Tag: Medula óssea

  • Falta de novos doadores de medula óssea preocupa em Mato Grosso

    Falta de novos doadores de medula óssea preocupa em Mato Grosso

    Mato Grosso enfrenta um desafio crítico na busca por novos doadores de medula óssea. Apesar de contar com um cadastro expressivo de 71.170 pessoas no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), o número de novos cadastros tem diminuído significativamente nos últimos anos.

    Em 2024, apenas 1.140 pessoas se cadastraram como doadores no estado, um número preocupante quando comparado aos anos anteriores. Em 2023, foram 943 novos cadastros, e em 2022, 746. A baixa adesão de novos doadores tem como consequência a diminuição do número de doações realizadas. Em 2024, foram apenas 5 coletas de células de medula para doação, um número muito abaixo do ideal.

    A falta de doadores compromete a realização de transplantes de medula óssea, que são essenciais para o tratamento de diversas doenças, como leucemia e linfomas. A compatibilidade entre doador e receptor é fundamental para o sucesso do transplante, e quanto maior o número de doadores cadastrados, maiores são as chances de encontrar um doador compatível para cada paciente que precisa.

    O que está por trás dessa queda em Mato Grosso?

    As causas para a diminuição no número de novos doadores ainda não são completamente compreendidas, mas alguns fatores podem estar influenciando, como:

    • Falta de informação: Muitas pessoas ainda não conhecem a importância da doação de medula óssea e como o processo funciona.
    • Medo e mitos: Existem muitos mitos sobre a doação de medula óssea, o que pode gerar medo e insegurança nas pessoas.
    • Falta de incentivo: A falta de campanhas de conscientização e incentivo à doação pode estar desmotivando as pessoas a se cadastrarem.

    O que fazer?

    Para reverter esse cenário, é fundamental intensificar as campanhas de conscientização sobre a importância da doação de medula óssea. É preciso esclarecer dúvidas, desmistificar o processo e mostrar à população que doar é um ato de amor ao próximo que pode salvar vidas.

    Para se cadastrar como doador de medula óssea, basta procurar um hemocentro e realizar um simples exame de sangue. O cadastro é gratuito e não há necessidade de agendamento prévio.

  • Brasil aumentou em 8% coleta de células-tronco de medula óssea

    Brasil aumentou em 8% coleta de células-tronco de medula óssea

    O Sistema Único de Saúde (SUS) tem registrado aumento do número de coleta de células de medula óssea nos últimos anos. Até novembro de 2024, o total de células-tronco de medula óssea destinadas à doação chegou a 431, número 8% maior do que o registrado em todo o ano anterior (398). Em 2022 foram disponibilizadas 382 células-tronco.

    Aumentou também o número de novos doadores, passando de 119 mil em 2022 para 129 mil, entre janeiro e novembro de 2024, segundo o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

    “Paralelamente, o número de receptores cadastrados cresceu significativamente, saltando de 1.637 em 2022 para 2.201 em 2023 e chegando a 2.060 até novembro de 2024”, informa o Ministério da Saúde.

    Segundo a pasta, o avanço se deve a um esforço conjunto do Ministério da Saúde, de hemocentros e hemonúcleos estaduais, ao promoverem campanhas de conscientização e cadastramento de doadores e receptores.

    Além disso, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) tem contribuído com a qualificação dos cadastros, fidelização de doadores e suporte por meio de diversos canais de atendimento. Cabe ao Inca coordenar as ações técnicas do Redome – entidade que tem o terceiro maior registro de doadores voluntários de medula óssea do mundo (o maior entre aqueles com financiamento exclusivamente público), com mais de 5,9 milhões de doadores cadastrados.

    Aplicativo Redome

    “Uma ferramenta importante no processo de cadastro é o aplicativo Redome. Por meio dele, doadores podem acessar informações sobre a doação, localizar hemocentros, realizar o pré-cadastro e acompanhar todas as etapas até a inclusão definitiva no sistema. O app também gera uma carteirinha de doador”, informou o Ministério da Saúde.

    As autoridades ressaltam que o transplante de medula óssea é procedimento essencial para o tratamento de doenças graves do sangue e do sistema imunológico, como leucemias, linfomas, aplasia de medula, síndromes de imunodeficiência e mielomas múltiplos.

    “Ele substitui a medula óssea doente ou deficitária por uma saudável, sendo fundamental no tratamento de cerca de 80 doenças”, diz o ministério ao alertar que a maior parte dos pacientes, no entanto, não encontra doador compatível na família.

    “A probabilidade depende de diversos aspectos genéticos e de etnia, mas essa chance aumenta significativamente quando doador e paciente pertencem à mesma população”, detalha a pasta ao informar que, no Brasil, estima-se que 70% a 75% dos pacientes que têm um doador compatível identificam esse doador por meio do Redome.

    Como buscar doadores

    A primeira etapa da busca por contabilidade de doadores é feita entre familiares do paciente. Não havendo compatibilidade, inicia-se uma busca por meio de registros de doadores no Brasil e no exterior.

    “A equipe do Redome utiliza tecnologias avançadas para cruzar informações genéticas e identificar possíveis doadores, que são contactados para confirmação de disponibilidade e realização de exames complementares”, diz o ministério..

    Como ser um doador

    O candidatos a doadores de medula óssea precisam ter entre 18 e 35 anos, mas o cadastro permanece ativo até os 60 anos. É necessário que o doador esteja em boas condições de saúde e sem doenças impeditivas.

    O doador precisa apresentar documento oficial com foto e comparecer ao hemocentro mais próximo para a coleta de uma amostra de 10 ml de sangue para exame de compatibilidade genética (HLA).

  • O que é importante saber sobre a medula óssea

    O que é importante saber sobre a medula óssea

    Muito se fala em doação de medula óssea, mas pouco se sabe, ainda, sobre o que é a medula óssea e como a sua doação pode salvar inúmeras vidas. Primeiro, a medula é um tecido líquido gelatinoso que fica dentro dos ossos, o conhecido “tutano”, e é nela que são produzidos os componentes do sangue (glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas).

    Nosso corpo é, realmente, uma máquina, e a medula óssea é a fábrica que produz o sangue, ou seja, que faz todo o sistema funcionar continuamente. No caso, os glóbulos vermelhos (hemácias) transportam o oxigênio dos pulmões para as células de todo o nosso organismo e o gás carbônico das células para os pulmões, a fim de ser expirado. Os glóbulos brancos (leucócitos) nos defendem das infecções e as plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.

    Inclusive, a célula que origina as células sanguíneas, chamada célula progenitora ou célula-mãe, está concentrada em maior quantidade na medula óssea, o que também explica a ideia de fábrica e, portanto, da doação de medula óssea. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca) o transplante de medula é um tipo de tratamento indicado para algumas doenças que afetam as células do sangue e consiste na substituição da “fábrica” deficitária por uma nova, com células saudáveis. Com o tempo, o objetivo é reconstruir uma nova “fábrica saudável” de pacientes com leucemias, ou linfomas, por exemplo.

    O transplante é um processo delicado, onde são realizados exames de sangue para identificar se existe a compatibilidade entre o doador e o receptor. Essa compatibilidade é fundamental para evitar processos de rejeição, que é quando a medula do paciente não “aceita” a do doador ou até mesmo quando a medula do doador “invade” e “agride” a do paciente. Refiro-me aqui aos casos de transplante alogênico, que é quando a medula vem de um doador. Existe outro tipo de transplante de medula óssea chamado autólogo.

    Identificado a compatibilidade, o doador passa por um processo “cirúrgico” onde são realizadas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia para “sugar” a medula saudável. Hoje também podemos colher estas células primordiais do doador, através da veias periféricas ( braço, por exemplo), utilizando um procedimento chamado aférese, evitando a punção na bacia. É fundamental frisar que essa retirada não causa qualquer comprometimento à saúde e a medula óssea do doador se recompõe em apenas 15 dias, tal como quando doamos sangue.

    Já para o paciente o cuidado deve ser maior, porque para receber a medula, as células doentes devem ser destruídas, para então receber a nova “fábrica”. Este é um momento que exige muito cuidado e acompanhamento, uma vez que o paciente fica com a imunidade mais fragilizada. Mas, uma vez que deu tudo certo e a medula do doador chega à corrente sanguínea, as células “boas” circulam e vão se alojar na medula óssea, onde se desenvolvem.

    Para ser doador de medula e salvar vidas, é preciso ter, segundo o Ministério da Saúde, entre 18 e 55 anos de idade, estar em bom estado geral de saúde e não ter doença infecciosa transmissível pelo sangue. Seguindo os critérios estabelecidos, o doador deve fazer um cadastro, onde serão colhidos 5ml do seu sangue. Este cadastro é feito no Hemocentro de sua cidade.

    O sangue é examinado para determinar as características genéticas e assim ser cadastrado no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Com as informações genéticas do paciente já cadastrados, o sistema cruza as informações e identifica a compatibilidade. Lembrando que o doador que vai decidir se fará a doação ou não.

    Na verdade, ser doador de medula óssea é um procedimento simples. Você que é saudável, pense no poder da máquina que é o seu corpo e o quando a medula é a fábrica que faz tudo funcionar. Ter a oportunidade de oferecer ao outro uma nova fábrica saudável e, assim, dar esperanças de vida, não tem preço!

    por Dr. Andre Crepaldi (Diretor do Serviço de Onco-hematologia do HCanMT e Oncologista Clínico e Pesquisador principal da OncoLog)

  • Senado aprova PL que facilita localização de doadores de medula óssea

    Senado aprova PL que facilita localização de doadores de medula óssea

    O plenário do Senado aprovou hoje (15) um projeto de lei que facilita a localização de doadores cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). O projeto pretende possibilitar que os gestores do registro e os hemocentros requisitem a órgãos públicos os dados de contato de doadores e parentes. O projeto segue para sanção presidencial.

    A proposta altera a Lei 11.930/09 para estabelecer que as ações, atividades e campanhas publicitárias devem envolver órgãos públicos e entidades privadas. O objetivo é informar e orientar sobre os procedimentos para o cadastro de doadores e a importância da doação de medula óssea para salvar vidas.

    Uma emenda ao projeto determinou que o prazo para atendimento de todas as informações seja de três dias, prazo que será contado a partir da data de recebimento da requisição. No caso de descumprimento, haverá multa diária de 1 a 100 salários mínimos por dia de atraso além de punições nas esferas administrativa, civil e penal.

    A autoridade responsável pela aplicação da multa ainda será definida em regulamento. Os recursos resultantes destas eventuais multas serão divididos igualmente entre o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca) e o Ministério da Saúde.

    Ainda de acordo com o projeto, na ausência de doador totalmente compatível e caso constatado o falecimento de outros possíveis doadores, os hemocentros ou os gestores do Redome poderão contatar os irmãos ou as irmãs dos doadores falecidos para verificar se este têm interesse em se cadastrarem como doadores de medula óssea, possibilitada a obtenção de seus nomes e dados cadastrais por requerimento.

    * Com informações da Agência Senado

    Edição: Fábio Massalli

  • Como funciona a doação de medula óssea no país

    Como funciona a doação de medula óssea no país

    Dados do Registro Nacional de Medula Óssea (Redome) mostram que, no Brasil, cerca de 650 pessoas aguardam na fila por uma doação de medula de um doador que não seja um parente. A boa notícia é que o número de doadores voluntários cadastrados tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), eram 12 mil inscritos e, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram cadastrados no Redome. 

    Hoje, com mais de 5,5 milhões de doadores inscritos, o Brasil tem o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Alemanha. “A chance de se identificar um doador compatível, no Brasil, na fase preliminar da busca, é de até 88%, e ao final do processo, 64% dos pacientes têm um doador compatível confirmado”, explicou o instituto.

    A medula, conhecida popularmente como tutano, é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos. Nela, são produzidos os componentes do sangue: hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. Pelas hemácias, o oxigênio é transportado dos pulmões para as células de todo o organismo e o gás carbônico é levado destas para os pulmões, a fim de ser expirado. Já os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa do organismo, combatendo infecções. Por fim, as plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.

    Como doar

    Para ser um doador no Brasil, basta procurar o hemocentro do estado e agendar uma consulta de esclarecimento sobre a doação de medula óssea. O voluntário precisa ter entre 18 e 55 anos de idade e gozar de boa saúde. Ele vai assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e preencher uma ficha com informações pessoais. Será retirada uma pequena quantidade de sangue – 10 mililitros (ml) – do candidato a doador. É necessário apresentar o documento de identidade.

    A partir daí, o sangue é analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório que identifica características genéticas a serem cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes para determinar a compatibilidade. Em seguida, os dados pessoais e o tipo de HLA são incluídos no Redome. O Inca alerta para a importância de manter os dados sempre atualizados, tendo em vista que, quando houver um paciente com possível compatibilidade, o voluntário será consultado para decidir quanto à doação. Para seguir com o processo, são necessários outros exames que confirmem a compatibilidade, além de uma avaliação clínica de saúde. Somente ao final dessas etapas o doador poderá ser considerado é apto.

    Há riscos?

    Segundo o Inca, relatos médicos de problemas graves ocorridos a doadores durante e após o procedimento são raros e limitados a intercorrências controláveis. Por isso, o estado físico de saúde do doador é checado. “Em alguns casos, é relatada pequena dor no local da punção, dor de cabeça e cansaço. Por volta de 15 dias, a medula óssea do doador estará inteiramente recuperada”, acrescentou o instituto.

    Pacientes

    No transplante de medula, a rejeição é relativamente rara, mas pode acontecer. Por isso, existe a preocupação com a seleção do doador adequado e o preparo do paciente. O sucesso do transplante depende de fatores como o estágio da doença, o estado geral e as boas condições nutricionais e clínicas do paciente e do doador.

    “Os principais riscos se relacionam às infecções e às drogas quimioterápicas utilizadas durante o tratamento. Com a recuperação da medula, as novas células crescem com uma nova ‘memória’ e, por serem células da defesa do organismo, podem reconhecer alguns dos seus órgãos como estranhos. Essa complicação, chamada de doença do enxerto contra hospedeiro, é relativamente comum, de intensidade variável e pode ser controlada com medicamentos adequados”, garante o institut.

    Procedimento

    A doação de medula óssea é um procedimento que se faz em centro cirúrgico, sob anestesia peridural ou geral. O procedimento dura cerca de 90 minutos e requer internação por um período de 24 horas. Nos primeiros três dias após a doação, pode haver desconforto localizado, de leve a moderado, que pode ser amenizado com o uso de analgésicos e medidas simples de controle da dor. Normalmente, os doadores retornam às suas atividades habituais depois da primeira semana após a doação.

    Edição: Paula Laboissière

  • Mudanças geram mais segurança nos transplantes de medula óssea

    Mudanças geram mais segurança nos transplantes de medula óssea

    Portarias do Ministério da Saúde, com vigência a partir deste mês, atualizam para tendências internacionais a estratégia visando a localização de doadores compatíveis no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome), coordenado pelo Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (Inca). O Redome é o terceiro maior registro de doadores voluntários do mundo, com quase 5,4 milhões de cadastros.

    A coordenadora técnica do registro, médica hematologista Danielli Oliveira, disse que uma das mudanças se refere ao limite de idade para o cadastro. Antes da nova portaria, o doador podia se cadastrar até 55 anos de idade e o cadastro ficava ativo até os 60 anos. “Agora, o cadastro continua ativo até 60 anos, mas o doador só pode se cadastrar até os 35 anos”, afirmou.

    Estudos recentes mostram que, quanto mais jovem é o doador, melhor o resultado do transplante para o paciente, promovendo aumento na sobrevida, além de menores taxas de complicações e óbitos. Danielli Oliveira explicou que a idade média dos doadores do Redome é 32 anos “e 80% dos doadores que no último ano tinham até 40 anos. Nos últimos três anos, 67% dos doadores cadastrados tinham entre 18 e 35 anos de idade. Então, a chance de uma pessoa que se cadastra mais velha ser selecionada para doar é muito pequena”. Ela destacou que outros registros internacionais já fizeram essa mudança. Alguns limitaram a 30 anos de idade. “Não é uma regra, mas é uma tendência”, esclareceu.

    Tipagem

    Além da mudança na idade, foi melhorada também a tipagem de cadastro para esses doadores. “Quando a gente fala em compatibilidade para o transplante, a gente fala em compatibilidade HLA (do nome em inglês Human Leukocyte Antigen).”

    “A tipagem atual é parcial desses genes HLA. Quando eu vejo um possível doador, essa compatibilidade não está ainda muito definitiva. Eu preciso de exames que complementem a tipagem para dizer que ele (doador) é realmente compatível. Eu tenho exames intermediários até confirmar a compatibilidade”, detalhou.

    A revisão de valores de técnicas de exames imunogenéticos de compatibilidade visa garantir o avanço e os melhores resultados na efetividade do processo de identificação de doador não-aparentado compatível. Danielli Oliveira comentou que agora, com o doador entrando no Redome com uma tipagem completa, “eu já consigo no início dizer que se ele realmente é compatível com esse paciente”. Salientou que a expectativa é que, na medida em que houver mais doadores com essa tipagem mais completa, será possível reduzir o tempo para identificar um doador compatível. Da mesma maneira que será reduzido o tempo de identificação dos doadores que apresentam compatibilidade, haverá diminuição do tempo de preparo e espera dos receptores.

    Limite de cadastros

    As mudanças incluem, ainda, houve redução do limite de novos cadastros e uma reorganização na distribuição de cotas para cadastramento de doadores em cada estado. “Existe um teto que nunca foi atingido desde que foi publicado. Agora, foi feita uma redução para poder contemplar justamente os doadores até 35 anos, para priorizar também o nível de tipagem”. A medida se baseou no total de doadores cadastrados em relação à população e no número de cadastros feitos nos últimos três anos.

    A hematologista do Inca afirmou, também, que as alterações não vão reduzir os investimentos no Redome. “Os investimentos no Redome não diminuíram porque essa tipagem mais completa tem um custo maior. É como se eu estivesse qualificando esse investimento, escolhendo doadores mais jovens e melhor tipados”. Agora, em todo o Brasil, o limite ao longo do ano terá teto de 145.632 novos doadores. Esse número é proporcional à população dos estados, considerando a atividade de cadastro da unidade da federação. Os recursos são destinados pelo Ministério da Saúde.

    Outros países

    O Redome é um registro grande em números e diversificado em termos genéticos. Ele tem média de 200 mil a 250 mil cadastros por ano.“Mas a gente sabe que mesmo se dobrasse o Redome de tamanho, isso não significaria que 100% dos pacientes brasileiros iriam ser atendidos, porque tem pacientes brasileiros com características de outras populações. É por isso que pacientes que não têm doador compatível no Redome realizam transplantes com doadores de outros países. Isso representa hoje 30% dos transplantes no Brasil. Isso vai continuar acontecendo”, destacou.

    Dos quase 5,4 milhões de doadores cadastrados no Redome, 2.356.352 foram de novos cadastros desde 2012, totalizando 2.984 transplantes de medula óssea de doadores não-aparentados realizados no país. Os doadores cadastrados representaram 70% desses procedimentos. Danielli explicou que, da mesma forma que pacientes brasileiros usam doadores de outros países, os doadores do Redome também atendem pacientes de outras nações. Todo o processo é financiado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

    O desafio e a meta do Redome consistem em aumentar a fidelização dos doadores. “O doador entra e fica ativo até os 60 anos. Daí a importância de lembrar aos doadores para manter os dados atualizados e saber informações sobre a doação de medula”, salientou a hematologista. Ela observou, ainda, que pessoas com hepatite C, HIV e cânceres agressivos, entre outras doenças, não podem ser doadores de medula óssea.

    Edição: Kleber Sampaio

  • 850 pacientes esperam para o transplante de medula óssea

    850 pacientes esperam para o transplante de medula óssea

    O número de doações de medula óssea caiu 30% de janeiro a julho com relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com informações do Registro de Doadores de Medula Óssea no Brasil (Redome). Neste ano foram cadastrados 136.754 novos doadores, totalizando 5.212.391 doadores cadastrados no sistema.

    Atualmente há 850 pacientes na fila de espera para o transplante de medula com a doação de não aparentados, ou seja, aquelas em que o doador não tem nenhum grau de parentesco com o receptor.

    Para chamar atenção sobre a importância da doação de medula óssea e de outros órgãos, o mês de setembro é destacado com a cor verde e por meio da campanha Setembro Verde são realizadas ações e eventos para esclarecimento e conscientização da população sobre o impacto da doação como um ato de amor ao próximo e na vida de quem aguarda na fila por um transplante.

    De acordo com o Ministério da Saúde, as doações e transplantes de medula óssea não foram interrompidos por causa da pandemia da covid-19, mas estão sendo aplicadas algumas restrições de segurança, descritas em notas técnicas publicadas no portal da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Entretanto, o ministério ressaltou que o novo coronavírus impactou em toda a cadeia de assistência de saúde, tornando necessária a estrutura, recursos humanos e insumos para o atendimento dos pacientes com covid-10 nos estados e municípios.

    Segundo o ministério, por esse motivo houve redução nos números de doação, assim como o observado em países da Europa acometidos pela pandemia antes do Brasil. O número de transplantes também sofreu queda ao passar de 1.811 de janeiro a junho de 2019 para 1.144 no mesmo período de 2020.

    Para ser doador de medula é preciso ter entre 18 e 55 anos, estar em bom estado geral de saúde, não ter doença infecciosa ou incapacitante, não ter câncer, doenças no sangue ou do sistema imunológico. Algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso.

    Para receber a doação é preciso fazer inscrição e entrar em uma fila no Registro de Receptores de Medula Óssea (Rereme) do Instituto Nacional do Câncer (Inca), com autorização de médico avalizado pelo Ministério da Saúde. Assim que o paciente entra no Rereme, ocorre a primeira tentativa de encontrar um doador. A partir disso, o próprio sistema refaz a busca todos os dias e um resultado preliminar aponta uma lista de possíveis doadores compatíveis.

    A busca também é feita na Rede BrasilCord, que contém os dados de cordões umbilicais armazenados nos Bancos Públicos de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário. Caso não seja encontrado um doador brasileiro, a equipe de registro faz a busca internacional simultaneamente.

    Os critérios de prioridade na lista são definidos de acordo com compatibilidade, gravidade, idade, tempo de espera, disponibilidade de doadores e disponibilidade de leitos. Para que seja feito um transplante de medula é necessário a total compatibilidade entre doador e receptor, informou o Ministério da Saúde.

    O hematologista Roberto Luiz da Silva, especializado em oncologia, ressaltou a necessidade de conscientizar a população ao fato de que a pandemia trouxe à humanidade o chamado novo normal. “Por isso, temos que prosseguir com os tratamentos. O hospital garante atendimento seguro e diferenciado para todos os pacientes que necessitam de transplante de medula óssea. A doação salva vidas e pode ser opção de tratamento para mais de 80 tipos de doenças,” disse.

    De acordo com o médico, a queda no número de doações tem sido atribuída à diminuição de campanhas de mobilização, para que se evite aglomerações, ou por receio das pessoas de saírem de casa, com medo de contrair o novo coronavírus. Ele destacou que hospitais e hemocentros brasileiros seguem as determinações de órgãos de saúde oficiais, como o Ministério da Saúde, Anvisa, Sociedade Brasileira de Transplante de Medula Óssea (SBTMO) e Sociedade Europeia para Transplante de Medula e Sangue (EBMT), com protocolos rigorosos para evitar contaminações e a proliferação da doença.

    “O distanciamento seguro entre as pessoas é fortemente observado. Além disso, proceder com a aferição de temperatura, incentivar o uso, que é obrigatório, de máscaras faciais específicas para cada situação, fornecer álcool em gel por todas as áreas e separar pacientes, de maneira distinta, em suspeitos, confirmados e negativados para a doença são ações adotadas com extremo rigor no hospital.”

    Edição: Maria Claudia

  • Projeto de lei institui programa de doação de medula óssea em Mato Grosso

    Projeto de lei institui programa de doação de medula óssea em Mato Grosso

     

    Um projeto de lei apresentado na sessão desta quinta-feira (22) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso propõe a criação do programa de doação de medula óssea no estado. A proposta é estimular principalmente a participação dos servidores públicos, nas três esferas (Executivo, Legislativo e Judiciário), que terão a carteira ‘doador de medula óssea’ quando mantiverem regularidade no cadastro.

    “O objetivo é ampliar o banco de dados de doares e com isso salvar vidas. Essa proposta surgiu porque estamos muito sensibilizados com a morte de um jovem médico, o Dr. Bruno Alves de Araújo, que era morador de São José dos Quatro Marcos. Ele morreu recentemente de leucemia, aos 28 anos, após lutar bravamente pela vida”, explica o deputado estadual Dr. Gimenez (PV), autor do projeto.

    O MT Hemocentro ficará responsável pela campanha de divulgação e esclarecimentos junto aos servidores, com a finalidade de estimular a doação e elaborar o cadastramento dos doadores voluntários. Além disso, a instituição definirá os locais de coleta ou enviará unidade móvel (ônibus) até os órgãos estaduais em dia previamente agendado.

    A carteira de doar de medula óssea garantirá dois dias de folga, sem prejuízo de remuneração ou ao banco de horas, podendo ser usufruído no período de férias, mas de modo a não atrapalhar a continuidade dos serviços públicos. Os servidores que já são doadores poderão usufruir do mesmo direito mediante comprovação de registro junto ao Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome).

    Dr. Gimenez, que é médico há mais de 40 anos, avalia que a iniciativa pode ampliar o banco de dados do Redome e, com isso, revelar eventuais doadores de medula óssea. “Um simples exame de sangue pode revelar doadores em potencial, salvando milhares de vida em todo país e em Mato Grosso”.

    A chance de um brasileiro localizar um doador em território nacional é 30 vezes maior em relação à possibilidade de encontrá-lo no exterior em razão das características genéticas. Apenas cerca de 30% das famílias apenas possuem um doador ideal (irmão), ou seja, a maioria dos pacientes precisa identificar um doador alternativo.

    Quando não há um doador aparentado (irmão ou parente próximo), a solução para o transplante de medula é procurar um doador compatível entre os grupos étnicos (brancos, negros, amarelos, etc) semelhantes. Com o objetivo de facilitar, essas informações ficam reunidas no Redome.

    Laços de sangue

    O médico Bruno morreu na madrugada de domingo (18) e contou com apoio de milhares de pessoas que se engajaram na campanha Laços de Sangue, dos quais mais de 100 doadores se dispuseram a vir a Cuiabá para a coleta de sangue para o cadastro no Redome.

    Bruno foi diagnosticado com leucemia em janeiro de 2018. Fez o transplante tendo o irmão como doador, na época, no entanto a doença voltou em junho deste ano e ele estava em quimioterapia em São José do Rio Preto (SP) a espera de um novo doador compatível. A probabilidade de compatibilidade é de uma em 100 mil, o quer reforça a necessidade de maior adesão de voluntários doadores.

    MT Hemocentro

    Atualmente possui apenas 16 unidades de coleta e 29 agências transfusionais para os 141 municípios. Para doação de medula óssea, o doar precisa vir à unidade central, na Rua 13 de Junho, em Cuiabá, o que dificulta acessar o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome). Para mais informações ou agendamento de campanha para a coleta de doação, inclusive de medula óssea, é preciso entrar em contato por meio do número: (65) 3623-0044.