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  • Governo firma acordo para ampliar agricultura irrigada e segurança energética no Brasil

    Governo firma acordo para ampliar agricultura irrigada e segurança energética no Brasil

    Os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; e da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, assinaram nesta quarta-feira (5) um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) para promover a integração entre agricultura irrigada e segurança energética no Brasil. A iniciativa está alinhada à Política Nacional de Irrigação (Lei nº 12.787/2013) e busca superar desafios estruturais, como a deficiência na infraestrutura energética e a baixa adoção de tecnologias modernas no setor agropecuário.

    O ACT faz parte de um conjunto de ações voltadas à expansão sustentável da agricultura irrigada, seguindo as diretrizes do Plano ABC+ (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). Além de fortalecer a segurança alimentar e energética do país, a medida deve impulsionar o desenvolvimento socioeconômico por meio do aumento da produtividade e da criação de novos postos de trabalho no campo.

    Expansão da irrigação e impacto econômico

    Atualmente, o Brasil utiliza apenas 8,5 milhões de hectares para irrigação, um número muito abaixo do potencial estimado de 54 milhões de hectares, segundo estudos da Esalq/USP e do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Com a ampliação da área irrigada, será possível aumentar significativamente a produtividade agrícola, permitindo até três safras anuais na mesma área e reduzindo a vulnerabilidade do setor às oscilações climáticas.

    O fortalecimento da agricultura irrigada também trará impactos positivos para a geração de empregos. Estima-se que cada hectare irrigado possa criar até 1,2 novos postos de trabalho, melhorando a renda dos produtores rurais e reduzindo desigualdades regionais. Além disso, a maior oferta de alimentos no mercado tende a estabilizar os preços e beneficiar diretamente os consumidores.

    Impulsionar irrigação e energia no campo

    Durante o evento, foi lançada a “Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e Projetos de Irrigação do Brasil”, uma iniciativa conjunta entre os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e de Minas e Energia (MME).

    Segundo o ministro Alexandre Silveira, a ação busca garantir um fornecimento de energia mais eficiente para as lavouras, incentivando o uso de fontes renováveis e otimizando a irrigação. “Vamos levar nossa energia de forma ainda mais robusta às lavouras e incentivar os agricultores a irrigarem suas culturas de maneira mais eficaz, aproveitando melhor a água e a luz do sol para aumentar a produtividade no campo”, destacou.

    Para o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, a iniciativa reforça o compromisso do governo federal com o desenvolvimento sustentável e a inclusão social. “Esse momento é resultado do trabalho de muitas pessoas dedicadas para fortalecer ainda mais a política de irrigação, a produção de alimentos de baixas emissões e a redução das desigualdades no campo”, comemorou.

    Com essa parceria estratégica entre os ministérios, o governo busca consolidar a irrigação como um dos pilares da produção agrícola brasileira, garantindo segurança hídrica, energética e alimentar para o país.

  • CNA avança em estudo sobre energia elétrica para agricultura irrigada e define plano de ação para 2025

    CNA avança em estudo sobre energia elétrica para agricultura irrigada e define plano de ação para 2025

    A Comissão Nacional de Irrigação da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) realizou, na terça-feira (28), uma reunião híbrida para validar regionalmente os primeiros mapas e dados do estudo sobre energia elétrica para a agricultura irrigada. O encontro também definiu o plano de ação da comissão para 2025, com foco em melhorias na infraestrutura energética e no desenvolvimento sustentável do setor.

    O presidente da Comissão, David Schmidt, conduziu a reunião com o apoio da assessora técnica da CNA, Jordana Girardello, e a participação de representantes das federações estaduais de agricultura e pecuária e de associações do setor. O estudo, desenvolvido em parceria com a Universidade de Itajubá (MG), tem como objetivo mapear a demanda atual de energia elétrica para a agricultura irrigada no Brasil e identificar os principais gargalos que limitam o crescimento do setor.

    Segundo Jordana Girardello, o estudo permitirá visualizar a potência demandada pelo setor de irrigação e os pontos de déficit de potência já existentes. “Com esses dados, poderemos projetar os investimentos necessários em redes e subestações para que o Brasil atinja todo o seu potencial de crescimento nas áreas irrigadas”, explicou.

    O professor Afonso Santos, da Universidade de Itajubá, apresentou os avanços do estudo durante a reunião. Ele destacou que os produtores rurais enfrentam desafios significativos ao adotar a tecnologia de irrigação, como sistemas obsoletos, falta de redes de energia e infraestrutura deficiente. “Esses problemas têm prejudicado o desenvolvimento da irrigação no país”, afirmou.

    David Schmidt ressaltou que as federações e os estados estão engajados no estudo, que servirá como base para reivindicar melhorias na rede elétrica em todo o país. “O estudo trará recortes macro e alertas estaduais, que poderão ser detalhados para apontar os investimentos necessários e os ajustes que as concessionárias de energia precisam fazer para atender os produtores rurais”, disse.

    Além do estudo, a reunião abordou a agenda de trabalho da comissão para 2025, que inclui a preparação para a COP 30, marcada para ocorrer entre 10 e 21 de novembro, em Belém (PA). O coordenador de Sustentabilidade da CNA, Nelson Ananias, participou do encontro e destacou a importância da irrigação como uma das tecnologias sustentáveis do Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono). “A irrigação será um tema central na nossa agenda preparatória para a COP 30, onde discutiremos estratégias para o desenvolvimento sustentável da agricultura”, afirmou.

    A reunião reforçou o compromisso da CNA em promover a modernização da infraestrutura energética e o crescimento sustentável da agricultura irrigada no Brasil, garantindo maior produtividade e competitividade para o setor.

  • Oeste baiano supera Minas Gerais e se torna o maior polo de irrigação do Brasil

    Oeste baiano supera Minas Gerais e se torna o maior polo de irrigação do Brasil

    O extremo oeste da Bahia conquistou o posto de maior polo de irrigação por pivôs centrais no Brasil, ultrapassando o Noroeste de Minas Gerais, que liderava o ranking até recentemente. A revelação é de levantamento realizado pela Embrapa, com dados até outubro de 2024, que mostrou uma expansão de quase 300 mil hectares irrigados no País em relação à última análise, feita em 2022, pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). De acordo com o levantamento atual, 2,2 milhões de hectares são irrigados por pivôs centrais no Brasil. Em 2022, a área correspondia a 1,92 milhão de hectares.

    “Os dados de hoje revelam um crescimento em áreas irrigadas acima de 14% em apenas dois anos, comprovando a dinâmica do setor,” declara o pesquisador Daniel Guimarães, da área de Agrometeorologia da Embrapa Milho e Sorgo (MG), um dos autores do estudo, que contou com a participação da pesquisadora da área de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto, Elena Charlotte Landau.

    Acréscimo de 140 mil ha e 3,8 mil pivôs de irrigação

    Os resultados obtidos com o levantamento mostraram uma área de 2.200.960 hectares irrigada por 33.846 pivôs centrais, com um acréscimo de 140.842 hectares e 3.807 novos equipamentos de irrigação. “Os municípios com as maiores áreas irrigadas por pivôs centrais no País são São Desidério, na Bahia, com 91.687 hectares; Paracatu, em Minas, com 88.889 hectares; Unaí, também em Minas Gerais, com 81.246 hectares; Cristalina, em Goiás, com 69.579 hectares; e Barreiras, na Bahia, com 60.919 hectares”, enumera o pesquisador.

    De acordo com Guimarães, esse crescimento está relacionado às condições topográficas, às facilidades de implantação dos empreendimentos, ao uso das águas do Aquífero Urucuia e ao armazenamento da água de irrigação em tanques de geomembrana. “As tendências de crescimento das principais áreas irrigadas mostram que em breve o município de Barreiras (BA), também deverá superar Cristalina, (GO)”, adianta o pesquisador. Segundo ele, Minas Gerais continua sendo o estado com maior área irrigada por pivôs centrais no País (637 mil hectares), e a Bahia superou Goiás, ocupando atualmente o segundo lugar, com uma área irrigada de 404 mil hectares.

    Entre os biomas brasileiros, mais de 70% dos equipamentos de irrigação estão localizados no Cerrado, e apenas o Pantanal não registrou o uso de irrigação por pivôs centrais no atual levantamento. Mais de 70% dos equipamentos de irrigação do País usam águas oriundas das bacias hidrográficas do Rio Paraná (37,7%) e do Rio São Francisco (33,1%). “O dimensionamento das áreas irrigadas e o status de uso desses equipamentos (inativos ou cultivados) são fundamentais para a gestão eficiente dos recursos hídricos no País, além de permitirem a expansão dessa atividade de forma sustentável e reduzirem os conflitos pelo uso da água”, analisa o pesquisador.

    Maioria da produção agrícola brasileira depende das chuvas

    Apesar de o Brasil ser um dos grandes produtores globais de alimentos, bioenergia e fibras, a maior parte de sua produção agrícola é baseada em sistemas de sequeiro, ou seja, dependente das chuvas. “A área brasileira irrigada, de acordo com as atuais estatísticas da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), corresponde a apenas 2,6% da área irrigada global, apesar de termos cerca de 12% da água superficial e as maiores reservas de água subterrânea (aquíferos) do planeta”, analisa Guimarães.

    “A área total irrigada do Brasil, de cerca de 9,2 milhões de hectares – incluídos todos os sistemas de irrigação como o uso de gotejamento, inundação e aspersão convencional, por exemplo – é menor que as áreas irrigadas do Irã e Paquistão, três vezes menores que a dos Estados Unidos e oito vezes menor que as áreas irrigadas da China e Índia”, compara o pesquisador.

    As principais vantagens do uso da irrigação, segundo ele, estão relacionadas ao aumento da produtividade por área (entre duas e três vezes em relação aos cultivos não irrigados), qualidade e estabilidade da produção, produção na entressafra, além da redução na pressão para expandir a fronteira agrícola.

    A desvantagem, conforme o cientista, está no grande consumo de água dos mananciais. A maioria dos aquíferos está em processo de depleção, em que a recarga é menor que o volume retirado, como o Aquífero Ogalalla, nos Estados Unidos, principal fonte de água do estado de Nebraska, que tem a maior área irrigada daquele país.

    “O rebaixamento do nível de água dos aquíferos traz grandes desafios para a produção de alimentos no futuro associados à menor oferta de água em longo prazo, maiores custos de bombeamento, redução nas vazões das águas superficiais e tendência de salinização das águas subterrâneas”, alertam Guimarães e Landau.

    Ainda segundo eles, os eventos climáticos extremos, como estiagens prolongadas, ondas de calor e excesso de chuvas, têm impactado de forma negativa a produção agrícola de sequeiro no Brasil, além de provocar abalos no mercado interno e na pauta das exportações. “Essas volatilidades inerentes à produção de sequeiro têm refletido na tendência de crescimento da agricultura irrigada no Brasil”, completa o pesquisador.

    Além das vantagens comparativas do Brasil em termos de quantidade e qualidade das águas superficiais e subterrâneas, a Agência Nacional de Águas faz o monitoramento dos recursos hídricos e das principais fontes de consumo. A agricultura irrigada é a principal usuária desses recursos, especialmente no caso da irrigação de arroz e cana-de-açúcar por pivôs centrais.

    De acordo com ambos os pesquisadores da Embrapa, o sistema de irrigação por pivôs centrais apresenta a maior tendência de crescimento e vem sendo monitorado desde 1985, por meio de parcerias da Agência Nacional de Águas com a Embrapa e outras instituições.

  • CNA discute outorga e efeitos da irrigação na economia brasileira

    CNA discute outorga e efeitos da irrigação na economia brasileira

    A CNA discutiu os efeitos econômicos e sociais da ampliação da área irrigada no Brasil, durante o 2º workshop Setor Agropecuário na Gestão da Água – Polos de Agricultura Irrigada, na terça-feira (19).

    O evento recebeu diversos profissionais do setor, entre eles, o coordenador de Análises Econômicas do Grupo de Pesquisa de Políticas Públicas da Esalq/USP, Joaquim Bento de Souza Ferreira Filho, que apresentou um estudo que simula cenários de ampliação das áreas irrigadas até 2040.

    Segundo a análise, em um cenário com 4,2 milhões de hectares irrigados há um acúmulo de R$ 71 bi de investimentos na economia, sendo R$ 16,3 bi (0,23%) de aumento no consumo real das famílias e redução no preço dos alimentos.

    Em outro cenário, com ampliação da área em mais 6,2 milhões de hectares irrigados, a economia do país cresceria R$ 102,8 bilhões, com redução de 0,45% no preço dos alimentos e R$ 23,4 bi de aumento no consumo real das famílias.

    O estudo também analisou as principais culturas impactadas nos dois cenários. Arroz, trigo e outros cereais se destacaram com crescimento entre 20 e 29,6%. A exportação desses produtos também cresceria.

    “Para cada R$ 1 real investido na agricultura irrigada, haveria um retorno social de R$ 0,36 na economia. Um retorno muito maior do que de alguns programas sociais, inclusive.” explicou o professor.

    Estudo sobre irrigação

    O estudo foi elaborado por solicitação do Ministério da Agricultura e contou com informações de diversas instituições, entre elas, a CNA.

    “Esse estudo foi criado para mostrarmos a importância de se desenvolver a irrigação sem abrir novas áreas ou desmatar. É um cenário otimista e realista, não há extravagância, com alguns detalhes é possível expandir a área irrigada no país”, afirmou Gustavo Goretti, coordenador-geral de Irrigação e Conservação de Solo e Água do Mapa.

    Outorga

    Outro ponto discutido no workshop foram as concessões para uso da água, as outorgas, com a participação do superintendente de Regulação de Usos de Recursos Hídricos da ANA, Marco Neves, e do coordenador de Regulação de Usos em Sistemas Hídricos Locais, Bruno Collischonn.

    Marco Neves abordou a elaboração da plataforma Águas Brasil que integra o sistema de outorgas dos estados e busca simplificar o processo para adquirir o direito de uso dos recursos hídricos.

    “A ANA emite cerca de 80 outorgas por semana, por isso essa plataforma que é moderna, disjuntiva e integrada vai agilizar a emissão do documento e entregar inclusive outorgas instantâneas, onde tiver disponibilidade hídrica”, disse. “É de livre adesão, mas acredito que à medida que for funcionando, vai atrair a participação cada vez mais dos estados”, ressaltou.

    O coordenador de Regulação de Usos em Sistemas Hídricos Locais, Bruno Collischonn, falou sobre as outorgas com gestão de garantias e prioridade (OGP) e gestão compartilhada (OGC) que a agência está desenvolvendo em duas bacias hidrográficas brasileiras como projeto piloto ou ‘sandbox’, termo usado para designar um ambiente regulatório experimental.

    O primeiro modelo não tem limite para emissão de outorgas, há ranking de prioridade e restrição somente se um usuário mais prioritário ficar sem água. Já o segundo tem limite formal de vazão estabelecido por resolução da ANA.

    “Todo ano verificamos como a água dos rios vai se comportar para darmos uma previsão aos produtores que devem se organizar sobre o quanto vai ser plantado naquele ano”, afirmou Collischonn.

    De acordo com ele, atualmente a morosidade das outorgas depende de sistemas e critérios na tomada de decisão, porém, “sabemos que traz segurança jurídica para o produtor e estamos buscando formas de atender um maior número de usuários”, ressaltou.

    Experiências sobre irrigação compartilhadas

    Os produtores rurais Lessivan Pacheco e Bruno Brunner trouxeram suas experiências com os tipos de outorga citadas por Bruno Collischonn.

    “Eu quero crer que vai dar certo, a gente está fazendo de tudo para dar certo, porque é uma oportunidade única dentro do Brasil, estamos tendo a possibilidade de colocar os equipamentos de irrigação, e garantindo nem que seja uma safra bem-feita com o uso da água. Não é só uma questão socioeconômica do produtor rural, mas sim de toda uma região”, disse Bruno Brunner, produtor na bacia do Rio Bezerra, localizada entre Tocantins e Goiás.

    Lessivan Pacheco, produtor na bacia do Médio Pardo, explica que o projeto na região é recente e a expectativa sobre os resultados é positiva.

    “É uma expectativa fundada em um diálogo que nós temos com a ANA desde 2017, quando tivemos uma crise hídrica. Inclusive tivemos várias reuniões na associação para discutirmos a iniciativa e para nós é muito positivo a agência estar conversando com o usuário.”

    O presidente da Comissão Nacional de Irrigação da CNA, David Schmidt, ressaltou a necessidade do setor se unir para planejar e aperfeiçoar iniciativas como essas.

    “Esses dois projetos vão ser um alívio para diversas outras bacias que demandam soluções alternativas na parte de regulação”, afirmou. “E com certeza vão ajudar o país a chegar na meta de aumentar 60% da produção para atender a demanda de alimentos no mundo, que terá o Brasil como principal player.”

  • Mudanças climáticas pressionam por mais irrigação nos Cerrados

    Mudanças climáticas pressionam por mais irrigação nos Cerrados

    No Brasil, 55 milhões de hectares têm potencial para serem irrigados, informa o pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues. Atualmente, apenas 9 milhões de hectares contam hoje com irrigação. Para discutir a produção sustentável de alimentos no Cerrado, especialistas, pesquisadores e representantes do poder público, além de produtores e empresários, participaram do I Seminário sobre Agricultura Irrigada no Cerrado.

    Segundo o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldes Góes, a água se tornou um dos nove eixos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), o que mostra a relevância do tema para o País: “Nós temos um potencial gigante para política de irrigação, uma vez que temos um país de dimensão continental. Estamos nos organizando, desde o ano passado, para retomar a reestruturação da política de irrigação e inclui-la como um novo subeixo do PAC”.

    Góes lembrou que essa política traz desafios e também compromissos, como a redução das desigualdades social e econômica das populações, das emissões de gases de efeito estufa, da pobreza e da fome e o aumento da produção de alimentos.

    A irrigação e o aumento da produção de alimentos

    O pesquisador da Embrapa Cerrados, Lineu Rodrigues, apresentou dados de um levantamento mundial que apontou que a possibilidade de falta de água ou de alimento representam 60% das preocupações do ser humano. “Quando olhamos a situação do mundo, temos cerca de 800 milhões de pessoas no mundo que passam fome e quatro entre dez pessoas vivem em lugares onde não tem água suficiente”, informou.

    Com a irrigação, é possível intensificar a produção de alimentos, sem a necessidade de abrir novas áreas para a atividade agropecuária. Rodrigues informou que, até 2050, será necessário aumentar a produção de alimentos entre 60% e 100%. Desse aumento, 50% deverá ocorrer no Brasil, sendo 50% no Cerrado. “Para produzir essa quantidade extra de alimento sem irrigação, será necessário incorporar ao sistema produtivo de 180 a 300 milhões de hectares no mundo. Quando pensamos em intensificação da produção, não tem nenhuma tecnologia melhor do que a irrigação”, garantiu.

    Rodrigues citou o caso do milho, que, na década de 1980, tinha média nacional de produção de 3 toneladas por hectare, quando já era possível produzir 16 toneladas por hectare. “E por que que não se produzia 16? Grande parte era por falta de água”, explicou, principalmente porque a agricultura familiar do Brasil não utilizava irrigação.

    Entre os benefícios da irrigação, o pesquisador destacou a estabilidade, já que reduz a variabilidade anual da produção: “Se tem estabilidade, você pode planejar. Ela permite desenvolver a região e melhorar a vida das pessoas”.

    O especialista explicou ainda que a necessidade de irrigação não está ligada à quantidade de chuva e sim, à sua distribuição, e que a tecnologia está baseada, principalmente, em três pilares: água azul, energia e legislação. “A legislação, muitas vezes, atrapalha o desenvolvimento do país e tira a possibilidade de as pessoas melhorarem suas vidas. O instrumento da outorga, por exemplo, é excelente, mas os critérios são muito restritivos. Essa restrição ao uso da água está criando diferença social no campo. Isso causa um problema de desenvolvimento social”, defendeu.

    Existem hoje no Brasil mais de 37 milhões de hectares de pastagens em estágio de degradação severa. “Essa área, com irrigação, poderia ser melhor aproveitada para produção de alimentos”, acredita Rodrigues.

    Estudos relacionados ao uso da água para produção agrícola

    Durante o seminário, foi lançado o livro “Agricultura Irrigada do Cerrado: Subsídios para o Desenvolvimento Sustentável”, 2ª edição ampliada e revisada, disponível no Portal da Embrapa. Autores de capítulos dessa publicação apresentaram estudos relacionados às suas especialidades.

    Sin Chan Chou, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), abordou as mudanças climáticas no Cerrado. Com base em dados de 57 anos (1961-2017), seus estudos mostram aumento na duração das estiagens, redução dos dias chuvosos, sinais mistos para chuvas torrenciais e redução da chuva total. “Precisamos fazer estudos sobre as mudanças climáticas para identificar, no futuro, os problemas que virão junto com elas, os riscos que teremos. Mas não são só riscos, também surgem oportunidades. Podemos aproveitar esses momentos como oportunidades. Esses estudos se juntam para nos apoiar nas medidas de adaptação”, explicou.

    Sobre as projeções para o futuro, a pesquisadora desenvolveu modelos climáticos matemáticos que geraram cenários climáticos possíveis até o final do século: “Em geral, há um sinal de aumento da duração das estiagens”. Outro ponto para o qual Chou chamou atenção é relativo à disponibilidade hídrica, que é a diferença entre a precipitação e a evaporação. “Como há um aumento da temperatura, a evapotranspiração aumenta, mas a chuva compensa. O que está acontecendo nessas projeções é que a chuva também está diminuindo e a temperatura está aumentando. Então essa quantidade de chuva que cai não está compensando a transpiração. A tendência no futuro, segundo as projeções, é uma disponibilidade hídrica com saldo negativo”, destacou.

    Sobre a geologia do Cerrado, tema do trabalho de Marcelo da Silva, do Serviço Geológico do Brasil, o especialista explica que a fauna e a flora são fortemente controladas pela natureza, pela composição e a estruturação das rochas de uma região. São essas rochas que determinam o relevo e dão origem aos solos, ditando a necessidade ou não do uso de fertilizantes e de outros aditivos para seu cultivo. “Por essa razão, os solos do Cerrado são extremamente pobres para o cultivo, ácidos, muito ricos em alumínio e sílica. As pessoas não sabiam como desenvolver, não tinham as técnicas para desenvolver a agricultura nessas condições”, enfatiza.

    O especialista defendeu a necessidade da compreensão do substrato rochoso como elemento fundamental para a distribuição do Cerrado no território e a formação das diversas paisagens do bioma.

    Já o potencial hidrogeológico relaciona-se às águas subterrâneas, geralmente desconhecida pela sociedade, já que é um recurso que não se vê, por estarem embaixo dos solos. Elas estão armazenadas em reservatórios chamados aquíferos. José Eloi Campos, professor da Universidade de Brasília (UnB), observou que essas águas, historicamente, não têm recebido a mesma atenção que as águas superficiais por parte das políticas públicas, gestores ou mesmo pelos setores que utilizam esse recurso.

    Apesar dessa pouca visibilidade, Campos informou que alguns estados já estão utilizando esse recurso, como é o caso das lavouras de café na região de Araguari (MG), irrigadas com água do aquífero Bauru. Os estados de São Paulo, Bahia, Minas Gerais e Goiás são os que mais dependem das águas subterrâneas.

    A água subterrânea é acessada por poços. Segundo o Serviço Geológico do Brasil, existem mais de 56,5 mil poços no bioma Cerrado, cujas vazões somam 300 mil metros cúbicos por hora (7,2 bilhões de litros de água por dia). “Mas sabemos que esses poços não são usados para irrigação, são basicamente para abastecimento urbano e rural. O potencial de uso de água subterrânea no Cerrado é muito maior do que o que é usado hoje”, destacou. No entanto, o professor alerta: “Temos o risco de sobrexplotação, que é tirar mais do que a natureza repõe. Com isso, vamos chegar a um colapso – vai secar nascente, vai secar drenagem de curso d’água superficial e depois vai secar o aquífero. É o que ninguém quer. Por isso, é importante saber o quanto de água há no reservatório, qual é o tipo do aquífero e usar a água dentro do limite que a natureza nos permite”.

    Éder Martins, pesquisador da Embrapa Cerrados, reforça que os cuidados com o solo são fundamentais para manter um equilíbrio entre os elementos que compõem a natureza e garantir a sustentabilidade da agricultura. “Se não fazemos um bom manejo do solo, nós compactamos o solo. Se compactamos o solo, diminuímos a recarga do aquífero. Se contaminamos o solo, contaminamos o aquífero. Se não o usamos bem, nós perdemos o solo por erosão”, enfatizou.

    Segundo especialista em solos do Cerrado, a agricultura intensiva, de grande escala, é praticada nos planaltos, que são polos de irrigação onde predominam os latossolos. Martins explicou que é nas depressões que é possível intensificar a agricultura: “É onde estamos convertendo pastagens de baixa produtividade em áreas agrícolas e de produção bovina de alta eficiência. Pensando em políticas públicas e gestão dos processos da irrigação, nossa sugestão é fazer investimento em projetos justamente nas áreas de depressão. Assim, vamos contribuir para a conversão das áreas de baixa produtividade em áreas com maior intensificação da produção”.

    Para finalizar, a advogada Regina Caixeta, da Barbosa e Caixeta Advocacia, apresentou os aspectos da legislação ambiental o, elencando códigos, leis, decretos e projetos em tramitação que tratam da proteção do Cerrado nos estados e defendeu o Programa de Regularização Ambiental (PRA): “Eu acredito muito no PRA, apesar de estarmos atrasados em relação à sua implantação. Se dermos a oportunidade de o produtor identificar aquelas áreas que são passíveis de recuperação e, dentro de um projeto, ele poder realizar essa recomposição das áreas a longo, médio prazo, de acordo com a necessidade, eu penso que tem tudo para dar certo”.

    A advogada reforça ainda a importância da conscientização dos produtores, que pode ser feita dentro do programa. “Não necessariamente, o produtor precisa recuperar só aquilo que o código florestal está determinando. Se trabalhamos na conscientização, que é um trabalho importante que as associações têm feito, o produtor pode pensar em recuperar um pouco mais, que são as áreas de recarga hídrica, que são mais ou tão importantes quanto as APPs [áreas de preservação permanentes], que são obrigatórias.

    Políticas públicas para o tema

    Durante a abertura, representantes de diversos órgãos do Governo Federal apresentaram iniciativas relacionadas à irrigação. O Secretário Nacional de Segurança Hídrica, Giuseppe Vieira, destacou a irrigação como opção de estabilidade produtiva, necessária para atender as expectativas de aumento de produção de alimento para o Brasil e o para o mundo nos próximos anos. “O grande desafio que temos é a gestão eficiente dos recursos hídricos. No Cerrado, estão concentrados mais de 80% dos pivôs centrais que existem no País. Dentro do cenário de inconstâncias climáticas, a alternativa de utilizar a irrigação é a mais viável para garantir a estabilidade produtiva, a expectativa que o mundo tem em relação com o Brasil”, enfatizou.

    Segundo o secretário, a ONU e a FAO já projetam a demanda de produção de alimentos para os próximos anos e trazem o Brasil como o promotor dessa atividade, tanto para assegurar a soberania nacional como para garantir o alimento para o mundo e reforçou: “Dentro desse cenário, temos a pressão sobre os recursos hídricos. E hoje temos um ambiente propício para discutir em alto nível com os pesquisadores, com a presença do setor da agricultura irrigada. É uma grande oportunidade entendermos os desafios que temos para a expansão da agricultura irrigada no bioma Cerrado, para que possam ser bem conduzidos e superados e a atividade possa crescer, mas sem perder de vista a sustentabilidade”.

    A superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Luciana Barros, destacou o FCO Irrigação com um instrumento para financiar projetos de irrigação e drenagem com taxas diferenciados, que tem como objetivo induzir o desenvolvimento de uma forma mais sustentável.

    Já o diretor interino da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), Marco José Neves, apresentou a inciativa desenvolvida junto com o Serviço Nacional de Processamento de Dados (Serpro), a plataforma Águas Brasil, que integrará todas ações relacionadas à outorga, com acesso aos estados, para agilizar os processos.

    Sobre as iniciativas no Cerrado, o diretor-presidente da Companhia Nacional de Irrigação dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), Marcelo Moreira, informou: “Nós temos vários projetos de agricultura irrigada no oeste da Bahia e estamos desenvolvendo novos projetos no Distrito Federal e em Goiás. Há também investimentos na agricultura familiar, como forma de incentivar os pequenos produtores a produzir, terem renda própria e constituírem pequenos polos de irrigação”.

    Giuseppe Vieira garantiu que todas as discussões do seminário serão utilizadas de forma estratégica para que seja possível continuar avançando com a atividade da agricultura irrigada, considerando ainda a sustentabilidade, a preservação do meio ambiente e a eficiência gestão dos recursos hídricos.

  • Estresse hídrico: Inteligência artificial analisa temperatura das folhas para identificar necessidades de água

    Estresse hídrico: Inteligência artificial analisa temperatura das folhas para identificar necessidades de água

    Um dispositivo autônomo de baixo custo para detecção de estresse hídrico em plantas foi desenvolvido pela Embrapa Agroindústria Tropical . A tecnologia se baseia no balanço energético foliar e pode contribuir para a tomada de decisões mais precisas e assertivas no manejo da irrigação. Uma parceria entre a Embrapa, a Universidade Federal do Ceará (UFC), o Laboratório de Inovação Tecnológica e Exploração Científica (LITEC) do Instituto Atlântico e a empresa cearense 3V3 Tecnologia desenvolverá uma versão comercial nos próximos anos.

    O pesquisador da Embrapa Cláudio Carvalho diz que a tecnologia utiliza ferramentas de inteligência artificial (IA) para controlar as informações coletadas por sensoriamento. Embora os efeitos da deficiência hídrica no balanço energético dos tecidos foliares sejam conhecidos, Carvalho afirma que o uso de IA para identificar padrões e controlar a irrigação é inédito.

    Para Otto Sousa, engenheiro de computação e mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Teleinformática da UFC, responsável por monitorar e desenvolver as capacidades computacionais da tecnologia, o dispositivo oferece a oportunidade de criar equipamentos para manejo de irrigação de lavouras a custos mais acessíveis para médios e pequenos produtores rurais.

    Os aparelhos existentes são muito caros, já que a indústria brasileira importa quase tudo que envolve equipamentos eletrônicos. Daí podemos estabelecer a máxima de que, se tivermos que importar algo, construiremos algo eficiente, mas com os componentes eletrônicos mais baratos possíveis”, completa Sousa.

    A água é um recurso fundamental

    Na agricultura, a água é um recurso crucial que influencia significativamente a saúde e o rendimento das plantas. Condições como falta de água no solo, condições climáticas desfavoráveis ​​ou mesmo práticas agrícolas inadequadas podem gerar estresse hídrico.

    O investimento em tecnologias de sensoriamento proporciona uma solução automatizada para a gestão de recursos hídricos, reduzindo custos e impactos ambientais associados ao desperdício de água e, mais importante, evitando danos decorrentes do déficit hídrico.

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    Foto: Otto Sousa

    O sistema de detecção

    O sistema de detecção consiste em três dispositivos: sensor de temperatura foliar, psicrômetro de aspiração e piranômetro. O sensor de temperatura foliar é composto por termistores encapsulados em vidro que são fixados na superfície das folhas e conectados a um sistema de coleta de dados. O sistema coletor usa a equação de Steinhart-Hart para calcular a temperatura foliar em relação à temperatura e umidade do ar. Nesses dispositivos, as leituras de temperatura são feitas a cada minuto e os dados são enviados imediatamente após a coleta para o servidor de dados usado. A transmissão é feita via LoRa, um protocolo de radiofrequência de baixa potência.

    O psicrômetro de aspiração, por sua vez, coleta dados de temperatura e umidade do ar, adiciona um registro de data e hora a cada leitura e envia esse conjunto de informações também para o servidor de dados. Por fim, o piranômetro verifica o nível de radiação solar sobre as plantas. Por ser um sensor que fornece informações como sinais analógicos, os pesquisadores desenvolveram um circuito de conversão analógico-digital que recebe as informações do piranômetro e as digitaliza. Os sinais convertidos são enviados via Wi-Fi para o servidor.

    Com as informações de temperatura, umidade do ar e incidência de radiação solar, o sistema avalia e determina as necessidades hídricas das plantas. Se as necessidades hídricas forem identificadas, o sistema aciona automaticamente os dispositivos de irrigação.

    O experimento

    Para validar a tecnologia em campo, o estudo conduziu o cultivo experimental de  plantas de milho BRS Gorutuba  cedidas pela  Embrapa Milho e Sorgo  e  Embrapa Tabuleiros Costeiros .

    Quarenta mudas de milho foram cultivadas em vasos contendo solo peneirado retirado da Estação Experimental de Pacajus, no interior do estado do Ceará, e cascas de coco. A irrigação automática por gotejamento forneceu 100mL de água por minuto.

    O arranjo foi instalado dentro de uma estufa aberta na lateral e coberta por um filme plástico transparente comercial que impediu 100% da incidência de chuva, mas reduziu a radiação solar incidente em cerca de 5% a 10%, o que foi monitorado a cada minuto pelo piranômetro.

    O experimento iniciou com a semeadura de quatro sementes de milho por vaso. Durante o período de germinação, todos os vasos foram hidratados diariamente sem atingir o ponto de saturação de água do solo, e fertilizante líquido foi aplicado. Após a germinação, as plantas mais robustas foram selecionadas.

    O próximo passo foi a colocação dos sensores de temperatura, psicrômetros e piranômetros; e os dados começaram a ser monitorados. Os resultados obtidos no experimento demonstraram que o dispositivo construído para monitorar as temperaturas foliares permitiu a inferência dos estados da cultura entre boa hidratação e déficit hídrico.

    Próximo passo: chegar ao mercado

    Segundo o professor Atslands Rego da Rocha, do Departamento de Engenharia de Teleinformática (DETI) da Universidade Federal do Ceará (UFC), as perspectivas são de que o dispositivo e sua base de IA cheguem ao campo em até dois anos. “Estamos construindo a versão 2.0 do hardware e aumentando o banco de dados para modelagem usando ferramentas de IA. As perspectivas apontam para uma solução interessante em alguns meses. No entanto, a comercialização completa levará algum tempo”, explica.

    Há uma parceria, ainda informal, mas já em andamento, entre a Embrapa Agroindústria Tropical, a UFC, o Laboratório de Inovação Tecnológica e Exploração Científica ( LITEC ) do Instituto Atlântico e a empresa local 3V3 Tecnologia, especializada no desenvolvimento de soluções tecnológicas para agricultura irrigada.

    Estudo premiado

    Durante o 44º Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, realizado em julho em Brasília, DF, o estudo foi apresentado no Workshop on Applied Computing for Environment and Natural Resource Management (WCAMA). A apresentação rendeu um prêmio na categoria “Best Paper”.

    O estudo foi realizado por Otto Sousa, Guilherme Alves e Atslands Rocha, do Departamento de Engenharia de Teleinformática da Universidade Federal do Ceará, e coorientado pelo pesquisador Cláudio Carvalho, da Embrapa Agroindústria Tropical.

    Para mais informações, acesse o estudo “ Aplicação de sensores de baixo custo no suporte a tomada de decisão em precisão de precisão”.

  • Pesquisa indica momento e quantidade de água ideal para a estabilidade do trigo no Cerrado

    Pesquisa indica momento e quantidade de água ideal para a estabilidade do trigo no Cerrado

    O momento de iniciar a supervisão e a quantidade correta da água aplicada são fundamentais para o melhor uso dos recursos hídricos. Para estabelecer esses parâmetros para a cultura do trigo no Cerrado, pesquisadores da Embrapa definiram o momento ideal para iniciar a supervisão de forma a utilizar a menor lâmina possível de água mantendo a produtividade máxima do trabalho.

    Uma pesquisa levou em consideração a água disponível para uma planta armazenada no solo na profundidade de 40 centímetros. Nesse espaço, fiquem equipamentos cerca de 80% das raízes. As análises mostraram que quando as plantas usam 40% da capacidade de água disponível no solo (CAD) é o momento ideal para começar a segurança. “Buscamos o máximo potencial produtivo do trigo e a maior eficiência no uso da água e esse ponto ocorreu com o esgotamento de 40% da CAD”, explica  Jorge Antonini , pesquisador da  Embrapa Cerrados  (DF) e um dos responsáveis ​​pelo estudo.

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    O estudo utilizou a  BRS 394 , cultivar de trigo da Embrapa que se destaca por seu alto potencial produtivo, curto ciclo de produção e excelente qualidade para a indústria de panificação. “Esses dados para cultivares de alto desempenho são inéditos. Com as novas parâmetros, os produtores rurais podem produzir a mesma quantidade de grãos gastando menos água, o que pode tornar o cultivo do trigo na região mais sustentável e o negócio, mais rentável”, afirma  Alexsandra de Oliveira , também pesquisadora da Embrapa.

    A pesquisa atualizou referências sobre a necessidade de independência de cultivares antigas de trigo, não mais recomendadas para a região. Enquanto os materiais utilizados na década de 1990 obtiveram produtividade média de 4,5 toneladas por hectare (t/ha), a BRS 394 tem produtividade média de 7 t/ha. Para as variedades de alto desempenho, o trabalho mostrou que elas desativaram maior frequência de diretiva, como informa Antonini: “A cultivar BRS 394 mostrou que podemos deixar esgotar somente 40% da CAD. Se usarmos mais do que isso, a planta entra em estresse e seu rendimento diminui”.

    Apesar de precisar de um maior número de aplicações de versatilidade, a quantidade de água total usada durante o ciclo de produção não difere significativamente em relação às variedades antigas, apesar de as novas variedades terem um potencial produtivo muito maior. “Mas é importante que o produtor faça esse manejo, para que não haja perda no rendimento”, ressalta.

    Oliveira destaca a importância de dados atualizados para o manejo da supervisão no Cerrado. “A primeira coisa que vem à mente quando falamos em determinar os parâmetros de manejo da supervisão na cultura do trigo é a otimização de recursos. Quando quantificamos, podemos economizar insumos, que, nesse caso, é a água”, declara a pesquisadora. “Uma vez que o trigo de inverno no Cerrado é totalmente dependente da independência, o produtor vai saber o quanto pode deixar esgotar a água do solo sem deficiências de sua produção.”

    Entenda a CAD

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    Foto:  Cícero Silva

    De forma simplificada, o pesquisador da Embrapa  Artur Muller  explica que o solo possui três camadas. A mais superficial, pela qualidade da água escoa por gravidade para camadas mais profundas, é denominada capacidade de campo. A segunda, na qual o solo retém a água que a planta consegue absorver, é um CAD. Na terceira camada, chamada de ponto de murcha permanente, a água fica retida tão fortemente ao solo que a planta não consegue acessá-la.

    “Cada solo tem uma capacidade de água disponível. Para manter a segurança do produtor precisa fazer uma análise físico-hídrica de sua área para calcular o CAD até a profundidade de molhamento desejada. Com essa informação, é possível acompanhar o esgotamento de 40% dessa água e estabelecer o momento de fiscalização para um CAD de seu solo. Toda vez que usar 40% desse reservatório, o produtor volta a irrigar”, esclarece.

    Para determinar o momento de iniciar a segurança em sua propriedade, o produtor pode utilizar qualquer planilha de manejo da fiscalização com as novas parâmetros indicadas pela pesquisa, de acordo com a fase de desenvolvimento do trabalho. No caso da área experimental da Embrapa Cerrados, o CAD tem 55 milímetros (mm) de profundidade e o ponto de transparência é quando ela atinge 22 milímetros.

    O experimento no Cerrado

    O experimento foi instalado na Embrapa Cerrados, em Planaltina (DF), e teve duração de dois anos. Os pesquisadores testaram quatro situações em que as plantas utilizaram 20%, 40%, 60% e 80% da capacidade de água disponível no solo (CAD) antes de serem irrigadas. “Observamos a produtividade nos quatro tratamentos e chegamos à conclusão de que com até 40% de esgotamento da CAD a produtividade máxima do cultivo foi mantida. A partir de 40%, a produtividade começou a cair. Portanto, esse é o momento de iniciar a segurança”, informa Antonini.

    Com o esgotamento de 80% da CAD, ou seja, de quase toda a água disponível do solo, foi constatada perda de produtividade de cerca de 18% (Tabela 1). No entanto, o peso e a qualidade dos grãos, bem como o número de espigas por área, não sofreram alterações significativas nas diversas situações.

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    Para as avaliações, foram considerados o balanço de água do solo, com base na umidade do solo medida ao longo do ciclo da cultura, a evapotranspiração das plantas, estimada a partir de um modelo de balanço hídrico, e a água que entrou no sistema, pela chuva ou pela transparência. Na área implantada na Embrapa Cerrados, foi utilizado um sistema de condução convencional com quatro aspersores de impacto por parcela (6 metros x 6 metros).

    Na parcela onde houve uso de 20% da CAD, foram permitidas 36 irrigações, com lâmina média de água de 13,8 mm. O índice de eficiência do uso de água foi de 10,83. Já com uso de 40% da CAD, foram feitas 19 irrigações, com lâmina média de água de 24 mm e eficiência de uso da água de 11,76. O tratamento com uso de 60% da CAD recebeu 14 irrigações com lâmina média de água de 31,9 mm e índice de eficiência de precisão de 11,17. Já com uso de 80% da CAD, foram possíveis 9 irrigações, com lâmina de água de 36,8 mm e índice de eficiência de eficiência de 13,33 (Tabela 2).

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    Apesar do último tratamento, com esgotamento de 80% do CAD, apresentando o melhor índice de eficiência de eficiência (13,33), a produtividade foi 18% menor que nos outros tratamentos. “Se houvesse uma deficiência de água e o produtor tivesse que pagar um valor alto por esse recurso, teríamos que fazer um estudo econômico para calcular qual é a produtividade que valeria a pena se obter considerando o preço da água. No futuro, se tivermos essa situação, temos a possibilidade de produzir menos com menor quantidade de água”, esclarece Antonini.

    Necessidade de água de acordo com a fase de trabalho

    O estudo também apontou a necessidade de água de acordo com a fase de desenvolvimento da planta. No experimento, o desenvolvimento da cultura foi acompanhado no campo, com registro da duração de cada fase, em dias, contados a partir dos dados da semana (Tabela 3). “Nos estádios iniciais da labora [estabelecimento e perfilhamento], o consumo de água é menor. À medida que o ciclo da cultura avança, aumenta a necessidade de água, com ápice na fase de interferência. A partir daí, a quantidade de água pode ser reduzida”, observa Muller.

    Segundo o cientista, essa variação ocorre de acordo com a quantidade de folhas. Quanto maior a área foliar, mais a planta perde água para a atmosfera. Por isso, a confiança é uma fase mais exigente e rigorosa, quando a planta tem o máximo de folhas. Depois, as folhas e os grãos começam a secar.

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    Entenda o que é Kc

    O coeficiente da cultura (Kc) é um índice que permite estimar a evapotranspiração do trabalho. Numericamente, é o resultado da divisão da evapotranspiração da cultura pela evapotranspiração de referência, que é medida em uma área cultivada com gramínea junto à estação meteorológica.

    Após uma pesquisa obter esse coeficiente para cada período do ciclo da cultura, os irrigantes fornecem estimativa com mais soluções o consumo diário de água pelo trigo, multiplicando o Kc pela evapotranspiração de referência. “O coeficiente da cultura é uma métrica que permite estimar o consumo de água durante o crescimento e o desenvolvimento da cultura, evitando adicionar mais água do que o necessário no sistema”, esclarece Oliveira.

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    No experimento da Embrapa Cerrados, a supervisão foi feita sempre quando se atingia o nível de esgotamento determinado. “Como ocorre um consumo maior de água pelas plantas em determinado período, como no florescimento, por exemplo, mais rapidamente se chega ao limite de esgotamento. Então, a frequência de supervisão aumenta”, informa Muller.

    Com dados gerados especificamente para a região do Cerrado, o produtor pode estabelecer um manejo de precisão com oferta adequada de água, em quantidade e frequência, de acordo com a fase de desenvolvimento da planta. Esse manejo resulta em maior eficiência da diversidade sem afetar o rendimento da cultura.

    No Cerrado, devido ao regime de chuvas da região, só é possível cultivar o trigo no inverno com segurança. A expansão desses trabalhos depende de um manejo adequado da água, principalmente dos custos que essa operação representa para os sistemas produtivos.

    Cerca de 90% do trigo brasileiro é cultivado na Região Sul, em sistema de sequeiro. No entanto, a cultura vem crescendo no Centro-Oeste do Brasil com a produção de um grão de alta qualidade para a panificação industrial.

    “Com os cálculos atualizados para a inspeção das atividades no Cerrado, a pesquisa indica que é possível levar o trigo para áreas de cultivo não tradicionais com um uso racional da água, fator importante no contexto das mudanças climáticas e do aumento da demanda por alimentos no mundo ”, reforça Oliveira.

  • Irrigação em Mato Grosso: potencial gigante travado pela falta de energia elétrica

    Irrigação em Mato Grosso: potencial gigante travado pela falta de energia elétrica

    Com 205 mil hectares irrigados atualmente, o estado possui um enorme potencial para expandir essa área e se tornar um dos maiores produtores agrícolas do mundo. No entanto, a falta de infraestrutura energética adequada impede a implantação de novos equipamentos de irrigação, principalmente os pivôs centrais, método mais utilizado em Mato Grosso.

    Em junho deste ano, um especialista norte-americano esteve em Mato Grosso para discutir a questão da agricultura irrigada na região. Durante sua visita, ele participou de diversas reuniões e debates com autoridades, produtores rurais e representantes do setor energético.

    A deficiência energética no campo é uma reclamação constante dos produtores mato-grossenses. A falta de energia limita a implantação de novos equipamentos e prejudica o desempenho dos já instalados, impactando diretamente na produtividade e competitividade da agricultura local.

    Segundo a Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes (Aprofir-MT), a entidade se reúne mensalmente com a Energisa para buscar soluções para o problema, mas até o momento nenhuma medida concreta foi tomada.

    Aumento das tarifas agrava o problema

    Além da falta de infraestrutura, o aumento das tarifas de energia elétrica nos últimos anos também tem impactado negativamente o custo da irrigação. O alto custo da energia torna a atividade menos viável para muitos produtores, desestimulando investimentos na expansão da área irrigada.

    O potencial para a irrigação em Mato Grosso é enorme, mas a falta de energia elétrica está impedindo o desenvolvimento pleno do setor. É urgente que o governo e o setor energético trabalhem em conjunto para encontrar soluções para este problema, a fim de garantir a competitividade da agricultura local e o crescimento da economia do estado.

    Possíveis soluções

    • Expansão da infraestrutura energética: Construção de novas linhas de transmissão e subestações para atender à demanda crescente do setor agrícola.
    • Incentivos à geração de energia renovável: Apoio à instalação de usinas solares e eólicas nas propriedades rurais, reduzindo a dependência dos produtores da rede elétrica convencional.
    • Revisão das tarifas de energia: Análise e revisão das tarifas de energia para o setor agrícola, buscando um equilíbrio entre os custos do serviço e a viabilidade da atividade.
  • Lançado projeto inovador de irrigação para agricultura familiar no Centro-Oeste

    Lançado projeto inovador de irrigação para agricultura familiar no Centro-Oeste

    A Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) e a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) deram início a um projeto pioneiro que visa a impulsionar a agricultura familiar na região do Centro-Oeste por meio do mapeamento e diagnóstico de áreas propícias para a implementação de sistemas de irrigação. O projeto, intitulado ” Mapeamento-diagnóstico visando à identificação de polos de irrigação com potencial de implantação nas áreas destinadas à Agricultura Familiar no Centro-Oeste”, será coordenado pelo renomado Prof. Dr. Ricardo Gava.

    Com uma vasta experiência, o Prof. Dr. Ricardo Gava, Engenheiro Agrícola formado pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Mestre em Agronomia pelo Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e Doutor em Irrigação e Drenagem pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ/USP), além de ter passado por instituições de renome como a University of California (UCDavis) e o Departamento de Recursos Hídricos da Califórnia, traz uma bagagem valiosa para liderar esse projeto inovador.

    O objetivo central do projeto é realizar um diagnóstico nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal, identificando áreas de agricultura familiar com potencial para a implementação de processos de irrigação, levando em consideração indicadores socioeconômicos. Serão mapeados os tipos de agriculturas por estado, com a quantificação das áreas plantadas, e será sinalizada a melhor técnica de irrigação por região/estado e por tipo de agricultura.

    A Superintendente da Sudeco, Rose Modesto, destaca a importância estratégica do projeto para a promoção do desenvolvimento regional. “A agricultura familiar desempenha um papel fundamental em nossa economia e é essencial investir em tecnologias que aprimorem a produtividade e a sustentabilidade. O mapeamento e o diagnóstico propostos pelo projeto serão fundamentais para direcionar ações assertivas e fortalecer essa importante base econômica e por consequência fomentar o desenvolvimento sócioeconômico da nossa região”, afirmou.

    Além do mapeamento, o projeto também inclui ações de orientação sobre a necessidade de assistência técnica aos agricultores, direcionamento para a alocação de linhas de financiamento adequadas à realidade, e envolvimento institucional para promover a valorização da ciência no desenvolvimento regional. Seminários, oficinas e reuniões serão realizados para apresentação das atividades e avaliação dos resultados alcançados.

    O envolvimento de professores, pesquisadores e estudantes será crucial para o compartilhamento de informações e experiências indispensáveis ao desenvolvimento tecnológico. O Prof. Dr. Ricardo Gava ressalta a importância da parceria entre a academia e os órgãos governamentais. “Esta colaboração entre a UFMS, a Sudeco e outros parceiros é um passo significativo para impulsionar a agricultura familiar na região, combinando conhecimento acadêmico com a expertise prática necessária para transformar ideias em ações eficazes”, destacou.

    O projeto, que visa tornar o Centro-Oeste uma referência em práticas sustentáveis de agricultura familiar, conta com o apoio de diversos parceiros e promete trazer benefícios duradouros para os pequenos agricultores da comunidade agrícola de todos os estados da região Centro – Oeste. Ainda em janeiro, a Sudeco encaminhará pedido de informações para os governos estaduais do Centro-Oeste a fim de colher as informações necessárias para o mapeamento estratégico do projeto.

  • Pesquisa auxilia na irrigação para pequenos produtores de Mato Grosso

    Pesquisa auxilia na irrigação para pequenos produtores de Mato Grosso

    Para auxiliar os agricultores familiares sobre a relação da água nos seus sistemas de cultivo e contribuir para avanços científicos na área, a Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Câmpus de Sinop, realiza  o projeto “Estudo da dinâmica da água em um Sistema Agroflotestal no ecótono Cerrado-Amazônia – Fase de implantação”. A iniciativa, conduzida por pesquisadores da Instituição, já apresenta resultados, e conta com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat), e  parceria com o Projeto de Extensão “Gaia”, da UFMT.

    A coordenadora do projeto, e docente da UFMT na área de engenharia agrícola, Ciências / Irrigação e Drenagem, Janaina Paulino, explica que o projeto nasceu a partir de demandas vindas de agricultores familiares sobre como irrigar e quanto irrigar um Sistema Agroflorestal (SAF) nos instigou a estudar.

    “O SAF além de conter culturas com diferentes exigências hídricas, muda sua composição de plantas ao longo do tempo.  O regime hídrico da região fica em torno de 2000mm anuais concentrados em praticamente metade do ano, e que a irrigação nesses casos é vista como uma tecnologia favorável para garantir a produção ao longo do ano, porém nem todos têm acesso a ela”, ressaltou.

    A pesquisadora conta ainda que dentro desse espectro e com intuito de responder essas questões, o projeto Gaia,  em seu  cronograma de implantação de SAF’s, instalou uma Unidade de Referência Tecnológica (URT) e Sistema Agroflorestal Agroecológico no Câmpus. “Ele está sob coordenado pela professora Rafaella Felipe, e nessa área aprovamos, via Edital 005/2022 da Fapemat para o estudo da dinâmica da água em SAF na região que estamos inseridos (transição cerrado-amazônia)”, destacou.

    Parceria ampliada e novas possibilidades

    Para dar conta da amplitude dos desafios, pesquisadoras da UFMT estabelecem  parceria com pesquisadores da Embrapa Agrossilvipastoril, e como fruto sugerem a ideia de estudar o SAF com a utilização da irrigação e sem irrigação. “Falamos de um modelo que dando certo o agricultor pode optar por uma das possibilidades ou as duas, ou seja, no SAF que ele pode investir no sistema de irrigação ele mantém as culturas mais exigentes em água e no restante da propriedade em pode conduzir sem, otimizando assim o uso da área de acordo com sua realidade”, explicou Janaina Paulino.

    A docente complementa que no estudo incluiu mais uma técnica que pode vir a influenciar nesse processo, a forma de adubação. “Em combinação com a irrigação, testaremos também a adubação orgânica padrão que consiste na utilização de esterco curtido e a adubação denominada Gaia que consiste na utilização de Bokashi, termofosfato e biofertilizante””, ressaltou complementando que ao término será possível entender se as adubações influenciam nesse dinâmica de água no sistema e nas respostas produtivas do SAF.

    Quanto às culturas utilizadas na pesquisa, Janaina Paulino explica que é conduzida com aquelas “carro chefe”, sendo a  Banana BRS Terra-Anã e Lima ácida Tahiti, sendo composto também com Baru, Andiroba e Pequi. “A cultivar BRS Terra-Anã foi selecionada por apresentar grande potencial para sua inserção no sistema de produção de bananeiras tipo Terra no estado de Mato Grosso”, disse, informando fontes da  Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer).

    Sobre a cultivar de Limão ‘Taiti’, a pesquisadora salienta que foi selecionada por ser uma planta de origem tropical, sendo que os biomas Cerrado e Amazônia apresentam condições edafoclimáticas favoráveis para essa cultivar, além da sua importância econômica para a agricultura familiar.

    Métodos, campo e academia

    Quanto à irrigação utilizada no SAF, a docente descreve que consiste de duas linhas de tubo gotejadoras por linha de plantas, sendo manejada de acordo com a disponibilidade da água no solo, monitorados por sensores instalados até 90 cm de profundidade. “Cada tratamento está sendo monitorado também os elementos meteorológicos temperatura e umidade do ar através de estações meteorológicas instaladas no local”, destacou citando ainda que juntamente com o estudo da água no sistema, está sendo feito o acompanhamento de características químicas, físicas e biológicas do solo, além do desenvolvimento das plantas e futuramente produção.

    Sobre os resultados a docente afirma que vêm com o propósito de dar mais autonomia ao agricultor. “Para que de acordo com a necessidade dele, ele venha a tomar as decisões que mais se adequem a sua realidade. Entender o sistema pode trazer valiosas informações para as tomadas de decisões para melhor gestão familiar”, ressaltou, dizendo que existe uma troca de conhecimento entre academia e campo.

    “Participar da rotina familiar do agricultor traz clareza quando as dificuldades encontradas no dia a dia do campo, não somente de produção. Às vezes o melhor projeto do papel não é o melhor caminho para aquela família. Entender a realidade do campo, neste caso da agricultura familiar, faz com que a pesquisa de qualidade seja gerada. A pesquisa de qualidade ao que nos referimos é aquela possibilita diversas possibilidades para tomadas de decisão de cada unidade familiar”, destacou.

    O projeto, via Fapemat,  deve finalizar em janeiro do próximo ano, e a equipe inicia o ano trabalhando os resultados de maneira a retorná-los para a sociedade o mais breve possível. A docente frisou que a URT em SAFA permanece em estudo, sendo conduzida pelo projeto Gaia.

    “Culturas serão inseridas nas entrelinhas aproveitando o período chuvoso e seguindo a rotina do agricultor. O monitoramento da umidade do solo e elementos meteorológicos, avaliações químicas, físicas e biológicas, além do monitoramento das plantas permanecerão, visando acompanhamento por longo prazo”, destacou,  finalizando que a URT em SAFA também é um laboratório multidisciplinar utilizado para pesquisa e extensão. Visitas estarão em aberto para sociedade ao longo do ano.