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  • Papa Leão XIV deve seguir pontificado de paz e acolhimento, diz CNBB

    Papa Leão XIV deve seguir pontificado de paz e acolhimento, diz CNBB

    O secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Ricardo Hoepers, disse nesta quinta-feira (8) que a mensagem expressa pelo novo papa Leão XIV, ao ser escolhido como sucessor de Pedro, aponta para um pontificado voltado para o bem comum dos povos, em acordo com a doutrina social da igreja elaborada pelo papa Leão XIII, que serviu de inspiração para o nome do novo papa.

    “Ele veio mostrar que é preciso que o mundo inteiro ore pela paz. Com esse início do pontificado dele, apontando para que a paz esteja entre as pessoas; para retomar a doutrina social da igreja, que tem como objetivo fundamental o diálogo entre as nações e o bem comum. Ele trouxe já de maneira muito positiva algo que todos nós ansiamos que é a paz no mundo”, afirmou o religioso, em coletiva de imprensa. 

    Dom Ricardo também apontou a dignidade do trabalho e o combate à escravidão como possíveis temas que o novo papa deve abordar.

    “Tenho certeza que o fato de resgatar Leão XIII e a doutrina social vai trazer mais intensidade para que o mundo se abra para a dignidade do ser humano no trabalho, principalmente combatendo a escravidão no trabalho, que muitos países ainda vivem isso”, avaliou. 

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    Em uma mensagem divulgada na tarde desta quinta-feira, após a escolha do novo sumo pontífice, a CNBB disse esperar que Leão XIV mantenha o caminho de abertura da igreja, seguindo o legado do papa Francisco. Na avaliação da CNBB, o novo papa vai atuar na busca da paz, orientando a doutrina da igreja para o social, em especial os mais pobres. 

    Escuta e pacificação 

    Ao falar sobre a expectativa com o novo papa, Dom Ricardo afirmou ainda que, como cardeal, o norte-americano Robert Francis Prevost se destacou por ser uma pessoa que escuta. Segundo Dom Ricardo essa capacidade vai ser um ponto de destaque do novo papa, especialmente nas relações diplomáticas.

    “É um homem que escuta, que está atento ao que se diz. Tenho certeza que isso vai ser fundamental na conversa com os grandes governadores, com os que estão a frente dos países em crise. A igreja fortalecendo pontes, mas não por ele ser norte-americano, mas porque os papas estão com a missão de sempre buscar a paz”, opinou.

    Ao ser questionado como se dará a relação do papa, um norte americano, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, Dom Ricardo reiterou que o novo pontífice deve buscar a pacificação.

    “Os papas são grandes pacificadores que tem como ponto fundamental ajudar também os governantes a buscarem caminhos de paz. Como ele vai fazer, de que maneira ele vai fazer, cabe ao Santo Padre decidir esses caminhos e vamos conhecer ao longo do tempo. Mas, com certeza, ele já deu a chave de leitura quando iniciou falando da paz. É um pacificador, alguém que vai buscar esse diálogo, alguém que vai sentar e ouvir”, apontou.

    Acolhimento

    Durante coletiva, ao ser questionada qual deve ser a visão do novo papa em relação a abertura da igreja a grupos invisibilizados, a exemplo da população LGBTQIA+, Dom Ricardo disse acreditar na manutenção do processo de acolhimento.

    “O fato é que a igreja vem caminhando de uma maneira bonita através do papa Francisco aos invisibilizados, excluídos, e a palavra que ele [Leão XIV] usou hoje: vulnerabilizados – aqueles que estão de lado -, abrange muitos grupos, não só LGBTQIA+, mas muitos outros que são deixados de lado”, afirmou. 

    “Muito mais do que uma bandeira sobre gênero, a igreja vem caminhando para a dignidade da pessoa humana, para que todas as pessoas humanas sejam respeitadas”, concluiu.

    Acusações

    Dom Ricardo também foi questionado a respeito das acusações de três mulheres, em 2020, contra o então cardeal Prevost, de ter acobertado casos de abuso sexual, quando era administrador da diocese de Chiclayo, no Peru. O secretário-geral da CNBB disse que não houve acobertamento e que o processo foi levado em frente.

    “Importante que o processo foi à frente e foi o próprio Prevost, que à época levou a Roma para que fosse investigado até as últimas consequências. Portanto, ele não tem nada que possa dizer que ele esteve omisso, pelo contrário, foi ele quem trouxe o processo para que fosse bem investigado e é isso que desejamos de todos os processos, que sejam investigados no nível mais alto”, respondeu Dom Ricardo observando que o processo ainda está em andamento no Vaticano.

    Brasil

    Prevost esteve no Brasil duas vezes, como padre geral dos agostinianos, nos anos de 2012 e 2013, como padre geral dos agostinianos, nas cidades de Guarulhos, em São Paulo, e na capital mineira, Belo Horizonte.

    Dom Ricardo revelou que o então cardeal Prevost, de 69 anos, estava com passagem marcada para o Brasil. Ele participaria da 62ª Assembleia Ordinária da CNBB, prevista para acontecer no período de 30 de abril a 09 de maio. O evento foi cancelado em razão da morte do papa Francisco.

    “Normalmente temos um retiro espiritual durante os dez dias que os bispos ficam em Aparecida [local da assembleia] e este ano, em fevereiro, a presidência da CNBB, fez esse convite e ele aceitou de muito bom grado”, relatou Dom Ricardo. “Ele é um papo jovem, tem saúde e tenho certeza que agora convites não faltarão para ele visitar o Brasil”, disse.

  • Fumaça no Céu, Divisão na Terra: O Conclave de 2025 e o futuro da Igreja Católica

    Fumaça no Céu, Divisão na Terra: O Conclave de 2025 e o futuro da Igreja Católica

    O Adeus a Francisco

    A Praça de São Pedro silenciou. Era manhã de segunda-feira, 21 de abril de 2025, quando o sino da Basílica ecoou com uma lentidão solene que prenunciava o fim de uma era. Papa Francisco, aos 88 anos, deixava o mundo terreno após 12 anos de um papado marcante, transformador e, por vezes, controverso. O Vaticano, agora mergulhado em luto e expectativa, se prepara para um dos rituais mais enigmáticos e decisivos da cristandade: o Conclave.

    O Ritual que Paira sobre Séculos

    Conclave. A palavra soa como um sussurro de séculos, um eco que atravessa as catedrais do tempo. Quando um Papa morre — ou renuncia —, é esse o momento em que a Igreja se recolhe dentro da Capela Sistina para escolher seu novo líder. E não, não é apenas uma votação… é um drama silencioso, envolto por fumaça, orações e simbolismos.

    Os 135 cardeais eleitores, todos com menos de 80 anos, foram trancados — sim, literalmente — longe do mundo, sem celulares, e-mails ou qualquer tipo de comunicação com o exterior. Eles só sairão dali quando a fumaça branca subir, anunciando que o Espírito Santo soprou sua decisão. É assim desde 1274. A tradição, ali, não é um detalhe — é a regra.

    Herdeiros de Francisco: Quem São os Favoritos?

    VATICANO - IMAGEM CANVAS
    VATICANO – IMAGEM CANVAS

    Com o tabuleiro disposto, surgem os chamados papabili — os “papáveis”. Uma lista que não é oficial, mas é debatida com fervor nos bastidores do Vaticano, nas redações jornalísticas e até nos cafés de Roma. E esse ano, meu amigo, o jogo está aberto como nunca.

    Pietro Parolin – O Diplomata Silencioso

    Secretário de Estado do Vaticano, Parolin é o nome mais citado entre os que sonham com continuidade. Discreto, fluente em seis idiomas, é uma espécie de maestro nos bastidores. Quem o vê sorridente nas cerimônias pode não imaginar o poder que já exerce nos corredores do Vaticano.

    Matteo Zuppi – O Cardeal das Ruas

    Arcebispo de Bolonha, Zuppi é um nome que pulsa nas periferias. Conhecido por dialogar com os marginalizados e mediar conflitos armados, tem o apoio dos que querem uma Igreja mais próxima do povo e menos presa ao ouro e mármore do passado.

    Luis Antonio Tagle – O Coração Asiático da Fé

    Filipinas. Juventude. Carisma. Tagle é uma estrela entre os católicos da Ásia. Sempre com um sorriso acolhedor, defende as reformas pastorais de Francisco e tem forte apoio entre os cardeais mais jovens.

    Fridolin Ambongo – A Voz Africana Conservadora

    Do coração do Congo para o centro do mundo. Ambongo é a esperança dos tradicionalistas. Rígido em temas morais, tem base sólida entre os cardeais africanos e latinos.

    Jean-Claude Hollerich – O Progressista Calculado

    Luxemburguês e jesuíta, Hollerich é moderno, mas contido. Já defendeu discussões sobre o diaconato feminino e o papel dos leigos na Igreja. Pode ser a ponte entre passado e futuro.

    Divisões que ecoam no altar

    A Igreja está rachada. Não às vistas de todos, mas quem observa de perto sabe: há uma disputa intensa entre duas visões de mundo. De um lado, os reformistas — que veem em Francisco um símbolo da inclusão, da luta contra abusos e da necessidade urgente de modernização. Do outro, os conservadores — que denunciam “excessos”, clamam por doutrina rígida e veem as mudanças como ameaças.

    O novo Papa não será apenas um líder espiritual. Será um árbitro. Um pacificador. Um símbolo. E talvez, até mesmo, um sacrifício político.

    O impacto global de um nome

    A decisão tomada dentro dos muros do Vaticano ecoará nos quatro cantos do planeta. Em uma época de guerras, migrações, mudanças climáticas e colapso de valores, o próximo Papa terá que ser mais do que um pregador. Terá que ser estadista, mediador, comunicador — e acima de tudo, humano.

    O papel da Igreja Católica no cenário internacional continua imenso. Com mais de 1,3 bilhão de fiéis, o novo pontífice terá que lidar com realidades tão diversas quanto os bairros carentes de Bogotá, os subúrbios de Paris, as aldeias na África Central e as megalópoles asiáticas.

    Capela Sistina: Onde a fé fumaça

    A Capela Sistina está em silêncio. No alto, o Juízo Final de Michelangelo observa os cardeais, como se cada pincelada fosse uma advertência celestial. A fumaça subirá. Primeiro preta. Depois branca. E então, o mundo segurará a respiração.

    Habemus Papam! — dirá o cardeal protodiácono, abrindo a janela da Basílica para o mundo. Um nome será revelado. Uma nova era terá início.

    Considerações finais: O pêndulo da história

    O Conclave de 2025 é mais do que uma escolha entre nomes. É um espelho do nosso tempo. É sobre identidade, tradição, inovação e, sobretudo, fé. Seja quem for o eleito, ele carregará nos ombros mais do que uma batina branca — carregará as esperanças, as dúvidas e os dilemas de milhões de almas.

    E enquanto os sinos soarem novamente, nos resta observar, torcer e refletir. Porque o mundo está em transformação. E a Igreja… também.

    VATICANO - IMAGEM CANVAS
    VATICANO – IMAGEM CANVAS

    Papa, Pontífice e Conclave: Descubra as Histórias Por Trás de Palavras Sagradas

    Em meio aos rituais solenes e tradições milenares da Igreja Católica, algumas palavras se destacam por sua importância e simbolismo. Termos como “papa“, “pontífice” e “conclave” são frequentemente ouvidos, especialmente em momentos decisivos como a eleição de um novo líder espiritual. Mas você já se perguntou de onde vêm essas palavras e o que elas realmente significam? Vamos explorar as origens etimológicas desses termos e entender como eles refletem a história e os rituais da Igreja.

    1. Papa: o “pai” espiritual

    A palavra “papa” tem raízes no grego antigo, derivada de “πάππας” (páppas), uma forma carinhosa de se referir a “pai”. Nos primeiros séculos do cristianismo, esse termo era usado para se referir a bispos e líderes espirituais, simbolizando a figura paterna que guia e protege seus fiéis. Com o tempo, especialmente a partir do século IX, o título passou a ser exclusivo do Bispo de Roma, o líder supremo da Igreja Católica. :contentReference[oaicite:1]{index=1}

    2. Pontífice: o construtor de pontes

    “Pontífice” vem do latim “pontifex”, que combina “pons” (ponte) e “facere” (fazer), significando literalmente “construtor de pontes”. Na Roma antiga, os pontífices eram membros de um colégio sacerdotal responsável por supervisionar os rituais religiosos e manter a paz entre os deuses e os homens. O título de “Pontifex Maximus” era o mais alto cargo religioso, posteriormente adotado pelos imperadores romanos e, mais tarde, pela Igreja Católica para se referir ao papa como o principal mediador entre Deus e a humanidade. :contentReference[oaicite:2]{index=2}

    3. Conclave: a reunião secreta

    A palavra “conclave” tem origem no latim “cum clavis”, que significa “com chave”. Historicamente, após a morte de um papa, os cardeais se reuniam em um local trancado a chave para eleger o novo líder da Igreja, garantindo assim a confidencialidade e evitando influências externas. Esse processo foi formalizado no século XIII pelo Papa Gregório X, após um longo período de sede vacante, estabelecendo regras rigorosas para a eleição papal que perduram até hoje. :contentReference[oaicite:3]{index=3}

    Conclusão

    As palavras “papa”, “pontífice” e “conclave” carregam consigo séculos de história, tradição e significado. Elas não apenas denominam cargos e eventos importantes dentro da Igreja Católica, mas também refletem a evolução da linguagem e da própria instituição ao longo do tempo. Compreender suas origens nos ajuda a apreciar ainda mais a riqueza cultural e espiritual que permeia esses termos.