Um novo estudo do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais revela um cenário preocupante para o Mato Grosso: o estado lidera o ranking nacional em número de queimadas em 2024. E dentro do estado, o município de Colniza se destaca como um dos mais atingidos pelo problema.
De acordo com os dados, Colniza ocupa a sexta posição no ranking nacional de municípios com mais focos de incêndio desde 2003.
Ao longo de quase duas décadas, a cidade registrou mais de 46 mil queimadas, um número alarmante que coloca em risco a biodiversidade e a qualidade do ar da região.
Mato Grosso: campeão em queimadas
O Mato Grosso como um todo também apresenta números preocupantes. O estado concentra 17% dos focos de incêndio do Brasil nos últimos 22 anos, ficando atrás apenas do Pará.
Em 2024, a situação se agravou ainda mais, com o estado concentrando 21,9% das queimadas no país.
Impacto ambiental e social
As queimadas em larga escala têm consequências devastadoras para o meio ambiente e para a população. A perda da biodiversidade, a degradação do solo e a poluição do ar são apenas algumas das consequências desse problema. Além disso, os incêndios podem causar prejuízos econômicos e sociais, afetando a agricultura, a pecuária e a saúde da população.
Após semanas de combate intenso aos incêndios florestais, o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães dá um importante passo rumo à recuperação. A partir de ontem (1º), a Cidade de Pedra e o Vale do Rio Claro foram reabertas para visitação, permitindo que turistas e moradores voltem a desfrutar dessas belezas naturais.
Desde o dia 21 de agosto, o fogo consumiu cerca de 12,3 mil hectares da Chapada, causando danos irreparáveis à fauna e à flora da região. Além disso, as chamas inviabilizaram a visitação a diversos pontos turísticos, como o Véu de Noiva, a Cachoeirinha, o Morro de São Jerônimo e o Circuito das Cachoeiras, que seguem interditados.
As equipes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trabalham incansavelmente para avaliar a situação e permitir a reabertura de outros atrativos o mais breve possível. A prioridade é garantir a segurança dos visitantes e preservar o meio ambiente.
Mato Grosso lidera ranking de queimadas
Mato Grosso continua liderando o ranking nacional de queimadas, com mais de 45 mil focos de calor registrados. A situação crítica exige ações urgentes para combater o fogo e prevenir novos incêndios.
A Nova Rota do Oeste foi acionada às 16h46 para atender um incêndio em carga de algodão no km 549 da BR-364, em Rosário Oeste. A pista está interditada nos dois sentidos devido ao incidente.
As informações iniciais indicam que a carga de pluma de algodão pegou fogo, mas o condutor conseguiu desatrelar o cavalo mecânico, ficando apenas o vagão em chamas. O motorista saiu ileso do ocorrido.
Para combater o incêndio, a Nova Rota do Oeste enviou um caminhão pipa ao local, onde também estão presentes outros dois pipas particulares, ajudando na contenção das chamas e minimizando os danos.
O médico anestesista de Mato Grosso, José Correia de Oliveira Neto, de 67 anos, morreu na noite de quarta-feira (25) ao tentar apagar um incêndio em sua propriedade rural.
José era um profissional renomado e atuava há 18 anos no Hospital Regional de Alta Floresta. Além de médico, ele também era perito da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec).
A morte do médico causou comoção na cidade e entre os colegas de profissão. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) emitiu nota lamentando a perda e prestando condolências aos familiares e amigos.
Leia a nota abaixo:
A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) manifesta profundo pesar pelo falecimento do médico anestesista José Correia de Oliveira Neto, que dedicou 18 anos de sua vida profissional ao Hospital Regional de Alta Floresta.
Dr. Correia faleceu nesta quarta-feira (25.09), aos 67 anos de idade. Ele trabalhava no Hospital Regional desde 2006, ocasião em que a unidade ainda era administrada pela Prefeitura.
Neste momento difícil, o secretário de Estado de Saúde, Juliano Melo, e todos os servidores da SES expressam as mais sinceras condolências aos familiares e amigos do Dr. Correia.
Uma ação rápida e eficiente do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso (CBMMT) evitou que um incêndio se alastrasse em uma área de vegetação em Santo Antônio de Leverger, na tarde desta quarta-feira (25.09).
A equipe do 2º Pelotão Bombeiro Militar (2ºPIBM) foi acionada por meio do Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) e rapidamente se deslocou até o local. Ao chegar, os bombeiros se depararam com as chamas se alastrando pela vegetação de um loteamento.
Para conter o fogo, os bombeiros utilizaram um mangotinho, uma ferramenta essencial para combater incêndios em áreas abertas. Esse equipamento permite direcionar a água de forma precisa e eficiente, facilitando a extinção das chamas.
Após controlar o incêndio, os bombeiros realizaram o rescaldo para eliminar qualquer possibilidade de reignição. Essa etapa é fundamental para garantir que o fogo esteja completamente extinto e evitar que novas chamas surjam.
Um homem foi preso em flagrante na noite desta quarta-feira após iniciar um incêndio em uma propriedade rural em Mato Grosso. O Corpo de Bombeiros Militar foi acionado para conter as chamas, que rapidamente se alastraram pela área.
De acordo com informações da Polícia Civil, a suspeita de crime ambiental levou a Delegacia Especializada do Meio Ambiente (Dema) a investigar o caso. Durante as investigações, o proprietário da área relatou ter contratado o suspeito para realizar serviços de limpeza na propriedade, mas negou ter autorizado o uso do fogo.
O indivíduo foi localizado pela Polícia Civil na MT-351 e conduzido à Dema para prestar esclarecimentos. As equipes do Corpo de Bombeiros continuam atuando no local para controlar as chamas e evitar que o fogo se propague para outras áreas.
Aumento dos casos de incêndios criminosos em Mato Grosso
Foto: Ibama/Dipro
O caso registrado em Águaçu se soma a uma série de outros incêndios criminosos ocorridos em Mato Grosso nos últimos meses. A prática tem gerado grande preocupação entre as autoridades e a sociedade, devido aos danos ambientais e aos riscos à saúde da população.
De acordo com dados da Polícia Civil, mais de 20 pessoas foram presas em flagrante por provocar incêndios em áreas rurais e urbanas no estado. Além disso, 112 pessoas foram indiciadas por crimes ambientais.
Na noite de quinta-feira (19), por volta das 22h20, o Corpo de Bombeiros Militar de Sorriso foi acionado para conter um incêndio de grandes proporções em um prédio comercial localizado na esquina das ruas Carázinho e Genésio Roberto Baggio, nos fundos do posto Xodó. O estabelecimento, Auto Elétrico/Borracharia Xodó, foi gravemente atingido pelas chamas.
A operação, que contou com a atuação de 24 bombeiros e o uso de dois caminhões de incêndio, duas unidades de resgate e três veículos de resposta rápida, foi reforçada por cinco caminhões-pipa da Defesa Civil Municipal, além de uma pá carregadeira e dois guinchos cedidos pela concessionária Rota do Oeste. O tenente-coronel Fernando, comandante do 3º Comando Regional, coordenou pessoalmente as ações, empenhando todas as unidades disponíveis.
As forças de segurança locais, incluindo a Guarda Civil Municipal de Sorriso e a Polícia Militar, auxiliaram no isolamento da área, enquanto a Polícia Rodoviária Federal (PRF) atuou no bloqueio das vias próximas ao local, visando garantir a segurança da população.
As equipes de combate a incêndio chegaram ao local em apenas 5 minutos e 30 segundos, conseguindo preservar um tanque de combustível, uma carreta carregada de grãos e um veículo de pequeno porte. No entanto, a presença de materiais inflamáveis, como tanques de oxigênio, provocou explosões que dificultaram os trabalhos.
O incêndio foi declarado sob controle por volta das 2h20 desta sexta-feira (20). Logo após, as equipes iniciaram o processo de rescaldo, contando com o apoio de órgãos municipais e estaduais. Embora populares tenham informado sobre o possível desaparecimento de um morador do local, o Corpo de Bombeiros confirmou pela manhã que o indivíduo foi localizado, sem ferimentos. Não houve registro de vítimas fatais ou feridos.
A Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) confirmou a identidade do brigadista Lucas Bahia Medeiros, de 26 anos, que faleceu carbonizado enquanto combatia um incêndio na região do Manso, Mato Grosso, no último sábado (14). Lucas era natural de Açailândia, no Maranhão, e sua identificação foi feita por meio do método papiloscópico, que utiliza impressões digitais.
A papiloscopista Simone Delgado, responsável pela análise, explicou que a identificação de vítimas carbonizadas é um processo complexo, devido à degradação das estruturas da pele causada pela alta temperatura. No entanto, o uso de técnicas especializadas permitiu restaurar o tecido e obter impressões digitais suficientes para comparação.
Com a confirmação da identidade e a conclusão dos procedimentos de identificação técnica e medicina legal, o corpo de Lucas foi liberado para os familiares nesta quarta-feira (18).
Os incêndios que consomem o bioma amazônico são uma das etapas da exploração econômica da floresta, que vem sendo convocada pela economia mundial para fornecer alimentos e matérias-primas baratas, permitindo a manutenção do preço dos salários nos países mais desenvolvidos e o aumento do lucro em escala global. Essa é a avaliação do professor de economia Gilberto de Souza Marques, da Universidade Federal do Pará (UFPA).
Autor do livro Amazônia: riqueza, degradação e saque, o especialista destaca que a agropecuária, a mineração e o setor madeireiro são as principais atividades que contribuem para o desmatamento da Amazônia e que a grilagem de terra alimenta essa exploração econômica.
Brasília (DF) 18/09/2024 – Professor de economia da Universidade Federal do Pará (UFPA), Gilberto de Souza Marques, autor do livro “Amazônia: riqueza, degradação e saque” Foto: Gilberto de Souza Marques/Arquivo Pessoal
Marques questiona o modelo econômico imposto ao bioma, argumentando que nem tudo que gera muito lucro é o melhor para o conjunto da sociedade brasileira. Além disso, afirma que a Amazônia já está internacionalizada porque as grandes multinacionais da mineração e do agronegócio são as que controlam a economia dominante na região.
Para o especialista em economia política, natureza e desenvolvimento, as experiências dos povos indígenas e comunidades tradicionais são as sementes de esperança que devem ser regadas para se contrapor à monocultura na região amazônica.
Confira a entrevista completa:
Agência Brasil: Qual a relação da destruição da Amazônia com a exploração econômica do bioma?
Gilberto Marques: A Amazônia tem duas grandes tarefas no mundo que são incompatíveis. A primeira é contribuir para aumentar a rentabilidade do capital nas economias centrais, com o rebaixamento dos custos de produção. Isso significa produzir matérias-primas baratas de exportação para a China e para a Europa, como o ferro, a soja e outros produtos.
Ao produzir alimentos baratos, a Amazônia diminui a pressão para elevação salarial nesses países e contribui para elevar as taxas de lucro em meio a uma economia global que vive sucessivas crises de rentabilidade do capital.
A segunda tarefa da Amazônia é contribuir para reduzir os efeitos do aquecimento global, em particular a emissão de gases de efeito estufa. Na atualidade, essas duas tarefas são incompatíveis porque a primeira tarefa impõe um ritmo de apropriação da natureza como nunca visto nos 13 mil anos de existência humana na Amazônia.
Esse ritmo ditado pela busca do lucro faz com que a natureza tenha dificuldade de se recompor, pois são atividades extremamente degradantes para a natureza.
Agência Brasil: Quais as principais atividades que contribuem para degradar a Amazônia?
Gilberto: Principalmente a mineração e o agronegócio associados à exploração madeireira. E a característica mais gritante na Amazônia é que o legal se alimenta do ilegal e o ilegal do legal.
O setor pecuarista, que se apropria de terras públicas e que utiliza muitas vezes o trabalho escravo, continua, de alguma forma, vendendo o seu gado para as grandes cadeias da comercialização dos grandes frigoríficos, direta ou indiretamente.
floresta Amazônica – Marcelo Camargo/Agência Brasil
Indiretamente porque eles maquiam esse gado [de áreas griladas] e os frigoríficos sabem disso. O gado que não pode ser vendido para Europa, por exemplo, porque tem regras mais rígidas, segue para o Nordeste ou o Sudeste, abastecendo esses mercados regionais e permitindo que os rebanhos criados nessas regiões possam ser exportados sem prejuízo do consumo local. Direta ou indiretamente, o gado amazônico, mesmo criado em áreas ilegais, entra nas grandes cadeias de proteína animal do planeta.
Em 2021, o principal produto exportado pelo município de São Paulo foi o ouro, com aproximadamente 27% de tudo que o município exportou. De onde vem esse ouro que entra nos grandes circuitos legais da financeirização da economia? Esse ouro sai, em grande medida, dos circuitos ilegais que estão destruindo a Amazônia.
A mineração destrói intensivamente a floresta, o solo e subsolo, mas ela ocorre em espaço menor, ainda que tenha uma extensão além da mina, como é o caso da contaminação dos rios. Já a agropecuária usa extensas áreas e o uso de agrotóxicos mata os insetos que polinizam a floresta.
Além disso, a plantação de soja retira cobertura vegetal, aumentando a temperatura em torno do campo de plantio e os riscos de incêndios. Essas atividades estimulam a apropriação ilegal da terra na Amazônia.
Agência Brasil: Como ocorre essa apropriação ilegal da terra da Amazônia?
Gilberto: O grileiro se apropria de uma terra pública, de uma área de preservação ou de território indígena, e derruba a floresta de imediato. Em seguida, vende para um segundo proprietário que sabe que a terra é ilegal pelo próprio preço de venda, que é rebaixado.
Floresta amazônica vista de cima.Floresta amazônica vista de cima. – Divulgação TV Brasil
Depois de comprar, o segundo dono entra com o pedido de regularização fundiária dessa terra, argumentando que a comprou de boa-fé, acreditando que era uma terra legalizada.
Esse argumento da boa-fé serviu para regularizar propriedades griladas desde os governos da ditadura empresarial militar, com o argumento de que isso geraria segurança jurídica e impediria a grilagem de terra. Na realidade, isso estimula a grilagem na região amazônica.
Agência Brasil: Por que existe o risco de a soja avançar ainda mais no bioma amazônico?
Gilberto: Por que o custo de transporte é elemento determinante hoje na soja. Do município de Sorriso (MT) até o Porto de Paranaguá, no Paraná, são 2,2 mil km. Depois de embarcada nos navios, ela sobe toda a costa brasileira.
Quando essa soja é produzida aqui na Amazônia, próximo à linha do Equador, ou com conexão com os rios, o custo de transporte cai bastante ou chega a quase zero. É o caso da soja que está sendo produzida no Amapá, a 70 quilômetros do porto.
Ou seja, há uma redução de custo brutal nesse processo e a redução eleva a rentabilidade da atividade, permitindo que o produto chegue barato aos mercados centrais.
Fora isso, quando, por meio da Lei Kandir, o governo deixa de cobrar o ICMS sobre essa exportação, o produto pode ser vendido por um preço abaixo de seu valor, sem que a empresa perca nada. Mas o Estado deixou de arrecadar o que lhe caberia. Há, então, uma transferência de valor do Brasil para as economias centrais. Vendemos mercadorias e recebemos menos do que elas efetivamente valem.
Agência Brasil: Os incêndios na Amazônia têm relação com a exploração econômica?
Homem trabalha em trecho de queimada da floresta amazônica, desmatada por madeireiros e agricultores em Iranduba _ Foto Reuters/ Bruno Kelly
Gilberto: O fogo é resultado desse processo de apropriação ilegal da terra e é uma etapa da exploração econômica. Durante o primeiro semestre do ano, que é o período de mais chuva, se faz a derrubada da floresta para a retirada das madeiras.
Quando começa o verão amazônico, que ocorre entre o final de junho até setembro principalmente, se toca muito fogo na floresta para queimar o que se derrubou no primeiro semestre, mas não se aproveitou para a atividade madeireira. Então, se forma o pasto.
Além disso, 80% das propriedades da floresta são reservas legais que não podem ser desmatadas. O proprietário então toca fogo na floresta e diz que aquilo foi um incêndio não produzido por ele. Como deixou se ser floresta, ele vai utilizar a área para o aumento do pasto, para o plantio de soja ou outra atividade do agronegócio.
Quando você pega a distribuição do fogo, você vê que a concentração está exatamente nos municípios em que mais avança o agronegócio. Como é o caso de São Félix Xingu (PA), que tem o maior reganho bovino do Brasil.
Porém, o que estamos vendo hoje, neste início de setembro, é um descontrole porque alguns dados de monitoramento apontam que até um terço do fogo sobre a Amazônia está ocorrendo em floresta em pé, diferentemente do padrão típico que é o fogo sobre floresta que foi derrubada no primeiro semestre.
Agência Brasil: O senhor diz que a Amazônia está internacionalizada no mercado global. Como é isso?
Gilberto: A Amazônia está internacionalizada porque os grandes ramos da produção do agronegócio e da mineração estão controlados pelas grandes empresas multinacionais em escala internacional.
As duas maiores plantas de alumina e alumínio do planeta estão no Pará e são controladas por uma empresa transnacional, que é a Hydro, de capital principalmente norueguês. O principal acionista é o governo da Noruega, que é também o principal doador do Fundo Amazônia.
A Vale do Rio Doce anunciou que a maior parcela do seu capital total é negociada em circuitos estrangeiros, ou seja, não está nas mãos de brasileiros. Se pegarmos o comércio de grãos, principalmente soja, quem comercializa e controla esse comércio na Amazônia são as grandes transnacionais do agronegócio como Cargill, Bunge, ADM [Human, Pet and Animal Nutrition Company] e LDC [Louis Dreyfus Company].
Agência Brasil: Qual a exploração econômica sustentável alternativa que pode beneficiar o povo brasileiro?
Gilberto: Nosso desafio é entender que não necessariamente o que dá grande lucro é algo que beneficia o conjunto da população ou que seja necessariamente o melhor para o país e para a região.
Precisamos problematizar essa noção de desenvolvimento como simples expansão da economia. Historicamente, isso foi utilizado no Brasil para justificar determinadas políticas, mas o resultado foi exclusão social e o enriquecimento de uma pequena minoria.
Boa Vista/RR – A Polícia Federal deflagrou na manhã de hoje, 27/01, a operação Okê Arô*, para combater o desmatamento ilegal em uma área de quase 5.000 hectares de floresta amazônica.Boa Vista – Polícia Federal deflagra Operação Okê Arô* para combater desmatamento ilegal na floresta amazônica. – PF/divulgação
Nesse sentido, temos experiências em curso na região amazônica que são ainda muito incipientes, mas muito ricas. A produção agroecológica, com as agroflorestas, é uma delas. Outras experiências são as atividades comunitárias, como a pesca do Mapará, no Rio Tocantins, onde as pessoas se juntam para pescar e o resultado é distribuído entre todos, inclusive entre aqueles que não puderam pescar.
Tem ainda a rica experiência do povo indígena Ka’apor, do Maranhão, que tem criado áreas de proteção quando identifica a entrada de madeireiros e outros invasores. Eles constroem comunidades nas rotas dos invasores, barrando a entrada deles. Já criaram 12 áreas de proteção, permitindo a recomposição da floresta.
Temos que ajudar a disseminar essas experiências de integração sociedade-natureza em oposição à monocultura na Amazônia. A gente tem que olhar a Amazônia com esperança, porque ela ainda é a maior concentração de matéria viva do planeta.
Ela captura dióxido de carbono e cumpre papel vital para a existência da humanidade. O planeta vai continuar existindo, o que está em questão é a continuidade da humanidade. Nesse sentido, a Amazônia é a esperança para o planeta. E os povos que vivem na Amazônia, por meio de suas experiências, são sementes de esperança que temos que ajudar a brotar.
Um novo caso trágico marca a temporada de incêndios em Chapada dos Guimarães, Mato Grosso. Lucas Bahia Medeiros, de 26 anos, morreu carbonizado na madrugada deste sábado (14) enquanto combatia um incêndio na região do Manso.
Natural de Açailândia (MA), Lucas trabalhava em uma empresa agroflorestal e estava na linha de frente do combate às chamas quando foi atingido pelo fogo. Seu corpo foi encontrado pelos bombeiros e encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) para exame de necropsia.
A morte de Lucas se soma a outras duas ocorridas nas últimas semanas durante o combate a incêndios em Mato Grosso. No dia 22 de agosto, o brigadista Paulo Henrique Pereira Souza morreu em Itiquira após um caminhão-pipa ser atingido por chamas. Já no dia 26, Uellinton Lopes dos Santos, integrante do Prevfogo, perdeu a vida em um incêndio no território indígena Capoto Jarina, em São José do Xingu.