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  • Mortalidade materna em Mato Grosso continua elevada, superando a média nacional

    Mortalidade materna em Mato Grosso continua elevada, superando a média nacional

    A mortalidade materna segue como um grande desafio em Mato Grosso, onde os índices permanecem acima da média nacional. Segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT), a razão de mortalidade materna (RMM) no estado, em 2023, atingiu 64,9 mortes por 100 mil nascidos vivos, enquanto a média nacional foi de 50,6 óbitos para cada 100 mil nascidos vivos. Mato Grosso ocupa o oitavo lugar no ranking nacional de mortalidade materna.

    Entre 2000 e 2023, foram registrados 888 óbitos de mulheres entre 10 e 49 anos em decorrência de complicações relacionadas à gravidez ou parto. Esses números, publicados em boletim epidemiológico, são baseados em dados do sistema Tabnet/Datasus, do Ministério da Saúde.

    Pela definição da CID-10, a morte materna ocorre durante a gestação ou até 42 dias após o término da gravidez. Em nível nacional, Roraima apresentou a maior taxa de mortalidade materna em 2023, com 122,3 mortes por 100 mil nascidos vivos, enquanto Santa Catarina teve a menor, com 30 mortes por 100 mil nascidos vivos.

    Na região Centro-Oeste, Mato Grosso teve o índice mais elevado, superando os de Mato Grosso do Sul (54,7), Goiás (50,1) e Distrito Federal (36,6).

    Entre 2019 e 2023, Mato Grosso contabilizou 238 mortes maternas. Entre as principais causas diretas estavam complicações como hipertensão (18 mortes), hemorragia pós-parto (17), eclâmpsia (16) e descolamento prematuro de placenta (9). Já as causas indiretas, relacionadas a doenças pré-existentes ou adquiridas durante a gestação, incluem doenças infecciosas e parasitárias, responsáveis por 75 mortes, além de outras enfermidades que levaram a 43 óbitos.

    Isso também é relevante: Mato Grosso registra aumento significativo na mortalidade infantil nos últimos cinco anos

    O boletim também revela que 67,2% das mulheres que morreram eram negras ou pardas, e 47,1% não estavam em união conjugal. Além disso, 21,6% das vítimas tinham baixa escolaridade, com menos de oito anos de estudo.

    A pandemia de Covid-19 trouxe um impacto significativo ao cenário, aumentando o número de mortes maternas, especialmente por causas indiretas. Apesar de uma leve melhora, os números de Mato Grosso ainda estão distantes da meta estabelecida pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que é de 30 mortes por 100 mil nascidos vivos.

    A SES-MT destaca a necessidade de ações voltadas à investigação e prevenção dos óbitos maternos para melhorar o acesso aos cuidados e reduzir esses índices, uma vez que o compromisso firmado pelo Brasil, através dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, é de reduzir a taxa de mortalidade materna para 30 por 100 mil nascidos vivos.

    Dicas para ter uma gravidez saudável

    Entre 2019 e 2023, Mato Grosso contabilizou 238 mortes maternas.
    Entre 2019 e 2023, Mato Grosso contabilizou 238 mortes maternas. FOTO:PIXABAY

    Ter uma gravidez saudável é fundamental para o bem-estar da mãe e do bebê. Aqui estão algumas dicas importantes:

    1. Inicie o pré-natal cedo

    • Agende consultas com o obstetra logo que descobrir a gravidez. O acompanhamento médico regular ajuda a monitorar o desenvolvimento do bebê e a saúde da mãe.

    2. Mantenha uma alimentação equilibrada

    • Inclua alimentos ricos em nutrientes, como frutas, verduras, legumes, proteínas magras e grãos integrais. Evite alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar ou gorduras trans.
    • Consuma alimentos ricos em ácido fólico, como espinafre, brócolis e lentilhas, para ajudar no desenvolvimento saudável do bebê.

    3. Tome suplementos de vitaminas

    • O médico pode recomendar suplementos de ácido fólico, ferro, cálcio e vitaminas para suprir as necessidades nutricionais da gravidez.

    4. Hidrate-se

    • Beba bastante água ao longo do dia para ajudar na circulação sanguínea e no funcionamento adequado do organismo.

    5. Pratique atividades físicas leves

    • Caminhadas, yoga para gestantes e alongamentos são ótimos para manter o corpo ativo. Converse com o médico antes de iniciar qualquer exercício.

    6. Descanse bastante

    • O descanso adequado é essencial. Tente dormir pelo menos 7 a 9 horas por noite e faça pausas durante o dia, se necessário.

    7. Evite substâncias nocivas

    • Evite fumar, consumir álcool e drogas. Também limite o consumo de cafeína e evite o uso de medicamentos sem orientação médica.

    8. Controle o estresse

    • Técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda e atividades prazerosas, ajudam a manter o estresse sob controle.

    9. Monitore o ganho de peso

    • Siga as orientações do médico quanto ao ganho de peso saudável para evitar complicações como diabetes gestacional e hipertensão.

    10. Esteja atenta aos sinais de alerta

    • Informe imediatamente o médico se sentir dores fortes, sangramentos, inchaços anormais, febre ou qualquer desconforto fora do comum.

    Seguir essas orientações ajuda a promover uma gravidez tranquila, garantindo o bem-estar da mãe e o desenvolvimento saudável do bebê.

  • Morte materna teve alta na pandemia e preocupa órgãos de saúde

    Morte materna teve alta na pandemia e preocupa órgãos de saúde

    Durante a gravidez, muitos medos assombram a gestante. A felicidade de gerar uma vida vem acompanhada com a responsabilidade, que cresce junto com a barriga, e o medo de alguma intercorrência na gestação e até mesmo da morte. Para quem esteve grávida durante a pandemia, este medo aumentou por conta da ameaça do coronavírus, principalmente para quem tinha ou desenvolveu alguma comorbidade na gravidez.

    Este domingo (28) é o Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna. A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que a mortalidade materna é inaceitavelmente alta no mundo. Cerca de 287 mil mulheres morreram durante a gravidez, o parto e no puerpério em 2020. Quase 95% de todas as mortes maternas ocorreram em países de baixa e média renda, e a maioria poderia ter sido evitada.

    Entre os países da América Latina e do Caribe, a mortalidade materna aumentou em 15% entre 2016 e 2020, com 8.400 mortes de mulheres a cada ano. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), “um retrocesso de 20 anos na saúde materna na região”, após uma redução de 16,4% entre 1990 e 2015. A meta é menos de 30 mortes maternas por 100 mil nascidos vivos. Hoje são 68 mortes por 100 mil nascidos vivos. A OMS define óbito materno como a morte de uma mulher, ocorrida durante a gestação, parto ou dentro de um período de 42 dias após o término da gestação, por qualquer causa relacionada com a gravidez, não incluídas causas acidentais ou incidentais.

    Dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, do Ministério da Saúde, mostram que em 2020, 71.879 mulheres morreram durante a gravidez, o parto ou puerpério no Brasil. Em 2022, dados preliminares mostram que foram 66.862 mortes maternas.

    Estudo do Observatório Covid-19 Fiocruz revela que, em 2020, houve alta de óbitos maternos em 40%, quando comparado com números dos anos anteriores. Mesmo considerando a expectativa de aumento das mortes em geral em decorrência da pandemia de covid-19, ainda assim houve um excesso de 14%. A pesquisa, que estimou o aumento de mortes maternas causadas direta e indiretamente pela covid-19 no Brasil no ano de 2020, foi publicada no começo deste ano na revista cientifica BMC Pregnancy and Childbirth.

    O estudo identificou as características clínicas e manejo clínico das mulheres grávidas e puérperas atendidas por covid-19. As chances de hospitalização de gestantes com diagnóstico da doença foram 337% maiores. Para as internações em UTI, as chances foram 73% maiores e o uso de suporte ventilatório invasivo 64% acima em relação aos demais pacientes com covid-19, que morreram em 2020.

    A Agência Brasil conversou com mulheres que estiveram grávidas nos três anos da pandemia.

    “Não tive com quem dividir a alegria de estar grávida”

    A psicóloga Ana Caroline Saldanha Martins, de São Paulo, 37 anos, contou que o primeiro desafio foi o distanciamento. “Fiquei grávida bem em 2020. O primeiro desafio de estar grávida na pandemia foi estar longe da família, não tive com quem dividir essa alegria. Trabalhava em um residencial para idosos, então as pessoas tinham muito receio de chegar perto de uma mulher grávida na pandemia, de passar alguma coisa. Não tive isso das pessoas pegarem minha barriga e fazerem carinho”.

    Além de manter-se longe de parentes e amigos, ela teve que lidar com a diabetes gestacional. “Fiz a dieta corretamente, mas a glicose não baixava. Então tive que tomar medicação, mas não cheguei a precisar de insulina”. Havia outros medos também. “O medo era generalizado. A diabetes me dava mais medo de afetar o neném. Eu descobri também que existem vários medos normais na gestação. A gente tem muito mais medo de morrer e existe um risco muito grande. E meu pai morreu quando eu tinha oito anos, eu falava que não queria isso para minha filha. O medo era uma constante”.

    O ano virou e apesar da vacina contra a covid ter chegado, em 2021, ainda não estava acessível para as grávidas. “Como trabalhava em uma instituição para idosos, lá nós fomos os primeiros a serem vacinados no Brasil. Mas, a minha chefe, uma médica, não queria deixar eu vacinar porque ainda não sabia bem os efeitos da vacina em grávida. Tive que pedir uma autorização da minha médica, depois procurar o posto de saúde com o meu crachá [da instituição]. Fui uma das primeiras a ser vacinadas contra a covid estando grávida”. Em 14 de julho de 2021, nasceu Maria Fernanda, filha da Ana Caroline.

    Demora para conseguir vacinar

    Já a gerente de produto Julia Resende, 33 anos, do Rio de Janeiro, engravidou em janeiro de 2021. O Joseph nasceu em 8 de outubro daquele ano. Ela conta que a gravidez foi tranquila, mas ficou assustada quando o marido testou positivo para covid-19.

    “Quando engravidei, a covid ainda estava em um período bem ruim no Brasil. No começo foi bem tenso, a gente morava em São Paulo na época e fiquei bem presa em casa. Meu marido foi para uma reunião presencial, onde todo mundo se testou, mas ele pegou covid. Ficamos bem chateados”.

    Ela se isolou em uma acomodação para evitar a contaminação. “Foi uma situação bem chata, ele demorou bastante para testar negativo e na época também não tinha acesso a teste rápido”. Em seguida chegou a vacina para as grávidas. “Liberaram a vacina para as grávidas, mas foi muito confuso. Primeiro, São Paulo liberou, depois tirou, mas como eu sou do Rio e lá tinha liberado, peguei um voo para lá, apesar de estar morrendo de medo, coloquei uma máscara N95 e fui vacinar lá”.

    Como a família do marido é dos Estados Unidos, Julia foi ao país para tomar a segunda dose. “No Brasil ainda estava demorando uns 40 dias entre as dose. Lá [Estados Unidos], já podia tomar em duas semanas, então eu e meu marido vacinamos lá”. O final da gestação foi menos tenso, conta. “Foi melhorando, mas eu diria que os primeiros seis meses da gestação a gente se isolou bastante e correu bastante atrás da vacina. Mas, tinha muito medo de morrer no parto”.

    “Tive medo de pegar covid e morrer”

    Já Débora Watanabe, 35 anos, analista de planejamento financeiro em São Paulo, ficou grávida entre fevereiro e outubro de 2022. “Estava bem assistida, mas tive alguns sangramentos e diabetes gestacional, o que caracterizou como de alto risco. Quando soube da diabetes foi um choque, mas me mantive tranquila com as orientações da obstetra e da nutricionista, levei a risca as recomendações e consegui me manter saudável, esse tipo de acompanhamento é essencial.” Mas, ainda assim, ela ficou preocupada.

    São Paulo (SP) – Debora Watanabe e o filho Gabriel, nascido em 2022. – Foto: Arquivo Pessoal

    “Tive bastante medo de pegar covid ou gripe durante a gestação, mas já tinha tomado as vacinas antes, e durante a gestação também tomei. Fiquei mais confiante, usei máscara durante todo período, álcool gel e distanciamento. Mas, tive medo de morrer e de acontecer algo com o Gabriel”. Com o pré-natal em dia, Gabriel nasceu saudável em 30 de outubro de 2022.

    Comorbidades

    A obstetra e ginecologista Larissa Flosi viveu os dois lados da moeda. “Fui gestante no pico da pandemia. Descobri que estava grávida em fevereiro [de 2020] e em março fechou tudo. A gravidez inteira passei em casa, só acompanhando as notícias e sem trabalhar, me afastei um pouco da prática para não pegar covid. A gente tinha muito medo do que de fato essa doença podia causar”, conta a médica que atua na Theia, clínica de saúde que combina atendimentos virtuais e presenciais.

    A especialista relembra porque a covid tem relevância no contexto da gestação. “Além da gestante já ter uma imunidade mais baixa, ela tem algumas alterações fisiológicas da respiração, das funções pulmonares e cardiológicas que fazem com que ela fique mais suscetível a pegar doenças que possam acometer os pulmões, como a covid”.

    Na prática clínica, ela recorda as comorbidades mais comuns nas gestantes no período crítico da pandemia. “A covid também tem uma gama de sintomas e de acometimentos vasculares. Essas repercussões vasculares também podem afetar a placenta e observamos isso na prática. Além dos casos de sedentarismo, hipertensão e diabetes gestacional. Uma mulher com gestação de alto risco e com covid era mais problemático ainda.”

    Vacina e queda de internações

    Na opinião da obstetra, o atraso da vacina contra a covid para as grávidas pode ter piorado a situação. “Não tenho nenhuma dúvida de que o atraso da vacina piorou a situação das gestantes, até porque teve uma segunda onda que foi muito intensa, em março de 2021, quando teoricamente já teríamos acesso à vacina”, disse.

    No entanto, quando observado a segurança e eficácia da vacina nas gestantes, as internações diminuíram, observou a obstetra. “Inicialmente havia um certo receio em relação a como a vacina ia se comportar para gestantes, mas depois que começou a vacinar as gestantes foi brutal a queda de internações e de desfechos graves de casos de covid”.

    Para ela, o atraso piorou a situação das gestantes socialmente vulneráveis. “Pensando em um cenário de privilégios, em que uma gestante pode se isolar, é muito diferente em um cenário de privação: essa mulher não tem acesso a uma teleconsulta, então o pré-natal também foi muito prejudicado tanto pelo atraso das vacinas, quanto pela pandemia em si. Temos estudos de que a aderência ao pré-natal nesse momento caiu muito, então é relevante pensar que se tivesse gestantes vacinadas mais precocemente com certeza teria um impacto positivo nesses desfechos”, ressalta.

    Vulnerabilidade

    O estudo da Fiocruz mostra que as gestantes mais vulneráveis foram as mais afetadas. As chances de uma mulher negra, residente da zona rural e internada fora do município de residência entre os óbitos maternos foram 44%, 61% e 28% maiores em comparação ao grupo controle. Ao longo de 2020, o país registrou 549 mortes maternas por covid-19, principalmente em gestantes no segundo e terceiro trimestre.

    “O excesso de óbitos teve a covid-19 não apenas como causa direta, mas inflacionou o número de mortes de mulheres que não conseguem acesso ao pré-natal e condições adequadas de realização do seu parto no país”, pondera o principal investigador do estudo, Raphael Mendonça Guimarães, pesquisador da Fiocruz.

    O estudo utilizou dados do Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) para óbitos por covid-19 nos anos de 2020 e 2021, e comparou com dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade no ano de 2020 (quando já havia pandemia) e nos cinco anos anteriores, para estimar o número esperado de mortes maternas no país.

    Este cenário compromete o desafio de alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) até 2030. “O atraso do início da vacinação entre as grávidas e puérperas pode ter sido decisivo na maior penalização destas mulheres”, disse Guimarães.

    Pré-natal

    O acompanhamento médico durante os nove meses de gravidez é fundamental para melhorar e evitar problemas para a mãe e a criança e pode diminuir a mortalidade materna. “O pré-natal tem uma importância absoluta, avaliamos o histórico da mulher, qual é o cenário em que ela está inserida, quais são as medicações que usa. A gente faz um exame físico completo, ouve os sintomas, as queixas e a partir traça um plano que pode incluir medicações para profilaxia de algumas doenças. É importante que o pré-natal seja transdisciplinar, que a gestante tenha contato com as enfermeiras obstetras ou obstetrizes, nutricionista, psicólogo, fisioterapeuta, tudo isso melhora o desfecho da gestação”, explica a obstetra Larissa Flosi.

    Embora a covid não seja mais emergência em saúde pública de importância internacional, o coronavírus ainda circula e a vacinação continua sendo fundamental, principalmente para as grávidas, ressalta a obstetra.

    “É importante que as gestantes se protejam contra a covid: usar máscara em lugares de muita aglomeração, evitar contato com pessoas doentes e se vacinar. A vacinação ajuda a reduzir a mortalidade materna. Isso também faz parte das políticas públicas, incentivar a vacinação. Para as mulheres, indico buscar um pré-natal de qualidade onde você seja ouvida e ajude-a realmente a assumir esse papel de protagonista. O pré-natal é essencial para que a gente tenha bons desfechos”, orienta a médica.

    Rede Cegonha

    O Ministério da Saúde implementa, em parceria com os estados e municípios, ações para o enfrentamento à mortalidade materna e infantil com o objetivo de reduzir as mortes evitáveis. Uma das principais estratégias, segundo a pasta, é a Rede Cegonha, criada em 2011 e desenvolvida para assegurar às mulheres o direito ao planejamento da gravidez e a atenção humanizada no período da gestação, parto e puerpério e às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis.

    A pasta também atua no fortalecimento das redes de serviços de atenção ao parto e, neste ano, em alusão ao mês de enfrentamento à mortalidade materna, o Ministério também aderiu aos 10 passos do Cuidado obstétrico para Redução da Morbimortalidade Materna, além de já seguir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que tem, entre as metas, a redução da mortalidade materna no Brasil até 2030.

    Na capital paulista, o programa Mãe Paulistana, conduzido pela Secretaria Municipal da Saúde, atendeu mais de 500 mil mulheres nos últimos seis anos e realiza atualmente o acompanhamento de 51 mil gestantes na capital.

    Entre as diretrizes do Mãe Paulistana estão a captação precoce da gestante (até a 12ª semana de gravidez), garantia de sete ou mais consultas de pré-natal e realização de exames laboratoriais e ultrassonografia. As consultas (mensais, quinzenais e semanais, de acordo com o período da gestação) permitem não apenas a detecção precoce de eventuais problemas na saúde da mulher, como hipertensão, mas também a transmissão vertical (na gestão, parto ou amamentação) de doenças como HIV/Aids, sífilis e hepatite B.

    O programa ainda promove a qualificação da rede para redução da mortalidade materna e infantil; estímulo ao parto normal humanizado, com visita antecipada à maternidade de referência para o parto, grade de parto acessível; agendamento pela maternidade e garantia da consulta da puérpera e da primeira consulta do recém-nascido; bolsa e enxoval para o recém-nascido e estímulo ao aleitamento materno.

    Para ingressar no programa Mãe Paulistana, a mulher com suspeita de gravidez deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima à sua residência, trabalho ou escola e realizar o teste de gravidez. Se confirmada a gestação, são pedidos alguns exames e feito o cadastro no programa. Todo o atendimento é feito mediante a apresentação do cartão SUS, obtido na própria UBS mediante a apresentação do RG e comprovante de residência.

  • Projeto em 19 maternidades do SUS reduz mortalidade materna em 37%

    Projeto em 19 maternidades do SUS reduz mortalidade materna em 37%

    Projeto desenvolvido em 19 hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) reduziu a Mortalidade Materna em mais de 30%. Foram desenvolvidas ações de melhoria nos procedimentos médicos com foco nos três principais motivos para a morte de gestantes, que são: hipertensão, hemorragia e infecção. O projeto é coordenado pelo Hospital Albert Einstein em parceria com o Institute for Healthcare Improvement (IHI) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna é celebrado neste sábado (28).

    A ação resultou na queda de 37% na taxa de mortalidade materna geral. Quando observados apenas os três fatores que causam mais mortes, o índice é ainda maior: 58%. Nos casos de sepse, que é a infecção generalizada, foi registrada queda de 73%. Considerando apenas os casos de hemorragia, houve redução de 86%.

    A iniciativa utiliza uma metodologia chamada ciência da melhoria.

    “A gente faz uma análise de como funciona hoje o atendimento de uma gestante que está sob um risco, com base nesta análise de fluxo, a gente consegue atuar sobre os pontos em que há um risco maior. Testamos as mudanças junto com eles [a equipe]”, explica Romulo Negrini, coordenador médico da obstetrícia do Einstein. São feitos, então, testes em pequenas escalas e, a partir da análise dos resultados, são estabelecidos novos processos.

    Dados do Painel de Monitoramento da Mortalidade Materna, do Ministério da Saúde, mostram que a cada 100 mil nascimentos registrados, 107 mulheres morrem por causas relacionadas à gestação e ao parto. “Hoje, a gente chama esse projeto de ‘Todas as mães importam’, porque nós não queremos perder nenhuma mãe. A gente reconhece que 92% das mortes maternas são evitáveis”, aponta Negrini.

    A fase piloto do Projeto de Redução de Mortalidade Materna foi feita no Hospital Agamenon Magalhães, em Recife. Depois, a iniciativa foi ampliada para 19 hospitais públicos, distribuídos em sete estados: além de Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Ceará, Pará e Rondônia. Da fase atual, iniciada em agosto de 2021 na Bahia, participam cinco maternidades de Salvador, uma de Feira de Santana e nove unidades de atenção primária também em Salvador.

    Pontos de atenção

    Negrini destaca que o projeto na Bahia abrange não apenas hospitais, mas toda a rede de saúde. “Hospital, unidade básica, onde é feito o atendimento pré-natal e o Samu [Serviço de Atendimento Móvel de Urgência], que é aquele sistema de atendimento móvel que faz o transporte das pacientes de uma unidade de baixo risco para uma unidade de risco maior”, enumera. Ele aponta o pré-natal como uma etapa fundamental para a identificação de cuidados necessários.

    O médico acrescenta que os primeiros passos incluem saber se a paciente está sob risco. “Trabalhamos com eles [equipes] quais os critérios para o reconhecimento desse risco e aí a atuação em cima desse reconhecimento”, aponta. Um segundo entrave para um atendimento adequado envolve dificuldades de transporte da paciente. “Estou numa unidade que eu tenho poucos recursos e eu preciso transferir para a unidade de mais recursos, mas existem coisas que eu posso fazer antes. Não preciso necessariamente esperar a transferência”, exemplifica.

    Outro aspecto que o coordenador chama atenção é o recorte de raça para as mortes maternas. “Independentemente da classe social, se a gente considerar pessoas da mesma classe social, as mulheres pretas e pardas morrem mais do que as mulheres brancas. A gente trabalha muito nesse quesito para que isso seja considerado um fator de atenção para que a gente possa dar equidade no atendimento. É um dos quesitos importantes do nosso projeto”, explicou.

    Desafios

    A covid-19 representou um complicador a mais em um cenário já preocupante de mortalidade materna. “Pensando no Brasil, a gente vem em uma descendente, mas uma descendente muito lenta. Existe um pacto, da saúde do milênio, para que a gente chegue a 30 mortes para cada 100 mil nascidos em 2030. Entretanto, na era covid, pensando no Brasil como um todo, a gente chegou a mais de 100 mortes para cada 100 mil nascidos vivos”, lamentou o médico. Ele lembra que antes a taxa era de 70 mortes para cada 100 mil nascidos. “Se a gente considerar países europeus, eles têm menos de 10. A gente tem muito o que caminhar”, comparou.

    Ele lembra, como outro aspecto que pode ter favorecido as mortes de gestantes na pandemia, a menor frequência na busca por serviços de saúde. “Aquelas mulheres que tinham medo de sair de casa, medo de ir ao hospital, então uma hipertensa, que poderia ter um controle, passa a se descontrolar, porque não teve o acompanhamento pré-natal adequado; uma diabética não teve o acompanhamento adequado. Isso tudo acaba contribuindo”, acrescentou.

    Edição: Claudia Felczak

  • Aumenta mortalidade materna no Brasil pela covid-19

    Aumenta mortalidade materna no Brasil pela covid-19

    Segundo o Ministério da Saúde, até o momento, foram identificadas 6 mil gestantes com Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), sendo 2,7 mil infectadas com o novo coronavírus. O sistema da pasta registra também 221 mortes por SRAG, com 155 de mulheres com covid-19. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (28) durante entrevista online.

    Testagem

    As gestantes devem ser testadas para covid-19, mesmo se não apresentarem sintomas de infecção pelo novo coronavírus. A orientação faz parte de um conjunto de ações para este público e puérperas durante a pandemia previsto em portaria publicada nesta semana pelo Ministério da Saúde e em manual sobre o tema que será divulgado em breve.

    Em entrevista online, gestores do órgão apontaram a necessidade de cuidados específicos com estas mulheres. Eles mencionaram estudo do Centro para Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos segundo o qual gestantes têm maior probabilidade de agravamento com internação em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), necessidade de ventilação e até mesmo evolução para morte.

    Ainda conforme a pesquisa do CDC, gestantes com covid-19 possuem risco 1,5 vez maior de ir para a UTI e 1,7 mais chances de necessitar de ventilação mecânica do que as demais mulheres.

    Por isso uma das medidas é a testagem, para identificar se a paciente foi infectada ou não. As orientações do Ministério da Saúde também incluem a importância de isolar a gestante para evitar a contaminação.

    “Cabe ao poder público oferecer o isolamento. Pode ser em hotel, em casa de gestante. Mas aquela paciente precisa tomar todos os cuidados para não ser infectada”, destacou o secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Parente.

    A professora titular do departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp e coordenadora do grupo que elaborou o manual de orientações, Rosiane Mattar, enfatizou a importância de manter o pré-natal, mesmo no cenário de pandemia.

    “As grávidas precisam ser atendidas no pré-natal porque elas têm outras comorbidades ou podem ter dúvida. Para fazer isolamento uma parte do atendimento pode ser por teleatendimento.  Se é de baixo risco pode ficar em uma maternidade de baixo risco. Se tem quadro com algum agravamento, deve ir para hospital com UTI”, sugeriu.

    Como mencionou a professora, as recomendações do Ministério da Saúde incluem a disponibilização de estruturas de atendimento como UTIs para o caso de agravamento. Rosiane Mattar afirmou que a covid-19 não implica a necessidade de cesariana. Mas pode aumentar a indicação. “Só que este procedimento pode acabar piorando a situação do paciente”, alertou.

    O ministério anunciou ações da pasta para este público, como incentivo de R$ 800 para equipes da atenção primária com gestantes cadastradas, de R$ 7.280 para apoiar o isolamento de grávidas e puérperas e de R$ 10 mil para casas de gestante, bebê e puérpera em funcionamento para medidas de prevenção à covid-19.

    Veja entrevista na íntegra


    *Texto alterado às 19h37 para acréscimo de informações. 

     

    [Boletim Covid-19 Lucas do Rio Verde – 28/08/2020] Boletim de Enfrentamento ao Coronavírus nº 162

    São Paulo registra mais de 11 mil novos casos de covid-19 em 24 horas