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  • Mudanças climáticas: Mato Grosso contribui para mitigar aquecimento global por meio do manejo florestal

    Mudanças climáticas: Mato Grosso contribui para mitigar aquecimento global por meio do manejo florestal

    Atenções de todo planeta estarão centradas na 30ª Conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre Mudanças Climáticas (COP30), quando também será celebrado o 10º aniversário do Acordo de Paris. A COP 30 será realizada em novembro de 2025 em Belém, capital do Pará (PA). O Pará é um dos principais produtores e exportadores de madeira do Brasil. Junto com Mato Grosso, responde por 62,6% da quantidade total de madeira em tora extraída das florestas nativas, representando 79,1% do valor da produção madeireira no país, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Maior produtor nacional de madeira nativa em tora, com 5 milhões de metros cúbicos (m3) em 2023, o Pará aumentou em 5% sua extração. Mato Grosso está em 2º lugar, com participação de 18,4% na produção madeireira no território brasileiro, com 3.951 milhões (m3) de tora e lenha, provenientes dos mais de 5 milhões de hectares de áreas de manejo florestal.

    Entre os 20 maiores produtores municipais de madeira nativa no Brasil destacam-se Colniza, em 4º lugar no ranking nacional com 425 mil (m3), seguido de Aripuanã (6º lugar com 310 mil m3), Juara (13º lugar com 150 mil m3) e Juína (14º lugar e 145 mil m3), conforme levantamento do IBGE. Em 66 municípios mato-grossenses a produção madeireira é a principal atividade econômica, empregando 13.878 pessoas com carteira assinada em novembro de 2024, conforme dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Quantitativo que representa 10% do estoque de 133.273 empregos da indústria de transformação de Mato Grosso. De janeiro a novembro, a geração de empregos no setor de base florestal no estado aumentou, com a abertura de 475 novos postos de trabalho formais.

    O presidente do Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem), Ednei Blasius, afirma que alinhar a produção madeireira com boas práticas ambientais é um compromisso do setor de base florestal de Mato Grosso. “Ao implementar a gestão das matas nativas em áreas de reservas particulares por meio dos planos de manejo, o setor de base florestal contribui para o sequestro de carbono e mitigação das mudanças climáticas. A técnica do manejo sustentável, ao garantir a floresta em pé, não apenas contribui para a preservação ambiental e da biodiversidade, mas também atende à demanda por produtos que respeitam as normas de sustentabilidade, legalidade e qualidade”, diz Blasius. Esses diferenciais intrínsecos aos produtos florestais mato-grossenses tem sido demonstrados em eventos setoriais, dentro e fora do Brasil.

    Em Mato Grosso, a produção do setor de base florestal está adequado aos processos detalhados de monitoramento e controle em toda cadeia produtiva, que envolve a rastreabilidade desde a origem até a comercialização final da madeira nativa, realizado por meio do Sistema de Comercialização e Transporte de Produtos Florestais (Sisflora 2.0), atendendo aos mais altos padrões ambientais. Isso proporciona maior transparência e facilita a fiscalização pelos órgãos reguladores, promovendo uma gestão eficiente dos recursos florestais. A cadeia de custódia complementa a rastreabilidade ao assegurar a origem dos produtos florestais comercializados, pois identifica as etapas de um produto de ponta a ponta, desde a produção até a distribuição ao consumidor final. Esse controle oferece segurança aos mercados nacional e internacional, assegurando que a madeira colhida no estado cumpre as normas ambientais e contribui para a conservação da floresta em pé.

    Meta global

    Firmado em 2015 durante a COP 21, o Acordo de Paris é a principal convenção climática da ONU e prevê a redução das emissões de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono, visando limitar o aquecimento global. Neste horizonte de dez anos, o Brasil se comprometeu a reduzir as emissões de gases poluentes em 37%, bem como aumentar a participação de bioenergia na matriz energética para aproximadamente 18% em 2030. Neste sentido, Mato Grosso pode fortalecer sua contribuição ao equilíbrio climático, expandindo a abrangência do manejo florestal, diante do potencial de alcançar até 6 milhões (ha) de florestas manejadas.

    Dentro e fora do Brasil

    As indústrias madeireiras de Mato Grosso exportaram 201.902 toneladas de produtos florestais para 69 países em 2024. O comércio com os mercados consumidores internacionais propiciaram saldo financeiro de US$ 85,3 milhões ao setor de base florestal do estado, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). No cenário global, os acordos intergovernamentais favoreceram o acesso da madeira principalmente aos blocos econômicos G7 (US$ 29,3 milhões), União Europeia (US$ 25,7 milhões), Ásia (US$ 22,2 milhões) e Brics (US$ 20,4 milhões), aponta o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

    Entre os compradores estrangeiros de madeira nativa de Mato Grosso destaca-se a França, um dos mercados mais exigentes ambientalmente no comércio internacional e que aumentou a demanda. Em 2024, os franceses investiram US$ 13,7 milhões na aquisição de 7.192 toneladas de produtos florestais despachados pelas indústrias mato-grossenses. Os números demonstram intensificação do comércio de madeira entre os fornecedores locais e os consumidores franceses ao longo dos últimos dez anos e também em relação a 2023. Comparado com 2014, quando foram embarcadas 5 mil toneladas de madeira por US$ 7,9 milhões, as empresas de base florestal elevaram em 72% o faturamento resultante da relação comercial com o país europeu. Na comparação com 2023, o volume de negócios entre o setor madeireiro de Mato Grosso com a França cresceu 3,5%, considerando embarques de 6.660 toneladas por US$ 13,2 milhões, informa o Mapa.

    Outro país que elevou em 7,9% os investimentos na compra de madeira originária de Mato Grosso é a Índia. Em 2024, foram destinadas aos compradores indianos 24.947 toneladas do produto por US$ 13,9 milhões, ante 31 mil toneladas repassadas por US$ 12,9 milhões em 2014. Pelo volume de negócios, destacam-se, ainda, as vendas acumuladas em 2024 para os Estados Unidos (US$ 12,9 milhões), Bélgica (US$ 6,5 milhões) e China (US$ 5,2 milhões).

    Os resultados das exportações são atribuídos, principalmente, aos embarques de madeira em bruto (US$ 49,5 milhões), serrada (US$ 19 milhões) e perfilada (US$ 16,2 milhões).

    Fomento ao comércio de produtos florestais

    Para 2025, estão previstas feiras de negócios nacionais do setor de base florestal. Em maio, será realizada em Florianópolis, Santa Catarina (SC), mais uma edição do encontro Madeira Sustentável: O Futuro do Mercado, evento realizado pelo Cipem e o Fórum Nacional de Atividades de Base Florestal (FNBF). O simpósio que se consolida como um dos mais importantes do setor, reunirá especialistas, arquitetos e líderes para discutir inovações, sustentabilidade e as tendências do mercado florestal. Entre os dias 08 e 11 de abril, será a vez da capital paulista sediar a Feicon, considerada a maior feira do setor de construção civil e arquitetura da América Latina.

    Ao longo de 2024, empresários do setor de base florestal associados e representados pelo Cipem participaram de feiras de negócios internacionais na França, China e Índia. No Brasil, marcaram presença em feiras setoriais nacionais como a ForMóbile, em São Paulo, a Espírito Madeira – Design de Origem, no Espírito Santo, além da promoção do evento “Madeira Sustentável: O Futuro do Mercado”, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro

    Eventos como esses permitem demonstrar as boas práticas e eficiência dos processos de rastreabilidade da madeira nativa mato-grossense, possibilitam o intercâmbio de conhecimentos sobre gestão florestal e de informações para que profissionais de diversas áreas, como arquitetura, estejam inteirados sobre a legalidade e a qualidade dos produtos florestais locais, ações que fortalecem o setor florestal mato-grossense.

  • Cuiabá e Santo Antônio de Leverger entre as cidades mais quentes do Brasil em 2024

    Cuiabá e Santo Antônio de Leverger entre as cidades mais quentes do Brasil em 2024

    Dois municípios de Mato Grosso, Cuiabá e Santo Antônio de Leverger, estão entre as cidades mais quentes do Brasil em 2024, segundo levantamento do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Cuiabá ficou em segundo lugar, com uma temperatura de 44,1ºC, enquanto Santo Antônio de Leverger ocupou a décima posição, com 43ºC. A cidade mais quente do país foi Goiânia, que registrou 44,5ºC. As temperaturas recordes foram observadas no dia 6 de outubro.

    O levantamento revela que 2024 foi o ano mais quente no Brasil desde 1961, com uma temperatura média de 25,02°C, o que representa um aumento de 0,79°C em relação à média histórica de 1991-2020, que era de 24,23°C. O Inmet atribui essas altas temperaturas ao fenômeno El Niño e às mudanças climáticas.

    Além das temperaturas extremas, Mato Grosso também se destacou no ranking das cidades com maior volume de chuvas. Água Boa registrou 717,4 mm de chuva em novembro, ficando em nono lugar no ranking nacional liderado por Caxias do Sul (RS), que teve 845,3 mm em maio.

    O Inmet destaca a influência das mudanças climáticas e do El Niño no aumento das temperaturas e nas chuvas extremas, reforçando a necessidade de atenção às questões ambientais e climáticas.

  • CIDESA mobiliza Conferência Intermunicipal contra a Emergência Climática

    CIDESA mobiliza Conferência Intermunicipal contra a Emergência Climática

    A 1ª CIMA será realizada no dia 07 de novembro de 2024, das 7h às 17h, no auditório do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT), localizado na Avenida dos Universitários, nº 799, bairro Santa Clara, CEP: 78890-000, Sorriso – MT. A Conferência é uma das etapas mais importantes da 5ª Conferência
    Nacional do Meio Ambiente (CNMA) e tem como objetivo incentivar a ampla participação da população na construção de propostas para enfrentar os desafios climáticos, além de eleger delegados que representarão o município na etapa estadual.

    “Estamos realizando a 1ª Conferência Intermunicipal sobre o Meio Ambiente através do Cidesa para que os municípios que fazem parte do consórcio tenham maior participação e nos ajudem a alcançar os objetivos para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente. Mobilizar a sociedade e incentivar a participação para que possamos discutir questões que vão nos ajudar a criar e implantar projetos sustentáveis que farão o mundo ser um lugar ainda melhor para nossas gerações.” Afirma o presidente do Cidesa, sr. Miguel Vaz Ribeiro.

    A mobilização para a conferência intermunicipal também é reforçada pelo governo federal e por organizações de representação dos municípios que integram a Comissão Organizadora da 5ª CNMA, como a Associação Nacional de Órgãos Municipais de Meio Ambiente (Anamma), a Confederação Nacional de Municípios (CNM) e a Frente
    Nacional dos Prefeitos (FNP).

    “A participação dos municípios na conferência do meio ambiente é de extrema importância por diversas razões. Primeiramente, os municípios estão mais próximos da população e, portanto, têm uma compreensão mais aprofundada das realidades locais e das necessidades específicas de suas comunidades. Essa proximidade permite que as ações e políticas ambientais sejam implementadas de forma mais eficaz”, explica Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

    Sobre a Conferência

    Durante a conferência intermunicipal, os participantes poderão apresentar propostas contra os efeitos causadores da emergência climática para os cinco eixos definidos pela 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente: mitigação; adaptação e preparação para desastres; justiça climática; transformação ecológica; e governança e educação ambiental.

    Qualquer brasileiro ou brasileira maior de 16 anos pode participar da conferência e votar nos/nas delegados/as. Poderão ser levantadas, por município, até dez propostas, sendo duas para cada um dos eixos tem áticos.
    As propostas priorizadas serão encaminhadas para a Comissão Organizadora Estadual e serão incluídas no Caderno de Propostas que será debatido nas Conferências Estaduais.

    Benefícios para os municípios

    Participar da conferência intermunicipal do meio ambiente traz inúmeros benefícios para as cidades brasileiras. Entre eles, destaca-se o acesso a conhecimento e inovação.

    As conferências oferecem uma plataforma única para que gestores e técnicos municipais se capacitem e adquiram novas habilidades e conhecimentos sobre gestão ambiental.

    A participação também fortalece a governança ambiental local. Ao envolver diferentes setores da sociedade, como governo, sociedade civil e setor privado, as conferências promovem a construção de políticas públicas mais abrangentes e alinhadas com as necessidades e expectativas da população.

    Além disso, os municípios que participam da conferência têm a oportunidade de influenciar políticas estaduais e nacionais de meio ambiente. Isso significa que as ideias e soluções desenvolvidas por cada município terão o potencial de impactar políticas em uma escala maior.

    Saiba como participar e organizar uma conferência municipal de meio ambiente no site oficial da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente: www.gov.br/cnma

  • ‘Agro é parte da solução para os desafios climáticos’, diz presidente da CNA

    ‘Agro é parte da solução para os desafios climáticos’, diz presidente da CNA

    O presidente CNA, João Martins, afirmou que “o agro é parte da solução para os desafios climáticos” durante o evento da entrega do posicionamento do agro para a COP 29 que acontece em novembro, em Baku, no Azerbaijão.

    O evento “Pré-COP 29 – De Baku a Belém” reuniu, na sede da Confederação, especialistas, pesquisadores, políticos, embaixadores e diplomatas, autoridades, entidades e presidentes de Federações de Agricultura e Pecuária dos estados para a divulgação do documento da CNA com o posicionamento do setor agropecuário para a Conferência do Clima .

    Na abertura, João Martins entregou o documento à presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, ao chefe de gabinete da Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, Marco Túlio Scarpelli Cabral, ao embaixador da República do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, e à deputada federal e representante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no evento, Marussa Boldrin.

    No início de seu discurso, Martins ressaltou que representar mais de cinco milhões de produtores rurais traz a responsabilidade de posicionar o setor agropecuário brasileiro diante dos compromissos frente às mudanças climáticas, nas próximas décadas.

    “Além de principal afetado pelos eventos extremos, o agro é parte da solução para os desafios climáticos. Oferecemos não apenas mitigação e adaptação, mas também contribuímos para o desenvolvimento econômico, a segurança alimentar, energética e climática”, destacou.

    Neste contexto, ele propôs uma estratégia clara e transparente para o Brasil cumprir suas metas ambiciosas de redução de emissões, equilibrando os interesses sociais, econômicos e ambientais.

    “Devemos reconhecer o papel do agro brasileiro como base do esforço de mitigação e adaptação, pois seu modelo de eficiência é parte essencial do cumprimento das metas assumidas”, afirmou.

    Martins acrescentou que “cabe lembrar que a preocupação climática já está incorporada aos sistemas produtivos do Brasil, que aliam eficiência e sustentabilidade”.

    Na sua avaliação, a NDC brasileira (Contribuição Nacionalmente Determinada), que trata das metas brasileiras em relação ao clima, já é bastante ambiciosa, e conta com a importante contribuição do setor agropecuário em sua estratégia de redução de emissões por meio de tecnologias que permitem o aumento da produção, com menor impacto ambiental.

    Ele também defendeu que o combate ao desmatamento ilegal também deve fazer parte da estratégia de alcance da NDC brasileira, com horizonte de ser erradicado no ano de 2030. “Ser mais ambicioso implicará investir pesadamente em novas tecnologias menos emissoras”, buscando financiamento e cooperação técnica.

    “Isso remete ao principal mandato da COP 29, que é ser a COP dos meios de implementação. A COP de Baku será crucial para o futuro do acordo do clima e à implementação das ações climáticas das partes, com base na nova meta coletiva e quantificada de financiamento”.

    Em relação à COP 30, em Belém, Martins lembrou que o evento marcará os 10 anos do Acordo de Paris, e será o momento de conhecer a nova ambição climática para o período de 2031-2035, especialmente para o alcance da meta de não aumentar a temperatura global em mais de 1.5 grau.

    O presidente da CNA frisou, ainda, que a CNA sempre participou ativamente da agenda climática multilateral e reforçou a necessidade de fortalecer a agricultura em um cenário de eventos extremos cada vez mais frequentes. Desta forma, incrementou, “na COP de Belém, teremos a oportunidade de mostrar ao mundo a sustentabilidade do agro brasileiro.

    Por fim, João Martins reafirmou o compromisso com a redução das emissões de gases de efeito estufa, garantindo a eficiência produtiva do agro, baseada em inovação, ciência, tecnologia, preservação ambiental e sustentabilidade.

    “Buscamos o reconhecimento das ações empreendidas até o momento, bem como medidas de incentivo compatíveis com a grandeza do agro brasileiro”, concluiu.

    Papel do agro

    O chefe de gabinete da Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Marco Túlio Scarpelli Cabral, destacou o papel do agro na contribuição para o combate às mudanças climáticas, com tecnologias que sequestram carbono e a redução de emissões de gases de efeito estufa, aumento de produtividade, produção de biocombustíveis, entre outras frentes.

    “Sabemos da importância do agro para a sociedade brasileira, para a economia e para os desafios das mudanças do climáticas, tanto do ponto de vista da mitigação quanto de adaptação”, disse o representante do Itamaraty.

    Para a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, é fundamental chegar à COP com dados e informações baseadas em ciência, que mostram impactos sociais e econômicos e que também mostrem a sustentabilidade da agropecuária brasileira.

    “Tem sido uma prioridade da Embrapa trazer esses indicadores e métricas do ponto de vista da sustentabilidade”, afirmou.

    Ela também mencionou ações da Embrapa em relação à agricultura de baixa emissão de carbono, taxonomia, além de tecnologias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. E falou ainda sobre discussões dentro da Embrapa que envolvem grupos que discutem simulações de cenário e reforçou a importância do aprimoramento dos dados do agro brasileiro.

    “Temos por exemplo dados que mostram que a floresta sozinha estoca 20 quilos de carbono por ano. Quando você trabalha em um sistema integrado, estoca 30 quilos. São dados que mostram o que fazemos e temos que mostrar esses dados”, disse Sílvia.

    A deputada federal Marussa Boldrin representou a FPA no evento e reafirmou o trabalho do produtor rural para mostrar seu compromisso com a sustentabilidade e uso de tecnologias que confirmam o comprometimento do setor com a proteção ambiental.

    “O Brasil está fazendo seu dever de casa e vamos mostrar isso na COP”, disse a parlamentar.

    Já o embaixador do Azerbaijão no Brasil, Rashad Novruz, disse que a COP precisa entregar resultados efetivos, com a participação de todos os países envolvidos e o Brasil tem papel essencial nesse processo.

    “O Brasil é um parceiro relevante na COP 29 e o setor do agronegócio é muito importante para a segurança alimentar mundial”.

    Após a abertura, o presidente da Comissão Nacional de Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço Silva Júnior, apresentou os principais pontos do documento. Em seguida, ocorreu o painel “O que o Agro espera da COP 29?”, com o sócio-diretor do Agroícone, Rodrigo Lima, e o professor Daniel Vargas, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), e mediação do coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias.

    Depois do encontro, João Martins se reuniu com embaixadores e representantes de embaixadas estrangeiras no país para entregar o posicionamento da CNA.

  • Pelagem tem influência direta na adaptação de bovinos às mudanças climáticas

    Pelagem tem influência direta na adaptação de bovinos às mudanças climáticas

    Cientistas brasileiros e estrangeiros pesquisaram a influência das características da pelagem de bovinos no bem-estar animal e na adaptação a temperaturas extremas, por meio de avaliações da termorregulação corporal em diferentes condições ambientais. Os resultados estão publicados no artigo  Características tegumentares adaptativas de bovinos de corte criados em pastagens tropicais florestadas ou não sombreadas , da revista Nature Scientific Reports.

    O estudo aborda as respostas termorregulatórias e a estrutura dos pelos de touros das raças Nelore e Canchim criadas em sistemas sombreados de integração Lavoura-Pecuária-Floresta ( ILPF)  e em sistemas com menor disponibilidade de sombreamento natural (NS).

    O papel da ciência, diante das mudanças climáticas, é identificar e propor possíveis soluções e formas de reduzir os problemas causados ​​pelo desequilíbrio no clima. O mundo sofre danos com eventos climáticos extremos nos últimos anos de maneira mais frequente (ondas de calor, períodos mais longos de secas ou chuvas mais intensas, entre outros), causando danos sem precedentes aos humanos e aos animais. No Brasil, a ocorrência da última enchente no estado do Rio Grande do Sul é um exemplo dos efeitos alarmantes das mudanças climáticas.

    De acordo com o coordenador do trabalho, o pesquisador  Alexandre Rossetto Garcia , da  Embrapa Pecuária Sudeste  (SP), as características do pelo influenciam a capacidade do animal em ganhar ou perder calor para o meio. Esses aspectos são relevantes do ponto de vista da adaptação aos desafios climáticos. Segundo Garcia, os bovinos mantidos em ambientes que promovem conforto térmico expressam melhor seu potencial genético, melhorando assim seu desempenho produtivo. Os dados indicam que a temperatura média do ar e a radiação incidente no ILPF foram menores, principalmente no verão, demonstrando o efeito favorável do componente arbóreo nas estações quentes.

    A copa das árvores atua como uma barreira física, reduzindo a carga de calor e proporcionando um ambiente mais ameno para os animais. Já a estrutura dos pelos, incluindo o número de fios por unidade de área, influencia a quantidade de calor transmitida pela pelagem para o ambiente externo, bem como a radiação absorvida pelo animal. Os pelos servem de escudo para o animal contra choques mecânicos, além de ser uma proteção importante da pele. A pele e os pelos funcionam como uma barreira física para retenção de calor em casos de frio intenso, mas também auxiliam na perda de calor quando está muito quente.

    “Por isso, temos interesse em estudar a pele e seus anexos e, assim, entender como as raças criadas em regiões tropicais usam essas características morfológicas para se adaptarem ao ambiente em que vivem. Em um país tropical, como o Brasil, com temperaturas elevadas, umidade relativa do ar alta em boa parte do ano, e intensidade significativa de radiação solar, os animais são postos à prova constantemente, principalmente quando criados a pasto”, observa Garcia.

    Características de adaptação definem critérios de seleção genética

    Esse cenário exige a adoção de estratégias para melhorar a eficiência dos sistemas de produção por meio de instruções positivas em seus componentes bióticos e abióticos. “Entender como os bovinos se adaptaram ao longo do tempo e identificar aqueles que têm características desejáveis ​​e que podem ser transmitidos geneticamente é fundamental para trabalhar critérios de seleção, evolução à construção de gerações futuras de animais mais resilientes”, complementa.

    O cientista explica que o estresse térmico é um dos principais fatores envolvidos na redução do desempenho e produtividade animal. Sob condições de desconforto pelo calor, os bovinos tentam dissipá-lo, ativando mecanismos tegumentares (da pele e estruturas anexas a ela), cardiorrespiratórios e endócrinos, essenciais para a adaptabilidade. Dessa forma, algumas características morfológicas são cruciais para a adaptação térmica, afetando diretamente os mecanismos de troca de calor entre o animal e o ambiente.

    O primeiro aspecto importante é a coloração do pelo. Quanto mais escuro, menor é a capacidade de reflexão da luz solar, ou seja, mais radiação é absorvida. A maior parte do rebanho brasileiro é criada a pasto, sujeita a todas as variações e temperaturas climáticas. Mas não basta ter o pelo claro, a densidade também é relevante. Quanto maior a cobertura dos pelos, mais protegida a pele.

    Também há que se observar o comprimento e a espessura dos fios. Pelos mais longos podem dificultar a perda de calor, o que é prejudicial no calor, mas positivo no inverno. Os fios ainda têm uma flexibilidade e esse ângulo tem influência na altura do pelame, que varia no inverno e no verão. Os pelos mais grossos asseguram maior proteção contra a radiação solar direta, protegendo a pele.

    Para chegar ao resultado, o experimento avaliou cerca de 40 mil amostras de pelos de 64 touros adultos, durante 12 meses, aproximadamente, com frequência repetida no inverno e no verão. Foram acompanhados 32 animais da raça Nelore (Bos indicus) e 32 touros Canchim (composição: 5/8  Bos taurus  × 3/8  Bos indicus ), distribuídos igualmente entre dois sistemas de pastejo rotativo intensivo.

    As raças e as diferentes influências no conforto térmico

    A pelagem do Canchim, que é uma raça formada a partir de animais zebuínos e taurinos da raça Charolês, tende a ser menos densa do que a do Nelore, resultando em uma menor quantidade de pelos por unidade de área. Os fios do Canchim são geralmente mais finos em comparação aos do Nelore. Essa menor espessura permite uma troca adequada de calor com o ambiente, sendo benéfica em climas mais temperados. Sua cor creme em várias tonalidades, até o amarelo claro, ajuda a refletir a radiação solar, diminuindo a absorção de calor.

    O comprimento dos pelos da raça Canchim é intermediário, fornecendo uma cobertura suficiente para proteção contra insetos e fatores ambientais.

    Devido à menor densidade e menor espessura dos fios, a pelagem facilita a dissipação de calor, o que é vantajoso em ambientes onde a temperatura pode variar significativamente. Isso contribui para a capacidade dos animais de se adaptarem às diferentes condições climáticas.

    Nelore

    A raça Nelore é conhecida por sua excelente adaptação aos climas tropicais. A pelagem é densa, com grande número de pelos por unidade de área. Essa densidade oferece uma barreira física significativa contra a radiação solar.

    Os fios são grossos, o que proporciona maior proteção contra a radiação direta e reduz a penetração de calor na pele.

    A coloração geralmente varia do branco ao cinza claro. A cor clara ajuda a refletir a radiação solar, minimizando a absorção de calor e ajudando a manter a temperatura corporal.

    O pelo curto facilita a dissipação de calor e evita o acúmulo de umidade e sujeira, contribuindo para a manutenção da saúde da pele.

    As características na pelagem das duas raças são importantes para a termorregulação e desempenho. O Canchim, que possui alta capacidade de dissipação de calor, pode se adaptar melhor às variações climáticas. Enquanto isso, o Nelore, com uma pelagem que oferece proteção contra a radiação solar, é mais eficiente em manter a temperatura corporal estável em ambientes quentes.

    Impacto e vinculação ao ODS 13

    Os resultados desta pesquisa destacam a importância de considerar o conforto térmico e as características físicas da pelagem dos bovinos para melhorar o desempenho produtivo em diferentes sistemas de criação.

    O estudo reforça a necessidade de integrar práticas agropecuárias sustentáveis ​​para garantir a saúde e o bem-estar dos animais. A adoção de sistemas integrados, como a ILPF, pode ser uma estratégia eficaz para melhorar o conforto e a produtividade dos bovinos, beneficiando tanto os produtores, com ganho em produtividade, quanto o meio ambiente.

    Os esforços dos pesquisadores para a mitigação e adaptação, envolvem tecnologias, disciplinas e melhores práticas de manejo que equilibram prioridades ambientais, sociais e econômicas estão vinculados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), principalmente a meta 13, de ação contra a mudança global do clima. O trabalho determina novos caminhos para responder aos impactos da crise climática a que o planeta está submetido.

    Além de Alexandre Rossetto Garcia, participaram do trabalho os cientistas da Embrapa Manuel Jacintho, Waldomiro Barioni Junior e Gabriela Novais Azevedo (bolsista na época da pesquisa); da Universidade Federal do Pará (UFPA), Andréa Barreto; da Universidade Federal Fluminense (UFF), Felipe Brandão; e da Universidade de São Paulo (USP), Narian Romanello. As instituições de ensino estrangeiro foram representadas por Alfredo Manuel Pereira (Universidade de Évora, Portugal) e Leonardo Nanni Costa (Universidade de Bolonha, Itália).