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  • Fim da escala 6×1 une movimentos no ato de 1º de Maio no Rio

    Fim da escala 6×1 une movimentos no ato de 1º de Maio no Rio

    O fim da escala 6×1, com redução da jornada de trabalho sem diminuição salarial, foi o tema principal da manifestação de 1º de maio, pelo Dia do Trabalhador, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro. O ato reuniu representantes de movimentos sociais, centrais sindicais e sindicatos, como o movimento Vida Além do Trabalho (VAT), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), a Intersindical e a Força Sindical.

    O coordenador nacional do Movimento VAT, Wesley Fábio, defendeu que o 1º de maio é um dia histórico e, por isso, o VAT entendeu que seria um dia de ir às ruas para exigir o fim dessa escala. O movimento tem a proposta de mobilizar os trabalhadores de forma nacional em favor da derrubada da escala 6×1, que prevê seis dias trabalhados e apenas um dia de folga semanal.

    “Os trabalhadores estão voltando a pautar os seus benefícios, aquilo que querem e o que de fato vai fazer diferença na vida deles. A gente acredita que essa manifestação vai dar uma resposta para o Congresso Nacional e para o Hugo Motta [presidente da Câmara dos Deputados], de que a classe trabalhadora está organizada e querendo o fim da escala 6X1. O Movimento VAT conseguiu unir diversas centrais sindicais, movimentos e partidos em prol de uma luta que é real, justa e urgente”, disse à Agência Brasil.

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    Rio de Janeiro (RJ), 01/05/2025 – Ato do Dia do Trabalhador pede o fim da escala 6x1 e melhores condições de trabalho e renda, na Cinelândia, no centro da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Ato do Dia do Trabalhador pede o fim da escala 6×1 e melhores condições de trabalho e renda, na Cinelândia, no centro da capital fluminense. Tomaz Silva/Agência Brasil

    Para Roberto Santana Santos, da Central Intersindical da Classe Trabalhadora, o ato desta quinta-feira na Cinelândia marca o início de uma série de mobilizações nacionais pelo fim da escala 6X1.

    “A gente compreende que só com mobilização, só estando nas ruas e praças, é que a gente vai conseguir ter força política para acabar com essa escala escravocrata que existe ainda hoje para milhões de trabalhadores do Brasil. É uma pauta que uniu todas as centrais sindicais, movimentos populares, organizações da classe trabalhadora, associação de moradores, ocupações. É um tema que ganhou as ruas e está presente nas redes. As pessoas estão discutindo o fim da escala 6X1 ”, contou à reportagem.

    Odisséia Carvalho, integrante do Conselho Fiscal do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), lembrou que a igualdade salarial entre homens e mulheres, a isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil, proposta pelo governo federal, e a valorização do salário-mínimo também são pautas importantes neste Dia do Trabalhador.

    “São lutas nossas. A gente não pode deixar de ter a garantia desses direitos e conquistar mais, porque a gente precisa lutar para ir em busca de mais direitos. Por isso, estamos aqui reunidos: partidos políticos, movimentos organizados, pessoas comuns”, afirmou à Agência Brasil.

    O presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Hugo Silva, destacou que a questão da redução da jornada é importante para o presente e o futuro dos estudantes, porque também toca a vida dos estudantes e da juventude do país que está inserida no mercado de trabalho informal, por não conseguir conciliar os estudos com as limitações impostas por uma escala com seis dias trabalhados e apenas uma folga.

    “Muitas das vezes, essas pessoas estão na escola e saem para ir para o mercado de trabalho informal por causa dessa escala 6×1. Então, para nós, é fundamental lutar contra essa escala. A gente está falando aqui sobre a dignidade da vida humana, a dignidade da nossa juventude e de não ter tempo para estudar, conhecer a cidade, ter acesso à cultura e ao lazer”, disse em entrevista à Agência Brasil.

    Rio de Janeiro (RJ), 01/05/2025 – Ato do Dia do Trabalhador pede o fim da escala 6x1 e melhores condições de trabalho e renda, na Cinelândia, no centro da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Ato do Dia do Trabalhador pede o fim da escala 6×1 e melhores condições de trabalho e renda, na Cinelândia, no centro da capital fluminense Tomaz Silva/Agência Brasil

    O bancário Marcelo Rodrigues da Silva, da Secretaria de Meio Ambiente da CUT-RJ, sublinhou que o ato ocorre em um dia histórico e de memórias, como a própria luta que culminou na criação da data.

    “A partir dali, em todo 1º de Maio, a gente comemora, mas trazendo sempre a história da luta. Para nós estarmos aqui hoje e podermos botar as nossas bandeiras, a gente lutou contra a ditadura. Para a gente estar aqui comemorando os avanços da classe trabalhadora, fizemos muitas passeatas, a luta dos negros, a de combate à homofobia e, atualmente, uma pauta muito importante para nós, que é a do meio ambiente”, pontuou.

    O 1º de Maio começou com uma greve geral de trabalhadores em Chicago, nos Estados Unidos, em 1886. Eles defendiam a redução de jornada para 8 horas e melhores condições de trabalho. Confrontos com a polícia resultaram na prisão e morte de trabalhadores.

    >>> Entenda as origens da luta que transformou o 1º de Maio em uma data global

    O ato desta quinta-feira começou com uma batalhas de rimas e apresentações de poetas. Na sequência, houve discursos de integrantes de entidades representativas. O encerramento está previsto para às 20h. No entanto, a convocação do movimento Vida Além do Trabalho (VAT) inclui a sexta-feira (2), pedindo que todos permaneçam em casa em protesto pelo o fim da escala 6×1.

    Rio de Janeiro (RJ), 01/05/2025 – Ato do Dia do Trabalhador pede o fim da escala 6x1 e melhores condições de trabalho e renda, na Cinelândia, no centro da capital fluminense. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

    Ato do Dia do Trabalhador pede o fim da escala 6×1 e melhores condições de trabalho e renda, na Cinelândia, no centro da capital fluminense.Tomaz Silva/Agência Brasil
  • Manifestantes vão às ruas pelo fim da escala de trabalho 6×1

    Manifestantes vão às ruas pelo fim da escala de trabalho 6×1

    Manifestantes realizaram atos nesta sexta-feira (15) em diversas cidades pelo fim da escala de seis dias de trabalho e um dia de folga. Foram convocados atos em São Paulo, Brasília, Manaus, Fortaleza, no Rio de Janeiro e no Recife.

    O tema ganhou repercussão nesta semana em razão da proposta de emenda à Constituição Federal (PEC), de autoria da deputada federal Erika Hilton (PSol-SP), que propõe jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e quatro dias de trabalho por semana no Brasil.

    Os atos foram convocados pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), que tem mobilizado as redes sociais a favor da PEC. Em petição online, o movimento já reuniu quase 3 milhões de assinaturas a favor da mudança.

    A proposta de emenda constitucional foi elaborada na causa defendida pelo VAT, que a jornada de trabalho no Brasil, 6×1 é uma das principais causas de exaustão física e mental dos trabalhadores, além de impedir o convívio dos trabalhadores com a família e amigos e a prática de atividades físicas, de lazer ou estudo.

    São Paulo

    Em São Paulo, os manifestantes reuniram-se na Avenida Paulista.

    De um carro de som, uma das líderes do ato, Priscila Araújo Kashimira, ressaltou que os jovens estão entre os mais afetados pela jornada de trabalho 6×1, pela dificuldade em conciliar os estudos para tentar entrar em uma instituição de ensino superior.  Ela contou ainda que o convívio com a mãe, que estava também no carro de som, foi muito afetado em razão dessa escala de trabalho.

    Priscila Kashimira apontou ainda que outros trabalhadores prejudicados pela atual jornada são funcionários de shoppings e telemarketing. Ela criticou as empresas de telemarketing por sujeitar os funcionários a intervalos curtos, “de menos de 20 minutos para almoço”.

    “Se fechar farmácia, mercado e shopping, esse país para”, afirmou.

    Um dos integrantes do VAT, Washington Soares, salientou que a mobilização pela petição online começou um ano atrás, incluindo panfletagens.

    Para ele, a pluralização das manifestações e adesões favoráveis, como de partidos e parlamentares, se deve por ser uma pauta que independe de posições partidárias e ideologias. “É uma pauta para todo mundo”, disse.

    “Muita gente nem acreditava e, nessa semana, depois do sábado, começou. Todo mundo entrando em contato com os deputados. Não importa se é de direita, de esquerda, todo mundo trabalha. Nenhum político quer ficar queimado com a população, eles sabem o que vão ter que fazer. Querem fazer um ajuste e tal, ok, tudo bem. Vai ser muito difícil na CCJ [Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, da Câmara dos Deputados]. Essa foi nossa primeira vitória. Não vai ser fácil, mas nunca foi. Aqui no Brasil, nunca foi. A gente tem mesmo que arrancar nossas conquistas e está muito confiante”, contou.

    “Um deputado de direita disse que não é uma questão ideológica, que é uma questão do trabalhador, e é exatamente isso que a gente pensa”, acrescentou.

    Operadora de telemarketing há cinco anos, Viviane da Silva, de 38 anos, começou a graduação este ano e, por isso, divide o dia entre estudar pela manhã e trabalhar, a tarde. Ela já teve outros empregos e em um deles cumpria escala 6 por 1.

    “Meses atrás, eu comecei a tomar medicação para depressão e ansiedade, por estar pesada a carga de trabalho com estudo e não ter a folga necessária para descanso e desempenhar as duas funções”, relatou.

    Em uma ocasião, contou a trabalhadora, uma chefe chamou sua atenção por ela ter marcado consultas médicas e odontológicas em horário de trabalho, duas vezes no mesmo mês.

    “A gente não é tratada bem quando precisa sair mais cedo, entrar mais tarde. Por lei, eles precisam aceitar declaração de comparecimento a uma consulta médica, mas os superiores não aceitam bem.”

    Rio de Janeiro

    O protesto levou uma multidão à Cinelândia, no Rio de Janeiro. Os manifestantes destacavam a necessidade do descanso e do lazer na vida do trabalhador e pediam a redução das horas trabalhadas sem perdas salariais.

    Centrais sindicais e outros movimentos sociais já se manifestaram a favor da redução da jornada de trabalho, enquanto entidades patronais e de empresários se posicionaram contra.

    Rio de Janeiro (RJ), 15/11/2024 - Manifestantes se reunem em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6 x 1, na Cinelândia, centro da cidade. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
    Rio de Janeiro (RJ), 15/11/2024 – Manifestantes reúnem-se em protesto pelo fim da jornada de trabalho 6×1, na Cinelândia. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

    O tema também foi debatido no G20 Social, que ocorre no Rio de Janeiro entre 14 e 16 de novembro.

    A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, argumentou que a mudança beneficiaria as mulheres, mas classificou que o debate precisa ser mais amadurecido.

    Já o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, disse nesta semana que o assunto ainda não foi discutido no núcleo do governo.

    Brasília

    Na capital federal, o ato reuniu representantes de diferentes categorias e movimentos sociais na Rodoviária do Plano Piloto, na região central.

    Para Abel Santos, motofretista e coordenador do VAT no Distrito Federal, os atos mostraram a a união dos trabalhadores “independentemente da categoria na luta por melhores condições de trabalho e vida”. As manifestações realizadas no país aumentam a pressão para que os parlamentares aprovem a proposta pelo fim da atual escala de trabalho.

    Na avaliação do antropólogo e integrante do Movimento Passe Livre, Paiques Duque Santarém, os movimentos precisam se articular a partir de agora para manter a mobilização em torno da pauta, com o objetivo de evitar um esfriamento institucional, e uma estratégia de argumentos para barrar as narrativas contrárias à proposta.

    “O tempo até que será colocado em votação na CCJ, para que o relator apresente o parecer. Esse tempo de ser colocado em pauta, em votação na Câmara, em votação no Senado. Esse é um processo muito demorado, que contribui para esfriar o debate”, disse.

    Brasília (DF), 15/11/2024 - Pessoas participam de ato em defesa do fim da jornada 6x1, realizado na Rodoviária do Plano Piloto. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
    Brasília (DF), 15/11/2024 – Ato em defesa do fim da jornada 6×1, na Rodoviária do Plano Piloto. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

    São necessárias 171 assinaturas para a PEC começar a tramitar na Câmara. E para ser aprovada, precisa do voto de 308 dos 513 parlamentares, em dois turnos de votação.

    Com a pressão social, cresceu, no intervalo de uma semana, de 60 para 134 o total de deputados que assinaram a proposta de emenda à Constituição (PEC) que estabelece a jornada de trabalho de, no máximo, 36 horas semanais e 4 dias de trabalho por semana no Brasil, acabando com a escalada de 6 por 1.

    Ao menos outras duas PEC tratam da redução de jornada no Congresso Nacional, mas não acabam com a jornada 6 por 1, que é a principal demanda do VAT.