Tag: Hip Hop

  • Movimento Urbano promove hip-hop neste domingo (18)

    Movimento Urbano promove hip-hop neste domingo (18)

    A Secretaria de Cultura e Turismo de Lucas do Rio Verde convida a comunidade para prestigiar o evento “Movimento Urbano”. O evento é gratuito, aberto ao público, etem por objetivo promover a cultura do hip-hop no município, está sendo realizado pela produtora cultural Camila Torres, selecionada no edital do Estado “Viver Cultura”.

    O certame foi promovido pela Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel-MT), e tinha por objetivo selecionar projetos de criação, experimentação, desenvolvimento de produtos, serviços ou processos culturais provenientes de trabalhadores da Cultura de Mato Grosso.

    “O intuito do projeto Movimento Urbano é trazer mais da cultura do hip-hop para Lucas do Rio Verde, com atrações a nível nacional. Diversos eventos são realizados na capital e a ideia é trazer mais desse movimento para o interior, onde existe um grande número de público. Agradeço a equipe da Secretaria de Cultura pelo grande apoio desde o início do processo e convido à todos para participar do nosso evento”, contou a produtora cultural Camila Torres.

    O evento terá início às 8h, na Biblioteca Monteiro Lobato, no bairro Cidade Nova, com o circuito de rimas, oficinas de elaboração de projetos, DJ e freestyle.

    A partir das 15h, as atividades acontecerão na Concha Acústica da Praça da Bíblia, no bairro Jardim Amazônia, com intervenções artísticas, competições de skate, grafitti, batalhas de rima e shows musicais.

    Confira a programação:

    8h: Oficina de Elaboração de Projetos – Captação de recursos, prestação de contas, release e história do hip-hop.

    10h: Oficina de DJ – Histórias dos DJ’s no hip-hop, equipamentos e técnicas de mixagem em música eletrônica

    13h: Oficina de Freestyle – Como se tornar um MC de Rap Freestyle

    Inscrições pelo link:https://forms.gle/cgmsgwGUMkeo7XWM7

    Local: Biblioteca Municipal Monteiro Lobato – Avenida São Paulo, nº 363 E, bairro Cidade Nova.

    15h: Batalha de Rima, intervenções de grafitti com o artista Sampa e apresentações da DJ Lyn Alves

    16h: Competição de skate

    17h30 às 21h: Shows com Dino, Machel , Moraes, Cassiel e Dressz, Vietnã e Abaga.

    Local:Concha Acústica da Praça da Bíblia, no bairro Jardim Amazônia.

    — news —

  • África é mãe do hip hop, diz autor do 1º disco do movimento no Brasil

    África é mãe do hip hop, diz autor do 1º disco do movimento no Brasil

    Quando recebeu o convite para gravar um disco, MC Who pensou que estava diante da realização de um sonho. Mas a importância do projeto que viria se tornar o vinil Hip Hop Cultura de Rua ultrapassou as projeções daquele jovem periférico, que trabalhava de office boy. As oito faixas que vieram a público em 1988 são hoje lembradas como a primeira gravação da cultura hip hop no Brasil.

    A coletânea, que reuniu membros dos diferentes grupos que, à época, dançavam e cantavam na Estação São Bento do Metrô, no centro paulistano, foi pensada inicialmente com um disco da banda de MC Who, O Credo. “A gente teve a sorte de ser protagonista de uma foto de capa na época do Jornal da Tarde”, conta Who sobre como surgiu o convite.

    A banda, no entanto, não tinha ainda composições próprias suficientes para fechar sozinha um disco. Foi assim que surgiu a ideia de convidar músicos que estavam na cena que ganhava força com artistas de diversas partes da cidade. “Dialogando muito com o punk, que era um pouquinho mais velho que a gente, a gente disse: ‘Uma coletânea contempla todo mundo, e aí todas as gangues vão aparecer’”, lembra. Segundo ele, o disco deverá ser relançado em breve, com as faixas remasterizadas.

    O processo de aproximação com a cultura hip hop trouxe, para o MC, muitas reflexões sobre a identidade negra e a forma como a cultura, que atravessa periferias de todo o mundo, dialoga com essa formação. “A grande origem do hip hop é uma mãe, que é a mãe África, que é o processo diaspórico”, enfatiza.

    Mais tarde, Who participou de outro momento importante da história do hip hop em São Paulo, que foi a expansão das batalhas de MCs para a Praça Roosevelt, também no centro da cidade. Ali, ele esteve ao lado de figuras centrais da cultura no país, como Mano Brown, dos Racionais MC’s. “Aqui é um dos grandes berços do rap nacional, talvez o maior, mas a gente ainda tem muito a pesquisar”, destaca.

    Desde então, a cultura nunca mais saiu daquele espaço. Até hoje acontecem batalhas de rimas e de slam na praça, também conhecida pela cena do teatro independente. “O slam, na nossa percepção, é uma manifestação inspirada pela cultura hip hop também. E também tem a batalha de rima aqui, já foi, já voltou, mas ela está sempre aqui, dialogando com o skate, que também é algo que complementa a semiótica da nossa ocupação da rua”, diz.

    Para o MC, recuperar essa história ajuda também a lembrar nomes que acabaram apagados nas narrativas construídas sobre o hip hop no Brasil ao longo dos anos. “Às vezes eu brinco que o Sabotage [rapper paulistano] está dando bronca em todo mundo, dizendo: ‘Eu não quero ficar sentado sozinho aqui nesse Abu Simbel [templo egípcio da antiguidade], nesse panteão. Cadê o J.R. Brown? Cadê o Uzi? Cadê todo mundo?’”, comentou em entrevista ao programa Caminhos da Reportagem, da TV Brasil.

    Confira os principais trechos da entrevista com MC Who.

    Agência Brasil: Hip Hop Cultura de Rua, a primeira coletânea do gênero feita aqui no Brasil. MC Who, conta um pouco pra gente como é que foi essa história. Era pra ser antes um disco da sua banda, do Credo, era isso?
    MC Who: É isso mesmo. A gente teve a sorte de ser protagonista de uma foto de capa na época do Jornal da Tarde. E, nas andanças nas gravadoras, o Wagner Garcia, diretor da [gravadora] Eldorado na época, recém-chegado, viu e perguntou: “Você é poeta da rua?”. Eu achei engraçado, né? Eu falei: “É, a gente faz poesia na rua”. E começou a conversar comigo, pediu dois dias, perguntou se tinha letra, o que a gente tinha pronto e disse: “Me dá uns dois dias que eu vou falar com o chefe”.

    Foram os dois dias mais longos da minha vida, esperando essa resposta. Até que veio a resposta positiva. Imagine, um cara que era office boy, de periferia, pais migrantes, operários, e falar: “Vou gravar um disco”. Sendo que a gente não era cantor, não era nada disso. E assim começa a história. Ele [o disco] se transforma numa coletânea, numa perspectiva muito da cultura hip hop, já está se constituindo um movimento hip hop.

    Tem esse paradoxo, essa discussão desse binômio e sempre que eu tenho oportunidade eu esclareço. O hip hop é uma cultura. Uma cultura gigantesca, produtiva, criativa e dinâmica. E o movimento é organização política, quer dizer, isso já veio de lá, o mito de origem da cultura hip hop está em 11 de agosto de 1973, com a festa que a Cindy Campbell junto com o seu irmão Kool Herc desenvolveu. E, um ano depois, o Africa Bambaataa pega e inaugura a Zulu Nation, que é para organizar isso de uma maneira sistemática, ter uma proposta de acolhimento daquelas manifestações que aconteciam na rua, e também de se posicionar politicamente, na efervescência na década de 1970. Nós temos ali já naquele momento pós-ações afirmativas: Black Panthers, Black Explotation, quer dizer, todas as manifestações culturais apontando para essa autonomia, esse protagonismo do corpo preto.

    A gente já tinha essa carga, essa provocação transgressora da cultura. Então, dialogando muito com o punk, que era um pouquinho mais velho que a gente, a gente disse: “Uma coletânea contempla todo mundo, e aí todas as gangues vão aparecer”. E veio outro desafio: como escolher? A gente parte das gangues de break, que é a Back Spin, com o Thaíde, o MC Jack e eu e Código 13, da Nação Zulu. Isso era uma coisa que transforma o Cultura de Rua na primeira coletânea, porque ele é o que contempla todos os elementos do hip hop, porque o hip hop não pode ser percebido por um elemento só, o elemento só tem o nome dele: breaking, na época break, sem ser anacrônico, mas revisitando esse momento, break, depois breaking, depois a pesquisa nos trouxe a riqueza de informações, a internet nos trouxe toda essa gama do que era praticado lá.

    A gente enfrentou muito também: “Ah, vocês estão imitando os americanos.” Depois, com essa trajetória que eu tive de pesquisa, vi que aconteceu na cena black do Rio, onde tinha discussão da turma do Tony Tornado e Gérson King Combo com os sambistas, aquela matéria de 76, histórica, dizendo o que está acontecendo. A gente também passou por um processo parecido. E, depois, com essa possibilidade de se organizar, principalmente intelectualmente, eu, com toda essa possibilidade de troca de informações com outros praticantes do hip hop, chego à conclusão de que não existe essa questão, porque nós somos o mesmo povo diaspórico.

    Nós passamos pelas mesmas trajetórias de opressão. Quer dizer, o hip hop, a gente não pode esquecer que ele tem uma mãe. A grande origem do hip hop é uma mãe, que é a mãe África, que é o processo diaspórico. Que eu não gosto, eu sou mais para o lado do Joel Rufino, eu falo que é o deslocamento do corpo preto escravizado. Porque a diáspora é uma questão heroica, da travessia de um deserto e tal, diásporos, espalhar semeando. Não, nós viemos pra cá trancados, nossos antepassados. Então, a gente tem que entender que isso marca essas questões todas, dos apagamentos históricos e tudo.

    O que o hip hop precisa e tem compromisso tanto de quando se originou há 50 anos, há quase 40 no Brasil, a gente caminha para 40 anos no ano que vem, na minha percepção, porque a questão histórica precisa de um mito, ela precisa de marcos para poder se fundamentar, ficar consolidado e você dizer para as novas gerações. Esse compromisso com a matriz africana precisa estar sempre sendo renovado e reafirmado dentro da construção da nossa cultura, que é dinâmica.

    Agência Brasil: Muito se fala da Estação São Bento, aqui, no centro de São Paulo, da importância que aquele espaço tem para o hip hop, da Rua 24 de Maio, mas e a Praça Roosevelt também tem um papel nessa história, não é verdade? Queria que você contasse um pouco como é que essa praça se insere na história do hip hop e como é que o hip hop ainda está aqui.
    MC Who: Essa pergunta é importante porque ela dá espaço para a gente lembrar grandes figuras que não estão mais com a gente, como o J.R. Brown. O J.R. Brown, o DJ Uzi, o Marcos Tadeu Telésforo, o grande letrista DJ Uzi, autodidata na língua inglesa, ele traduzia tudo para a gente entender o que estava acontecendo. E o J.R. Brown era um visionário, era um cara que estava à frente do tempo. Nós éramos amigos, andávamos juntos, dividindo tudo da potência. A gente não ficava só nas equipes de baile, apesar de a gente gostar também, a gente andava nas outras casas, lidava com outras tribos. E a gente entendia que o hip hop estava num caminho que era crescente, que ia ficar muito grande. A gente entendia que estava crescendo demais, que a São Bento já não suportava mais. E ali tudo adolescente, tudo muito, os hormônios, aquela coisa, tinha as questões de protagonismo.

    O break, que era a grande atração, começa a dividir essa atenção, e por uma característica muito simples, porque o break precisa do corpo para se expressar, e o rapper, ele fala. Você vê, aqui, nessa entrevista, como a gente fala. Acabou que esse protagonismo das lentes também levou muito a essas discussões. E, principalmente, enquanto tinha a roda de break, os rappers ficavam batendo na lata do lixo, que era a nossa bateria eletrônica, e cantando as suas novas letras, às vezes, até improvisando ali, e isso teoricamente atrapalhava.

    Muita gente fala que é uma briga, não é. Foi uma tensão de espaço. Aí o J.R. falou assim: “Who, pega os meninos, vamos subir para a Roosevelt, que lá a praça é só nossa, só do rap, e a gente vai tocar isso lá”. E aqui é um dos grandes berços do rap nacional, talvez o maior, mas a gente ainda tem muito a pesquisar, os outros territórios, 26 estados mais o DF. Mas aqui, na Roosevelt já passou [de tudo] aqui: começando com Racionais, que eram esses mais novos que estavam com a gente. O [Mano] Brown, inclusive, fala isso no livro do TR, que é o antigo DJ do MV Bill, ele escreveu um livro, chama Acorda Hip Hop, onde numa entrevista o Brown fala isso: “Subimos eu, o MC Who, o J.R. Brown e a gente foi pra Roosevelt e ocupou a Roosevelt com o rap.”

    Vozes Hip Hop arte

    MC Who: Continua, e é muito legal. Na época, a Roosevelt tinha dois andares. Depois, ela sofreu uma reforma forte, e hoje ela é essa praça mais plana aqui. Lá na outra ponta da Roosevelt, que dá pra ver o caminho pra Radial Leste, ali acontece o Slam Resistência. O slam, na nossa percepção, é uma manifestação inspirada pela cultura hip hop também. E também tem a batalha de rima aqui, já foi, já voltou, mas ela está sempre aqui, dialogando com o skate, que também é algo que complementa a semiótica da nossa ocupação da rua. É importante que a gente não esqueça a Roosevelt dentro das nossas narrativas, porque trazendo a Roosevelt, trazendo o território, trazendo o cenário, a gente traz os personagens.

    Às vezes eu brinco que o Sabotage está dando bronca em todo mundo, dizendo: “Eu não quero ficar sentado sozinho aqui nesse Abu Simbel [templo egípcio da antiguidade], nesse panteão. Cadê o J.R. Brown? Cadê o Uzi? Cadê todo mundo? Porque passa por essa coisa da validação, do establishment. Quando a mídia, ou alguém famoso, no caso do [sambista] Cartola, no caso do Donga, eles precisaram ser validados pelo jornalista branco, ou burguês, ou culturalmente mais avançado. Esses precisam estar sendo trazidos, porque eles foram muito importantes. O J.R. dizia: “Toda praça e toda rua é hip hop”. E a gente perdeu ele, um cara que faz muita falta. O DJ Uzi faz muita falta. E o Marcos Tadeu, que também trocou muita letra, que é um dos grandes, talvez o maior letrista da nossa geração e é esquecido. É importante a gente relembrar isso.

    Agência Brasil: MC Who, conta pra gente um pouco como foi sua chegada ao hip hop. De que parte aqui de São Paulo você é?
    MC Who: Eu nasci e fui criado no Real Parque, perto da Ponte do Morumbi, na época era um bairro operário. Eu passei por outros bairros, Aeroporto, depois eu fui pra Parque Araribá, Vila das Belezas e fomos criados ali na periferia de São Paulo, zona sul e extremo sul sempre. Eu tenho vários irmãos mais velhos e tenho meus tios, que tinham muito disco, até hoje eu tenho esse hábito de manipular os discos. Desde pequeno eu tive disco em casa, tive disco desde Luiz Gonzaga, ou Saraiva, esses instrumentais que o meu pai ouvia, até as coisas mais contemporâneas pra época dos meus irmãos, como Caetano Veloso, Gal Costa, todos esses e vários outros que foram chegando, mais alternativos.

    Aí eu entendi que a música era muito além do que aparecia na televisão ou nos jornais ou nas revistas. Tinha coisas alternativas ali. Assim que eu tomei contato. Depois chega a black music tanto no colégio quanto dentro de casa também. Eu fui entender que o Tim Maia era black music e tal. Entender tudo aquilo era também da nossa identidade. Apesar de a gente ser mestiço, a gente queria se identificar com a questão cultural e a música me fez entender que eu era um homem preto. Muita gente desestimulava isso. “Você não é tão preto”. Hoje a gente sabe que é o tal do colorismo, mas na época… Não, tudo que eu faço é coisa de preto. Quando no começo dos anos 80 começam a chegar as primeiras referências da cultura hip hop, cultura de rua, que estava acontecendo nos Estados Unidos. Tem, por exemplo, desde um vídeo da banda [norte-americana] Chic, Hangin’ Out, que mostra o garoto quebrando no breaking, no break, no pop e o boombox ali. Tinha um cenário de falar: “Quero fazer isso”.

    Como todo adolescente quer ter isso, quer ter essas identidades. Depois tem um monte de artistas pop que foram usando elementos da cultura de rua como break, como Lionel Richie. Mas eu penso e proponho que o Beat Street, que foi lançado no Brasil como Loucuras do Ritmo, ele seja o grande, apesar de ser uma alegoria bobinha, num caso de romance e tal, mas ele já mostra ali como que funcionava a cultura pra nós. A gente discutindo hoje sabe que, para os Estados Unidos, o Beat Street não é tão importante ou quase nenhum importante, a não ser uma coisa alegórica mesmo, do cinema, da indústria. Eles valorizam o Myron Wad Style, de 1983, que só foi chegar aqui ao Brasil pra gente entender e assistir a ele na década de 1990. Mas ele foi lançado no Brasil também, mas passou num circuito acadêmico, a gente foi descobrir isso depois. O contato com a cultura foi isso: uma identidade imediata.

    Existia um desafio muito grande de dizer: “Ó, eles conseguem cantar falado assim porque é inglês. Inglês tem uma série de contrações e tal”. Foi o primeiro desafio para um garoto de 12 anos. Aos poucos, a gente foi conhecendo poesia. E a gente começou a cantar poesia. Seja ela Fernando Pessoa ou Manuel Bandeira. Isso é uma coisa singular minha, cada um teve o seu processo. Mas eu e o Cássio, o DJ Uzi, do Credo, a gente pegou esse caminho. Nós pegamos as métricas das poesias e entendemos que a gente tinha que escrever daquela forma para que a gente tivesse a levada, que hoje chama flow. E é lógico que isso vai se sofisticando, vai ficando cada vez mais sofisticado. Mas era essa necessidade de se expressar, que a gente lia e queria dizer o que estava entendendo daquilo. A história conta o resto, mas eu comecei assim.

    Agência Brasil: Queria falar um pouco também sobre O Credo, que era sua banda no início. Queria saber um pouco sobre o que vocês trouxeram para o disco Hip Hop Cultura de Rua.
    MC Who: O Credo na época tinha uma preocupação de provocar isso, que as pessoas pensassem nelas, que trouxesse uma reflexão da sua existência. A gente ficava provocando porque tinha a questão da religião, tinha a questão da sua origem, então nós fizemos essas provocações, tanto teóricas dentro das letras, que nós, pela formação familiar, minha mãe influenciou, meu pai influenciou muito a mim ler. O Cassius Franco, o DJ Uzi, também lia muito e pesquisava muito sobre música, quanto à origem dele com o pai, que era DJ também de jazz. As letras tinham essa pegada pra provocar mesmo. E aí também a questão estética de que a gente era influenciado muito, tanto pelo jazz, quanto à música instrumental brasileira, e por essa questão da transgressão, do Malcolm X [líder e pensador negro norte-americano]. A gente ouvia muito Public Enemy na época.

    O [grupo de rap norte-americano] Public Enemy provocou a gente também a dialogar com essas influências. A gente foi buscar os guitarristas de metal, que nem eles gravaram com Slayer, Tantrax [bandas de heavy metal] e tal. E a gente foi atrás do Hélcio Aguirra, finado Hélcio, saudoso, que era do Golpe de Estado, a maior banda metal na época, muito amigo do nosso produtor e músico Akira S, que também já vinha de outro setor, dos Garotas que Erraram, que era uma música eletrônica alternativa da época.

    Teve uma ideia do Gilson Fernandes, que era o produtor do disco, e falou que o Boccato, o instrumentista Boccato, tinha feito as demos com a gente, mas que o disco tinha que ter o Raul de Souza, que era internacionalmente conhecido. O grande Raul de Souza vem de maneira muito generosa e participa das faixas do Credo, o que muita pouca gente sabe. O maior trombonista do mundo na época, pela Down Beat, que era uma revista especializada, o Raul de Souza gravou com o Credo, que eram os garotos da periferia.

    Aproveitando isso, as nossas faixas vão ser remasterizadas porque vai ser lançada uma reprensagem do Cultura de Rua através da Vinil Brasil, onde o Michel fez um trabalho muito especial de recuperação dessa mixagem, dessa qualidade técnica que vai valorizar esses instrumentistas que O Credo teve a honra de receber em suas faixas.

     
    — news —

  • Hoje é Dia: 200 anos de Gonçalves Dias, o poeta indianista

    Hoje é Dia: 200 anos de Gonçalves Dias, o poeta indianista

    “O Hoje é Dia abre a semana de 6 a 12 de agosto, destacando o Dia Mundial do Pedestre, comemorado em 8 de agosto.

    A data, criada pelas Nações Unidas, chama atenção para os riscos à vida e à segurança dos pedestres. De acordo com o Ministério da Saúde, cerca de 5.300 pedestres morrem atropelados por ano. A maioria dos pedestres que perderam a vida no trânsito possuem entre 40 e 79 anos.


    Hoje é Dia – Brasília comemora 25 anos de respeito à faixa de pedestre – Antonio Cruz/Agência Brasil

    As causas vão desde desrespeito às leis de trânsito, imprudência, até o incorreto desenho das vias e falta de sinalização adequada.

    Dia Internacional dos Povos Indígenas

    No dia 9 de agosto é celebrado o Dia Internacional dos Povos Indígenas. A data foi escolhida pelas Nações Unidas em 1994 para expressar o reconhecimento internacional desses povos. A ONU afirma que os indígenas compõem cerca de 1/3 da população mais pobre do mundo e são expostos a uma série de problemas, como doenças, discriminação, baixa expectativa de vida e ameaças territoriais.

    De acordo com o IBGE, atualmente o Brasil tem cerca de 1,6 milhão de pessoas indígenas que convivem diariamente com desafios, como pobreza, invasão de terras e transtornos psicológicos.

    Entre 2019 e 2022, 535 indígenas tiraram a própria vida. A maior parte, no estado do Amazonas, onde 208 suicídios foram registrados. Os dados estão no Relatório Violência contra os Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).


    Hoje é Dia – Brasília (DF), 05/06/2023 – Povos indígenas de diversas etnias montam acampamento em Brasília para mobilização contra o Marco Temporal. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil – Marcelo Camargo/Agência Brasil

    O Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, de 2021, também mostra que a taxa de mortalidade por suicídio em indígenas é quatro vezes superior à da população não indígena.

    200 anos de Gonçalves Dias

    Nascido em Caxias, no Maranhão, em 10 de agosto de 1823, Antônio Gonçalves Dias completaria 200 anos nesta quinta-feira.

    Escritor, jornalista, advogado, professor, teatrólogo e poeta, Gonçalves Dias foi um expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como indianismo.

    Entre suas obras famosas estão Canção do Exílio, o poema I-Juca Pirama e Ainda uma vez, Adeus que trata da história de amor mal resolvida entre o poeta e Ana Amélia.

    Enfim te vejo! — enfim posso,

    Curvado a teus pés, dizer-te,

    Que não cessei de querer-te,

    Pesar de quanto sofri.

    Muito penei! Cruas ânsias,

    Dos teus olhos afastado,

    Houveram-me acabrunhado

    A não lembrar-me de ti!

    O escritor foi pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro. No poema I-Juca Pirama, Gonçalves Dias narra a captura de um guerreiro Tupi pelos Timbiras, quando o capturado faz um apelo de vida em seu canto de morte.

    Sou bravo, Sou forte, Sou filho do Norte,

    Guerreiros, ouvi!

    Meu canto de morte,

    Guerreiros, ouvi:

    Sou filho das selvas,

    Nas selvas cresci;

    Guerreiros, descendo

    Da tribo tupi.

    Em 1864, aos 41 anos, Gonçalves Dias morreu no naufrágio do navio Ville de Boulogne, vindo da Europa com destino ao Brasil. Seu corpo nunca foi encontrado.

    50 anos do Hip Hop

    Foi em 11 de agosto de 1973 que o DJ jamaicano Kool Herc comandou uma festa emblemática no Bronx, em Nova York, que marcou o início dessa importante cultura, iniciada nos Estados Unidos. O movimento cultural une música, dança, ação social, e se espalhou pelo mundo. Aqui no Brasil, a cidade de São Paulo se tornou o maior polo de hip hop da América Latina.

    Produtores e militantes do Hip Hop pedem que o movimento seja reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil. Um dossiê que mapeou o percurso do Hip Hop no Brasil, identificando formas de expressão e lugares que compõem o movimento nos vários estados brasileiros, foi entregue ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan).


    Hoje é Dia – Brasília/DF, 17/07/2023, O movimento Hip Hop brasileiro, durante marcha da Cultura Hip Hop em celebração ao Cinquentenário mundial da Cultura Hip Hop.- José Cruz/Agência Brasil

    O programa É Tudo Brasil da Rádio Nacional fez um episódio dedicado ao ritmo.

    95 anos da primeira escola de samba do Brasil

    Em 12 agosto se comemora a fundação da Deixa Falar, a primeira escola de samba do Brasil.

    As bases das escolas de samba surgiram nos anos 1920 com os sambistas do Estácio, entre eles Ismael Silva, que organizaram a escola Deixa Falar e o primeiro concurso de sambas, em 1929, que contou com a participação da Mangueira. O vencedor foi o Conjunto Oswaldo Cruz.

    O surgimento das escolas coincide com a luta dos negros por aceitação na sociedade urbana, ao mesmo tempo em que o Estado tentava disciplinar as manifestações culturais dos descendentes de pessoas escravizadas. As escolas de samba aparecem, nesse contexto, como uma solução negociada para o conflito.


    Hoje é Dia – Alegorias da escola União da Ilha do Governador na Cidade do Samba, onde são montados os desfiles do carnaval. – Fernando Frazão/Agência Brasil

    Desde 2007, o samba – nas variações partido-alto, samba de terreiro e samba-enredo – é reconhecido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil.

    Aqui, o radialista Hilton Abi-Rihan entrevista Ismael Silva para a Rádio Nacional, na década de 1970. Um dos mais importantes compositores da história da música popular brasileira, o sambista conta como ocorreu a criação da Deixa Falar, no bairro do Estácio, em 1928.

    Confira a lista semanal do Hoje é Dia com datas, fatos históricos e feriados:

    06 à 12 de Agosto de 2023 6 Morte do jornalista e empresário fluminense Roberto Marinho (20 anos) 7 Morte do ator, diretor, pedagogo e escritor russo Constantin Stanislavski (85 anos) – mundialmente conhecido pelo seu “”sistema”” de atuação para atores e atrizes. Embora pensadas para o teatro, suas proposituras cênicas são largamente utilizadas por artistas de cinema e televisão Morte do químico sueco Jöns Jacob Berzelius (175 anos) – um dos fundadores da química moderna Morte do cantor fluminense Orlando Silva (45 anos) Criação do Instituto dos Advogados Brasileiros (180 anos) – instituição máxima do conhecimento jurídico na prática advocatícia no Brasil, criado por ato oficial de 7 de agosto de 1843, sendo a entidade responsável pela criação da Ordem dos Advogados do Brasil 8 Nascimento do ex-piloto inglês Nigel Mansell (70 anos) – campeão mundial de fórmula 1 em 1992 Dia Mundial do Pedestre 9 Criação da Força Expedicionária Brasileira, por meio da Portaria Ministerial no 4744 (80 anos) Dia Internacional dos Povos Indígenas – comemoração mundial, que foi instituída pela Assembleia Geral da ONU através da Resolução 49/214 de 23 de dezembro de 1994 10 Nascimento do poeta, advogado, jornalista, etnógrafo e teatrólogo maranhense Antônio Gonçalves Dias (200 anos) – grande expoente do romantismo brasileiro e da tradição literária conhecida como “”indianismo””, é famoso por ter escrito os poemas “”Canção do Exílio””, “”I-Juca-Pirama”” e muitos outros nacionalistas e patrióticos que viriam a dar-lhe o título de poeta nacional do Brasil. Foi um ávido pesquisador das línguas indígenas e do folclore brasileiro 11 Nascimento do Hip Hop (50 anos) – data considerada pela festa de aniversário em que Clive Campbell, conhecido como DJ Kool Kerc, tocou utilizando dois discos iguais em dois aparelhos, simultaneamente, para estender as partes rítmicas sem letra das músicas. Esse movimento ficou conhecido como “”break beat”” Dia da Televisão – Data criada pelo papa Pio XII em 1958 em homenagem à Santa Clara de Assis Dia do Pendura – a data faz referência à lei promulgada em 11/08/1827, que criou os primeiros cursos de ciências jurídicas no país. É comemorada por estudantes brasileiros de Direito, que vão aos restaurantes e mandam “”pendurar”” a conta do consumo; tradição que tem suas raizes no 1o Império do Brasil, época em que os proprietários de estabelecimentos alimentícios terminavam por convidar os Advogados e Acadêmicos de Direito para comemorarem a data em seus bares e restaurantes 12 Morte do cantor fluminense Élcio Neves Borges, o Barrerito (25 anos) – integrante do Trio Parada Dura Eclode a Revolta dos Alfaiates, a Conjuração Baiana (225 anos) Fundação da primeira escola de samba do Brasil, a “”Deixa Falar””, por Ismael Silva, no Estácio (95 anos) Dia Internacional da Juventude – comemoração instituída pela ONU na sua resolução No 54/120 de 17 de dezembro de 1999, confirmando uma proposta da “”Conferência Mundial de Ministros Responsáveis pela Juventude””, realizada na cidade de Lisboa entre 8 e 12 de agosto de 1998 Dia Nacional das Artes – comemorado extraoficialmente por brasileiros para marcar a data da fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, que foi criada em 12 de agosto de 1816 por um decreto do então Príncipe Regente do Brasil, Dom João VI, sob a inspiração da Missão Artística Francesa Dia dos Pais – comemoração móvel extraoficial do Brasil, celebrada no segundo domingo do mês, foi criada em 1953 pelo publicitário brasileiro Sylvio Bhering (data móvel)

    Edição: Beatriz Arcoverde

  • Festival de hip hop aposta em representatividade no estado do Rio

    Festival de hip hop aposta em representatividade no estado do Rio

    Em meio à pandemia da covid-19, o Festival Caleidoscópio, realizado há sete anos na Baixada Fluminense, no estado do Rio de Janeiro, começará hoje (17) mais uma edição virtual para discutir temas e apresentar atrações ligadas à cultura hip hop. Neste ano, o tema principal do festival será a representatividade.

    A programação conta com Master Classes, exposição de artes, feira criativa, painel de graffiti, apresentações de DJs, batalhas de MCs e plantio de espécies nativas da Mata Atlântica na Serra do Vulcão, em Nova Iguaçu.

    A abertura do festival será realizada pelo rapper Dudu de Morro Agudo (DMA), que apresentará atividades e discussões propostas na edição. Tudo será transmitido no site do festival e nas redes sociais do Instituto Enraizados, fundado por DMA.

    As Master Classes ocorrerão ao longo da semana que vem. Para segunda-feira (19), está previsto o tema Maternidade e Arte Independente, com a MC/rapper Lisa Castro, a produtora executiva, artística e mãe Yvie e a produtora cultural, empreendedora, artista e mãe Naitha.

    Na terça-feira (20), a discussão abordará Racismo e Internet, com o rapper DMA, a co-diretora executiva do Olabi e coordenadora da PretaLab Sil Bahia, e o gerente do hub Nós, Duda Vieira;

    Na quarta-feira (21), a Master Class terá o tema Pluralidades e Vivências Trans, com o jornalista e criador de conteúdo Thiago Peniche, a produtora e fundadora do Baphos Periféricos Quitta Pinheiro, e a escritora, cantora e slammer Valentine.

    E, na quinta-feira (22), será debatido o Rap de Ontem, de Hoje e de Amanhã, com o rapper Léo da XIII, a rapper Edd Wheller, integrante do grupo feminino pioneiro Damas do Rap, e o também rapper Kall FBX.

    Edição: Kleber Sampaio