Tag: Ninho do Urubu

  • Flamengo terá que indenizar família de vítima do incêndio no Ninho

    Flamengo terá que indenizar família de vítima do incêndio no Ninho

    A Justiça do Rio decidiu que o Clube de Regatas do Flamengo terá que pagar indenização à família do goleiro Christian Esmério Cândido, morto aos 15 anos, em consequência do incêndio no alojamento da categoria de base no Centro de Treinamento George Helal, conhecido como Ninho do Urubu, em Vargem Grande, zona oeste do Rio.

    Na decisão o juiz André Aiex, da 33ª Vara Cível da Capital do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, definiu que o Flamengo tem que pagar R$ 1 milhão e 412 mil ao pai Cristiano Esmério de Oliveira, e o mesmo valor à mãe Andréia Pinto Cândido de Oliveira.

    O magistrado decidiu ainda que o irmão do atleta, Cristiano Júnior Esmério de Oliveira tem direito a indenização no valor de R$ 120 mil a título de reparação por dano moral. Além disso, os pais receberão pensão equivalente a cinco salários mínimos.

    No incêndio que ocorreu no dia 8 de fevereiro de 2019, morreram dez jogadores da base do clube e três ficaram feridos. Todos tinham idades entre 14 e 16 anos. Os jogadores dormiam no alojamento e foram surpreendidos com o fogo que tomou conta das instalações.

    O juiz André Aiex definiu também que a pensão ao pai e a mãe de Christian deverá ser paga até o ano em que o atleta completaria 45 anos ou até a data de morte dos pais.

    “Considerando as especificidades da carreira de jogador de futebol, notadamente a de goleiro, o pagamento acima fixado deve ser efetuado pelo réu até a data em que a vítima fatal completaria 45 anos de idade, ou até a data do óbito dos seus genitores, o que ocorrer primeiro”, decidiu.

    O magistrado não aceitou o pedido de indenização para o tio do atleta.

    A família de Christian é a única que vai receber indenização por meio de decisão da justiça. Os parentes das outras vítimas fizeram acordo diretamente com o clube.

    Em nota na véspera de completar cinco anos da tragédia, o Flamengo informou que a única família que não aceitou o acordo oferecido recebia, mensalmente, uma pensão paga pelo clube, independentemente de processo judicial.

    “O Flamengo continua aberto para alcançar uma composição com eles, a quem muito preza”, apontou naquele dia.

    A reportagem da Agência Brasil pediu uma declaração do Flamengo sobre a decisão da justiça para o pagamento de indenização à família do goleiro Christian, mas até a publicação desta matéria não tinha recebido a resposta.

    Edição: Valéria Aguiar

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  • Livro homenageia adolescentes mortos em incêndio no CT do Flamengo

    Livro homenageia adolescentes mortos em incêndio no CT do Flamengo

    Há cinco anos, às 5h17 do dia 8 de fevereiro, tinha início o incêndio que vitimou 10 atletas adolescentes alojados em contêineres, no Centro de Treinamento (CT) do Flamengo, mais conhecido como o Ninho do Urubu, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. O processo criminal sobre a tragédia segue na Justiça – a primeira audiência ocorreu em agosto do ano passado -, mas o recém-lançado livro “Longe do Ninho”, da jornalista e escritora Daniela Arbex, traz revelações inéditas daquela madrugada fatídica. Com idades entre 14 e 16 anos, morreram no incêndio Arthur Vinicius, Athila Paixão, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Gedson Santos, Jorge Eduardo, Pablo Henrique, Rykelmo de Souza Viana, Samuel Thomas e Vitor Isaías.

    “Eu não escrevo sobre tragédias, mas sim sobre omissões que causam tragédias”, disse Arbex,, no início da entrevista que concedeu na última terça-feira (6), ao programa Stadium, da TV Brasil, um dia após o lançamento do livro no Rio de Janeiro.

    homenagem aos meninos do ninho em muro em frente ao estádio do Maracanã - 10 adolescentes morreram em incêndio no CT do Flamengo, em 08/02/2019

    A homenagem aos meninos do ninho em muro em frente ao estádio do Maracanã – 10 adolescentes morreram em incêndio no CT do Flamengo, em 08/02/2019Capa do livro é obra do artista plástico Airá O Crespo, que também homenageou os aos Garotos do Ninho m painel grafitado no muro em frente ao estádio do Maracanã – airaocrespo/Instagram

    A ideia do livro surgiu após a escritora ser procurada por uma mãe que perdera o filho no incêndio. Após dois anos reunindo depoimentos e investigando o caso, a escritora narra de forma comovente o dia a dia dos meninos, a amizade entre eles, o luto infinito dos pais e, sobretudo, o rol de negligências que culminaram na morte de 10 inocentes.

    Entre as revelações inéditas no livro está o fato de os meninos do ninho não terem morrido dormindo, como pensava a maioria dos pais.

    “A gente consegue reconstruir aquela madrugada trágica, o que aconteceu em cada quarto. Uma das portas dos contêineres onde os meninos dormiam estava com defeito. Quando ela batia com força ela travava por dentro e só podia ser aberta por fora. Então, em um determinado quarto, os meninos não tiveram a chance de fugir”.

    Daniela Arbex traçou uma linha do tempo “assustadora” em que enfileira várias fiscalizações do Ministério Público no CT do Ninho do Urubu a partir de 2012, nas quais são apontadas diversas necessidades de melhoria em relação ao atendimento oferecido aos atletas da base.

    “Em 2014 foi feita uma tentativa de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que não se realizou. O Flamengo se recusou a fazer o TAC. Isso foi judicializado e em 2015:foi instaurada uma ação civil pública. Em 2019, quando o incêndio aconteceu, esta ação ainda estava em andamento. Então eu falo: o tempo da justiça nem sempre é o tempo de quem precisa dela. De 2012 a 2019 o Flamengo teve inúmeras oportunidades de se adequar, já os meninos do ninho não tiveram nenhuma chance”.

    Não foram poucas as vezes que a escritora, mãe de um menino de 12 anos, se emocionou durante o trabalho de investigação.

    “Quando as vítimas chegaram ao Instituto Médico Legal (IML), a legista percebeu que todas as placas de crescimento [áreas de cartilagem nos ossos longos] estavam abertas, o que mostra que eles [os garotos do ninho] teriam muito tempo para se tornar as estrelas que eles podiam ser”.

    Para Daniela Arbex, o juiz Marcelo Laguna Duque Estrada (titular da 36ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio), disse tudo que precisava ser dito sobre o incêndio no CT do Flamengo ao acolher a denúncia do MP-RJ.

    “Ele fala em autorias colaterais, que o incêndio no ar condicionado foi a ponta do iceberg. Houve várias omissões anteriores que culminaram naquela madrugada trágica. Uma delas é que o Ninho do Urubu sequer deveria estar funcionando; ele fala que aquele contêiner era uma arapuca mortal”.

    Entre as reflexões suscitadas pela autora está o cuidado com a saúde mental de adolescentes que iniciam muito cedo a carreira de atleta.

    “Acho que o livro joga luz a um tema pouco discutido, que é a capacidade de clubes cuidarem da saúde mental desses atletas em formação, que saem de casa precocemente e já desenvolvem relações comerciais, que te têm sobrecarga física; fragilidade dos seus laços afetivos porque estão longe dos verdadeiros ninhos, longe de casa e da proteção de seus pais. E qual a capacidade dos clubes de acolherem esses meninos afetivamente e oferecerem um suporte de saúde mental. Fiquei muito impressionada com um dos meninos que sobreviveu e que me disse que aos 20 anos se sentia um fracassado, que ele era velho demais aos 20 anos”.

    De acordo com a escritora, o Flamengo se recusou a dar qualquer depoimento para o livro. Daniela Arbex chegou a visitar o museu do clube da Gávea e se surpreendeu ao não encontrar registro algum sobre os garotos do ninho.

    “Falo sempre que o esquecimento nega a história. Quando uma história não é contada é como se ela não tivesse existido. E é por isso que esse livro existe: para a gente dizer que essa história aconteceu e para gente eternizar a história dos meninos”, concluiu.

  • Justiça faz primeira audiência sobre incêndio no Ninho do Urubu

    Justiça faz primeira audiência sobre incêndio no Ninho do Urubu

    Quatro anos após a morte de 10 atletas de base do Flamengo no centro de treinamento do clube, o juízo da 36ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio fez a primeira audiência de instrução e julgamento do processo criminal sobre o incêndio no Centro de Treinamento Ninho do Urubu, em Vargem Grande, na zona oeste da cidade. O incêndio ocorreu em 2019 e provocou a morte dos jogadores, que dormiam em contêineres no alojamento.

    Oito réus serão julgados pelas mortes. Eles respondem por incêndio culposo qualificado pelos resultados de morte e lesão grave.

    Os réus Edson Colman da Silva, técnico em refrigeração, e Eduardo Carvalho Bandeira de Mello, ex-presidente do Flamengo, estiveram presentes à audiência. Outros dois réus Antonio Marcio Mongelli Garotti, ex-diretor financeiro do Flamengo, e o engenheiro do clube, Marcelo Maia de Sá, não compareceram à audiência. Mais quatro réus, todos da empesa que forneceu os contêineres instalados no Ninho do Urubu, também não compareceram à audiência de instrução e julgamento. São eles: Claudia Pereira Rodrigues, Danilo da Silva Duarte, Fabio Hilario da Silva e Weslley Gimenes.

    O juiz decretou revelia na ausência das seis pessoas, o que significa que o processo continuará mesmo sem a presença dos réus e não altera o ônus da prova.

    Tragédia

    O incêndio ocorreu durante a noite, no alojamento das categorias de base, que ficava em contêineres no próprio centro de treinamento. A maioria dos atletas conseguiu sair com vida, mas morreram  Athila Paixão, de 14 anos; Arthur Vinícius de Barros Silva Freitas, de 14 anos; Bernardo Pisetta, de 14 anos; Christian Esmério, de 15 anos; Gedson Santos, de 14 anos; Jorge Eduardo Santos, de 15 anos; Pablo Henrique da Silva, de 14 anos; Rykelmo de Souza Vianna, de 16 anos; Samuel Thomas Rosa, de 15 anos; e Vitor Isaías, de 15 anos.

  • Técnico Vítor Pereira retorna ao Brasil para comandar o Flamengo

    Técnico Vítor Pereira retorna ao Brasil para comandar o Flamengo

    O  português Vitor Pereira, novo treinador do Flamengo para a temporada 2023, finalmente conheceu o elenco e assumiu o comando técnico do Mais Querido nesta segunda-feira (2), no Ninho do Urubu, o Centro de Treinamento (CT) do clube, em Vargem Grande, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

    “Uma alegria estar aqui. É com muita satisfação que aceitamos esse grande desafio, com responsabilidade, compromisso. E retribuir com trabalho esta confiança que o clube depositou no nosso trabalho”, disse Pereira.

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    A decisão foi essencialmente com base na possibilidade de lutar por tantos títulos”

    A agenda do Flamengo em 2023 está lotada. O rubro-negro tem sete competições pela frente. A primeira delas começa no próximo dia 12, contra o Audax, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca, em jogo antecipado da quinta rodada, devido à participação do clube no Mundial de Clubes. Também em janeiro, no dia 28, os cariocas decidem contra o Palmeiras o título da Supercopa do Brasil. Em fevereiro, o Flamengo disputará o Mundial Interclubes, em Marrocos.

    “Exatamente isso que me trouxe, esses grandes desafios que temos pela frente que me trouxeram ao Flamengo. A decisão foi essencialmente com base na possibilidade de lutar por tantos títulos”.

    O Flamengo é o décimo segundo clube da carreira do treinador de 52 anos. No último ano, Vitor Pereira treinou o Corinthians. Não conquistou títulos e em 64 jogos pelo Timão, venceu 26, empatou 21 e perdeu outros 17.

    “Naturalmente, foram 10 meses no Brasil que me permitem ter conhecimento das equipes, e do Flamengo também, conhecimento dos jogadores. É uma vantagem que sinceramente um ano atrás eu não tinha, mas neste momento tenho”, concluiu o treinador.