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  • TCE alerta prefeitos de Mato Grosso: descumprir Marco Regulatório pode gerar parecer contrário à aprovação das contas

    TCE alerta prefeitos de Mato Grosso: descumprir Marco Regulatório pode gerar parecer contrário à aprovação das contas

    O presidente do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), conselheiro Sérgio Ricardo, alertou que, a partir de 2025, as contas de governo de municípios que estão desrespeitando a Resolução Normativa 7/2023 podem receber parecer prévio contrário à aprovação. A norma do TCE-MT diz respeito ao pagamento de salários determinados por lei, adicional de insalubridade e incentivo anual a agentes comunitários de saúde (ACS) e de combate às endemias (ACE) e vem sendo descumprida por diversos prefeitos, conforme apontado por representantes das categorias em reunião com o presidente nesta segunda-feira (4).

    Diante disso, Sérgio Ricardo anunciou que estabelecerá um ponto de controle referente ao tema na análise das contas anuais de governo das prefeituras. “A normativa 7/2023 diz que todo agente comunitário de saúde e todo agente comunitário de combate às endemias tem direito ao salário determinado por lei, que é hoje R$ 2.824, ao adicional de insalubridade e ao incentivo anual.  Mas tem muitos prefeitos que não estão respeitando a decisão do Tribunal. Então, a partir de agora essa questão vai ser ponto de controle e o gestor que não obedecer a determinação poderá ter suas contas reprovadas.”

    Na ocasião, o presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde de Mato Grosso (Sindacs), Domingos Antunes da Silva, também falou sobre a falta de repasses do Incentivo Financeiro Adicional (IFA). “Tem município que criou a lei, mas não está cumprindo, não está fazendo o repasse que vem do Governo Federal, e outros que ainda não criaram e precisam encontrar uma alternativa para contemplar as categorias. Chapada dos Guimarães, São José do Rio Claro e São Pedro da Cipa, por exemplo, estão descumprindo a norma”, afirmou.

    Domingos lembrou ainda que o Tribunal tem sido um dos principais aliados dos agentes comunitários na luta pelos seus direitos. “Nós só temos a agradecer ao presidente Sérgio Ricardo, que abriu as portas do Tribunal de Contas para nos receber. Sinto que agora os municípios terão que cumprir com a lei determinada pelo Tribunal de Contas e também respeitar a Lei Federal 11.350 de 2006. As Categorias dos ACS e ACE estão dentro da Constituição e esperamos que façam-se cumprir nossos direitos no âmbito federal, estadual e municipal”, pontuou.

    Marco regulatório

    Além da normativa 7/2023, o TCE-MT instituiu no ano passado uma das mais importantes conquistas de ambas as categorias: o Marco Regulatório que unificou o entendimento sobre os direitos dos profissionais nos 142 municípios de Mato Grosso, extinguindo falhas na interpretação da Emenda Constitucional 120/2022 e da Lei 11.350/2006, que regulamentam as atividades. Homologado no mês de outubro, o Marco é resultado de mesa técnica solicitada por Sérgio Ricardo e beneficia cerca de 8 mil agentes em todo o estado.

    Para garantir o cumprimento das normas, em 2024 o Tribunal lançou uma cartilha destinada aos gestores, que detalha os direitos e deveres dos profissionais. “Os agentes comunitários entram onde muito médico e muito político não tem coragem de entrar. São eles que vão lá na última casa, da última rua, do último município para atender a população. Esses profissionais atuam na ponta e deles depende a vida ou a morte de milhares de pessoas”, concluiu o conselheiro-presidente.

  • Produção de biocombustíveis avançados ganha impulso com novo marco regulatório

    Produção de biocombustíveis avançados ganha impulso com novo marco regulatório

    Foi sancionada nesta terça-feira, 8 de outubro, pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a Lei do Combustível do Futuro, que funciona como novo marco regulatório, e que estabelece o incentivo ao diesel verde, biometano, combustível sustentável de aviação e o aumento das misturas de etanol à gasolina e biodiesel ao diesel.

    A proposta, aprovada pelo Congresso Nacional, em convergência com Ministério de Minas e Energia (MME), contou com contribuição da Embrapa, que participou ativamente do processo de concepção, por meio da participação no grupo de trabalho (GT) de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), na revisão e na aprovação, por meio de notas técnicas e participação em audiências públicas sobre o tema. A nova lei representa um avanço significativo nas políticas de incentivo ao uso de combustíveis renováveis e à ampliação de matrizes energéticas mais sustentáveis no país.

    “O Brasil é o país que vai fazer a maior revolução energética no planeta Terra. Hoje temos mais de 5 milhões de propriedades rurais e muitos empresários no setor agroenergético, que podem garantir a produção de alimentos e biocombustíveis. E o Brasil tem a Embrapa, que hoje é modelo para o mundo”, afirmou o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de sanção da lei.

    O novo marco legal cria uma série de iniciativas de fomento à descarbonização da economia, mobilidade sustentável e transição energética no país, como o Programa Nacional do Diesel Verde (PNDV), Programa Nacional do Bioquerosene de Aviação (ProBioQAV), dentre outros incentivos para estimular o desenvolvimento de combustíveis sintéticos, etanol e biodiesel. “A Lei do Combustível do Futuro é muito ampla e representa um marco legal histórico para os setores de energia, agricultura e transporte no país. Muitas oportunidades de PD&I devem surgir a partir dessa regulamentação, o que pode colocar o Brasil como protagonista no fornecimento de fontes energéticas mais sustentáveis a nível global”, afirma Silvia Massruhá, presidente da Embrapa.

    Para Alexandre Alonso, chefe-geral da Embrapa Agroenergia (Brasília, DF) – uma das unidades da empresa mais envolvidas com a concepção e tramitação do da proposta dos combustíveis do futuro – , com a sanção da lei há grande expectativa tanto de aumento na produção e uso de biocombustíveis tradicionais como o etanol e o biodiesel decorrente do aumento das misturas mandatórias, quanto de uma maior diversificação de biocombustíveis, a partir da incorporação de novas opções como o biometano, o diesel renovável (verde) e o combustível sustentável de aviação, também chamado de SAF (Sustainable Aviation Fuel, em inglês).

    “Esse aumento de demanda e diversidade de biocombustíveis, exigirá mais da agricultura brasileira. Para atender a crescente demanda por etanol, por exemplo, (que pode ser utilizado tanto como um biocombustível diretamente quanto como matéria-prima para produção de outros biocombustíveis, a exemplo do SAF) precisaremos aumentar a oferta de cana-de-açúcar e milho. Para tanto novos investimentos em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) serão cruciais para aumentarmos a produtividade agrícola dessas culturas”, afirma o gestor.

    Atenta a essa demanda, a Embrapa finaliza a estruturação de um Programa de Pesquisa em Cana-de-Açúcar. Esse novo programa deverá resultar no estabelecimento de redes de pesquisa internas, que buscarão desenvolver tecnologias para segmentos estratégicos apontados em consulta realizada no setor e no estabelecimento de uma plataforma de colaboração, que permitirá à empresa estabelecer novos arranjos de cooperação diretamente com o setor produtivo.

    O mesmo ocorrerá para o biodiesel e para viabilizar o diesel renovável, também chamado de HVO (Hydrogenated Vegetable Oil, em inglês), uma vez que a produção destes biocombustíveis demandará cada vez mais óleos de origem vegetal, abrindo oportunidades de PD&I. Nesse sentido, uma das apostas da Embrapa está na produção destes biocombustíveis, a partir da macaúba, uma palmeira brasileira nativa.

    “Devido sua alta produtividade frente a outras oleaginosas como a soja e a palma (dendê), a macaúba é considerada fonte estratégica de biocombustível”, afirma Alonso. Em junho deste ano, lideranças científicas da Embrapa, da Acelen Renováveis e da Embrapii, deram início a um projeto de desenvolvimento tecnológico das espécies de palmeira macaúba para produção de combustível sustentável de aviação.

    O objetivo é domesticar a macaúba e implementar lavouras comerciais para fins de extração de óleos de alta qualidade e aproveitamento dos resíduos agroindustriais para a geração de bioprodutos. O aporte financeiro estimado para o projeto é de R$ 13,7 milhões em cinco anos.

    Biometano e combustível sustentável de aviação

    Uma das grandes oportunidades criadas pela nova lei é o incentivo à produção de biocombustíveis avançados como o biometano e o combustível sustentável de aviação. “Há uma forte pressão para a redução das emissões de carbono na indústria de transformação e na aviação e ainda não há rotas tecnológicas definidas em larga escala para a produção de combustível sustentável, a fim de atender estes setores”, explica Alonso.

    No caso da demanda industrial, há grande potencial de utilização do biometano produzido a partir da biodigestão de resíduos agrícolas, como substituto ao gás natural. Dada a quantidade de resíduos agrícolas produzidos no Brasil, diversos estudos apontam que mais de 60% de todo o potencial de geração de biometano no país está associado a rotas que exploram a biodigestão de resíduos agrícolas.

    Já no caso do segmento de aviação a aposta recai sobre o SAF, que pode ser produzido a partir do etanol (por meio de um processo chamado de  Alcohol to Jet ou ATJ, na sigla em inglês) ou por hidrogenação de óleos vegetais (por meio de um processo chamado de HEFA – Hydroprocessed Esters and Fat Acids, em inglês). “Em ambos os casos (biometano e SAF), a agricultura deverá ter papel primordial por ser fonte de matéria-prima de baixa emissão de carbono. Por isso mesmo, a expectativa mundial é grande e as atenções estão voltadas para o Brasil, uma vez que é o país com o maior potencial para atender a demanda”, complementa Alonso.

    Pauta Verde

    Nos últimos anos, a Embrapa vem atuando intensamente na chamada “Pauta Verde”, agenda prioritária do governo brasileiro e do poder legislativo. Gestores e pesquisadores da Empresa vêm participando de audiências públicas, grupos de trabalho e notas técnicas, a fim de subsidiar cientificamente políticas públicas, como a lei dos combustíveis do futuro, o marco legal do hidrogênio de baixa emissão de carbono, o marco do legal do mercado de carbono, o programa de aceleração da transição energética, entre outros.

    “Observamos uma convergência de interesses dos setores executivo e legislativo do país nesses temas ligados à bioeconomia, descarbonização e sustentabilidade, em que a Embrapa já é protagonista, o que se configura como um importante espaço de articulação e contribuição técnica da Empresa”, explica Cynthia Cury, chefe da Assessoria de Relações Governamentais e Institucionais da Embrapa.

    Com a aprovação da Lei do Combustível do Futuro, Cury acredita que a pesquisa agropecuária brasileira ainda terá muito a contribuir com dados, conhecimentos e tecnologias que possibilitem a implementação destas políticas públicas, voltadas para agenda de descarbonização da economia do país. “O trabalho está só começando”, finaliza.