Tag: Maria da Penha

  • Patrulha Maria da Penha em Mato Grosso: mais de 5,6 mil mulheres atendidas em 2024 e redução de feminicídios

    Patrulha Maria da Penha em Mato Grosso: mais de 5,6 mil mulheres atendidas em 2024 e redução de feminicídios

    A Patrulha Maria da Penha em Mato Grosso continua sendo um exemplo de sucesso no combate à violência doméstica. Em 2024, o programa atendeu mais de 5.670 mulheres vítimas de violência, demonstrando um crescimento significativo e a importância desse serviço para a proteção das mulheres.

    Os números revelam um avanço significativo no combate à violência doméstica em Mato Grosso. Além do aumento no número de atendimentos, foram registradas 13.754 medidas protetivas e 503 casos de descumprimento, o que demonstra a efetividade das ações da Patrulha.

    Um dos principais resultados positivos foi a redução dos casos de feminicídio entre as mulheres atendidas pelo programa. Esse dado demonstra que as ações de prevenção e proteção estão sendo eficazes em salvar vidas.

    Investimentos e estrutura

    Para garantir a eficiência do programa, o Governo de Mato Grosso investiu mais de R$ 2,3 milhões desde 2019 em equipamentos, viaturas e estrutura física para atender as vítimas. Além disso, a Patrulha Maria da Penha conta com um efetivo de 145 militares, distribuídos em todos os 15 Comandos Regionais da Polícia Militar.

    O sucesso da Patrulha Maria da Penha é resultado de um trabalho em rede que envolve diversas instituições, como o Poder Judiciário, o Ministério Público e as secretarias de assistência social. A coordenadora do programa, tenente-coronel Ludmila Eickhoff, destaca a importância da parceria entre essas instituições para garantir a proteção das vítimas.

    Além do atendimento às vítimas, a Patrulha Maria da Penha também realiza ações de prevenção e conscientização, como palestras e campanhas educativas. O objetivo é mudar a cultura da violência e promover a igualdade de gênero.

  • Agressor que deixou ex-companheira deficiente é preso em Mato Grosso

    Agressor que deixou ex-companheira deficiente é preso em Mato Grosso

    Um homem que agrediu sua ex-companheira até deixá-la deficiente e continuou a ameaçar a vida dela, mesmo com medidas protetivas em vigor, foi preso pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) de Cuiabá, Mato Grosso, na última segunda-feira (23).

    As agressões sofridas pela vítima foram tão severas que a deixaram com deficiência e a causaram a perda de parte dos dentes. Mesmo diante dessa situação e das medidas protetivas que o impediam de se aproximar da ex-companheira, o agressor não cessou as ameaças, enviando inclusive áudios com mensagens de ódio e promessas de morte.

    Diante da gravidade dos crimes, a delegada Vanessa Aguiar da Cunha Garcez representou pela prisão preventiva do agressor, que foi deferida pela Justiça. Policiais da DEDM cumpriram o mandado de prisão e conduziram o suspeito para a delegacia.

    O homem foi indiciado por lesão corporal no âmbito da violência doméstica, ameaça e descumprimento reiterado de medidas protetivas. Após os procedimentos legais, ele foi encaminhado ao sistema prisional.

  • Presidente do STF, Barroso pede desculpas à Maria da Penha por omissão

    Presidente do STF, Barroso pede desculpas à Maria da Penha por omissão

    O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Luís Roberto Barroso, fez um pedido de desculpas inédito em nome do poder judiciário à biofarmacêutica Maria da Penha pelo omissão e demora da Justiça brasileira em julgar o agressor que tentou assiná-la por duas vezes em 1983.

    “Eu gostaria de dizer à Maria da Penha, em nome da Justiça brasileira, que é preciso reconhecer que no seu caso ela [a Justiça] tardou e foi insatisfatória e, portanto, nós pedimos desculpas em nome do Estado brasileiro pelo que passou e pela demora.”

    O pedido formal de desculpa cumpre uma das recomendações feitas ao estado brasileiro pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) há 23 anos.

    A declaração do presidente do STF ocorreu durante a abertura da 18ª Jornada Lei Maria da Penha, evento com duração de dois dias, em um escola pública no bairro Sol Nascente, no Distrito Federal, a 35 quilômetros do centro de Brasília.

    Presente ao evento, Maria da Penha disse que já aguardava pelo pedido. “Eu já esperava que [o pedido de desculpa] tivesse sido feito há mais tempo. Eu acho que, realmente, é um reconhecimento, é um trabalho que foi feito desde o dia em que atentaram contra a minha vida. Desde esse dia, comecei a lutar por justiça. E a justiça não aconteceu com a rapidez que deveria ter acontecido.”

    A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, também elogiou o gesto simbólico do ministro Barroso, em nome da justiça do país.

    “Eu acho importante e valoroso. Maria da Penha estava aguardando. Ela merece isso, assim como todas as mulheres que sofrem violência no nosso país. Acho que o ministro Barroso está de parabéns pelo gesto, pela simbologia e a Justiça brasileira devia isso à Maria da Penha.”

    Desafios

    A Lei Maria da Penha completou 18 anos nesta quarta-feira (7). Apesar de considerar que a legislação batizada em seu nome é uma das melhores do mundo e que está bem implementada nas capitais brasileiras e em grandes cidades, Maria da Penha pede que os mecanismos previstos na lei sejam interiorizados para a avançar.

    “As mulheres dos pequenos municípios estão desassistidas nesse sentido, porque não tem onde denunciar, não tem como se inteirar sobre os seus direitos, porque o conhecimento sobre a lei não está em todos os municípios, porque não existe incentivo para isso”.

    A ministra Cida Gonçalves ainda pediu engajamento da sociedade brasileira para erradicar o crime de feminicídio, dentro da estratégia da campanha do governo federal a ser lançada na próxima semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

    “A proposta é criar uma mobilização nacional para que as pessoas se envolvam na questão da violência e nos ajudem a fazer as denúncias, a fiscalizar os serviços. É importante que não se naturalize a questão da violência feminicídica.”

    Medida protetiva

    Em junho deste ano, aos 79 anos, a biofarmacêutica recebeu a proteção do governo do Ceará, a pedido do Ministério das Mulheres, devido a fake news espalhadas por grupos de comunidades digitais, em redes sociais, com versões inverídicas sobre as duas tentativas de feminicídio que sofreu no passado.

    Durante o evento desta quarta-feira, Maria da Penha agradeceu à ministra Cida Gonçalves por intermediar esse pedido de proteção junto ao governo do Ceará e por propor que a casa onde sofreu as tentativas de assassinato seja transformada em um memorial de combate à violência doméstica e familiar.

    “O medo não me faz recuar, pelo contrário. Avanço mais e mais na mesma proporção desse medo. É como se o medo fosse um coragem ao contrário. E que possamos avançar por maiS 18 anos por uma vida sem violência”, frisou Maria da Penha.

    Matéria ampliada às 14h23

    Edição: Denise Griesinger

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  • Cordel embasa sentença que nega aplicação da Maria da Penha para homem

    Cordel embasa sentença que nega aplicação da Maria da Penha para homem

    “E se acaso for o homem que da mulher apanhar, é violência doméstica, você pode me explicar? Tudo pode acontecer no âmbito familiar, mas nesse caso é diferente, a lei é bastante clara por ser uma questão de gênero, somente a mulher ampara. Se a mulher for valente, o homem que livre a cara”. Este é o trecho de A Lei Maria da Penha em Cordel, do artista cearense Tião Simpatia, citado pelo juiz paranaense Marcelo Quintin durante o julgamento de uma ação no qual o marido queria indenização e medida protetiva contra a esposa. Quintin usou o trecho para embasar sua sentença, na qual negou a aplicação da Lei Maria da Penha, em 2019.

    “Apesar de ser uma peça artística e cultural do Brasil, o Cordel trata de forma detalhada e traz informações jurídicas. E aí eu pensei que poderia levar aquela mensagem de forma mais fácil pro jurisdicionado. Eu citei o trecho que trata de o homem não poder ser escorrido pela Lei Maria da Penha e aí a gente explica que há a proteção de determinado segmento da sociedade por ter isonomia, de se agir de forma desigual para trazer a verdadeira equidade”, explicou o juiz.

    Segundo ele, basta trabalhar em uma vara criminal do país para saber que a maioria absoluta dos crimes que ocorrem no Brasil hoje é de violência doméstica. Para o magistrado, muitas vezes a sociedade tenta levar essa questão para o lado biológico ou para um segmento político, mas a realidade brasileira é a de mulheres que sofrem violência todos os dias. “Basta visitar uma vara criminal e saber que isso é verdade. Todas as campanhas que se fizerem a respeito desse assunto são muito bem-vindas e nós estamos justamente no Agosto Lilás, que lembra essa questão. Todas as iniciativas são de extrema importância”, ressaltou.

    Quintin contou que na época em que preferiu a decisão citando cordel, recebeu muitas críticas de homens que o questionavam sobre a não existência de leis que os protejam em situações de violência doméstica. Segundo ele, é necessário lembrar que o homem tem proteção na legislação comum, do Código Penal e de outras leis que já existem. “Mas por conta dessa desigualdade fática que enfrentamos diariamente de mulheres vítimas todos os dias, temos uma lei específica e protetiva desse segmento social.

    O juiz destacou que de 2019 para cá houve melhorias na lei, como a punição para o crime de perseguição, também conhecido como stalker, para a violência psicológica. Também houve melhorias nas campanhas feitas por diversas entidades da sociedade civil. “Mas o que nós precisamos efetivamente é de maior fiscalização e maior atendimento às vítimas de violência doméstica que estão nos rincões do país, naquelas cidades do interior, em cidades onde o acesso às autoridades e aos seus direitos propriamente ditos fica dificultado. Nesses lugares mais distantes é onde vemos ocorrer com mais frequência violência de ares medievais contra mulheres”, afirmou Quintin.

    De acordo com o juiz, apesar de ter penas previstas na lei, a frequência dos feminicídios em casos de violência doméstica é muito maior do que os crimes de homicídio em outros campos. Ele acredita que se não houver uma ação rápida para tentar parar a violência doméstica no seu início, quando ainda está no estágio da ameaça psicológica ou perseguição, o segundo estágio já será de violência física.

    “Se nós não estancarmos essa violência logo no início, ela vai se graduando de forma a chegar a um feminicídio. São várias as ocasiões em que isso acontece na vida real e nos deixa entristecido. Eu tive o caso de um agressor que, no início, ameaçava e fazia crimes mais leves. Acabou que ele tentou matar a companheira, foi a julgamento, recebeu uma pena muito leve, foi solto em duas semanas e consumou o homicídio que havia tentado lá atrás. Isso acontece com frequência gigantesca, infelizmente”.

    Edição: Graça Adjuto