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  • Produção industrial caiu 0,2% em fevereiro 

    Produção industrial caiu 0,2% em fevereiro 

    Na passagem de janeiro para fevereiro, a produção da indústria nacional registrou variação negativa de 0,2%, acumulando queda de 0,6% por três meses consecutivos. A produção da indústria nacional ainda está 2,6% abaixo do patamar pré-pandemia da covid-19, que considera como marco o mês de fevereiro de 2020. O resultado também ficou 19% abaixo do recorde da série, alcançado em maio de 2011.

    A Pesquisa Industrial Mensal (PIM) foi divulgada nesta quarta-feira (19) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação anual, a queda foi de 2,4%. No acumulado do ano, a retração está em 1,1%, e nos últimos 12 meses, o indicador registra queda de 0,2%.

    Atividades

    De acordo com o IBGE, nove das 25 atividades pesquisadas na PIM recuaram em fevereiro, com queda de 1,1% nos produtos alimentícios, 1,8% nos químicos e redução de 4,5% nos farmoquímicos e farmacêuticos.

    A pesquisa destaca a queda na produção de carnes bovinas, aves e suínos, sucos e derivados da soja, influenciada pela suspensão das exportações de carne para a China, devido ao mal da vaca louca no final de fevereiro.

    Outras reduções importantes ocorreram nas atividades de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (3,5%) e de produtos de metal (1,4%).

    Entre as 16 atividades que tiveram alta no período, o IBGE destaca as indústrias extrativas, que cresceram 4,6% após a expansão de 3,4% registrada em janeiro. Outros crescimentos importantes vieram dos setores de bebidas (3,6%); coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (0,5%); impressão e reprodução de gravações (11,2%); produtos diversos (4%); metalurgia (0,8%); e equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (2%).

    Entre as grandes categorias econômicas, a principal influência para a queda veio dos bens de consumo duráveis, com queda de 1,4%, intensificando a queda de 1,2% registrada em janeiro. Bens de consumo semi e não duráveis tiveram recuo de 0,1%, após quatro meses de alta.  Apresentaram crescimento os setores de bens de capital (0,1%) e de bens intermediários (0,5%).

    Na comparação anual, a PIM revela que o setor industrial caiu 2,4%, com retração disseminada por 17 dos 25 ramos analisados. Nessa análise, as principais influências negativas foram dos produtos químicos (8%); produtos alimentícios (3,8%); veículos automotores, reboques e carrocerias (6,1%); e máquinas e equipamentos (9%).

    Foram registradas altas em oito atividades, com destaque para as indústrias extrativas (5,1%), impulsionadas pelos itens minérios de ferro e óleos brutos de petróleo.

  • Lula assina acordos com Emirados Árabes Unidos

    Lula assina acordos com Emirados Árabes Unidos

    Na última escala da viagem oficial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, membros do governo brasileiro assinaram neste sábado (15) acordos de cooperação com os Emirados Árabes Unidos. A assinatura ocorreu durante recepção no palácio presidencial de Abu Dhabi, onde Lula jantou com o xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan. Alegando cansaço, o presidente saiu sem falar com a imprensa.

    Lula prometeu falar com os jornalistas na manhã deste domingo (16), em Lisboa, onde a comitiva fará escala antes de voltar a Brasília. A chegada ao Brasil está prevista para este domingo às 21h20 (horário de Brasília).

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    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido pelo xeique Mohammed bin Zayed al-Nahyan em Abu Dhabi – Ricardo Stuckert/PR

    No único compromisso do dia, Lula participou de um iftar, refeição celebrada após o pôr do sol durante o ramadã (período de jejum durante a luz do dia na religião islâmica), com al-Nahyan. Enquanto ocorria o jantar, membros da comitiva brasileira e integrantes do governo dos Emirados Árabes assinavam memorandos de entendimento.

    As cooperações entre os dois países abrangem o comércio, os esportes e a inteligência artificial. “A parceria entre nossos países está amparada em ricas conexões nas mais diversas áreas, traduzida nos números expressivos do nosso comércio, na cooperação em esportes e em inteligência artificial”, disse o presidente em rápida declaração no encerramento do evento.

    Memorandos

    Integrante da comitiva oficial, o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, assinou memorando de entendimento entre o estado e o fundo financeiro de Abu Dhabi Mubadala Capital, controlador da refinaria de Mataripe, privatizada em 2021. O fundo empresarial comprometeu-se a investir R$ 12 bilhões em dez anos na construção de uma fábrica de diesel verde e de querosene de aviação sustentável.

    O embaixador André Corrêa do Lago assinou memorando de entendimento entre o governo dos Emirados Árabes e o governo brasileiro sobre ação climática. Em novembro, o país sediará a 28ª edição da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 2023). O encontro será realizado em Dubai, emirado vizinho a Abu Dhabi.

    O embaixador Carlos Sérgio Duarte, secretário do Ministério das Relações Exteriores para África e Oriente Médio, assinou um memorando para a cooperação entre o Instituto Rio Branco e a Academia Diplomática Dr. Anwar Gargash.

    Antes do jantar, a esquadrilha Al Fursan, da Força Aérea dos Emirados Árabes, deixou rastros das cores da bandeira brasileira sobre o palácio presidencial na chegada do líder brasileiro.

    Essa é a segunda visita de Lula aos Emirados Árabes. O presidente brasileiro havia ido ao país em 2003, no primeiro mandato. O governo brasileiro esclareceu que a parada em Abu Dhabi, realizada na volta da viagem a China, ocorreu a convite do governo dos Emirados Árabes Unidos e informou que as despesas foram pagas pelo país.

    Na China, Lula assinou 15 acordos de parceria com o presidente Xi Jinping. Antes de embarcar para os Emirados Árabes, o líder brasileiro disse que a relação entre o Brasil e a China mudou de patamar. Segundo ele, o Brasil se beneficiará de investimentos em transição energética, conectividade, educação e cultura.

  • Agentes penitenciários anunciam paralisação nesta sexta-feira

    Agentes penitenciários anunciam paralisação nesta sexta-feira

    A partir das 8h desta sexta-feira (14), policias penais federais, os antigos agentes penitenciários, realizam uma paralisação de 24 horas nos cinco presídios federais de segurança máxima.

    Segundo Varlei Ferreira, representante sindical e diretor da Associação dos Policiais Penais do Brasil, o objetivo da paralisação é abrir diálogo sobre a regulamentação da carreira, esperada desde 2019, e que a associação ressalta que foi prometida para os primeiros 100 dias de governo.  “Carreira autônoma, como são as outras carreiras, previsão de direção geral na policia, no órgão, tem que ter, é determinação da constituição. Independência funcional, atribuições bem especificadas dessa nova instituição, a Policia Penal Federal, desenvolvimento da carreira. Tudo isso decorre da Constituição Federal.”

    Os policias penais também pedem equiparação de vencimento com as carreiras de outros policiais federais, e cobram diálogo da Secretaria Nacional de Políticas Penais com a categoria, como destaca Varlei. Segundo ele, na falta de comunicação, só resta a opção de fazer manifestações e paralisações pontuais.

    A associação afirma que durante a paralisação será mantida a segurança dos presos e serão garantidos os serviços essenciais nas unidades. Mas as visitas de familiares e advogados estarão suspensas.

    Cerca de 1,6 mil policiais penais atuam na segurança dos presos mais perigosos do país nos presídios federais em Brasília, Rio Grande do Norte, Paraná, Mato Grosso do Sul e Rondônia.

    A reportagem não teve retorno sobre a posição do Ministério da Justiça e da Secretaria Nacional de Políticas Penais.

  • Primeiros concursos públicos serão lançados em 10 de abril

    Primeiros concursos públicos serão lançados em 10 de abril

    A ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, anunciou que o governo irá lançar até o dia 10 de abril o primeiro bloco de concursos públicos autorizados para administração federal.

    Esther Dweck destacou que há previsão no orçamento deste ano para realização dos concursos, que irão priorizar os órgãos com maior déficit de pessoal.

    “Várias áreas estão com dificuldade. Foi um período de muito desmonte, praticamente sem nenhum concurso”, disse, em entrevista aos veículos da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

    Até o fim do ano, segundo a ministra, devem ser anunciados três blocos de concursos públicos para recomposição de pessoal. No momento, apenas uma seleção emergencial foi autorizada para a Agência Nacional de Mineração.

    Reajuste salarial

    Sobre a concessão do reajuste salarial linear de 9% aos servidores federais, Esther Dweck explicou que é preciso que Congresso Nacional aprove uma adequação de rubricas na Lei Orçamentária de 2023.

    Na última sexta-feira (31), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva enviou ao Parlamento projeto de lei com a alteração. A expectativa do governo é de que a aprovação da proposta ocorra ainda este mês.

    “Assim que ele for aprovado, o governo pode encaminhar o reajuste dos servidores. A meta, temos conversado com os líderes no Congresso, é que tenhamos uma aprovação célere desse projeto, para que seja aprovado ainda no mês de abril e o reajuste dos servidores possa valer a partir de maio”, afirmou a ministra em entrevista ao programa A Voz do Brasil.

    A negociação salarial, acordada com cerca de 100 entidades sindicais, prevê ainda aumento de R$ 200 no auxílio alimentação dos servidores. Conforme a ministra, o valor adicional já será depositado no pagamento de maio.

    Desde 2016, a maioria das categorias do funcionalismo federal não teve reajuste salarial. Em fevereiro, o ministério retomou a Mesa Nacional de Negociação Permanente com os servidores públicos federais, que servirá para discutir recuperação salarial e reestruturação de carreiras. A mesa foi instalada pela primeira vez em 2013.

    Edição: Aline Leal

  • Professores seguem mobilizados pelo cumprimento do piso nacional

    Professores seguem mobilizados pelo cumprimento do piso nacional

    O novo piso nacional dos professores reajustado em janeiro passado pelo Ministério da Educação (MEC) segue mobilizando a categoria em vários estados.

    Em Recife, os alunos da rede municipal de Educação acordaram nesta quinta-feira (30) sem aulas. Mais de 9 mil educadores decidiram paralisar as atividades de maneira imediata.

    Na última rodada de negociações entre o sindicato e a prefeitura, foi proposto aos professores o pagamento de 7,5%, com aplicação para toda a carreira, a partir do mês de março; e outros 7,45% em forma de abono, a partir de julho, o que não foi aceito pela categoria, que defende o reajuste integral de 14,95%.

    No Maranhão, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Básica das Redes Públicas Estadual e municipais decidiu suspender a greve iniciada em 27 de fevereiro. Isso após o Tribunal de Justiça maranhense decretar, por unanimidade, a ilegalidade do movimento, que reivindicava um reajuste salarial de 14,95%, percentual dado pelo MEC na portaria de janeiro passado.

    A categoria aceitou a proposta da Secretaria Estadual de Educação de 11%, dividido em duas parcelas, além do cumprimento das progressões e titulações para os educadores, que ficou acordado em reunião junto ao Ministério Público do Maranhão, o Sindicato e a Secretaria.

    No Rio Grande do Norte, também motivados pelo cumprimento do reajuste integral do piso nacional para ativos e aposentados, além de outras coisas, os professores da Rede Pública do Estado continuam sem data para encerrar a paralisação.

    Na última terça-feira, o governo do estado apresentou a seguinte proposta: todos os educadores que estão abaixo do piso terem reajuste 14,95% de maneira imediata, com efeito retroativo a janeiro deste ano. Para os demais professores, a proposta é a implantação de 7,21% de reajuste em maio, 3,61% em novembro e 3,49% em dezembro, chegando ao percentual de aumento sugerido pelo MEC.

    Em outros estados do país, como Rio de Janeiro, Sergipe e Paraná, os movimentos sindicais da categoria vêm realizando manifestações pontuais ou decretando estado de greve, para que o pagamento do piso nacional seja cumprido.

  • Museu de Arte do Rio celebra 10 anos com exposição comemorativa

    Museu de Arte do Rio celebra 10 anos com exposição comemorativa

    Há dez anos, era inaugurado o Museu de Arte do Rio. Parte desta história será contada na mostra A construção do MAR e a Pequena África, que será inaugurada nesta sexta-feira (31).

    São mais de 100 obras, entre fotografias e vídeos, que lembram fatos importantes da história do Museu, como os protestos realizados contra sua construção e o abraço simbólico contra seu fechamento em 2019.

    Ao longo dos anos, o Museu de Arte do Rio, um dos principais pontos turísticos da cidade, veio se redesenhando e criando vínculos com a sociedade. Desta forma, a exposição fala da aproximação com a comunidade, feita inicialmente pela Escola do Olhar, espaço de integração entre educação e arte, que funciona junto ao museu.

    A programação conta com uma edição especial do projeto MAR de música, com show da Orquestra Voadora e a participação de Serjão Loroza, além da distribuição de bolo de aniversário ao público.

    À tarde, será o Rolezinho de Livros. Serão distribuídos, de graça, os principais catálogos e publicações que já passaram pela instituição.

  • Mais de 80 mil pessoas desapareceram no Brasil no ano de 2020

    Mais de 80 mil pessoas desapareceram no Brasil no ano de 2020

    Mais de 80 mil pessoas desapareceram no Brasil, em 2020. Trinta mil eram crianças. Só no Rio de Janeiro 80 crianças desaparecem, em média, todo mês. Esses dados nada animadores são do Sistema Nacional de Localização e Identificação de Desaparecidos

    A Fundação para Infância e Adolescência (FIA) informa que, atualmente, 600 crianças e adolescentes estão sumidos no estado do Rio de Janeiro. Entre os motivos: conflitos familiares, maus tratos e abuso.

    Luiz Henrique, gerente do Programa SOS Crianças Desaparecidas, da FIA, destaca a importância de ações integradas de diversas instituições sobre o tema podem prevenir novos casos de desaparecimento. “O Brasil precisa se atentar e agendar essa questão que são crianças e adolescentes desaparecidos. É importante a gente divulgar, conscientizar a população. Cuide bem de sua criança, não bata, converse, sempre, também os profissionais de educação têm que ficar atentos, juntamento com conselhos tutelares.

    Caso uma criança desapareça, o responsável não deve perder tempo. A recomendação é procurar imediatamente a delegacia mais próxima e registrar um boletim de ocorrência. Não é preciso esperar 24 horas.

    Durante esta semana, a Defensoria Pública e a FIA, realizam uma série de ações que marcam a Semana Nacional da Busca e Localização de Crianças Desaparecidas. Nesta quinta-feira, representantes da Secretaria de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do estado do Rio estão na Central do Brasil tirando dúvidas e explicando o que fazer em casos de desaparecimento, e quais os principais canais de atendimento.

    Eles também estão distribuindo cartilhas informativas e pulseiras de identificação para crianças.

  • Rio Grande do Norte registra dois ataques em décimo dia de ocorrências

    Rio Grande do Norte registra dois ataques em décimo dia de ocorrências

    Dois novos ataques foram confirmados nesta quinta-feira (23) em cidades do Rio Grande do Norte. No município de Lagoa Nova, interior do estado, a prefeitura confirmou que um ônibus escolar e um trator foram incendiados por bandidos que fugiram em seguida. Já em Natal, uma estação elevatória da Companhia de Águas e Esgotos foi incendiada por criminosos. 

    Hoje é o décimo dia seguido de ocorrências no estado, que chegou a ter 104 investidas criminosas em um dia. Desde o dia 14 até as 11h da manhã desta quinta, 174 suspeitos foram presos. Foram apreendidos 139 artefatos explosivos, 32 galões de combustível e 42 armas de fogo.

    A rotina na capital e na Grande Natal parece ser retomada aos poucos. Nesta quinta-feira, o transporte intermunicipal continua operando com 80% da frota. Com a redução no número de ocorrências, a Companhia de Trens Urbanos adicionou mais cinco viagens na grade horária especial. A prefeitura de Natal também retomou o atendimento nos serviços de saúde.

    A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) informou que pretende retornar as atividades presenciais na próxima segunda-feira (27) e que continuará acompanhando a situação. Caso as condições de segurança e de oferta de transporte público não estejam normalizadas na próxima semana, a universidade emitirá um novo comunicado.

  • Exposição em SP celebra Dona Onete, a rainha do carimbó chamegado

    Exposição em SP celebra Dona Onete, a rainha do carimbó chamegado

    “Sonhei ser musa inspiradora de um poeta, de um pintor. Rimas, prosas e versos de um compositor”. Tais palavras foram escritas em 1957 pela então professora paraense Ionete da Silveira Gama.

    Exposição em SP celebra Dona Onete, a rainha do carimbó chamegado
    Thiago Padovan/TV Brasil

    Hoje com 83 anos, a Dona Onete, como ficou conhecida, realizou os desejos que um dia escreveu em poesia: tornou-se inspiração para fãs e artistas da cultura e da música popular brasileiras.

    Para celebrar a trajetória da cantora e compositora, o Itaú Cultural inaugurou a Ocupação Dona Onete, que fica em cartaz até 18 de junho.

    O manuscrito que abre esta matéria, além de ter virado a música Sonho de adolescente, do álbum Banzeiro, de 2016, está entre os mais de 120 itens que compõem a mostra.

    Dividida em quatro eixos temáticos, a exposição traz fotos, vídeos, músicas e manuscritos, originais e inéditos, além de depoimentos da artista, de seus amigos, familiares e parceiros musicais.

    Para a curadora Andreia Schinasi, a exposição busca estar à altura das várias vertentes do trabalho da artista. “Dona Onete é muito singular, foi um desafio pensar como traduzi-la nesse espaço de 100 m². A Dona Onete é sonoridade, é território, poesia, é muito além da música”, enfatiza.

    Sobre o percurso proposto para a ocupação, Andreia explica que “a gente entra pelo território, para trazer toda a vertente desde o nascimento até o momento em que ela vai parar em Belém. Faz um mergulho profundo no Pará, depois versa sobre encantarias, religiosidades, uma coisa que é muito forte para ela, a contação de histórias, das lendas. E depois faz a brincadeira de um grande palco que é a consagração dela, e faz esse mergulho na obra e na sonoridade também, não só dela, mas também do Pará”, explica.

    Quando questionada sobre o que acha de uma exposição sobre si mesma, Dona Onete repensa sua trajetória. “Eu estou muito feliz. Quando eu soube que o Itaú estava interessado na minha história, eu até pensei que eu não tinha história, mas eles acharam tanta coisa e foi fluindo, e hoje em dia eu acho que tenho muita história pra contar”.

    Militância e música

    Dona Onete nasceu em 18 de março de 1939, em Cachoeira do Arari, município da Ilha de Marajó, interior do estado do Pará. Mais tarde, mudou-se para Igarapé-Miri, município do Baixo Tocantins conhecido como a “capital mundial do açaí”. Foi lá que se tornou professora de história e estudos paraenses. A partir dos ensinamentos do educador Paulo Freire, militou em movimentos sindicais por melhores condições de ensino para estudantes e de trabalho para professores. Atuou também como secretária de Cultura, com foco em grupos ligados à cultura popular. Ainda em Igarapé-Miri, criou, em 1989, o grupo folclórico Canarana, no qual estreou com 12 canções autorais. Em meados de 1990, atuou no Coletivo Rádio Cipó.

    Foi somente com a aposentadoria, aos 62 anos, e já morando em Belém, capital paraense, que Dona Onete conseguiu se dedicar inteiramente à música. Foi a partir daí que Ionete se tornou Dona Onete e ficou conhecida como “Rainha do Carimbó Chamegado”. O reconhecimento maior veio quando a artista participou do Festival Terruá Pará, que reúne diversos ritmos e manifestações culturais do estado, e foi convidada para participar do filme Eu Receberia as Piores Notícias dos Seus Lindos Lábios, protagonizado pela atriz Camila Pitanga.

    Sobre as mudanças que ocorreram em sua vida após a aposentadoria, Dona Onete diz que, apesar do sonho de ser cantora, não podia deixar o trabalho de lado. “Nessa luta minha da CUT [Central Única de Trabalhadores], de tudo, já diziam que eu era [cantora], mas eu dizia: ‘Eu não posso largar o meu emprego por uma coisa que eu não sei o que vai acontecer. Deixa eu me aposentar’. ‘Ah, mas quando tu te aposentar já vais estar velha’. Mas não interessa. Eu vou pelo menos escrever alguma coisa. Mas eu me aposentei e ainda passei uns três anos dando música para outras pessoas gravarem. De repente, que você já conhece a história, fui dar uma canja num carimbó, já entrei numa banda de rock e dessa banda de rock já fui pro filme da Camila Pitanga, cantar no filme de lá, de Santarém”, explica.

    A partir daí, Dona Onete passou a se apresentar em outros estados brasileiros e, também, em festivais internacionais, como o Festival Womex, na Finlândia, o Muziekpublique, em Bruxelas, além dos shows na Inglaterra, Alemanha, Portugal, entre outros países.

    Com quatro álbuns solo e muitas lendas e histórias para contar, Dona Onete é hoje uma das maiores difusoras da cultura paraense no Brasil e no exterior. Quando questionada sobre qual Dona Onete ela gosta de mostrar ao público, a cantora diz que se vê como “uma cabocla paraense”. “Trouxe como objetivo, depois de me aposentar como professora, ter uma oportunidade de falar sobre o nosso interior, sobre as nossas coisas paraenses, coisas de lá que muita gente deixava de lado, passava por cima, pisava e não sabia que era cultura. E eu achei a cultura e trouxe: virou flor, hoje em dia está florido tudo”, brinca.

    Carimbó Chamegado

    O carimbó, expressão cultural do Norte do país, surgiu no Pará por volta do século 17, a partir das danças e costumes indígenas. O nome vem do instrumento musical “curimbó”, tambor utilizado em manifestações artísticas e religiosas.

    Para Dona Onete, o ritmo, em consonância com a dança, faz do carimbó um “chamego”, uma forma de envolver as pessoas. “O carimbó é uma saia também em movimento, vai em cima, vai embaixo, suspende a saia, dá um nó assim. Porque é uma dança muito faceira. O homem vem, eu comparo o balanço de uma roseira com uma flor e um beija flor querendo. Vai, chega lá e volta! Assim que é a dança do carimbó: o balanço da roseira e um beija flor querendo, porque você vai aqui, vai ali, cercando, é um tipo de proteção. É muito bonito”, diz emocionada.

    Algumas de suas músicas refletem bem esse jeito chamegado de cantar o carimbó. Um de seus maiores sucessos, Jamburana, de seu primeiro álbum solo, Feitiço Cabloco, lançado em 2013, traz essa sensualidade descrita por Dona Onete associada à riqueza da culinária paraense. O jambu, planta típica do Pará que causa dormência na língua, é utilizado, segundo a cantora, em pratos como o pato no tucupi, o tacacá, o arroz paraense, a caldeirada no Pará e, até mesmo, o vatapá e o caruru, pratos típicos da culinária baiana que, na versão paraense, são “enfeitados” com jambu. Contudo, para Dona Onete, o jambu também faz “tremer”, vem descendo, vem subindo, “chega até o céu da boca” e “a boca fica muito louca”.

    Além da exposição

    A Ocupação no Itaú Cultural contou com duas apresentações de Dona Onete (16 e 17 de março, com ingressos esgotados), e ainda com a participação da cantora e compositora paraense Aíla, nesse sábado e hoje (18 e 19 de março).A cantora foi a primeira a fazer parceria com Dona Onete. Ela conta que a conheceu em 2009, ensaiando em um estúdio no comércio de Belém. “Uma muvuca cheia de gente, Dona Onete estava lá ensaiando com um grupo na época, Rádio Cipó, meio alternativo, roqueiro. Achei curioso uma senhora de 70 anos ensaiando, cheio de meninos jovens. Achei ela muito aberta e ela me convidou para ir na casa dela, ouvir umas canções que ela tinha escrito. E tinha muitas, sei lá, 300, algumas inacabadas. E eu escolhi uma que se chamava Proposta Indecente. Ela disse: ‘Mas tu vai gravar essa música, será? O que vão achar de uma senhora de 70 anos escrevendo isso?’ Falei: ‘Ah, a senhora é isso, uma mulher sensual, forte, linda, eu vou gravar essa”, enfatiza.Aíla conta que chamou Dona Onete para cantar em seu primeiro disco e que, a partir daí, o trabalho de ambas passou a ser reconhecido. “A gente fez um clipe que viralizou, tem muitas visualizações de forma orgânica, muito legal para o meu trabalho e para o dela. Muito orgulho de ter sido essa primeira artista que lançou algo dela, gravou com ela. E acho que isso abriu caminho para muitas outras pessoas conhecerem Onete”, explica. Diversos outros jovens artistas, do samba ao rap, fizeram parceria com a artista. Entre eles estão nomes como Gaby Amarantos, Jaloo, BNegão e Emicida. Para Aíla, Dona Onete “é uma figura com 80 e tantos anos que está disposta a ouvir o outro, de outras gerações, a trocar, compor junto, é uma figura cheia de vitalidade. Acho que isso leva ela além. Então, com certeza, isso faz com que as pessoas se conectem mais facilmente com ela, essa abertura toda”, finaliza.Para Dona Onete, essa abertura ao diálogo é uma forma de abraçar o outro por meio de sua música: “Eu não sei se é meu jeito de receber, de falar, de cantar, de alegrar as pessoas, porque a gente está precisando muito disso. Depois que viemos dessa, eu trago na minha música agora: eu quero é sentir a pulsação num abraço. Num abraço apertado, o coração disparado”.* Colaborou Sarah Quines, repórter da TV Brasil

    Veja na TV Brasil:

    Edição: Kelly Oliveira

  • Tenente defende a pacificação do país

    Tenente defende a pacificação do país

    Em Brasília, na sede do Superior Tribunal Militar (STM), o tenente-brigadeiro Francisco Joseli Parente Camelo tomou posse na tarde desta quinta-feira (16) com um discurso em defesa do Estado Democrático de Direito, da democracia e da pacificação do país.

    A sessão solene contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; da Presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber, do Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, e autoridades.

    “Tenho convicção, senhor presidente [Lula], de que seu maior desafio será pacificar o Brasil e consolidar, de forma definitiva, a democracia em nosso país. Os dirigentes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, que nos honram com suas presenças, de forma harmônica e independente, já deram uma clara e enfática demonstração que este é o caminho e que nele seguiremos sem volta, sem retrocesso”, afirmou Camelo, em referência à reação institucional unificada dos poderes após os atos golpistas do dia 8 de janeiro.

    O Superior Tribunal Militar (STM) é o órgão máximo da Justiça Militar brasileira, sendo responsável por processar e julgar os delitos militares previstos na legislação penal militar. O colegiado é composto por 15 ministros, sendo dez militares das Forças Armadas e cinco civis de reconhecido saber jurídico. Os membros são escolhidos pelo Presidente da República e ratificados pelo Senado Federal.

    Em vários momentos de seu discurso, o novo presidente do STM falou em harmonia entre as instituições e os poderes da República. “Neste meu mandato como presidente de um dos tribunais superiores do Judiciário de nosso país, gostaria de reafirmar o meu desejo de poder contribuir, sob a firme orientação da ministra Rosa Weber, para uma integração cada vez mais sólida de todos os poderes da República”, destacou.

    Ele também deu palavras de elogio ao presidente Lula, mencionando os compromissos desse mandatário no enfrentamento às desigualdades sociais.