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  • Coletivo do Bixiga quer resgatar e valorizar história afrobrasileira

    Coletivo do Bixiga quer resgatar e valorizar história afrobrasileira

    O coletivo Negros do Bixiga realizou nesse sábado (3), em São Paulo, mais uma edição do passeio que aproxima participantes de pessoas e locais fundamentais para a memória e para sustentar a pulsação vigorosa da cultura negra da região. A rota de afroturismo tem dez paradas, dura aproximadamente cinco horas e começou a ser trilhada em 2018.

    Conforme explicou à Agência Brasil o idealizador do projeto, Wellinton Souza, a região em que o Bixiga fica é chamada oficialmente de Bela Vista. Mas, quando alguém utiliza o nome Bixiga está subjacente o vínculo afetivo que mantém com o lugar. “Bixiga é um nome de pertencimento”, sintetiza ele.

    O curador ressalta que a iniciativa gera um debate importante: o de que nem sempre o termo periferia se refere a uma localidade distante do centro da cidade, podendo remeter à falta de garantia de direitos básicos. Souza lembra que a fundação do Bixiga coincide com a história do Quilombo Saracura, algo que voltou à tona recentemente, de forma mais intensa, com a necessidade de preservação diante dos danos que as obras da Linha 6 – Laranja do metrô poderiam ocasionar.

    Morador do Bixiga há 17 anos, Souza observa que, permitindo que pessoas de fora de São Paulo compreendam que o discurso prevalecente é de que a região é associada à imigração italiana, perspectiva que o afroturismo busca transformar. “É mais bonito e mais vendável contar a história branca”, critica.

    Favelização

    Outro exemplo de apagamento existente na capital, bastante conhecido, é o do processo de favelização da comunidade de Paraisópolis, que vive na penúria ao lado do bairro Morumbi, de classes média e alta.

    Uma segunda comparação comum é a da tentativa de destruição do passado das populações negra e indígena que viveram escravizadas e deixaram sua marca no bairro da Liberdade. Também localizado na zona central da cidade, o bairro é fortemente identificado como um endereço da cultura japonesa.

    “Lá a história negra ficou apagada, abafada. No Bixiga, isso também acontece, mas não com as pessoas que moram no bairro. Esse apagamento histórico não é feito por pessoas que moram no Bixiga, mas por conta da sociedade. Pessoas que não conhecem o bairro, que vêm de fora, até mesmo de outros bairros de São Paulo, conhecem por ser um bairro italiano, um bairro branco, não por ser um bairro negro. É um universo paralelo, um multiverso, quando você vem para um restaurante italiano, para a Achiropita, e quando você vem para um ensaio da [escola de samba] Vai-Vai, um samba do bairro”, afirma.

    “São coisas diferentes, o público é diferente, a história que é contada é diferente, as narrativas são outras, o pertencimento é outro”, acrescenta.

    Também em 2018, os integrantes do projeto engrenaram a produção de um documentário com diversas figuras importantes para narrar essas histórias sobre o Bixiga, trabalho que se estende até os dias de hoje.

    Uma pessoa que contribui com seus relatos é uma mulher de 83 anos que recupera recordações da Pastoral Afro da Paróquia da Nossa Senhora Achiropita, a primeira pastoral afro do Brasil, segundo Souza.

    “Essa produção audiovisual não é para falar do bairro, é para falar das pessoas. Mas, como a pessoa tem uma ligação muito afetiva com o bairro, acaba falando dele de uma forma diferente”, diz.

    Outra fonte de importantes reminiscências, também abordada no contexto de uma “oralidade que não está presente no livro da história e não é ensinada”, é um musicista que morou em pensões e mencionou que a rua Santa Madalena foi, outrora, caracterizada por um conjunto de cortiços, algo que talvez não se imagine ao se ver os prédios que o substituíram. Desse modo, destaca Souza, é que o coletivo vai juntando valiosos retalhos, recortes históricos de diversas épocas.

    Para este domingo (4), o coletivo organizou uma conversa com a escritora, artesã, professora e pedagoga Maria Aline Soares. O tema foi a literatura e o território como lugar de afirmação e memória negra. O evento teve início às 15h, na Livraria Simples.

  • Famílias de renda média vão ter taxas de juros mais baixas para crédito habitacional

    Famílias de renda média vão ter taxas de juros mais baixas para crédito habitacional

    O Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovou na quarta-feira (30/4), duas propostas do Ministério da Fazenda, em conjunto com o Ministério das Cidades, a fim de regulamentar medidas para ampliar o acesso ao crédito habitacional a famílias de renda média, promover maior isonomia entre fontes de financiamento e garantir taxas de juros mais baixas para esse público.

    As medidas envolvem alterações normativas para viabilizar as operações com utilização de recursos do Fundo Social para financiamento habitacional da Faixa 3 do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV); e a aplicação das mesmas tarifas incidentes sobre operações com recursos do FGTS quando houver combinação de recursos do fundo com recursos próprios de Instituição Financeira no âmbito do novo Programa Classe Média.

    Fundo Social

    A proposta regulamenta as condições financeiras das operações de crédito habitacional com recursos do Fundo Social para famílias da Faixa 3 do PMCMV (renda entre R$ 4.700,01 e R$ 8.600,00). A medida busca replicar, para os mutuários, as condições praticadas atualmente com recursos do FGTS, incluindo a taxa de juros nominal de 8,16% ao ano + TR aplicadas nessa faixa, com desconto de 0,5 ponto percentual para cotistas do FGTS.

    O objetivo é garantir isonomia no acesso ao crédito habitacional nas condições do PMCMV, independentemente da fonte dos recursos.

    Regras tarifárias

    Essa medida permite a aplicação das mesmas tarifas estabelecidas para uso de recursos do FGTS em operações do novo Programa Classe Média, destinado a famílias com renda de até R$ 12 mil mensais.

    Esse programa combina recursos do FGTS com captações próprias das instituições financeiras (como poupança e LCI), permitindo a oferta de crédito a taxas mais competitivas do que as atualmente praticadas e, com o aporte de recursos do FGTS, também permitirá ampliar o crédito habitacional disponível para esse público.

    A alteração garante que, mesmo com o uso de recursos combinados, as tarifas cobradas sejam as mesmas das operações típicas com recursos do FGTS, garantindo igualdade de condições, indiferente da fonte de recursos, sendo um passo necessário para o início da operacionalização do programa.

    Impactos

    As propostas reforçam o compromisso do Governo Federal com a redução do déficit habitacional e com a melhoria das condições de crédito para famílias de renda média, por meio de um modelo eficiente, justo e acessível. Ao assegurar previsibilidade, equilíbrio regulatório e combinação de fontes de recursos, as medidas também promovem maior dinamismo ao setor da construção civil.

    CMN

    O CMN é um órgão colegiado presidido pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e composto pelo presidente do Banco Central do Brasil, Gabriel Galípolo, e pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.

  • Cursinho popular tem até 6 de maio para inscrição em programa do MEC

    Cursinho popular tem até 6 de maio para inscrição em programa do MEC

    O prazo para os cursinhos populares e comunitários inscreverem suas propostas para a Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) termina às 18 horas (no horário de Brasília) desta terça-feira (6).

    Conforme edital lançado em abril pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), serão selecionadas até 130 instituições que preparam gratuitamente estudantes para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e para outros vestibulares de ingresso no ensino superior.

    Terão prioridade na seleção das propostas aqueles cursinhos populares que não recebem apoio financeiro direto ou indireto de entidades públicas ou privadas.

    O objetivo da política pública é garantir suporte técnico e financeiro aos cursinhos pré-vestibulares para garantir a preparação dos estudantes da rede pública socialmente desfavorecidos e que querem ingressar no ensino superior.

    O foco da iniciativa está nos alunos que estão saindo ensino médio público, além daqueles de baixa renda, negros, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência (PCD).

    Inscrições

    As inscrições dos cursinhos devem ser feitas exclusivamente na plataforma virtual de seleção Prosas.

    Podem participar do processo tantos os cursinhos populares formais, com registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ), como os cursinhos populares informais, que não são pessoa jurídica.

    Nesta última situação, as entidades devem se inscrever por meio de uma instituição operadora com quem devem firmar um acordo de parceria. Cada instituição operadora poderá ter até dez propostas de cursinhos populares apoiadas.

    As propostas dos cursinhos deverão estar alinhadas às Diretrizes Curriculares Nacionais do Ensino Médio e também aos editais anuais do Enem. Outra exigência é que os cursinhos tenham carga horária mínima de 20 horas semanais.

    Os planos também precisam oferecer atividades complementares de promoção da saúde e da cidadania; de formação antirracista e anticapacitista, ou seja, contra o preconceito e a discriminação direcionados a pessoas com deficiência (PCD).

    Apoio financeiro

    A partir da assinatura de termo de adesão à rede, o apoio técnico e financeiro aos cursinhos populares selecionados terá duração de sete meses e será de, no máximo, R$ 163,2 mil.

    De acordo com a chamada pública, neste valor está incluso o auxílio permanência aos estudantes e, ainda, para custeio de materiais didáticos gratuitos para a preparação dos alunos, formação e capacitação de professores e gestores.

    Ao todo, o investimento inicial do governo federal será de R$ 24,8 milhões, no ciclo 2025-2026, para a rede de cursinhos e devem ser beneficiados, já no primeiro ano, cerca de 5,2 mil estudantes do Brasil.

    O MEC calcula que até 2027, o valor global chegará a R$ 99 milhões, com aproximadamente 324 cursinhos populares apoiados.

    Estudantes

    Especificamente sobre o auxílio permanência aos estudantes, este será concedido em seis parcelas no valor de R$ 200 cada uma delas. Os recursos serão transferidos diretamente pelas instituições de ensino aos estudantes.

    O auxílio permanência deve ser concedido a, no mínimo, 20 e, no máximo, a 40 estudantes.

    Ao longo do período de execução da proposta, os estudantes beneficiários poderão ser substituídos e deverá ser entregue a segunda lista comprobatória de frequência.

    Resultado

    O processo de seleção das proposições dos cursinhos populares ocorre em três etapas: análise de documentos; análise técnica, pontuação e classificação das propostas; e seleção da proposição.

    Conforme o edital, os resultados de cada uma das três fases serão divulgados nos sites das seguintes instituições: Ministério da Educação (MEC); Fiocruz, Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec) e Prosas.

    Os cursos selecionados serão conhecidos em 6 de junho. A previsão para que as instituições assinem o termo de adesão para início de concessões de bolsas é 19 de junho.

  • Entenda a guerra de tarifas de Trump e consequências para Brasil

    Entenda a guerra de tarifas de Trump e consequências para Brasil

    A medida do governo dos Estados Unidos (EUA) de impor tarifas a todos os parceiros comerciais, nessa quarta-feira (2), representa uma tentativa da maior potência do planeta de retomar a posição que a indústria do país já teve, além de tentar combater os déficits comerciais de bens que somam cerca de US$ 1 trilhão ao ano.

    Essa avaliação é feita por diversos analistas, entre eles, o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, consultado pela Agência Brasil. O também professor em economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), contudo, avalia que as tarifas não podem sozinhas reverter a perda de competitividade da economia estadunidense, em especial, para a Ásia.

    “A Ásia foi muito eficiente em desenhar políticas para desenvolver a indústria dela nos últimos 20 a 30 anos. Os governos do Vietnã, da Malásia, da Tailândia, da Indonésia, da China, até mesmo da Índia, têm conseguido desenhar políticas de inovação e industriais com subsídios ao desenvolvimento tecnológico”, comentou.

    O especialista argumenta que o tarifaço representa “um choque brutal” na economia mundial, o maior desde os anos 1930. Além disso, diz que não se tratam de tarifas recíprocas, como prometia o governo Trump, e que haverá impacto para economia brasileira, em especial, para alguns setores e empresas, como a Embraer.

    Em média, as tarifas aplicadas por Trump foram de 10% para países da América Latina, de 20% para Europa e de 30% para Ásia, mostrando que o problema maior está no continente asiático.

    “Hoje, a Ásia deve ter quase 25% do mercado mundial de carro, para não falar da China com a BYD, que está quase matando a Tesla nos mercados mundiais”, comentou Paulo.

    A Tesla é a fabricante de carros do multibilionário Elon Musk, dono da plataforma X e aliado do presidente Trump.

    Em 2023, a produção industrial dos EUA como parcela da produção industrial global foi de 17,4%, bem abaixo dos 28,4% de 2001, segundo dados da Casa Branca. “Grandes e persistentes déficits comerciais anuais de bens dos EUA levaram ao esvaziamento de nossa base de manufatura; inibiu nossa capacidade de fabricação doméstica”, justificou Trump.

    Paulo Gala diz que as tarifas não podem reverter o custo de produção nos EUA.

    “O problema é que o custo de produção nos EUA hoje é 5 a 6 vezes maior do que na Ásia. Enquanto a média salarial nos EUA é de US$ 5 mil, na Ásia é de US$ 1 mil”, disse.

    Choque brutal

    As medidas geram incerteza no mercado mundial, derrubam bolsas em todo o mundo e devem paralisar as decisões empresariais. Uma multinacional que produz no Vietnã, na China, em Taiwan, ou na Europa, vai pensar duas vezes agora no que fazer, avalia Paulo Gala.

    “É o maior choque tarifário desde os anos 1930, é um choque tarifário brutal e o mercado está reagindo com muita preocupação. Vai ter uma desestruturação dramática do comércio, investimentos e tecido produtivo”, acrescentou.

    Para ele, as tarifas devem pressionar a inflação interna dos EUA. “Todos os produtos asiáticos ficam 30% mais caros. Equipamentos, máquinas, tratores, computadores, chips, tudo isso”, alertou.

    Tarifas recíprocas?

    Um dos principais argumentos da Casa Branca para o tarifaço desta semana é que os parceiros comerciais têm adotado tarifas aos produtos estadunidenses superiores aos que os EUA aplicam nas suas importações e cita o caso do Brasil.

    “Grandes e persistentes déficits comerciais anuais de bens dos EUA são causados ​​em parte substancial pela falta de reciprocidade em nossas relações comerciais bilaterais, que dificultam a venda de produtos por fabricantes dos EUA em mercados estrangeiros. O Brasil (18%) e a Indonésia (30%) impõem uma tarifa mais alta sobre o etanol do que os Estados Unidos (2,5%)”, afirmou Trump na Ordem Executiva publicada ontem.

    Na avaliação do economista Paulo Gala, as medidas não respeitaram qualquer princípio de reciprocidade. “Não foi tarifa recíproca. É a ideia de que, se um país tarifa os EUA em 30%, os EUA vão lá e tarifam 30% de volta. Isso é tarifa recíproca. Mas não foi isso que foi feito”, afirmou.

    Para Paulo Gala, o governo Trump apenas pegou os grandes déficits comerciais que os EUA têm e colocaram uma tarifa em cima.

    “Foi uma resposta meio tosca. Na verdade, é uma tarifação de países e produtos que causam déficit nos Estados Unidos”, completou.

    Brasil

    O Brasil ficou com a tarifa mais baixa entre as divulgadas, com uma taxação de 10% sobre todas exportações para os Estados Unidos. O governo promete tentar reverter a situação e mesmo recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) que, devido a paralisia promovida pelos EUA, teve sua atuação limitada nos últimos anos.

    O efeito geral que a guerra de tarifas vai causar, com provável retaliação por todo o mundo, deve trazer problemas adicionais para o comércio internacional no Brasil, não diretamente relacionado com a taxação sobre as importações brasileiras.

    “O Brasil ficou com a tarifa ‘mais barata’ de 10%. Claro que isso é um benefício, mas o Brasil vai sofrer por conta desse terremoto global que está acontecendo. Um medo de crise derrubando juros e dólar e uma recessão, obviamente, que afetariam o Brasil também”, afirmou o economista-chefe do Banco Master.

    A Confederação Nacional da Indústria (CNI) lembrou que os EUA são o principal destino das exportações da indústria brasileira, especialmente de produtos de maior intensidade tecnológica, além de liderarem o comércio de serviços e os investimentos bilaterais.

    Paulo Gala avalia que a fabricante de aviões brasileira Embraer deve ser uma das companhias mais atingidas.  “Talvez Embraer seja a empresa mais impactada. A nossa dependência em relação aos EUA não é muito alta. Para além dos efeitos diretos em algumas empresas brasileiras, não deve ter um efeito tão dramático.”, completou.

    Oportunidades para o Brasil.

    Especialistas têm destacado ainda que a crise aberta pela guerra de tarifas abre oportunidades que podem ser aproveitadas pelas exportações brasileiras.

    “Se souber aproveitar esse momento, o Brasil pode expandir suas exportações, especialmente porque a taxação sobre produtos americanos pode levar importadores a buscar alternativas”, na avaliação de Volnei Eyng, CEO da gestora de ativos Multiplike.

  • Há 100 anos, Albert Einstein chegava ao Brasil em visita científica

    Há 100 anos, Albert Einstein chegava ao Brasil em visita científica

    Há exatos 100 anos, o ícone da ciência Albert Einstein desembarcava no Rio de Janeiro para a sua primeira e única temporada no Brasil.

    “Chegada ao Rio ao pôr do sol, com clima esplêndido. Em primeiro plano, ilhas de granito de formato fantástico. A umidade produz um efeito misterioso”, escreveu ele em seu diário de viagem, naquele dia 4 de maio de 1925.

    Einstein já havia pisado em solo brasileiro no dia 21 de março, por algumas horas, durante a parada do navio que o levava a Buenos Aires, na Argentina. Mas a breve temporada brasileira foi reservada para o final da sua incursão de um mês e meio pela América do Sul, que incluiu também uma passagem por Montevideo, no Uruguai.

    O objetivo da viagem era divulgar e discutir a recém verificada Teoria da Relatividade com estudiosos sul-americanos, mas também fazer conexões com as comunidades judaicas e alemãs, em meio à escalada de poder do Partido Nazista. Uma evidência disso é que a viagem foi organizada e financiada por organizações judaicas, com o apoio de instituições científicas.

    Einstein passou sete dias no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, e, além de se encontrar com seus compatriotas, visitou instituições como a Fundação Oswaldo Cruz, o Museu Nacional e o Observatório Nacional, e fez duas grandes palestras públicas, uma na Academia Brasileira de Ciências e outra no Clube de Engenharia. A maior contribuição da visita para a ciência brasileira, na opinião do professor do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), Alfredo Tolmasquim, foi o incentivo para as chamadas “ciências puras”, que ainda engatinhavam no país.

    Rio de Janeiro (RJ), 30/04/2025 – Exemplar da revista Annalen der Physik assinado por Albert Einstein que encontra-se sob a guarda da Biblioteca de Manguinhos, na Fiocruz, no Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Exemplar da revista Annalen der Physik assinado por Albert Einstein que encontra-se sob a guarda da Biblioteca de Manguinhos, na Fiocruz, no Rio de Janeiro.Tomaz Silva/Agência Brasil

    “O Brasil teve uma influência positivista muito grande no Século 19, e essa corrente defendia que o importante é utilizar a ciência para a melhoria da sociedade, e não fazer pesquisas que eles consideravam como um proselitismo inútil. Então, o início do Século 20 é o período em que justamente começa a vir o movimento que eles chamavam de “ciência pura”, que eram as pesquisas em ciência básica. Pra gente ter uma ideia, nessa época, a única universidade que a gente tinha era uma junção das escolas de engenharia, medicina e direito”, explica o professor do Mast.

    “A gente não pode dizer que uma visita de uma semana do Einstein foi capaz de mudar a realidade brasileira. Não foi. Já era algo que estava acontecendo, mas ele contribuiu para esse debate”, complementa Tolmasquim que, em 2011, lançou a obra Einstein: o viajante da relatividade na América do Sul, com a tradução dos diários escritos por Einstein durante a viagem, e a contextualização sobre o cenário científico do Brasil na época.

    Rio de Janeiro (RJ), 30/04/2025 – O pesquisador Alfredo Tiomno Tolmasquim, no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    O pesquisador Alfredo Tiomno Tolmasquim, no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) Tomaz Silva/Agência Brasil

    Essa “lacuna” de pesquisadores avançados nas ciências básicas teve um resultado curioso: Einstein acabou mais interessado por assuntos alheios à física, como peças de história natural exibidas no Museu Nacional, e o trabalho do psiquiatra Juliano Moreira, que revolucionou o atendimento aos “alienados mentais” e combateu ferozmente a tese de que a mestiçagem poderia resultar em desequilíbrio mental, e outras teorias racistas. À convite de Moreira, Einstein visitou o então manicômio que o médico dirigia e conheceu as oficinas terapêuticas que ele implementou.

    O ilustre visitante também se entusiasmou com as iniciativas para popularizar a ciência no país, como a criação da Rádio Sociedade, em 1922, atual Rádio MEC, e chegou a fazer um discurso, transmitido ao vivo, em que disse que sua visita à emissora o levou “a admirar novamente os esplêndidos resultados conquistados pela ciência aliada à tecnologia, resultando na transmissão dos melhores frutos da civilização para aqueles que vivem em isolamento.”

    Dívida com o Brasil

    A viagem também serviu para que Einstein conhecesse pessoas essenciais para a sua trajetória. “Ele se tornou mundialmente famoso a partir de 1919, quando houve a comprovação de um aspecto da Teoria da Relatividade, que é o desvio da luz. A prova foi obtida aqui no Brasil, durante um eclipse observado em Sobral, no Ceará”, conta Tolmasquim.

    No dia 9 de maio, em visita ao Observatório Nacional, ele conheceu o diretor da instituição Henrique Morize, que liderou a expedição a Sobral seis anos antes, e também os astrônomos envolvidos com o trabalho e, diante deles, reconheceu:

    “O problema que a minha mente imaginou foi resolvido aqui no céu do Brasil”, disse Albert Einstein.

    O atual diretor do Observatório, Jailson Alcaniz, explica que, em 1912, o diretor do Observatório de Córdoba, Charles Perrine, já havia tentado testar a teoria da relatividade durante um outro eclipse, observado a partir de Minas Gerais. Mas uma chuva forte no dia impediu os experimentos. Então, ele contatou Morize, e os dois juntos passaram a organizar a expedição a Sobral, que ofereceria condições perfeitas, no próximo eclipse previsto para sete anos depois, em 1919.

    “Esse experimento em Sobral é muito importante para a história da física, da astronomia, porque foi a primeira evidência observacional de que a relatividade geral é a teoria correta da gravidade. E mais do que isso, ela mostrou que a teoria de Newton, que perdurava há séculos, era um caso particular da relatividade geral. Então, ele estabeleceu uma nova teoria que, até hoje, está na vida da gente. O GPS, por exemplo, toda vez que a gente utiliza, ele só indica o endereço certo, porque ele tem correções relativistas”, explica Jailson Alcaniz.

    O Museu de Astronomia inaugura a exposição Eclipse, que marca a comemoração do centenário da comprovação da teoria da relatividade geral de Albert Einstein, em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro.

    O Museu de Astronomia fez exposição para comemorar o centenário da comprovação da teoria da relatividade geral de Albert Einstein em 2019 Foto de Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil

    Mas a expedição não foi composta apenas por pesquisadores argentinos e brasileiros: outras duas delegações se juntaram, uma americana e uma inglesa, e cada uma delas aproveitaria o eclipse para obter dados distintos. Coube à inglesa verificar se a Teoria da Relatividade se aplicava à observação feita, o que acabou eclipsando a participação dos americanos.

    “O Perrine e o Morize foram fundamentais para essa expedição acontecer, tanto do ponto de vista técnico como do ponto de vista logístico. No artigo publicado pelos pesquisadores ingleses, eles fazem um agradecimento especial, mas tanto o Morize como o Perrine mereciam muito mais do que um agradecimento especial. Sem eles, esse experimento não teria saído em 1919”, defende o diretor do Observatório Nacional brasileiro.

    Jailson acredita que este é mais um exemplo de como a ciência eurocêntrica desmerece os feitos conquistados por pesquisadores de outras origens. Ele conta que até mesmo a contribuição inequívoca do céu brasileiro foi apagada em alguns escritos “A Inglaterra também enviou uma expedição para a Ilha de Príncipe, na África, e quem foi pra lá foi o Arthur Eddington, que era uma pessoa muito importante na época. Mas os dados colhidos lá não foram tão bons porque choveu. Mas, por muitos anos, até muito recentemente, algumas pessoas falavam que a Teoria da Relatividade tinha sido comprovada em Ilha de Príncipe, só porque era o Eddington que estava lá”.

    Eurocentrismo e racismo

    Apesar de reconhecer e agradecer os pesquisadores brasileiros pessoalmente, os relatos íntimos de Einstein revelam que ele também tinham uma visão eurocêntrica sobre o Brasil, e em diversas passagens demonstra pouco apreço pelos interlocutores e chega a “culpar” o clima tropical pelos costumes que considerava inferiores: “Esses camaradas são palestrantes excepcionais. Quando elogiam alguém, eles elogiam — a eloquência. Acredito que tal tolice e irrelevância tenham relação com o clima. Mas as pessoas não pensam assim.”

    Em uma das passagens mais controversas do diário, Einstein diz: “Aqui sou uma espécie de elefante branco para eles, e eles são macacos para mim”, mas Tolmasquim e outros autores que também traduziram o diário ressalvam que o termo “macacos”, no original alemão à época, trazia mais uma conotação de “tolice” do que o significado expressamente racista do seu uso atual.

    Em diversos momentos, Einstein se mostrou entusiasmado pela miscigenação brasileira. Escreveu, por exemplo: “A miscelânea de povos nas ruas é deliciosa: Portugueses, índios, negros e tudo no meio, de modo vegetal e instintivo, dominado pelo calor.” Por outro lado, usou o termo “índios” inúmeras vezes como símbolo de selvageria e inferioridade.

    Juliano Moreira

    Juliano Moreira foi um dos brasileiros que impressionou Einstein – Domínio público/ Acervo Arquivo Nacional

    Além disso, Einstein ficou tão impressionado com o trabalho do general Cândido Rondon, que chegou a escrever uma carta durante a viagem de retorno para recomendá-lo ao Prêmio Nobel da Paz. “Sua obra consiste na incorporação das tribos indígenas à humanidade civilizada sem o uso de armas ou qualquer tipo de coerção”, descreveu.

    Tolmasquin considera que a ideia de superioridade europeia é evidente, mas faz um aparte: “Ele estava muito cansado, porque já estava há mais de um mês viajando, e sentiu que não tinha interlocutores, porque tinham algumas pessoas que estavam estudando essa física mais recente no Brasil, mas não que estavam desenvolvendo pesquisa. Então ele sentiu que a viagem foi um pouco uma perda de tempo. Ele ficava muito incomodado também com esse costume brasileiro dos grandes discursos elogiosos. Era uma coisa enfadonha para ele”.

    A última frase que escreveu, antes de embarcar de volta para Europa no dia 12 de maio, não poderia ser mais clara:  “Longos discursos com muito entusiasmo e excessiva adulação, mas sinceros. Graças a Deus acabou. Finalmente livre, mas mais morto que vivo”.

    Programação

    A efeméride dos 100 anos da viagem de Einsten ao Brasil está sendo lembrada por algumas instituições. O Observatório Nacional faz evento na próxima sexta-feira (09), com diversas mesas de discussão em sua sede no Rio de Janeiro, a partir das 8h50. Ao longo da próxima semana, as visitas ao Museu da Vida, da Fiocruz, também terão esse enfoque e passarão pela Biblioteca de Obras Raras da instituição, onde está guardado o livro assinado por Einstein, durante sua visita.

    Rio de Janeiro (RJ), 30/04/2025 – Fachada do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Fachada do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST), em São Cristóvão, na zona norte do Rio de Janeiro. Tomaz Silva/Agência Brasil
  • Sport demite técnico português após perder para o Fluminense

    Sport demite técnico português após perder para o Fluminense

    Após a derrota por 2 a 1, de virada, para o Fluminense, nesse sábado (3), no Maracanã, pelo Campeonato Brasileiro, o Sport demitiu o técnico português Pepa. Com isso, ele se tornou o quinto profissional a perder o emprego nas primeiras sete rodadas do certame.

    O time pernambucano é o lanterna da competição, com apenas dois pontos conquistados em sete jogos, além de ser o único entre os 20 participantes que ainda não venceu sequer uma partida nesta edição.

    No último jogo sob o comando de Pepa, o Sport começou deixando seu torcedor otimista. Pablo abriu o placar aos 24 minutos da primeira etapa. No entanto, no segundo tempo, o time não suportou a reação tricolor, que veio com gols de Serna e Everaldo, este último aos 52 minutos – na prorrogação.

    Bahia e Corinthians vencem

    Nos outros jogos de sábado, chamou a atenção a terceira vitória seguida do Bahia no campeonato. O tricolor baiano venceu o Botafogo por 1×0 na Fonte Nova, com um gol de Cauly no primeiro tempo. Com 12 pontos, o time comandado por Rogério Ceni aparece momentaneamente na quinta posição.

    O Botafogo, atual campeão, entrou em campo com muitos desfalques e segue sem vencer fora de casa na competição: são quatro jogos, com três empates, uma derrota e nenhum gol marcado. O alvinegro soma oito pontos, começando o domingo em 11º.

    Na Neo Química Arena, em São Paulo, Corinthians e Internacional fizeram um jogo de duas viradas que terminou com vitória dos donos da casa por 4 a 2. Yuri Alberto abriu o placar para o Timão no primeiro tempo, que terminou com triunfo parcial do time gaúcho após os gols de Aguirre e Thiago Maia.

    No entanto, no segundo tempo, após a expulsão de Bruno Henrique pelo segundo cartão amarelo, o Corinthians deu nova volta no marcador com mais dois gols de Yuri Alberto e um de Igor Coronado.

    No momento, as duas equipes estão coladas na classificação. O Corinthians tem 10 pontos, em oitavo e o Inter tem nove, em nono lugar.

    A rodada de sábado foi completada com a vitória do Ceará sobre o Vitória – 1×0 -, no estádio Presidente Vargas, em Fortaleza. O zagueiro Marllon, aos 11 minutos da segunda etapa, fez o gol da vitória do Vozão, que soma 11 pontos e está em sexto lugar. O rubro-negro baiano, por sua vez, tem apenas seis pontos, abrindo o Z-4.

  • São Paulo vence Palmeiras e sobe para 4º lugar no Brasileirão Feminino

    São Paulo vence Palmeiras e sobe para 4º lugar no Brasileirão Feminino

    A nona rodada do Campeonato Brasileiro Feminino A1 começou em grande estilo. No único jogo da noite de sábado (3), o São Paulo derrotou o Palmeiras por 2 a 1, na Arena Barueri, em São Paulo, e chegou aos mesmos 17 pontos do rival na tabela.

    No momento, o Palmeiras é o terceiro, uma posição à frente do tricolor por ter marcado três gols a mais (21 contra 18). Dudinha e Karla Alves – aos 52 da segunda etapa – fizeram os gols para o São Paulo, enquanto Andressinha marcou para o Palmeiras.

    Aos 38 do primeiro tempo, as Soberanas abriram o placar. Após breve disputa no meio do campo, a bola ficou com Dudinha, que cortou para a perna esquerda e chutou forte no canto esquerdo de Natascha.

    Aos 34 da segunda etapa, veio o empate das Palestrinas. Andressinha cobrou falta de maneira perfeita, no ângulo direito de Carlinha.

    Próxima rodada

    Natascha, goleira do Palmeiras, teve que ser substituída no fim do jogo. A substituta dela, Tapia, mal havia entrado e acabou sofrendo um gol aos 52 minutos. Após bate-rebate dentro da área palmeirense, a bola sobrou para Karla Alves, que emendou no canto direito da goleira recém-colocada no jogo.

    Na próxima rodada do Brasileirão feminino, o São Paulo recebe o Fluminense, em Cotia, na sexta-feira (9). No dia seguinte, o Palmeiras também será anfitrião diante do 3B da Amazônia.

    No entanto, as duas equipes têm compromissos antes destes. Pelo Paulistão, ambas estreiam na terça-feira (6): o Palmeiras encara o Realidade Jovem, enquanto o São Paulo faz o clássico com o Santos.

  • Rayssa Leal estreia na temporada da SLS com vitória na etapa de Miami

    Rayssa Leal estreia na temporada da SLS com vitória na etapa de Miami

    A temporada da SLS (Street League Skateboarding, liga mundial de skate street) começou bem para Rayssa Leal (foto). Neste sábado (3), a brasileira de 17 anos conquistou a etapa de Miami, que abre o calendário da competição.

    Nos Estados Unidos, Rayssa – duas vezes medalhista olímpica na modalidade – sagrou-se campeã pela quarta vez nas últimas cinco edições da etapa de Miami.

    Na final, a brasileira encarou quatro skatistas japonesas e uma australiana.

    Rayssa somou 32,1 pontos, deixando para trás, no pódio, a australiana Chloe Covell e a japonesa Coco Yoshizawa.

    Entre os homens, outro brasileiro teve bom desempenho. Felipe Gustavo, numa final de alto nível, terminou na terceira colocação, com o somatório de 36,5. Na frente dele, ficaram o americano Nyjah Houston (36,8) e o português Gustavo Ribeiro (36,7).

  • Show de Lady Gaga leva 2,1 milhões de pessoas para Copacabana

    Show de Lady Gaga leva 2,1 milhões de pessoas para Copacabana

    A praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, presenciou na noite de sábado (3) e na madrugada deste domingo (4) um show histórico. Cerca de 2,1 milhões de pessoas acompanharam a apresentação da diva do pop Lady Gaga. Assim, Copacabana entra para a história como palco do recorde de público da estrela americana, dona de sucessos como Bad Romance, Poker Face e Born This Way.

    A estimativa de público é da prefeitura do Rio, com informações da Riotur (empresa municipal de promoção ao turismo), da Polícia Militar e dos produtores do show. A multidão supera 1,6 milhão de pessoas que acompanharam, em maio de 2024, outra popstar americana, Madonna, também em Copacabana.

    Neste domingo, Lady Gaga publicou um agradecimento nas redes sociais. Ela destacou que o público superior a 2 milhões de pessoas é o maior já registrado para uma artista mulher na história.

    “Nada poderia me preparar para o que senti durante o show da noite passada — o orgulho e a alegria absolutos que senti ao cantar para o povo do Brasil. Ver a multidão durante as minhas primeiras músicas tirou o meu fôlego”, escreveu a cantora.

    O cálculo inicial da prefeitura era de que o público de 1,6 milhão se repetiria, mas os organizadores foram surpreendidos pela procura dos fãs. Dias antes da apresentação, a prefeitura aumentou de 240 mil para 500 mil a expectativa de turistas de fora da cidade.

    O show da Lady Gaga era esperado pelos fãs desde 2012, última vez em que ela esteve no Brasil. Em 2017, era previsto um retorno durante o Rock in Rio. Mas a performance teve que ser adiada por causa de problemas de saúde da cantora, que enfrentava crise de fibromialgia.

    A expectativa para o show histórico desse fim de semana no Rio pôde ser conferida ao longo da semana, quando milhares de fãs fizeram plantão em frente ao hotel Copacabana Palace – onde Lady Gaga estava hospedada – à espera de um aceno da estrela. Desde o início da tarde de sábado, milhares de pessoas (foto) estavam nas areias da praia de Copacabana visando conseguir um bom lugar para ver a apresentação de Lady Gaga.

    Lady Gaga respondeu o carinho dos fãs com uma mensagem no início do show.

    “Eu estou tão honrada por estar aqui com vocês nesta noite. Meu coração está transbordando. Sinto-me sortuda, orgulhosa e profundamente grata. Nesta noite, nós estamos fazendo história”, declarou.

    “Vocês esperaram por mim, esperaram por mais de dez anos”, disse.  Confira a íntegra da mensagem no fim desta matéria.

    Torres e telões na praia

    Ao longo da orla de Copacabana, foram instaladas 16 torres com telões de nove metros de altura por cinco metros de largura, permitindo que o público acompanhasse a apresentação de vários pontos.

    O show gratuito foi patrocinado por empresas privadas com o apoio do governo do estado e da prefeitura do Rio de Janeiro.

    Um estudo da prefeitura aponta impacto econômico de R$ 600 milhões no Rio, movimentando setores como hotelaria, gastronomia, transporte e comércio.

    Mensagem

    Leia a íntegra da mensagem de Lady Gaga aos fãs brasileiros:

    “Eu estou tão honrada por estar aqui com vocês nesta noite. Meu coração está transbordando. Sinto-me sortuda, orgulhosa e profundamente grata. Nesta noite, nós estamos fazendo história. Mas ninguém faz história sozinha. Sem todos vocês, as pessoas incríveis do Brasil, eu não viveria este momento. Obrigado por fazerem história comigo. As pessoas do Brasil são a razão pela qual eu posso brilhar. Vocês são tão vibrantes e tão lindos quanto o sol e a lua surgindo sobre o oceano, bem aqui na praia de Copacabana.

    Mas, entre todas as coisas pelas quais eu poderia agradecer, a que mais me toca é esta: vocês esperaram por mim, esperaram por mais de dez anos. Talvez, vocês estejam se perguntando por que demorei tanto para voltar. A verdade é que eu estava me curando. Eu estava me fortalecendo. Mas, enquanto eu estava me curando, algo mais forte estava acontecendo: vocês continuaram lá, torcendo por mim, continuaram me pedindo para voltar, quando eu estivesse pronta. Brasil, eu estou pronta!

    Eu amo vocês. Eu agradeço por esperarem. Agradeço por me receberem de volta com tanta gentileza e de braços abertos. Hoje à noite, eu quero ajudá-los. Quero que o mundo veja o quão grande é o coração de vocês e que se inspire no seu espírito.

    Então, hoje à noite, eu vou dar tudo de mim. Vamos fazer deste o show mais incrível que já compartilhamos. Vamos fazer com que cada segundo de espera tenha valido a pena. Eu amava vocês dez anos atrás. E eu amo vocês esta noite. Obrigada, Brasil. Eu amo vocês para sempre!”.

  • Jair Bolsonaro tem alta após três semanas internado em Brasília

    Jair Bolsonaro tem alta após três semanas internado em Brasília

    Após três semanas internado no Hospital DF Star, em Brasília, o ex-presidente Jair Bolsonaro recebeu alta médica na manhã deste domingo (4). Ele estava no hospital desde 13 de abril, quando passou por uma cirurgia de 12 horas para remover aderências no intestino e reconstituir a parede abdominal.

    O hospital ainda não publicou boletim médico sobre a alta, mas imagens do ex-presidente deixando a unidade circulam nas redes sociais. Bolsonaro cumprimentou um grupo de apoiadores e deixou o hospital de carro.

    Um pouco antes da alta, o ex-presidente usou as redes sociais para agradecer à equipe médica que cuidou dele. A equipe médica foi liderada por Cláudio Birolini, diretor de Cirurgia-Geral do Hospital das Clínicas de São Paulo.

    No sábado (3), o boletim médico relatava a melhora no quadro de saúde, com boa evolução de dieta pastosa, e a possibilidade de que ele tivesse alta “nos próximos dias”. Bolsonaro tinha voltado a se alimentar por via oral na última terça-feira (29). Na quarta-feira (30), deixou a unidade de terapia intensiva (UTI), após 18 dias sob cuidados intensivos.

    Na manhã de 11 de abril, Bolsonaro sentiu fortes dores abdominais em evento no Rio Grande do Norte. Inicialmente internado em Santa Cruz, no interior do estado, o ex-presidente foi transferido para Natal. No dia seguinte, embarcou numa UTI aérea para Brasília.

    Esta foi a sexta cirurgia pela qual o ex-presidente passou desde 2018, quando foi vítima de uma facada durante a campanha eleitoral. Todas as cirurgias foram realizadas por causa de sequelas do ferimento.

    Ação penal

    A primeira internação no Rio Grande do Norte ocorreu no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) publicou a decisão da Primeira Turma que tornou Bolsonaro e mais sete aliados réus por planejarem e tentarem um golpe de Estado. O STF também abriu a ação penal contra o ex-presidente.

    Em 23 de abril, Bolsonaro recebeu a intimação do STF na UTI do Hospital DF Star. Horas mais tarde, Bolsonaro publicou nas redes sociais um vídeo do momento em que recebeu a oficial de Justiça. Por 11 minutos, o ex-presidente questiona a servidora sobre a intimação dentro da UTI. Ao ser informado de que a medida foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, voltou a reclamar da atuação do ministro nas investigações.

    O vídeo levou a publicação de uma nota de repúdio por entidades que representam os oficiais de justiça. Em 25 de abril, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal anunciou a abertura de investigação para apurar a entrada de pessoas na UTI. A sindicância abrangerá não apenas a visita da oficial da Justiça como a visita de aliados políticos durante a internação em cuidados intensivos.