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  • Pico de casos da Ômicron gerou quadro de desassistência em UTIs

    Pico de casos da Ômicron gerou quadro de desassistência em UTIs

    O grande número de casos de covid-19 provocado pela variante Ômicron do coronavírus levou a um expressivo volume de óbitos fora de unidades de Terapia Intensiva, o que configura um quadro de desassistência, afirmam pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Os cientistas divulgaram hoje (15) uma nota técnica que mostra que a variante provocou um pico de internações semelhante ao da primeira onda da covid-19 em quase todas as unidades da federação.

    O texto explica que mesmo com a proteção das vacinas e a suposta menor letalidade da variante, o elevado número de casos que ela provoca por sua maior transmissibilidade leva uma demanda extrema aos serviços de saúde, ainda que o percentual de internações seja pequeno em relação ao total de casos.

    “Apesar de alguns estudos e vários especialistas apontarem que, do ponto de vista individual, a variante Ômicron é menos letal, do ponto de vista da saúde pública e do atendimento esse não parece ser o caso. O volume de casos provocado por essa variante é extremamente alto e, mesmo que o percentual de pessoas que necessitem de atendimento especializado seja pequeno frente ao volume extremamente alto de casos, as redes de atendimento acabam sendo ocupadas e, em última análise, a desassistência à saúde ocorre, elevando o número de óbitos”, diz a nota técnica.

    Na nota, os pesquisadores ressaltam que a desassistência é a pior situação dentro de um contexto de epidemia, pois reflete o colapso do sistema de saúde e faz com que as pessoas não recebam os cuidados necessários para terem uma chance de se recuperar. “A desassistência também provoca óbitos indiretos por outras causas que não podem ser atendidas”, alertam os pesquisadores.

    Os meses de março e abril de 2021, no pico de casos causado pela variante Gamma, foram os que tiveram o maior número absoluto de mortes fora de UTI. Apesar disso, quando se considera o percentual de óbitos fora de uma UTI em relação ao total de óbitos hospitalares, o mês de janeiro de 2022 fica atrás apenas dos meses de maio e abril de 2020, o que pode significar que uma proporção maior de pessoas chegou a ser hospitalizada mas não teve acesso a leitos de alta complexidade quando seu quadro se agravou. A Fiocruz pondera que esses dados devem ser analisados com cautela, pois ainda existe atraso no registro para os meses mais recentes e um represamento causado pelo apagão de dados que se deu com o ataque hacker aos sistemas do Ministério da Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS).

    O aumento acelerado de casos causado pela Ômicron também se deu em um momento em que diversos estados haviam retomado atendimentos e cirurgias de rotina, o que pode ter contribuído para uma menor disponibilidade de leitos, lembra a fundação. Apesar desse quadro, a Fiocruz esclarece que nenhum estado atingiu os picos de ocupação de UTI registrados durante a onda da variante Gamma, no início de 2021. Além disso, nenhuma unidade da federação teve tantas vítimas quanto nos picos de 2021 e 2020.

    “Considerando os piores períodos, a letalidade da covid-19 chegou a cerca de 4%. Na variante Ômicron, o pico da letalidade até agora é de 0,4%”, compara a nota técnica.

    Vacinação

    Os pesquisadores da Fiocruz descrevem que a onda de casos da variante Ômicron parece se comportar de forma diferente a das outras variantes, com um pico acelerado seguido de uma queda acentuada no número de casos, o que confere alguma imunidade à população que foi infectada.

    “Em pessoas vacinadas e sem complicações prévias, a doença parece seguir um curso mais brando. No entanto, em pessoas não vacinadas e mesmo sem comorbidades ou fatores de risco, essa variante apresenta um risco para internação e óbitos. De forma indireta, a onda de Ômicron valida os efeitos esperados para a vacinação da população”, diz a Fiocruz, que reforça a importância da vacinação para a saúde coletiva.

    “Existe uma epidemia de não vacinados que lotam os hospitais, sufocam os serviços de saúde e impossibilitam atendimento de outros problemas de saúde que continuam acontecendo. Isso parece ocorrer tanto no Brasil quanto em outros países analisados”, diz a nota.

    A fundação também pede atenção às desigualdades regionais da cobertura vacinal e compara que estados como São Paulo, com 80% da população com esquema completo, se equiparam a países desenvolvidos, enquanto unidades da federação, principalmente da Região Norte, têm percentuais inferiores a 60% e até 50%.

    “A desigualdade geográfica na vacinação é um problema urgente. Enquanto temos no Sul e Sudeste do país, patamares de vacinação acima de países ricos da Europa, principalmente no Norte do país, temos bolsões de não vacinados próximos a países pobres da África”.

  • Estudo aponta agravamento da pandemia e necessidade de medidas restritivas em todo país

    Estudo aponta agravamento da pandemia e necessidade de medidas restritivas em todo país

    A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou nesta quarta-feira (03.03) uma Nota Técnica em que alerta para o agravamento simultâneo dos indicadores que monitoram a pandemia pela Covid-19 em todo o Brasil.

    De acordo com o estudo, essa é a primeira vez, desde o início da pandemia, em que o cenário aponta para um agravamento generalizado no país. “Os dados apresentados, embora alarmantes, constituem apenas a ponta de um iceberg de um patamar de intensa transmissão”, enfatiza a Fiocruz, em boletim.

    Dentre os indicadores avaliados, está o crescimento do número de casos e óbitos, a alta positividade de testes e a sobrecarga das unidades hospitalares. No momento, 19 unidades da Federação apresentam taxas de ocupação de leitos de UTI acima de 80%.

    Desde o dia 23 de fevereiro, Mato Grosso registra uma ocupação superior a 80% dos leitos de Terapia Intensiva. Na última terça-feira (02.03), foi divulgada a ocupação de 88% das 483 UTIs existentes para o tratamento da Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Estado.

    A taxa permanece na casa dos 80% porque, nos últimos 23 dias, o Governo do Estado trabalhou em uma força tarefa e abriu 90 leitos de UTI pela Rede Pública. Mesmo com o incremento de novos leitos, a taxa de ocupação cresceu cerca de 7 pontos percentuais na última semana.

    No estudo da Fiocruz, a capital de Mato Grosso – que registra 85% de taxa de ocupação – também figura entre as 20 capitais com alta ocupação em UTI.

    É importante destacar que, em dezembro, foram confirmados 20.933 novos casos da Covid-19 em Mato Grosso. Contudo, somente no mês de janeiro, esse número subiu para 37.364 confirmações; em fevereiro, foram 34.505 novos casos. Atualmente, o Estado registra o total de 253.783 confirmações da doença e 5.864 óbitos ocasionados pelo cornavírus.

    Medidas restritivas

    Além de alertar para o agravamento dos indicadores epidemiológicos em todo o país, a Nota Técnica da Fiocruz ainda reafirma as medidas não-farmacológicas como forma de conter a propagação do vírus no Brasil.

    O boletim recomenda a adoção de medidas mais rigorosas de restrição da circulação e das atividades não essenciais de acordo com a situação epidemiológica e capacidade de atendimento de cada região, bem como a manutenção de todas medidas preventivas (distanciamento físico, uso de máscaras e higiene das mãos) até que a pandemia seja declarada encerrada.

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