseram que vão gastar mais, motivados principalmente pelo desejo de comprar um presente melhor (60%), pelos preços mais altos (44%) ou por adquirir mais itens (31%). Em contrapartida, 16% pretendem gastar menos, alegando necessidade de economizar, situação financeira difícil ou intenção de comprar menos presentes.

    As comemorações devem ocorrer em casa, segundo 43% dos entrevistados, sendo a casa da mãe o destino mais citado. Almoçar fora será a opção de 11% dos consumidores.

    O presidente da CNDL, José César da Costa, reforça a importância da data para o setor, mesmo em cenário de juros altos e inadimplência crescente. “Apesar da queda numérica em relação ao ano passado, sabemos que o brasileiro tem a tradição de presentear. É importante fazer pesquisa de preço e ficar atento ao orçamento, já que o país passa por um período crítico.”

    Preferência por lojas físicas

    As lojas físicas seguem como o canal de compra preferido, com 80% dos consumidores pretendendo adquirir os presentes presencialmente. Os principais pontos de venda citados são shopping centers (32%), shoppings populares (19%), lojas de departamento (17%) e lojas de rua (11%). Ainda assim, 45% pretendem realizar pelo menos uma compra pela internet, principalmente por aplicativos (73%), sites (69%) e Instagram (28%). O destaque fica para os sites internacionais (52%), onde os consumidores buscam variedade, preços mais baixos e qualidade.

    A pesquisa de preços deve orientar a maioria das decisões de compra: 79% dos entrevistados afirmam que irão comparar valores antes de adquirir os produtos, tanto pela internet (85%) quanto nas lojas físicas (68%). Em relação ao pagamento, 67% pretendem pagar à vista, sendo o PIX a forma mais citada (46%), seguido por cartão de débito (23%). Entre os que optarão por parcelar, o cartão de crédito aparece como principal recurso, com média de quatro prestações.

    Apesar da movimentação expressiva no comércio, o estudo aponta um comportamento de risco financeiro: 32% dos consumidores estão com contas em atraso e 63% têm o nome negativado. Mais alarmante é o fato de que 13% admitem que deixarão de pagar alguma conta para comprar presentes neste Dia das Mães.

    Equilíbrio na compra de presentes para as mães

    “É preciso equilíbrio. O ato de presentear não pode se sobrepor ao orçamento da família. Nessas horas, vale usar a criatividade, fazer algo personalizado ou dividir os custos do presente com outros familiares”, alerta Costa.

    Entre os que irão dividir os gastos, 56% farão isso com irmãos, 34% com outros parentes e 13% com o pai. Ainda assim, 82% devem arcar sozinhos com os custos dos presentes.

    A pesquisa foi realizada entre 1º e 10 de abril de 2025, com 730 entrevistados nas 27 capitais brasileiras, todos maiores de 18 anos e com intenção de comprar presentes. A margem de erro é de até 4 pontos percentuais, com 95% de nível de confiança.

  • 3ª Mostra Municipal de Foguetes será no dia 7 de maio

    3ª Mostra Municipal de Foguetes será no dia 7 de maio

    No dia 7 de maio de 2025, o Estádio Municipal Passo das Emas será palco da tão aguardada 3ª Mostra Municipal de Foguetes de Lucas do Rio Verde. Uma explosão de criatividade, ciência e diversão. Após um empolgante processo iniciado nas salas de aula, os alunos estão prontos para lançar seus foguetes artesanais em uma competição cheia de emoção e aprendizado.

    Serão apresentados os mais diversos modelos, construídos com criatividade, trabalho em equipe e muita dedicação.

    Ao todo, 14 escolas participam da mostra, sendo 12 da rede municipal e duas da rede particular. Mais de 2.100 estudantes, divididos em mais de 700 equipes, com o apoio de mais de 100  professores, se uniram na construção de foguetes e bases de lançamento dentro das próprias escolas.

    O objetivo da iniciativa é tornar o aprendizado mais divertido e colaborativo, aproximando alunos, professores, coordenadores, pais e a comunidade em geral.

    A entrada é gratuita.

  • Maioria dos consumidores volta a ficar inadimplente menos de um ano após limpar o nome, aponta SPC Brasil

    Maioria dos consumidores volta a ficar inadimplente menos de um ano após limpar o nome, aponta SPC Brasil

    Oito em cada dez consumidores brasileiros que quitam suas dívidas acabam retornando aos cadastros de inadimplência em menos de um ano. É o que revela o Indicador de Reincidência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), divulgado com base nos dados de março de 2025. Segundo o levantamento, 83,33% das negativações registradas no mês foram de pessoas que já haviam aparecido como devedoras nos 12 meses anteriores.

    Do total de reincidentes, 60,10% são consumidores que seguem com dívidas antigas em aberto, enquanto 23,23% haviam conseguido limpar o nome, mas voltaram a atrasar pagamentos dentro de um ano. Outros 16,67% dos negativados em março não constavam como inadimplentes no ano anterior e, portanto, não foram classificados como reincidentes.

    O estudo mostra ainda que o tempo médio para o consumidor reincidir na inadimplência é de apenas 75 dias — cerca de dois meses e meio após o primeiro atraso. Esse dado reforça a fragilidade no orçamento das famílias brasileiras, especialmente diante do cenário de juros altos e inflação persistente.

    “A alta reincidência é um reflexo direto da deterioração da renda real das famílias, impactada fortemente pela inflação dos alimentos e pelos juros elevados. Isso comprime o consumo e dificulta o planejamento financeiro. O retorno rápido à inadimplência mostra que muitas renegociações são feitas sem sustentabilidade”, afirmou o presidente da CNDL, José César da Costa.

    A distribuição dos devedores reincidentes também revela um perfil predominante: a faixa etária de 30 a 39 anos concentra 25,93% dos reincidentes. Por gênero, a participação é equilibrada: 53,52% são mulheres e 46,48% homens.

    Apesar do alto número de reincidências, o indicador acumulado de 12 meses encerrado em março de 2025 registrou queda de 5,70% no número total de devedores reincidentes em relação aos 12 meses anteriores.

    O presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior, relaciona esse comportamento ao contexto macroeconômico. “A possibilidade de nova alta da inflação nos Estados Unidos pode manter os juros elevados por mais tempo, pressionando o dólar e alimentando a inflação importada no Brasil. Isso contribui para que a Selic continue alta, dificultando ainda mais o acesso ao crédito”, comentou.

    Menos brasileiros conseguiram quitar dívidas em 12 meses

    O Indicador de Recuperação de Crédito do SPC Brasil também mostra que caiu o número de brasileiros que conseguiram sair da inadimplência. Nos 12 meses encerrados em março de 2025, a quantidade de consumidores que quitaram todas as dívidas recuou 8,82% em comparação ao período anterior.

    A maior retração foi entre os consumidores que levaram de 91 dias a um ano para pagar suas pendências, com queda de 13,94% na recuperação desse grupo. Já na análise por faixa etária, a maior taxa de recuperação ocorreu entre pessoas de 50 a 64 anos (23,54%). A divisão por gênero também se mantém próxima do equilíbrio: 52,22% dos consumidores que regularizaram a situação financeira eram mulheres e 47,78% homens.

    Em média, cada consumidor recuperado pagou R$ 2.073,94 para quitar todas as suas dívidas em atraso. No entanto, a maioria, 59,49%, resolveu pendências com valores de até R$ 500.

    Os números reforçam os desafios enfrentados pelas famílias brasileiras no cenário atual, evidenciando a importância de políticas públicas, educação financeira e condições mais favoráveis de crédito para reduzir a reincidência e ampliar o acesso ao consumo de forma sustentável.

  • Bagaço de cana vira embalagem que protege equipamentos eletrônicos sensíveis

    Bagaço de cana vira embalagem que protege equipamentos eletrônicos sensíveis

    Dispositivos eletrônicos sensíveis, como chips e semicondutores, têm alto valor e precisam ser acondicionados em embalagens especiais para evitar danos por descargas eletrostáticas. Eles estão presentes no nosso dia a dia, em computadores, celulares, TVs e até automóveis. Pesquisadores do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais) desenvolveram uma nova embalagem antiestática e sustentável, feita a partir do bagaço da cana-de-açúcar e de negro de fumo, para proteção desses equipamentos.

    Chamado de criogel condutivo, o composto é feito a partir da celulose extraída de plantas e resíduos agroindustriais, como o bagaço de cana-de-açúcar, e do negro de fumo, material produzido pela combustão incompleta de matéria vegetal, como carvão e alcatrão de carvão, ou produtos petrolíferos. Pode ser usado em embalagens para transportar microchips, semicondutores e outros componentes eletrônicos, garantindo segurança sem comprometer o meio ambiente.

    Criogel condutor Boa condutividade eletrica

    A pesquisa do CNPEM que resultou no produto, publicada na revista Advanced Sustainable Systems, inova ao oferecer um material alternativo às espumas plásticas, derivadas de petróleo, hoje usadas para proteger componentes eletrônicos e evitar danos por descargas eletrostáticas. A ideia é que o criogel, de origem predominantemente vegetal, substitua o produto plástico, altamente poluente.

    Financiado pela Fapesp, o estudo é assinado pelas pesquisadoras Gabriele Polezi, Elisa Ferreira, Juliana da Silva Bernardes e pelo pesquisador Diego Nascimento, todos do LNNano (Laboratório Nacional de Nanotecnologia) do CNPEM. O produto não tem similares no mercado e já teve a patente depositada. O CNPEM buscará agora por meio de sua Assessoria de Inovação parcerias com empresas dispostas a investir na produção em escala industrial.

    A nova embalagem protege materiais cada vez mais presentes em equipamentos eletrônicos avançados. Segundo relatório do Departamento de Comércio dos EUA, o mercado global de embalagens de produtos sensíveis a descargas eletrostáticas deve atingir USD 5,1 bilhões até 2026.

    “Nosso objetivo é oferecer uma alternativa sustentável para a indústria de embalagens de produtos eletrônicos sensíveis, substituindo materiais plásticos por opções menos poluentes e de alto desempenho”, explica Juliana Bernardes, coordenadora do estudo.

    O material do CNPEM tem estrutura leve e porosa, com alta resistência mecânica e propriedades que dificultam a propagação de chamas. Sua capacidade de conduzir eletricidade pode ser ajustada conforme a necessidade: em baixas concentrações de negro de fumo (1% a 5%), dissipa cargas eletrostáticas lentamente; em concentrações mais altas (acima de 10%), torna-se um condutor eficiente e pode ser usado em aplicações mais avançadas para proteger equipamentos eletrônicos altamente sensíveis.

    Apesar de os custos de produção ainda não estarem precificados, o criogel condutivo tem uma série de vantagens ambientais e competitivas. Oferece maior resistência ao fogo, versatilidade e usa matérias-primas abundantes. A celulose, por exemplo, pode ser obtida do bagaço de cana e outros resíduos agroindustriais, como palha de milho e cavacos de eucaliptos. O negro de fumo é usado na produção de pneus e na indústria – chineses e egípcios antigos já usavam o pó preto para pinturas de murais e impressão.

  • Selva de pedra versus oásis verde: O contraste da arborização urbana em Mato Grosso, revela censo

    Selva de pedra versus oásis verde: O contraste da arborização urbana em Mato Grosso, revela censo

    Em um estado onde a natureza exuberante é marca registrada, o Censo 2022 do IBGE lança luz sobre a distribuição da arborização nos centros urbanos de Mato Grosso, com um olhar especial para a desafiadora realidade de Cuiabá, conhecida por suas altas temperaturas.

    Com uma população de 3,6 milhões de habitantes, Mato Grosso revela que 80,9% de seus moradores urbanos desfrutam da proximidade de árvores, enquanto 19,1% residem em áreas onde o verde é escasso. No entanto, ao focalizar a capital, Cuiabá, a situação se torna mais crítica. Nesta metrópole, que ano após ano enfrenta recordes de calor intenso, apenas 74,5% dos habitantes vivem em vias agraciadas com ao menos uma árvore, deixando um quarto da população (25,5%) em um cenário de concreto e asfalto desprovido de sombra natural.

    Os dados, parte de um levantamento detalhado sobre as características urbanísticas do entorno dos domicílios, exploram dez quesitos cruciais para a qualidade de vida urbana, desde a pavimentação das vias até a presença de rampas para cadeirantes e, claro, a arborização.

    No ranking das capitais brasileiras com maior proporção de vias arborizadas, Cuiabá ocupa a 8ª posição, um resultado que, apesar de não ser o pior, ainda sinaliza espaço para melhorias, especialmente em uma cidade onde o conforto térmico proporcionado pelas árvores é tão vital. Campo Grande (MS) lidera a lista com um verdejante 91,4%, seguida por Goiânia (89,6%) e Palmas (88,7%). Nas últimas colocações, com os menores percentuais de arborização em suas vias, encontram-se Rio Branco (39,9%), São Luís (34,3%) e Salvador (34,1%). Em nível estadual, Mato Grosso do Sul ostenta o primeiro lugar em arborização urbana (92,4%), enquanto Sergipe amarga a lanterna (38,5%).

    Em todo o Brasil, o levantamento aponta que 58,7 milhões de pessoas (33,7%) vivem em vias sem árvores, um contraste significativo com os 114,9 milhões (66,0%) que residem em áreas onde a natureza se faz presente nas ruas.

    Para Maikon Novaes, do IBGE, a arborização urbana transcende a estética, sendo um pilar fundamental para a qualidade de vida nas cidades. Seus benefícios ambientais, sociais e econômicos são vastos, com destaque para a amenização das temperaturas e a redução das ilhas de calor que tanto impactam o cotidiano urbano. A integração inteligente dos dados da pesquisa urbanística com políticas eficazes de arborização surge, assim, como um caminho promissor para a construção de cidades mais sustentáveis, agradáveis e, em última análise, com uma qualidade de vida superior para seus habitantes.

    O estudo do IBGE também revela outros aspectos da infraestrutura urbana em Mato Grosso. Uma parcela significativa da população, 83,1% (2,9 milhões de pessoas), reside em vias pavimentadas. Embora expressivo, esse percentual ainda se situa abaixo da média nacional de 88,5%. Em contrapartida, mais de 608,3 mil mato-grossenses ainda enfrentam a realidade de viver em ruas não pavimentadas.

    No quesito mobilidade urbana, Mato Grosso figura entre os estados com a menor proporção de moradores próximos a pontos de ônibus ou vans (apenas 3,1%), um dado que suscita reflexões sobre o acesso ao transporte público. Por outro lado, o estado se destaca positivamente em acessibilidade, ocupando a 4ª colocação nacional em número de moradores em vias com rampa para cadeirantes (22,4%).

    Ainda no âmbito da infraestrutura, a iluminação pública alcança uma ampla parcela da população urbana de Mato Grosso, com 98,2% dos moradores residindo em vias iluminadas, colocando o estado entre os dez melhores nesse quesito. No entanto, a pavimentação ainda representa um desafio, com Mato Grosso entre as dez menores proporções de vias asfaltadas.

    Finalmente, a pesquisa do IBGE aponta que Mato Grosso possui uma alta proporção de moradores em vias com capacidade para circulação de veículos pesados como caminhões e ônibus (97,9%), um reflexo de sua importância no cenário do agronegócio brasileiro. O município de Sinop, um importante polo cortado pela BR-163, lidera essa estatística no estado, com 99,1% de sua população urbana residindo em tais vias, sublinhando seu papel crucial no escoamento da produção.