Tag: glifosato

  • PRF apreende carga de defensivos agrícolas ilegal em perseguição na BR-364

    PRF apreende carga de defensivos agrícolas ilegal em perseguição na BR-364

    Em uma ação rápida e eficaz, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) interceptou na noite de sábado (27) uma caminhonete que transportava ilegalmente cerca de 1500 kg de glifosato. A apreensão ocorreu após uma perseguição na BR-364, que teve início após uma denúncia anônima.

    De acordo com informações da PRF, os policiais receberam informações sobre um veículo suspeito de transportar produtos ilícitos e iniciaram uma ronda na rodovia.

    Ao avistar a caminhonete com as características informadas, os agentes deram ordem de parada, mas os ocupantes do veículo desobedeceram e iniciaram uma fuga, realizando manobras perigosas por cerca de 5 km.

    A perseguição se encerrou próximo ao pedágio de Alto Araguaia, onde os ocupantes da caminhonete tentaram fugir a pé, mas foram rapidamente capturados pelos policiais.

    Durante a abordagem, os agentes constataram que o veículo transportava grande quantidade de defensivos do tipo glifosato, sem a devida documentação fiscal.

    Os suspeitos, que não tiveram suas identidades reveladas, informaram aos policiais que haviam carregado o produto em Coxim/MS e que deveriam entregá-lo em Alto Araguaia/MT, recebendo uma quantia em dinheiro pelo transporte.

    Os homens foram presos em flagrante e encaminhados à Polícia Judiciária em Alto Araguaia, onde foram autuados por contrabando, desobediência, direção perigosa e transporte de substância tóxica sem licença.

    A carga de defensivos foi apreendida e encaminhada para um local seguro. A Polícia Civil investiga o caso para identificar os demais envolvidos na operação e desvendar a rota do contrabando.

  • Proibição do glifosato pode provocar prejuízo bilionário e ameaça sustentabilidade do agro

    Proibição do glifosato pode provocar prejuízo bilionário e ameaça sustentabilidade do agro

    A proibição do uso do glifosato nas culturas do milho, soja e algodão no Brasil pode derrubar a produtividade da agricultura mato-grossense e brasileira e provocar um prejuízo de mais de R$ 428 bilhões ao longo de 10 anos, além de provocar um impacto de R$ 1,5 trilhão, com a eliminação de mais de 2,8 milhões de empregos no país.O alerta consta em um recurso da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), com dados da LCA Consultoria, em um processo na Justiça do Trabalho de Mato Grosso que julga uma Ação Civil Pública que pede aos produtores rurais que se abstenham de utilizar o produto no campo.O pedido, que é feito pelo Ministério Público do Trabalho, Ministério Público Federal e Ministério Púbico de Mato Grosso, foi negado pela 3ª Vara do Trabalho, mas os autores recorreram ao Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região. O relator do processo, desembargador João Carlos, votou pela proibição do herbicida no fim de maio.Os autores se baseiam em um “parecer” núcleo de estudos em saúde e meio ambiente da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que alega que o produto provoca riscos à saúde e ao meio ambiente. Porém, os autores não trouxeram nenhuma prova de suas alegações ou algum caso concreto sobre os riscos à saúde do trabalhador.

    “O Autor/Recorrente argumenta que há altos indícios de trabalhadores contaminados pelo glifosato, entretanto, não aponta sequer um trabalhador atingido, tampouco qualquer transgressão as normas trabalhistas nos autos. Além disso, suas testemunhas demonstraram que sequer compreendem a dinâmica de aplicação e uso do produto”, afirma.

    Por outro lado, a proibição do uso do glifosato nas lavouras pode colocar fim ao sistema de plantio mais sustentável, que é o plantio direto, quando ele é realizado sem o preparo do solo, isto é, sem arar. Isso porque o herbicida é utilizado para a dessecação das plantas de cobertura e, com sua proibição, produtores precisariam recorrer a métodos menos sustentáveis.

    “Neste sentido, o Brasil seria o primeiro país a restringir totalmente o uso de glifosato, o que levaria muito provavelmente a maior parte dos produtores deixará de utilizar o plantio direto e voltará a preparar, em alguma medida, o solo, com evidentes perdas para o meio ambiente”, diz trecho de uma nota do Ministério da Agricultura, incluída na manifestação da Aprosoja-MT.

    De acordo com a LCA Consultoria, a produtividade da soja poderia cair em 15,4% e a rentabilidade cair em 11,8 pontos percentuais. Já uma manifestação do Mapa afirma que a produtividade voltaria aos mesmos patamares da década de 1980, impactando diretamente a economia de Mato Grosso e de todo Brasil.Além disso, a própria Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concluiu pela manutenção do glifosato, em 2021. De acordo com órgão sanitário, o produto “não apresenta características mutagênicas, teratogênicas, carcinogênicas, não é desregulador endócrino e não é tóxico para a reprodução”.O mesmo posicionamento foi seguido pela Autoridade de Segurança Alimentar da Europa (EFSA, sigla em inglês), em novembro de 2023, autorizando o seu uso por mais 10 anos no continente europeu. O órgão europeu avaliou mais de 2,4 mil estudos e ouviu 90 peritos nomeados pelos Estados-Membros da União Europeia.

  • Pesquisa registra resistência da planta daninha picão-preto ao glifosato

    Pesquisa registra resistência da planta daninha picão-preto ao glifosato

    Foi identificada a primeira ocorrência da planta daninha picão-preto (Bidens subalternans) resistente ao herbicida glifosato no Brasil, na safra 2022/2023. A dificuldade de controle foi relatada à Embrapa Soja por técnicos da Coamo Cooperativa Agroindustrial, que observaram a sobrevivência de uma população dessa espécie, no município de Juranda (PR). “Mesmo após aplicações sequenciais de glifosato, nas doses recomendadas nos rótulos e bulas, e realizadas corretamente, o produto não controlou as plantas de picão-preto em lavouras de soja”, relata o pesquisador da Embrapa, Fernando Adegas .

    Para avaliar o caso, um grupo composto por técnicos da Coamo e pesquisadores da Embrapa iniciou os estudos de comprovação da resistência em condições controladas. “Primeiramente, coletamos plantas sobreviventes na área para iniciar os estudos. Foram avaliadas, análises em adicionais, amostras de sementes e plantas de população de picão-preto, também com suspeita de resistência ao glifosato, provenientes de outras propriedades, assistidas pela cooperativa Lar”, conta Adegas.

    “Ao mesmo tempo a realização dos estudos de constatação da resistência, conduzimos trabalhos de manejo dessa população [de plantas específicas], tanto em casa de vegetação quanto no campo”, diz o pesquisador. O relato está disponível na publicação Novo caso de resistência de planta daninha ao glifosato no Brasil: picão-preto (Bidens subalternans).

    Em 2018, uma equipe de pesquisadores da Embrapa Soja e da Universidade Estadual de Maringá acordou no Paraguai, o primeiro, e até então o único, caso de resistência dessa espécie ao glifosato no mundo. Agora o Paraguai e o Brasil têm relatos de ocorrência de picão-preto resistente ao glifosato.

    A Embrapa e as cooperativas Coamo e Lar estão elaborando ações de monitoramento, manejo, mitigação e contenção da população de picão-preto resistente. “Também estamos planejando estudos para a determinação de qual é o mecanismo de resistência ao glifosato da população e se existe resistência múltipla a outros herbicidas”, afirma Adegas. Esses estudos estão sendo feitos em parceria com a Universidade Estadual de Maringá ( UEM ) e com a Pennsylvania State University ( PSU ), dos Estados Unidos.

    Histórico de resistência no Brasil

    No Brasil, observe-se dois momentos relacionados à resistência de plantas aparentes. Os primeiros casos de resistência a herbicidas no País foram relatados em 1993, relacionados às espécies Bidens pilosa (picão-preto) e Euphorbia heterophylla (leiteiro), resistentes a herbicidas inibidores da ALS.

    Atualmente, os produtores vivem uma segunda etapa das plantas resistentes ao herbicida glifosato. “Esse processo de resistência está relacionado ao uso constante do mesmo princípio ativo, na mesma área, e por longo período de tempo”, explica Adegas. O uso intensivo do glifosato acarretou grande pressão de seleção sobre as plantas específicas, resultando na seleção de 12 espécies resistentes: azevém (Lolium perene spp multiflorum), três espécies de buva (Conyza bonariensis , C. canadensis , C sumatrensis) capim-amargoso (Digitaria insularis), caruru-palmeri (Amaranthus palmeri), caruru-gigante (Amaranthus hybridus), capim-branco (Chloris elata), capim-pé-de-galinha (Eleusine indica), leiteiro (Euphorbia heterophylla), o capim-arroz (Echinochloa crusgalli) e agora o picão-preto (Bidens subalternans).

    Estudo realizado pela Embrapa avaliou que os custos de produção em lavouras de soja com plantas comprovadamente resistentes ao glifosato podem subir, em média, de 42% a 222%, principalmente pelo aumento de gastos com herbicidas e pela perda de produtividade da soja. Segundo Adegas, os valores sobem, em média, entre 42% e 48%, para as infestações isoladas de buva e de azevém, respectivamente, e até 165%, se houver capim-amargoso resistente. Em casos de infestações mistas de buva e capim-amargoso, por exemplo, o aumento médio é de 222%.

    231010 PicaoPretoResistencia Fernando Adegas area infestada com picao preto resistente ao glifosato

    Processo de resistência

    Adegas definem a resistência como a habilidade herdada de uma planta daninha em sobreviver e reproduzir-se após a exposição a uma dose de herbicida normalmente letal (dose de bula) para a população natural. “É uma ocorrência natural, devido às plantas evoluíram e se adaptarem às mudanças do ambiente e ao uso das tecnologias agrícolas”, explica. “Na prática, o surgimento da resistência ocorre pelo processo de seleção de indivíduos resistentes, já existentes na população presente nas áreas de produção, em função de aplicações repetidas e continuadas de um mesmo herbicida ou de herbicidas com o mesmo mecanismo de ação, durante determinado período. período de tempo”, aponta.

    O estudo foi realizado seguindo o protocolo para relato de casos de resistência de plantas aparentemente a herbicidas, proposto pelo Comitê de Resistência da Sociedade Brasileira da Ciência das Plantas Daninhas (SBCPD) e aprovado pelo Comitê de Ação de Resistência aos Herbicidas do Brasil (HRAC- B R) e Internacional (I RAC).

    Como prevenir a seleção de plantas resistentes

    Entre os métodos preventivos recomendados, Adegas destaca a aquisição de sementes livres de infestantes; a limpeza de máquinas e equipamentos, especialmente as colheitadeiras e a manutenção de beiras de estrada, carreadores e terraços livres de infestantes.

    No controle mecânico, a indicação é pelas capinas e roçadas. No caso de controle químico, a ação principal é a utilização de herbicidas de diferentes mecanismos de ação, em diferentes sistemas de controle.

    Entre os métodos culturais, são recomendados a redução dos períodos de pousio, o investimento na produção de palhada para cobertura do solo e a utilização de cultivares adaptadas no espaçamento entre linhas, além da rotação de culturas.