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  • Tacacá: Como fazer a delícia paraense

    Tacacá: Como fazer a delícia paraense

    Você já ouviu falar do tacacá? Esse é um prato tradicional da culinária paraense, que se destaca pelo seu sabor picante e exótico. O tacacá é um caldo quente feito com tucupi, goma de tapioca, camarões secos e jambu, uma erva que causa uma sensação de formigamento na boca. O tacacá é servido em cuias e se toma com uma colher de pau, sem usar talheres.

    Tacacá
    Tacacá – Foto: Canva

    O tacacá tem origem na cultura indígena da região amazônica, que utiliza a mandioca como base da alimentação. O tucupi é um líquido amarelo extraído da mandioca brava, que precisa ser cozido para eliminar o veneno.

    A goma de tapioca é obtida a partir da hidratação da farinha de tapioca granulada, que forma uma massa gelatinosa. Os camarões secos são usados para dar sabor e sal ao caldo, e o jambu é uma erva que tem propriedades medicinais e aromáticas.

    O tacacá é um prato que pode ser encontrado em diversas cidades do Pará, especialmente em Belém, onde há vários pontos de venda nas ruas e nas feiras. O tacacá é consumido principalmente no final da tarde, como um lanche ou uma refeição leve.

    O tacacá é considerado um patrimônio cultural e gastronômico do Pará, e faz parte das festividades e tradições locais, como o Círio de Nazaré, uma das maiores procissões religiosas do Brasil.

    Ingredientes:

    • 2 litros de tucupi (você pode encontrar em lojas de produtos brasileiros ou fazer em casa, seguindo o processo de extração)
    • 1/2 xícara (chá) de camarões secos (limpos e sem cabeça)
    • 2 pimentas-de-cheiro (opcional)
    • Sal a gosto
    • 1 xícara (chá) de farinha de tapioca granulada
    • Água
    • Folhas de jambu ou espinafre como substituto
    • Pimenta-de-cheiro picada

    Modo de preparo:

    Tacacá
    Tacacá – Foto: Canva 
    1. Comece preparando a goma de tapioca.
    2. Coloque a farinha de tapioca granulada em uma tigela e adicione água aos poucos, mexendo com as mãos até formar uma massa granulada que possa ser esfarelada.
    3. Para o caldo de tucupi, em uma panela grande, aqueça o tucupi em fogo médio.
    4. Adicione os camarões secos e as pimentas-de-cheiro inteiras.
    5. Tempere com sal a gosto e deixe ferver por cerca de 15 minutos.
    6. Após 15 minutos, retire os camarões secos do caldo e reserve.
    7. Descarte as pimentas-de-cheiro se não quiser um sabor muito picante.
    8. Em outra panela, cozinhe o jambu em água fervente por alguns minutos, até que as folhas fiquem macias.
    9. Escorra e reserve.
    10. Em uma panela pequena, aqueça um pouco de água e dissolva a goma de tapioca, mexendo bem até formar um mingau.
    11. Se ficar muito grosso, adicione mais água. Se ficar muito ralo, adicione mais goma.
    12. Para montar o tacacá, coloque uma concha de caldo de tucupi em uma cuia.
    13. Adicione uma colher de mingau de tapioca, algumas folhas de jambu e alguns camarões secos.
    14. Salpique pimenta-de-cheiro picada por cima, se desejar.
    15. Sirva bem quente, com uma colher de pau.

    Agora você já sabe como fazer o tacacá, um prato delicioso e típico da culinária paraense. Experimente e se surpreenda com o sabor e a textura dessa iguaria. Bom apetite!

    A origem do Tacacá

    O tacacá é uma sopa tradicional da Amazônia, reconhecida por sua combinação única de sabores e uso de ingredientes locais. Com origens nas tradições indígenas da região, destaca-se pela presença do tucupi, um molho amarelo obtido da mandioca brava.

    A integração de ingredientes locais pelos povos indígenas, influenciada pelos colonizadores portugueses, deu origem ao tacacá que conhecemos hoje. Além de ser uma expressão gastronômica, o tacacá está ligado a rituais e significados culturais, sendo um gesto de hospitalidade e união em comunidades indígenas.

    Além de ficar conhecido na música da Banda Calypso, o Tacacá é uma iguaria do Pará que conquistou todo o país, sendo a segunda delícia do estado que é consumida em todo o Brasil, perdendo apenas para o açaí.

  • MST ocupa fazendas no sudeste do Pará

    MST ocupa fazendas no sudeste do Pará

    O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) informou que mais de mil famílias ocuparam, na madrugada desta segunda-feira (20), duas fazendas em Parauapebas, no sudeste do Pará. De acordo com o movimento, as ações marcam o Dia da Consciência Negra, celebrado hoje, e a Jornada de Lutas Terra e Liberdade.

    “Em luta, as famílias rememoram o legado de lutadores e lutadoras negras que inspiram a construção de um país livre da violência, da opressão e com garantia de direitos”, diz nota, divulgada pelo MST.

    O MST afirma que as fazendas ocupadas são improdutivas e resultado de grilagem de terras. As famílias reivindicam que as áreas sejam consideradas públicas e destinadas à reforma agrária.

    O movimento diz ainda que o clima na região é tenso, com a presença de policiais que teriam bloqueado a entrada e saída dos acampados.

     
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  • Governo conclui renovação de mais 72 quilômetros da BR 163 no Pará

    Governo conclui renovação de mais 72 quilômetros da BR 163 no Pará

    Rota fundamental à integração do Norte com as demais regiões brasileiras e de escoamento da produção agrícola, a BR 163 teve mais 72 quilômetros restaurados no Estado do Pará.

    O Governo Federal, por meio do Ministério dos Transportes, investiu R$ 15 milhões em serviços de manutenção e recuperação de segmento localizado entre os municípios de Rurópolis e Santarém – as melhorias beneficiam ainda as populações de Placas e Belterra.

    A etapa concluída nesta semana se estende dos Km 836 ao 908 e foi executada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT). Segundo o Ministério dos Transportes, foi realizado a fresagem descontínua, foi executado microrrevestimento e sinalização viária. As equipes ainda realizaram roçadas e caiação.

    Em setembro, outros 35 quilômetros passaram por manutenção, desde o Km 786,3 até o 836,3. O conjunto de intervenções asseguram mais segurança e fluidez na via, onde o transporte de cargas é intenso.

    A BR-163/PA é responsável por dar vazão – nacional e internacionalmente – à cadeia de produção do agronegócio brasileiro.  No território paraense, a rodovia cruza uma das regiões mais ricas do país em recursos naturais e potencial econômico.

  • Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no Pará

    Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no Pará

    Um inseto de 1milímetro sem olhos e com seis pernas é encontrado dentro de uma única caverna no interior do Pará. Longe do senso comum, pesquisadores brasileiros estão mobilizados para a preservação doTroglobius brasiliensis,ainda sem nome popular, que está criticamente ameaçado de extinção.

    A ação para manter o inseto(inofensivo ao ser humano) em uma rocha na Caverna do Limoeiro (o único registro em todo o mundo), em Medicilândia (PA), vai além das paredes da caverna e tem potencial de sensibilizar comunidades para o respeito ao meio ambiente.Nas expedições, os cientistas ficaram agachados por horas em busca de encontrar o inseto.

    “O animal existe, tem direito de continuar existindo e está intimamente associado ao processo de ciclagem de nutrientes no solo (da caverna)”, afirma o professorDouglas Zeppelini, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Ele explica que o bichinho, registrado pela primeira vez há 25 anos,se alimenta de detritos e transforma a matéria orgânica em decomposição, mantendo o ciclo natural para a riqueza do solo.

    O trabalho de preservação do Troglobiusbrasiliensisé do Plano de Ação Territorial para Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Xingu (PAT Xingu), com o trabalho de pesquisadores do projeto Pró-Espécies: Todos contra a Extinção.

    A ação é coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e pretende gerar iniciativas para reduzir as ameaças e melhorar o estado de conservação de pelo menos 290 espécies categorizadas como Criticamente em Perigo.

    Pará - Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT XinguPará – Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT XinguPará – Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu – Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu

    “Com as expedições recentes, conseguimos coletar novos dados sobre essa espécie eobservamos que o bicho está dentro de uma cadeia alimentar de organismos. Imagine que todos os indivíduos da espécie inteira habitam uma localidade em um único ponto”.

    Segundo os pesquisadores, a caverna está bem conservada e conta com a consciência dos donos da fazenda. “A gente se sente muito privilegiada depois dessas descobertas, já que a fazenda está bem conservada”, diza fazendeira Rosane Gotardo. Ela espera que as pessoas na região fiquem mais bem informadas sobre a novidadee que existam mais recursos para proteção do local.

    Políticas públicas

    O professorDouglas Zeppelini entende que seria necessária umaunidade de conservação, também levando em conta que os proprietários colaboram para preservação da região. “Nós coletamos o material de pesquisa em três expedições para fazer o levantamento”. O pesquisador defende que existam políticas públicas para preservar os animais ameaçados de extinção.

    Ele lembra que, além doTroglobius brasiliensis, os pesquisadoresencontraram um pseudoescorpião predador. Uma mostra, segundo ele, de que o ecossistema da caverna está funcionando perfeitamente. “São duas espécies que ocupam diferentes níveis na cadeia alimentar”.

    Pará - Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu Pará – Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu – Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu

    Sensibilização

    A coordenadora doPAT Xingu,Nívia Pereira,pesquisadora doInstituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Pará (Ideflor), também defende que é necessário garantir visibilidade para mudar a realidade de espécies ameaçadas, o que inclui levar as histórias para diferentes públicos, como é a escola, por exemplo. “Conscientizar ou sensibilizar a comunidade estáentre os objetivos. Percebemosque a caverna do Limoeiro, entre todas que a gente visitou, tem o entorno mais conservado. Há uma fauna que entra e sai da caverna”.

    A área do plano tem contexto de dificuldades, incluindo incidência de desmatamento, avanço agrário e garimpo. “O plano contempla a preservação de oito espécies e já tivemos resultados muito interessantes”. Além das expedições, os pesquisadores têm como prioridade a educação ambiental.É esse aprendizado que fascina os pesquisadoras que precisa chegar às crianças em uma aula prática de meio ambiente, saúde e educação.

    A bióloga Tayane Accordi, da Secretaria de Meio Ambiente de Medicilândia, defende que é importante para a cidade a parceria com o plano Pat Xingu, a fim depromover a proteção das espécies na cidade, com ênfase no Troglobius, que é o mais sensível. A conscientização sobre a novidade é trabalhada na escola. “Promovemos campanhas de educação ambiental nas escolas e, em breve, vamos implementar com algumas das metas do plano”.

    Pará - Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT XinguPará – Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT XinguPará – Animal em extinção de 1 mm é encontrado apenas em caverna no PA. Cientistas buscam sensibilizar comunidades para conservação de bichinho. Foto: Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu – Acervo IDEFLOR-Bio/PAT Xingu

    Potencial de cavernas

    Para o analista ambiental Daniel Mendonça, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), que atua na pesquisa e conservação de cavernas,pode haver interesse turístico em regiões como essa.

    A lógica é simples: ao garantir visibilidade para os animais, maior seria o interesse de conservar. “Que mais cavernas possam ter planos para o turismo ocorrer de forma sustentável”. As instalações têm custos como escadaria, rampa e outras estruturas, mas que devem ser feitas com planejamento

    Mendonça explica que a Constituição Federal consideraas cavernas como bem da União e que devem ter proteção máxima. Para ele, há um mundo de descobertas em estruturas naturaisde fauna e flora. Hoje o Brasil tem, registradas e conhecidas, aproximadamente23.500 cavernas.

    Há estimativa de mais de 150 mil. A caverna do Limoeiro tem 1,5 mil metros de extensão. “Quanto mais mapear, maior a chance de proteger também. Na verdade, é desaconselhável que se entre em uma caverna que não se conhece sozinho. Sempre é um ambiente de risco”, alerta.

    Veja galeria de fotos da espécie em extinção:

    Edição: Graça Adjuto
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  • Governo autoriza uso da Força Nacional em terra indígena no Pará

    Governo autoriza uso da Força Nacional em terra indígena no Pará

    O governo autorizou o uso da Força Nacional de Segurança Pública na Terra Indígena Apyterewa, no Pará. A portaria, assinada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, foi publicada nesta quinta-feira (14) no Diário Oficial da União.

    De acordo com o texto, o emprego das tropas foi autorizado em apoio à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em atividades e serviços considerados imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado, por 90 dias.

    “A operação terá o apoio logístico do órgão demandante, que deverá dispor da infraestrutura necessária à Força Nacional de Segurança Pública.”

    Edição: Graça Adjuto
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  • Força Nacional vai apoiar Polícia Federal em Novo Progresso, no Pará

    Força Nacional vai apoiar Polícia Federal em Novo Progresso, no Pará

    O município de Novo Progresso, no estado do Pará, receberá o apoio da Força Nacional de Segurança Pública, em apoio à Polícia Federal, até 8 de setembro de 2023. A região enfrenta historicamente conflitos fundiários e desmatamentos ilegais. Portaria do Ministério da Justica e Segurança Pública foi publicada hoje (28) no Diário Oficial da União.

    O município de Novo Progresso foi instituído em 1991, após o crescimento da população de um povoado que ocupou as margens da BR-163, em função do garimpo existente na região. A atividade ampliou os conflitos que já existiam antes, em função da extração de madeira ilegal e da chegada de pequenos produtores em busca da subsistência.

    De acordo com a publicação, os militares atuarão “nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, em caráter episódico e planejado”, com o apoio logístico da Polícia Federal que atua no estado do Pará.

    A portaria não define o número de militares que serão deslocados para o estado do Pará, mas determina que o grupo obedecerá o planejamento da Diretoria da Força Nacional de Segurança Pública.

    Edição: Valéria Aguiar

  • Governo retoma Luz para Todos e interliga municípios do Norte ao sistema elétrico

    Governo retoma Luz para Todos e interliga municípios do Norte ao sistema elétrico

    O Governo Federal retomou nesta sexta-feira, 4/8, o Luz para Todos que, nesta nova fase, vai beneficiar até 500 mil famílias até 2026. O programa leva energia elétrica à população rural, em especial no Norte do país e em regiões remotas da Amazônia Legal. Lançado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, a ação tem como objetivo garantir a erradicação da pobreza energética e o desenvolvimento social e econômico. O relançamento contou com a presença de Lula e do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) em Parintins, no Amazonas.

    “O fornecimento de energia elétrica é serviço essencial e direito fundamental do cidadão, já que visa ao atendimento de suas necessidades básicas. A retomada do programa vai garantir vida digna e cidadania a milhões de brasileiras e brasileiros”, afirma o ministro.

    Mais de 3,6 milhões de famílias foram atendidas com acesso ao serviço público de distribuição de energia elétrica desde o lançamento do programa, em 2003. Nessa nova etapa, o desafio é construir políticas de universalização do acesso e uso da energia elétrica ainda mais justas e inclusivas.

    Jesiel Prata Fonseca, morador da Vila Amazônia, pequeno povoado em Parintins, relembra de quando energia era sinônimo de luxo. “Quando vim para cá, não havia energia elétrica, apenas um pequeno gerador que funcionava para encher o reservatório de água. As pessoas mal tinham geladeira. Com a chegada da energia, o comércio começou a se desenvolver, as pessoas foram abrindo pequenos negócios, aumentou a renda e a qualidade de vida de todos”.

  • Técnica de tortura de fraturar dedos de presos é usada em 5 estados

    Técnica de tortura de fraturar dedos de presos é usada em 5 estados

    Uma técnica de tortura em que os dedos das mãos de pessoas encarceradas são fraturados já foi identificada em cinco estados pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (MNPCT). Segundo o órgão, a prática foi encontrada a partir da atuação da Força Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), ligada ao Ministério da Justiça. 

    Coordenadora do MNPCT, a advogada Carolina Barreto Lemos revelou que o órgão começou a perceber a disseminação dessas ocorrências em locais de incursões realizadas pela FTIP, como Rio Grande do Norte e Ceará. Há registros, ainda, de presos com dedos quebrados em Roraima, Amazonas e Pará.

    “Por óbvio, isso é uma forma completamente ilícita, não é algo que possa se justificar a partir de nenhum viés, não há nenhuma justificativa legal, isso se configura muito claramente enquanto um crime. Um crime de tortura porque é uma forma de castigar, de impor um castigo ilegítimo, injustificado, para além do castigo que é a própria privação de liberdade”, avalia a advogada. Acrescenta que a prática de se fraturar dedos está completamente fora dos padrões de uso proporcional da força.

    Liderada por policiais penais federais, que coordenam os policiais penais mobilizados, a FTIP foi criada para ser empregada na resolução de crises, motins e rebeliões, no controle de distúrbios e no reestabelecimento da ordem e da disciplina nos sistemas prisionais. A força-tarefa foi empregada pela primeira vez no país em 2017, na Penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, diante de uma crise que resultou na morte de 26 presos.

    A advogada lembra da declaração de Mauro Albuquerque, apontado por ela como um dos mentores da técnica de quebrar dedos. Ele defendeu a ação durante audiência pública na Câmara Municipal de Natal (RN), em 12 de setembro de 2017, após denúncias de maus-tratos contra presidiários no estado, quando era secretário estadual de Justiça e da Cidadania, conforme consta em relatório produzido pelo MNPCT, em 2019.

    Albuquerque afirmou, durante a audiência, que “quando se bate nos dedos – falo isso não é porque não deixa marca nos dedos não… porque deixa marca – é para ele não ter mais força para pegar uma faca e empurrar num agente [policial], é para não ter mais força para jogar pedra”, aponta o relatório.

    A FTIC não só fazia as intervenções nos momentos específicos de crises, mas realizou também treinamento de policiais penais nos estados, o que levou a uma repetição das ocorrências para além da atuação da própria força, ressalta a coordenadora do Mecanismo.

    “E, com isso, dissemina-se as técnicas para além da sua atuação, a própria técnica de quebrar os dedos. Tanto é que, no fim do ano passado, em novembro, o órgão vai ao Rio Grande do Norte, que era o local que teve treinamento pela FTIP, apesar de a força não estar lá mais naquele momento, e identifica novamente [essa técnica] sendo usada”, relatou Lemos.

    Tortura

    Segundo a coordenadora do MNPCT, o uso dessa forma de tortura ainda não foi superado, inclusive porque a força-tarefa continua existindo e atuando, no entanto, com outro nome.

    “A equipe não deixou de existir, ela mudou de nome, atualmente está sendo chamada de Focopen, que é Força de Cooperação Penitenciária. Se não me engano, mas completamente ela continua atuando, e, até onde a gente saiba, partindo dos mesmos os parâmetros anteriores”, diz.

    A presidenta do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT) do Ceará, Marina Araújo, confirma que a ação de fraturar os dedos das pessoas no cárcere não se trata de ocorrência pontual no estado e que a prática de tortura nas unidades prisionais cearenses é um fato identificado há alguns anos como padrão sistemático.

    “Tanto quebra-dedos como posições de tortura são identificados, inclusive, como práticas que estão institucionalizadas, como sanções disciplinares que as pessoas internas hoje têm sido submetidas pela Administração Penitenciária a cumprir como procedimento disciplinar”, afirma.

    Em ofício enviado na última quinta-feira (6) ao governo do estado do Ceará, a CEPCT – junto a outras entidades contra a tortura – denuncia 33 casos de tortura no período de um ano (julho de 2022 a junho de 2023), recebidos pelo Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Execução de Medidas Socioeducativas do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará.

    “O contexto de tortura foi identificado por diversos órgãos locais e familiares, tem sido denunciado exaustivamente, cotidianamente, e esse cenário já foi documentado e comprovado em diversos relatórios de órgãos inclusive nacionais. Como exemplo, a gente tem um relatório de 2019 do Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura que identificou uma série de práticas de tortura e tratamento cruel dentro das unidades prisionais. Este mesmo cenário foi constatado pelo relatório de inspeções do Conselho Nacional de Justiça no ano de 2021”, revela Marina.

    As denúncias do ofício incluem ainda 26 mortes de internos nas unidades prisionais cearenses entre 2019 e 2021, com base em dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ); e cinco suicídios de agentes penais cearenses somente no ano de 2021, conforme aponta o relatório da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do estado.

    Os dados do CNJ – que apontaram as 26 mortes no sistema prisional do estado – são divergentes do que foi divulgado pelo governo, o que demonstra problemas em relação à transparência, segundo Marina.

    “Foram identificadas pela Secretaria de Segurança Pública somente quatro mortes no mesmo período analisado pelo CNJ. Então, tem um ponto que é sobre a transparência de dados e sobre acesso à informação de casos de tortura e de mortes nas unidades prisionais que precisa também ser pontuado”, alerta.

    Combate

    A coordenadora do MNPCT, Carolina Lemos, salienta que técnicas de tortura de modo geral são muito disseminadas pelo Brasil e que estão estruturalmente presentes na atuação das forças dentro do sistema prisional.

    “Elas se repetem, ainda que não tenha tido um intercâmbio direto entre os estados. Então, às vezes o que a gente vê em Minas Gerais vai ter algo parecido com o Amazonas ou Paraná, porque tem uma disseminação dessas técnicas históricas”, analisa.

    Em relação ao combate e prevenção de tortura no país, Carolina aponta que é necessário um controle externo para atingir o objetivo. “É fundamental um trabalho sistemático e qualificado de prevenção dessas práticas por meio da ação fiscalizatória, que é você fazer as visitas não anunciadas, chegar de surpresa nas unidades para ver o que está acontecendo de fato”, salienta.

    Além do controle por meio das Defensorias Públicas e dos Ministério Públicos, ela destaca a importância dos Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura estaduais, além do nacional, que tem a função exclusiva de fazer visitas regulares, produzir relatórios e recomendações para as autoridades.

    Segundo a advogada, a ideia dos mecanismos é que as visitas regulares a espaços de privação de liberdade contribuam para uma mudança na medida em que esses espaços que estão longe dos olhos do público vão ser sujeitos a um olhar externo regular.

    “A natureza preventiva se dá justamente com essa possibilidade de estar sempre sujeito a um olhar externo. É claro que o Brasil é um país de tamanhos continentais, então, mesmo um órgão nacional, ele sozinho não dá conta disso porque não consegue estar tão sistematicamente em 27 unidades da federação”, diz. Acrescenta que é fundamental também que os estados tenham seus mecanismos estaduais, que existem hoje em apenas seis unidades da federação.

    De acordo com essa medida, o Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CEPCT) do Ceará tem trabalhado pela aprovação de projeto de lei sobre o tema, para criar um Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão autônomo com peritos especializados para garantir as visitas e a prevenção à tortura em unidades de privação de liberdade no estado. A minuta do projeto está desde 2018 nas mãos do Poder Executivo para que apresente à Assembleia Legislativa, informa o comitê.

    “Outro ponto também fundamental é destacar que somente a instalação de câmeras nos fardamentos de policiais penais não vai resolver o problema. A gente acredita que as condições de apuração e investigação, e também de reparação das vítimas e das suas famílias, bem como a responsabilização, são pontos principais para se garantir”, assegura a presidenta do comitê Marina Araújo.

    Para ela, é importante fortalecer as estruturas de órgãos de fiscalização da atividade policial como a controladoria geral de disciplina, a delegacia de assuntos internos, e essas estruturas precisam estar fortalecidas pelo Poder Executivo, preconiza.

    Governo estaadual

    A Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP) informou, em nota, que considera as acusações infundadas e que “repudia a tentativa de ataque coordenado contra as políticas de ressocialização em larga escala da população privada de liberdade do Ceará”. Segundo a secretaria, o sistema recebe visitas regulares de instituições fiscalizadoras, como Poder Judiciário, Ministério Público e Defensoria Pública, além de entidades de controle social, e mantém uma Ouvidoria própria, vinculada à Ouvidoria do governo estadual.

    “O sistema prisional do Ceará virou um modelo de referência nacional em vários aspectos, com destaque para a ressocialização e a segurança física e emocional da sua população privada de liberdade. Entre os anos de 2009 até 2019, os presídios cearenses tiveram 210 presos assassinados. Desde que a SAP foi criada em 2019, esse número caiu para duas vidas perdidas de forma violenta, justamente nos primeiros meses de criação da pasta quando houve reação do crime perante a reorganização do sistema penitenciário cearense e assim permanece até hoje”, diz a nota.

    Segundo a SAP, o estado realizou, nos últimos quatro anos, em parceria com a Defensoria Pública do Ceará, mais de 125 mil revisões processuais entre os internos do sistema penitenciário do estado, o que contribuiu para a redução de 30 para 21 mil pessoas em regime fechado. A Secretaria da Administração Penitenciária  diz que foi a maior redução realizada no país.

    Governo federal

    A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) informou que apura as denúncias de tortura recebidas por meio da Corregedoria-Geral, que tem como função principal apurar irregularidades, abusos ou conduta indevida por parte dos servidores, além de implementar as diretrizes para as ações de correição.

    “Sobre o procedimento aberto à época do recebimento das denúncias de tortura, restam ainda sem confirmação de tortura. Em relação aos servidores mobilizados (servidores estaduais), foram instaurados PACs – Procedimento de Apuração de Conduta, que coleta informações preliminares e o processo instruído é enviado ao estado para julgamento. Não havendo indícios de tortura”, disse a pasta em nota.

    Segundo a secretaria, em 2023, a FTIP passou por uma reformulação no seu escopo de atuação passando a ser denominada Força de Cooperação Penitenciária (Focopen). “O novo modelo reflete a necessidade de reforço aos entes federados em 4 eixos: a) Apoio à Gestão Prisional, b) Gerenciamento de Crises no ambiente prisional, c) Treinamento e Capacitação dos servidores, d) Atendimento e Classificação dos presos”, informou.

    A Senappen informou que realiza Ações de Escuta com objetivo de realizar diagnósticos situacionais e identificação de demandas, na perspectiva das pessoas privadas de liberdade e dos servidores da execução penal, a fim de qualificar os serviços penais.

    Ampliada às 11h para inclusão dos quatro últimos parágrafos.

    Edição: Kleber Sampaio

  • Governo entrega títulos de Terra Indígena no Pará

    Governo entrega títulos de Terra Indígena no Pará

    O governo federal realizou hoje (28) a entrega simbólica da titulação da Terra Indígena Alto Rio Guamá, nos municípios de Nova Esperança do Piriá, Santa Luzia e Paragominas, no nordeste do Pará. A cerimônia de entrega para as lideranças indígenas foi realizada na aldeia sede, na parte norte do território. Homologada em 1993, a terra indígena de 282 mil hectares, estava com parte do território ocupado ilegalmente por não indígenas. A entrega da titulação ocorre após o término da desintrusão, iniciado em março, depois da decisão da Justiça Federal.

    No Alto Rio Guamá moram 2,5 mil indígenas das etnias Tembé, Timbira e Kaapor distribuídos em 42 aldeias próximas ao Rio Guamá, ao norte do Rio Gurupi, na fronteira com o Maranhão. Embora a Justiça determinasse a retirada imediata dos ocupantes ilegais da terra, o governo negociou prazo de 30 dias para que as famílias de 1.600 não indígenas deixassem a terra de forma voluntária sem necessidade de uso de força policial.

    “Após 30 anos, finalmente teremos a devolução da posse da Terra Indígena do Alto Rio Guamá, no Pará. Um passo crucial para garantir os direitos dos povos Tembé, Timbira e Kaapor. Uma ação integrada do governo federal, fruto do compromisso do Governo Lula com os povos indígenas”, escreveu a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, em uma rede social.

    Desintrusão

    O processo judicial para a desintrusão começou em 2002, quando o Ministério Público Federal (MPF) ajuizou ação de reintegração de posse da terra indígena ocupada irregularmente. A Justiça Federal concedeu liminar favorável à ação, confirmada em sentença proferida em 2014.

    “A batalha judicial faz parte de uma longa história de conflitos pela posse da terra que resultou em mortes e desmatamento na área central de 150 mil hectares. A parte mais recente dessa história, marcada por violência, preconceitos e muito ressentimento, teve início em 1945, com o reconhecimento da terra indígena”, informou o Ministério dos Povos Indígenas.

    De acordo com o ministério, a primeira fase da desintrusão começou entre maio e junho deste ano, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) cadastrou as famílias para encaminhamento a programas sociais pertinentes. Prefeituras locais e órgãos federais ajudaram a transportar seus pertences para locais cedidos e também cederam cestas básicas.

    Após o prazo da saída voluntária, oficiais de Justiça, da Subseção Judiciária de Paragominas, rodaram a terra para notificar eventuais remanescentes e atestaram a saída de todos os ocupantes ilegais.

    Na última sexta-feira (23) oficiais de Justiça, da Subseção Judiciária de Paragominas entregaram a representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e da Secretaria-Geral da Presidência da República, o auto de reintegração de posse da Terra Indígena Alto Rio Guamá (TIARG), concluindo a segunda fase da operação. O documento atesta o cumprimento de mandado judicial que restitui aos povos das etnias Tembé, Timbira e Kaapor o pleno direito de posse da terra indígena.

    O ministério informou que, na terceira fase, a ser realizada ao longo do mês de julho, haverá a inutilização de acessos e instalações irregulares na terra indígena. A medida tem por objetivo impedir que intrusos voltem a ocupar o local.

    Participaram da operação conjunta de desintrusão a Funai, o Incra, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Força Nacional e Exército Brasileiro.

    Edição: Valéria Aguiar

  • Governo prevê contratação de 230 mil moradias em 2023

    Governo prevê contratação de 230 mil moradias em 2023

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã deste sábado (17), em Abaetetuba (PA), da entrega de 222 moradias do programa Minha Casa Minha Vida. As casas fazem parte do Residencial Angelin, que estava com obras paralisadas nos últimos quatros anos, segundo o governo federal, e agora vai atender a 888 pessoas que se enquadram na faixa 1 do programa, aquela voltada para famílias com renda bruta mensal de até R$ 2.640.

    “Esse condomínio foi contratado pela presidenta Dilma em 2012. E tem dez anos que esse condomínio estava parado”, afirmou o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho. Segundo ele, o governo recebeu 186 mil casas contratadas, mas com 86 mil obras paralisadas. A meta para este ano é contratar 230 mil moradias e, ao longo dos quatro anos, a gestão Lula promete contratar 2 milhões de moradias em todo o país.

    “Nós vamos acabar todas as casas que estavam previstas e vamos fazer 2 milhões de casas novas nesse país”, afirmou Lula durante a entrega do residencial em Abaetetuba. O presidente ressaltou que a nova versão do programa vai construir moradias com sacada e um tamanho mínimo de 41 metros quadrados (m²). “Os apartamentos vão ter uma sacada, o conjunto habitacional vai ter uma biblioteca, para que as pessoas aprendam a ler”, destacou o presidente.

    No caso do Residencial Angelin, cada moradia entregue tem 43,11 m² de área privativa e valor de R$ 92,2 mil. Os beneficiários têm renda familiar média de R$ 876 e vêm, em grande parte, da zona rural, segundo o Ministério das Cidades. A pasta destacou que, no grupo, estão 13 pessoas com deficiência, 16 idosos e duas famílias em situação de risco.

    O residencial conta ainda com infraestrutura de água, esgoto, energia elétrica, iluminação pública, pavimentação, drenagem e transporte público. Estão disponíveis para os moradores uma creche, uma escola, um posto de saúde e um posto de segurança. No Pará, o governo federal confirmou a retomada de 1.048 moradias.

    Papa no Círio

    Em seu discurso, Lula falou sobre a viagem a Roma, na próxima semana, para um encontro com o papa Francisco, e disse que vai convidá-lo a participar do Círio de Nazaré, em Belém.

    “Seria extraordinário que ele pudesse participar, aqui no estado do Pará, no Círio de Nazaré”, afirmou Lula. O Círio é considerado a maior festa católica do planeta e reúne, anualmente, em Belém, mais de 2 milhões de fiéis, no segundo domingo de outubro.

    Ainda no Pará, Lula participará neste sábado de uma cerimônia de anúncio oficial da realização da Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30). Considerada a maior e mais importante cúpula mundial relacionada ao clima do planeta, a COP30 será realizada em Belém, em 2025.

    Edição: Graça Adjuto