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  • Pesquisadores descobrem nova espécie de bromélia peluda em Minas Gerais

    Pesquisadores descobrem nova espécie de bromélia peluda em Minas Gerais

    Pesquisadores descobriram nova espécie de bromélia, em Minas Gerais, que tem como característica as folhas cheias de pelos. A Krenakanthus ribeiranus é uma variedade tão diferente de outras espécies da mesma família que, inicialmente, os cientistas não acreditaram que se tratava de uma bromeliácea.

    A descoberta foi feita com a ajuda de Júlio Cesar Ribeiro, um morador do município de Alvarenga que tirou fotos da espécie e enviou a pesquisadores para que pudessem identificá-la.

    “Essa planta é tão diferente que, quando o Júlio mandou a foto dela pra gente, achamos que pudesse ser tudo, menos uma bromélia! É difícil imaginar uma bromélia com folhas aveludadas e cheia de pelos, e isso é só um dos motivos que tornam essa descoberta tão empolgante”, explica Dayvid Couto, pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).

    A bromélia-peluda, apelido que ganhou dos pesquisadores, só tem registros conhecidos em uma montanha da região do Vale do Rio Doce. Devido à sua distribuição restrita e o avançado grau de degradação da área, a nova espécie já é classificada como criticamente em perigo de extinção.

    O pesquisador Eduardo Fernandez, do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora), vinculado ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), defende a adoção de medidas para a proteção da espécie, que é ameaçada por questões como o desmatamento para a abertura de pastagens e lavouras e pelo aumento da frequência de incêndios.

    “Algumas medidas urgentes precisam ser tomadas para a proteção dessa espécie, como um estudo para criação de uma unidade de conservação e a inclusão da espécie em políticas de conservação que vêm sendo elaboradas para a região. Essas medidas, combinadas à estratégias de conservação ex situ, podem nos ajudar a assegurar um futuro próspero para a bromélia-peluda”, afirma Fernandez.

    As serras do Leste de Minas Gerais têm sido fontes de várias descobertas recentemente. Segundo o JBRJ, mais de 30 novas espécies vegetais da região foram descritas por pesquisadores na última década.

    “Pela sua alta riqueza, única e extremamente ameaçada, as serras do Leste de Minas vêm aos poucos atraindo a atenção do Poder Público, mas ainda de maneira incipiente. É crucial o estabelecimento de unidades de conservação na região, que tem um dos mais proeminentes déficits de medidas de conservação in situ na região do Médio Rio Doce”, afirma o pesquisador Paulo Gonella, da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ).

    A bromélia-peluda foi descrita em artigo publicado na revista científica Phytotaxa e assinado por pesquisadores do INMA, UFSJ, JBRJ, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

    Edição: Graça Adjuto
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  • Nova espécie de palmeira é descoberta na Amazônia

    Nova espécie de palmeira é descoberta na Amazônia

    Pesquisadores ligados ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e outras universidades descobriram uma nova espécie de palmeira na Amazônia. A espécie encontrada pelos cientistas é do gênero Mauritiella, da família Arecaceae, e foi denominada Mauritiella disticha. As últimas descrições de palmeiras do gênero Mauritiella foram em 1935.

    O estudo envolveu uma equipe multidisciplinar formada por ecólogos, botânicos, biogeógrafos e bioinformatas, que acessaram áreas remotas da floresta amazônica. A coleta de referência da espécie encontra-se depositada no Herbário do Inpa.

    O processo de descoberta e descrição da nova espécie foi demorado e levou quase 15 anos. A planta foi encontrada pelos pesquisadores pela primeira vez na BR-319 (Manaus-Porto Velho-RO), em 2007, durante um levantamento de inventários florísticos. Um ano depois foi achada na rodovia Transamazônica.

    As palmeiras são um dos grupos de plantas mais abundantes na região da Amazônia. De cada 20 espécies de árvores, oito são palmeiras como buriti e açaí. Para o pesquisador do Inpa e um dos descobridores da nova espécie, Eduardo Prata o achado revela o quanto ainda há para se conhecer na flora Amazônica, bioma mais biodiverso do planeta. Prata, porém, lamenta a escassez de recursos para esse tipo de pesquisa.

    “Isso reflete não apenas a elevada diversidade de espécies na Amazônia, como também o baixo número de taxonomistas e a escassez cada vez maior de recursos e investimento em pesquisa na região e no Brasil de uma maneira geral”, disse o biólogo.

    Considerada de médio porte, a nova palmeira possui caule coberto de espinhos e alcança até sete metros de altura. As folhas seguem o modelo em leque (flabeliforme) e tem frutos ovais parecidos com os do buriti, mas as escamas possuem tamanho consideravelmente menor.

    A espécie é conhecida na bacia do médio Madeira, na região da BR-319 a oeste do Rio Madeira, e na região do rio Aripuanã Transamazônica (Apuí), a leste, no Amazonas. É encontrada em campos abertos e florestas baixas em ecossistemas de areia branca – as campinas e campinaranas, incluindo florestas secundárias próximas a estradas.

    Devido ao fato da aparente baixa densidade populacional da palmeira e por ocorrer, em parte, no Arco do Desmatamento, região sujeita à degradação por abertura de estradas, desmatamentos, queimadas e ocupação irregular por grileiros, a distribuição da espécie gera preocupação. Isso levou os pesquisadores a categorizá-la como Vulnerável.

    O trabalho com a nova descoberta foi publicado recentemente em artigo da revista da americana Systematic Botany.

    A primeira autoria é compartilhada pelo pesquisador do Inpa Eduardo Prata com Maria Fernanda Jiménez, do Gothenburg Global Biodiversity Centre e do Department of Biological and Environmental Sciences, University of Gothenburg, ambos na Suécia e também é assinado por pesquisadores vinculados ao Laboratório de Ecologia e Evolução de Plantas da Amazônia (Labotam/Inpa), Universidade de Campinas, pelo pesquisador Mario Cohn-Haft (Coleção de Aves/Inpa), e outros 13 autores de instituições do Brasil, Suécia, Alemanha, Holanda, Camarões, França e Reino Unido.

  • Nova espécie de sapo “sapinho-pingo-de-ouro” é descoberta na Mata Atlântica

    Nova espécie de sapo “sapinho-pingo-de-ouro” é descoberta na Mata Atlântica

    Uma nova espécie de “sapinho-pingo-de-ouro” foi descoberta na Mata Atlântica. O animal é o sexto de um grupo específico deste tipo de sapo e foi batizado de Brachycephalus ibitinga. O estudo foi desenvolvido por pelo menos 7 anos, envolveu diversos pesquisadores e foi liderado por Thais Condez, da Universidade do Estado de Minas Gerais (UFMG). A descrição do vertebrado reforça a importância das Unidades de Conservação.

    A espécie foi encontrada no trecho paulista da Serra do Mar, o entorno de uma das maiores regiões metropolitanas do mundo. “[Isso] mostra o quanto a gente ainda tem a descobrir a respeito da nossa biodiversidade, mesmo com o avanço das cidades, mesmo com as dificuldades todas de conservar, de proteger a biodiversidade, a gente ainda tem boas surpresas”, apontou o biólogo Leo Malagoli, gestor de Unidades de Conservação da Fundação Florestal de São Paulo e co-autor do estudo.

    Características da nova espécie

    O animal possui a região da cabeça e do dorso cobertas por placas ósseas fluorescentes. De acordo com os pesquisadores, isso deve ser importante para a comunicação, seja entre eles ou com predadores. O sapo descoberto tem menos de 2 centímetros quando adulto. “As placas ósseas são diferentes das outras espécies, porque possuem margens irregulares, é meio recortado, e tem uma linha muito tênue que margeia essas placas e é uma linha mais pálida, dá pra gente chamar de esbranquiçada”, descreve o biólogo.

    O DNA também foi um aspecto analisado pelos cientistas para descrever o novo animal. Além disso, observou-se diferença na vocalização, a forma como o sapinho coaxa. “Você se lembra de relógio de corda? Pensa quando está dando a corda no relógio, é meio parecido com o canto dessa espécie. Baixinho, mas com atenção você consegue ouvir.”

    Malagoli explica que, na floresta, ele habita o folhiço ou a serrapilheira, que são as folhagens que ficam no chão da mata. “É uma espécie que você não enxerga andando na trilha. Você tem que agachar, revolver parte da serrapilheira para poder encontrar”, explica. Ainda não há estudos sobre a densidade populacional do novo sapinho, mas o pesquisador adianta que ele ocorre em baixa densidade.

    Habitat

    A nova espécie pode ser encontrada em diversas Unidades de Conservação localizadas no entorno das Regiões Metropolitanas de São Paulo e da Baixada Santista, como Parque das Neblinas, Parque Natural Municipal Nascentes de Paranapiacaba, Reserva Biológica do Alto da Serra de Paranapiacaba, Núcleos Bertioga, Caminhos do Mar, Itutinga-Pilões e Curucutu do Parque Estadual Serra do Mar, além do Parque Natural Municipal Varginha.

    “São espaços protegidos que essas espécies novas costumam sofrer menos esses impactos humanos”, aponta. Ele avalia que a descoberta mostra as oportunidades do que ainda pode ser descoberto, mas, ao mesmo tempo, “acende um alerta: bom, a gente precisa conservar”.

    O pesquisador destaca os benefícios para o meio ambiente e para os seres humanos. “Eles fazem o controle de inúmeros insetos, fazem parte da cadeia alimentar e essa espécie de sapinho, assim como outras, tem um verdadeiro arsenal químico na pele”, enumera. Malagoli explica que novas descobertas permitem encontrar compostos químicos que podem contribuir para, por exemplo, produção de medicamentos.