Tag: impactos ambientais

  • Países que causaram mais impactos devem compensar mais, diz Marina

    Países que causaram mais impactos devem compensar mais, diz Marina

    A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, disse nesta quinta-feira (7) que a justiça climática passa pelo fato de os países desenvolvidos que se beneficiaram mais com a emissão de gás carbônico no passado financiarem as medidas de mitigação e adaptação às mudanças climáticas. Marina participou do evento “Justiça climática em tempos de transformação”, no Museu do Amanhã, na região central do Rio de Janeiro.

    “No contexto da mudança do clima, qual a grande injustiça que está acontecendo? Aqueles que transformaram mais a natureza para gerar riqueza, tecnologia, produtos para que isso acontecesse, geraram mais emissões de CO2. Causaram mais impacto ambiental e aumentaram o problema. Se é para ser justo, eles têm que pagar mais, compensar mais”, disse a ministra.

    Segundo ela, aqueles que criaram menos problemas e impactaram menos devem contribuir de uma forma menor do ponto de vista do esforço e devem ser compensados pelos recursos do ponto de vista financeiro e tecnológico.

    Ela destacou que se os países do G20 (grupo dos 19 países mais ricos do mundo, mais a União Europeia e a União Africana) decidirem fazer a sua parte, o ponteiro das mudanças climáticas “gira em benefício da humanidade”.

    Marina ressaltou que a ciência, ao determinar que a temperatura global não exceda 1,5 graus Celsius, e a sociedade civil do mundo inteiro estão fazendo bem a sua parte no enfrentamento às emergências climáticas. “Quem está no déficit são os governos e as empresas”.

    Segundo a ministra, a agenda da transformação tem ganhado muita força. “Não basta mitigar e adaptar. É preciso transformar o modelo de desenvolvimento para que a gente possa fazer frente aos problemas e não ficar apenas enxugando gelo e apagando fogo”, concluiu.

    Edição: Sabrina Craide

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  • Setores com impactos ambientais lideram incentivos a Norte e Nordeste

    Setores com impactos ambientais lideram incentivos a Norte e Nordeste

    Criados nos anos 1960 para estimular o desenvolvimento no Norte e no Nordeste, os benefícios fiscais da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) concentram-se em setores ligados à exploração de recursos naturais. Em 2021, de R$ 42,38 bilhões concedidos em incentivos às duas regiões, R$ 22,12 bilhões (52,2% do total) beneficiaram-se em cinco empresas, todas do setor de mineração, energia e petróleo, atividades com alto impacto ambiental.

    O maior incentivo foi concedido à mineradora Vale, que detém a maior exploração de minério de ferro do mundo em Carajás (PA) e recebeu R$ 18 bilhões em 2021. Em contrapartida, a companhia pagou apenas R$ 4,3 bilhões em royalties pela extração de ferro na área. Segundo o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a mineradora, na prática, recebeu um subsídio de R$ 13,7 bilhões apenas por atuar na Amazônia Legal.

    As outras quatro empresas que concentram metade dos incentivos para a Sudam e a Sudene são as seguintes: Centrais Elétricas do Norte (R$ 1,21 bilhão), Salobo Metais (R$ 1,18 bilhão), Petrobras (R$ 866,3 milhões) e Companhia Hidroelétrica do São Francisco (R$ 845,6 milhões). A lista segue com mineradoras e empresas ligadas ao agronegócio e ao escoamento de grãos, madeira e carne.

    Detalhamento

    Pelo mecanismo em vigor há 60 anos, as companhias com projetos aprovados pela Sudam e pela Sudene têm redução de 75% no Imposto de Renda Pessoa Jurídica e a retenção de 30% do valor devido do tributo para reinvestimentos nas regiões. Durante décadas, a Receita Federal só divulgou o agregado das instituições das renúncias fiscais, como os benefícios da Sudam e da Sudene.

    O detalhamento dos dados por empresas só veio em maio deste ano, quando a Receita Federal editou a Portaria 319/2023, que aumentou a transparência dos incentivos fiscais, atendendo à determinação da Emenda Constitucional Emergencial, promulgada em 2021. Essa emenda obriga um plano de revisão de benefícios tributários.

    Recomendações

    Em 2019, os incentivos fiscais da Sudam e da Sudene foram prorrogados até o fim deste ano. Em maio de 2023, a Câmara dos Deputados aprovou o PL 4.416/2021, que estende novamente os benefícios por dez anos. O Inesc critica a falta de debates na tramitação do projeto, sem a análise da eficácia dos incentivos nem do impacto das atividades beneficiadas sobre o meio ambiente, a garantia de direitos territoriais dos povos.

    Um dos exemplos criticados pelo Inesc diz respeito a uma empresa de logística que obteve benefício de R$ 17,5 milhões em 2021. A companhia é acusada de violar práticas socioambientais no Pará, prejudicando as populações indígenas locais e sem mitigar ou compensar os danos causados, como poluição de caminhões, aumento do trânsito nas cidades ao longo da BR-153 e alta no número de acidentes rodoviários.

    “Os incentivos fiscais para Amazônia foram sendo prorrogados pelo Congresso Nacional com apoio e/ou sem resistência dos sucessivos governos, década após década longe do debate público e apadrinhados por políticos ligados aos grupos de interesse econômicos que sempre se beneficiaram desses incentivos”, critica o Inesc.

    A entidade pede que o projeto, que foi para o Senado seja apensado a um projeto de autoria do senador Beto Faro (PT-PA), que inclui, na definição dos incentivos da Sudam e da Sudene, parâmetros de enfrentamento à pobreza e à concentração fundiária e de transição para a economia de baixo carbono.

    O Inesc também pede que o governo federal reveja o Decreto 4.212, de 2002, que define os setores prioritários para receberem incentivos. A entidade quer que a concessão de benefícios considere projetos que promovam o desenvolvimento de cadeias de valor ambiental, social, econômico ancoradas na biodiversidade e nos direitos socioterritoriais.

    Resposta

    Por meio de nota, a mineradora Vale respondeu que as informações sobre isenção fiscal da Vale são públicas e os investimentos ambientais, sociais e econômicos relacionados a esses benefícios incentivos são divulgados regularmente, dentro da política de transparência da empresa com a sociedade.

    Segundo a edição mais recente do Relatório de Transparência Fiscal da companhia, publicado em julho, no ano passado a mineradora recebeu incentivos totais de R$ 1,4 bilhão. A Receita Federal só divulgará no próximo ano os dados de incentivos fiscais por empresas em 2022.

    A mineradora diz ter compromisso com investimentos sociais e culturais e com a compensação de impactos ambientais das atividades, incluindo o respeito aos povos indígenas e às comunidades tradicionais. A empresa diz ter gastado, apenas no Pará, R$ 29,5 bilhões no ano passado, com R$ 11,4 bi em compras de fornecedores locais. A companhia afirmou que contribui para o desenvolvimento da região, empregando 47 mil trabalhadores próprios no estado.

    A Agência Brasil também entrou em contato com a Petrobras e aguarda resposta.

    Edição: Valéria Aguiar
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