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  • CNA participa de audiência no STF sobre Marco Temporal para demarcação de terras indígenas

    CNA participa de audiência no STF sobre Marco Temporal para demarcação de terras indígenas

    A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) participou, na última quarta-feira (28), da segunda audiência da Comissão Especial de Conciliação no Supremo Tribunal Federal (STF) para discutir o marco temporal para a demarcação de terras indígenas, conforme estabelecido pela Lei 14.701/2023. O colegiado, criado pelo ministro Gilmar Mendes, visa promover o debate sobre a constitucionalidade da lei e avaliar as ações em tramitação na Corte sobre o tema, buscando um consenso.

    Marcelo Bertoni, presidente da Comissão Nacional de Assuntos Fundiários da CNA e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul), representou os produtores rurais na audiência. Em sua fala, Bertoni destacou a importância de os produtores serem ouvidos sobre o impacto do marco temporal em suas propriedades. “Participamos da reunião da Comissão Especial de Conciliação procurando soluções, fazendo propostas, e conseguimos na reunião de hoje trazer o sentimento do produtor rural sobre a questão. Essa era nossa angústia, que os produtores fossem ouvidos”, afirmou.

    Bertoni relatou a situação dos pequenos produtores rurais em Mato Grosso do Sul, muitos dos quais foram incentivados pelo governo a ocupar as terras para a produção de alimentos. Ele ressaltou que essas terras foram compradas e tituladas pelo Estado ou pela União há muitos anos. “Muitos territórios eram paraguaios. O Brasil vendeu terras, produtores foram colocados lá para cumprir a soberania nacional. As terras foram compradas, tituladas pelo Estado ou pela União. Eu tenho títulos das minhas áreas de 150 anos”, explicou.

    O presidente da Famasul também destacou as dificuldades enfrentadas pelos pequenos agricultores, como aqueles que cultivam alho e hortaliças, e que agora vivem sob constante ameaça de perderem suas propriedades e serem chamados de invasores. “Não está certo. Produtores rurais não tomaram terras dos índios”, afirmou Bertoni, reforçando o direito dos produtores à indenização caso tenham que deixar suas terras.

    Bertoni enfatizou a importância do cumprimento das decisões de reintegração de posse e apelou para que o STF estabeleça um critério nacional uniforme para todos os Estados. “Como é que eu falo para um produtor acreditar na Justiça se, quando a questão envolve indígenas, muitas vezes não se faz a reintegração de posse?”, questionou.

    Ele também alertou para a necessidade de resolver todas as questões de forma abrangente, evitando que o problema se torne um caos em todo o país. “Não adianta resolver dois, três casos, tem que resolver tudo. E para resolver tudo que se use um critério porque senão vão criar um caos no Brasil inteiro.”

    As próximas audiências da Comissão Especial de Conciliação estão agendadas para os dias 9 e 23 de setembro, onde o debate sobre o marco temporal continuará.

  • Frente Parlamentar da Agricultura se articula para derrubar veto do Marco Temporal

    Frente Parlamentar da Agricultura se articula para derrubar veto do Marco Temporal

    O veto parcial ao Marco Temporal pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva na sexta-feira (20) pode ser derrubado no Congresso Nacional. A Frente Parlamentar da Agricultura se articula para garantir os votos necessários para essa finalidade.

    Em nota, a FPA cita que vai envidar os esforços para garantir a derrubada dos artigos vetados pela presidência da República. “Diante das decisões recentes responsáveis por estimular conflitos entre a população rural brasileira – indígenas ou não, em desrespeito à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal, a FPA não assistirá de braços cruzados a ineficiência do Estado Brasileiro em políticas públicas e normas que garantam a segurança jurídica e a paz no campo. Buscaremos a regulamentação de todas as questões que afetam esse direito no local adequado, no Congresso Nacional”.

    A FPA diz acreditar que a discussão do Marco Temporal exige compromisso dos Três Poderes da República, com a devida lisura dos processos legislativos, garantindo que todas os brasileiros sejam ouvidos nesta legislação que pode retirar a dignidade de milhares de famílias brasileiras, responsáveis pela produção de alimentos para o Brasil e para o mundo.

    O texto da nota divulgada à imprensa, a FPA afirma que o Congresso Nacional aprovou a matéria após 16 anos de debates e audiências públicas, ultrapassando o número de votos necessários nas duas Casas Legislativas. Na Câmara dos Deputados 283 votos parlamentares votaram favoráveis contra 155 contrários. Já o Plenário do Senado Federal aprovou o texto por 43 votos a favor contra 21.

    “A decisão dos dois Plenários é soberana e deve ser respeitada pelos demais Poderes da República, em reconhecimento às atribuições definias na Constituição Federal. O Parlamento Brasileiro representa a pluralidade da sociedade em sua amplitude de Estados, partidos e de ideais”.

  • MPF defende veto ao projeto que validou marco temporal

    MPF defende veto ao projeto que validou marco temporal

    O Ministério Público Federal (MPF) defendeu nesta quinta-feira (19) que o presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, vete o projeto de lei que estabelece o marco temporal para a demarcação de terras indígenas. A matéria foi aprovada pelo Senado no mês passado, e o prazo para o presidente decidir se vetará o projeto termina nesta sexta-feira (20).

    Em nota pública, a Câmara de Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais do MPF afirma que o projeto é inconstitucional e argumenta que o regime jurídico de demarcações não pode ser alterado por meio de lei ordinária.

    “A proposta provoca restrições ao exercício dos direitos garantidos aos índios pela Constituição, que não são possíveis por meio de lei. Mais ainda, por se tratar de direitos fundamentais, configuram-se cláusulas pétreas cuja alteração, portanto, não seria possível nem mesmo por meio de proposta de emenda à Constituição”, afirma o MPF.

    O documento também ressalta que a tese do marco temporal foi considerada inconstitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

    “A tese do chamado marco temporal, introduzida pelo projeto de lei para impedir o reconhecimento da ocupação tradicional das terras indígenas que não estivessem em posse da comunidade indígena em 5 de outubro de 1988, restou afastada pelo Supremo”, completou o órgão.

    O projeto de lei foi aprovado após o STF considerar o marco temporal inconstitucional. Antes do julgamento, as decisões da Justiça poderiam fixar que os indígenas somente teriam direito às terras que estavam em sua posse no dia 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal, ou que estavam em disputa judicial na época.